Pesquisas traçam panorama da relação do brasileiro com a ciência

Da Revista Pesquisa Fapesp

Familiaridade com a ciência
 
Duas pesquisas divulgadas durante a 67ª reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada em julho no campus da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), trouxeram um panorama atualizado sobre a relação dos brasileiros com a ciência e a tecnologia.
 
Uma delas entrevistou 2.002 pessoas de 15 a 40 anos em nove regiões metropolitanas do país e mostrou que só 5% delas poderiam ser consideradas cientificamente letradas. Isso significa que apenas essa parcela foi capaz de compreender vocabulários e conceitos básicos da ciência, usados no cotidiano, como biodegradável ou megawatt, e refletir de maneira crítica sobre o impacto da ciência na sociedade.

 Sessenta e quatro por cento dos entrevistados tiveram dificuldade de responder a questões básicas, como, por exemplo, se compreendiam os efeitos de medicamentos que costumam utilizar. 
 
“Boa parte da população brasileira ainda não consegue fazer uso social da ciência, porque para isso é necessário saber ler e interpretar informações científicas”, explica Anderson Stevens Leonidas Gomes, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e consultor do Instituto Abramundo, entidade responsável pelo Indicador de Letramento Científico da população brasileira, uma iniciativa feita em parceria com a ONG Ação Educativa e o Instituto Paulo Montenegro, ligado ao Ibope.
 
Uma das recomendações do estudo para elevar o índice de proficiência científica no Brasil é considerar o ensino de ciências prioritário nas escolas desde o ensino fundamental. 
 
A segunda pesquisa é a de Percepção Pública da Ciência e Tecnologia no Brasil, divulgada na reunião da SBPC pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Foram ouvidas 1.962 essoas com mais de 16 anos de idade em todo o país. 
 
O levantamento mostra que 61% dos brasileiros se declaram interessados ou muito interessados em ciência e tecnologia, percentual maior, por exemplo, que os 53% registrados na União Europeia em 2013. Dos entrevistados, 73% afirmaram que as atividades científicas e tecnológicas trazem mais benefícios do que malefícios para a população.
 
Comparado com os resultados de enquetes internacionais, o Brasil se destaca como um dos países mais otimistas quanto aos benefícios das atividades de pesquisa. A China apresenta índice idêntico ao brasileiro (73%), enquanto os Estados Unidos registram 67%, a Espanha, 64%, seguida de Itália (46%) e França (43%). Apesar disso, apenas 12% dos brasileiros visitaram museus ou centros de ciência e tecnologia nos 12 meses anteriores ao levantamento.
Redação

9 Comentários

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  1. Esse tipo de avalaiação “ser

    Esse tipo de avalaiação “ser otimista com a pesquisa”; “que acredita que a pesquisa traz mais beneficios do que malefícios” deveria não ser levado em consideração. Isso porque a conclusão geral de que o brasileiro olha a ciencia como um burro olha um castelo impede qualquer outro resultado. Se os nossos patrícios nem sabem  associar os beneficios sociais da ciência, como eles podem ser “otimistas”? Isso não faz sentido. Estamos mal, mal mesmo nesse quesito.

    Particularmente, gostaria de saber se houve uma perguntado do tipo “o quê você entende por ciência e tecnologia”? E queria saber o percentual das respostas. Infelizmente, há no ar a ideia de que ciência e tecnologhia deva obrigatoriamente envolver microchips e assim derivar bens de consumo rotineiramente venederados: iPhones, PS4,  televisões 4k e toda a parafernalha eletrônica.

    O pior de tudo é ver que esses mesmos entrevistadpos são aqueles que acham bolsistas e cientistas, melhor cientistas bolsistas, pelegos e drenos de dinheiro.

     

     

     

     

     

     

  2. Após ler “Os números (não)

    Após ler “Os números (não) mentem”, do matemático e professor de jornalismo da Universidade de New York, Charles Seife, desconfio de toda e qualquer pesquisa e estatística com a presunção de classificar a população de um país imenso e tão diverso como o Brasil. A maior parte dessas ‘pesquisas estatísticas’ têm o propósito de confirmar uma idéia pré-concebida dos que a encomendaram ou a formularam. Não é diferente com um levantamento estatístico realizado ou solicitado por uma universidade ou por uma entidade como a SBPC.

    Os problemas do ensino público brasileiro, desde o fundamental ao universitário e aos de pós-graduação são do conhecimento da maioria dos brasileiros. A maioria das escolas de ensino fundamental não dispõe de laboratórios,  nem de professores bem preparados, bem remunerados e motivados para o ensino de ciências. As publicações científicas brasileiras são uma lástima. A única revista de divulgação científica, com algum alcance social, está à míngua. 

    Uma crítica, ou melhor, uma auto-crítica que as universidades e centros de pesquisa nem a SBPC fazem é sobre o tipo de pesquisas predominantes na Academia Brasileira e qual a aplicabilidade delas, para resolver problemas e enecessidade reais. Era bom que as universidades, centros de pesquisa e a SBPC fizessem uma análise comparativa da aplicabilidade e utilidade das pesquisas desenvolvidas nas intituições brasileiras, quando confrontadas com aquelas feitas em países como a China e a Coréia, por exemplo.

  3. Acho os critérios de avaliaçao imperfeitos

    Sou cientista (linguista) e super interessada em outras áreas da ciência, especialmente Biologia (Teoria da Evoluçao, e Neurociências especialmente). No entanto acho que “nao passaria” pelos critérios expostos.

    Hoje mesmo tive a experiência de ler uma bula. Nao é que nao tenha entendido, apenas sao tantas as advertências sobre efeitos colaterais e interaçoes e sintomas, isso num medicamento muito usado (Dorflex) que fiquei na dúvida. Buscava um relaxante muscular menos tóxico do que Beserol, mas fiquei na dúvida se o grau de toxicidade do Dorflex seria maior ou menor, nao dá para uma leiga em Medicina decidir.

    Ir a centros de ciência tb nao vou a muito tempo, nem mesmo a bibliotecas (porque consulto sobre os livros em que estou interessada na Amazon, e, quando decido comprá-los, o faço via internet; o tipo de livros que me interessam sao técnicos e muito atuais, difíceis de achar em bibliotecas de uso geral, inclusive nas universitárias. A última vez que fui a um museu científico foi nos EUA, em 1998, quando fui a vários. Mas, a que eu saiba, nao existem museus do mesmo tipo aqui, pelo menos nao no Rio.

    Quanto ao “otimismo” com a ciência, acho que um maior grau de informaçao leva a menos otimismo, nao a mais. Porque se sabe dos avanços e progressos, mas tb dos riscos e mal usos.

     

    1. Ah é? Só por curiosidade…

      E porque preciso de uma opinião sobre este assunto…

      Como vc bem sabe, a teoria da evolução foi pensada muito antes das descobertas dos genes.

      A classificação dos animais por raças e gêneros idem.

      Considerando isto, qual sua opinião sobre a nova teoria genética de que não existem raças humanas?

       

      Se eu colocar num quarto um finlandês, um japonês e um etíope, saberia vc me dizer quem é quem? Como? Não vale pedir o passaporte…

      1. Nao é tao nova assim

        Inexistência de raças nao significa que nao haja diferenças fenotípicas, apenas que nao existem sub-espécies em processo de especiaçao. Aliás nem sei se na Biologia atual há o conceito de raças, mesmo para animais. Agora, se vc quer argumentos para essa inexistência, aconselho o livro Genes, Povos e Línguas, de Cavalli-Sforza, que mostra entre outras coisas que, fora da África, a diferença genética média entre 2 povoados lado a lado é semelhante à diferença entre um deles e outra populaçao de outro continente. Na África a diferença média entre os indivíduos é maior, porque os humanos evoluem lá há mais tempo.

        1. Eu não questiono a falta de
          Eu não questiono a falta de diferenças genéticas.

          O meu ponto é que a divisão de raças é puramente fenotipa pois genes não existiam quando veio a classificação.
          Ou seja, sempre foi no olho.

          Não te parece que é uma teoria que se enquadra no pensamento politicamente correto do momento?

          Sobre este vídeo , não me recordo. Lembra de mais uma pista?

          1. Mas aí nao tem sentido nenhum

            Para que manter uma divisao em raças se ela nao tem base biológica (a nao ser muito superficial, os genes menos importantes)? Só para manter o preconceito? Sempre foi no olho sim, ou seja, nunca teve base nenhuma. E genes sempre existiram, nós é que nao sabíamos deles (aliás, hoje até se diz que “genes” nao existem, que o conceito de gene tinha simultaneamente várias funçoes, mas que nao há sobreposiçao absoluta entre elas, e que é melhor o uso de um conceito diferente para cada um desses “componentes” do antigo conceito)

            O vídeo era longo, pelo menos uns 40 minutos, de uma fundaçao (que foi quem exigiu a retirada dele, nao sei se do youtube, nao sei se de outro repositório). Acho que se chamava A História dos Átomos, mas  nao o encontro pesquisando pelo Google. Me lembro que ia traçando os caminhos — cósmicos? — pelos quais os atómos de hidrogênio se uniram criando os de hélio, e meio que assim por diante; e que dizia — me lembro praticamente só disso — que até o número atômico do cobre a tendência era aumentar a complexidade, mas a partir daí a tendência era ao decaimento.

      2. Falando nisso

        Uma vez vc postou aqui um vídeo maravilhoso que narrava a história dos átomos dos elementos químicos. Mas o vídeo depois foi retirado de onde estava na web. Vc o tem de outra fonte, ou no seu computador? Eu adoraria revê-lo.

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