Preços do petróleo em baixa e dólar em alta: Petrobras resiste?

O fato de a Petrobras ser uma empresa integrada, com atividades de exploração & produção e dos outros segmentos do setor, equilibra os movimentos de longo prazo dos resultados, minimizando os impactos do preço do petróleo

do Brasil Debate

Preços do petróleo em baixa e dólar em alta: Petrobras resiste?

por José Sergio Gabrielli de Azevedo

Conteúdo especial do projeto do Brasil Debate e SindipetroNF Diálogo Petroleiro

Nos últimos meses, o preço do petróleo vem desabando e o real perde valor em relação ao dólar. A depreciação da moeda nacional cria um grande impacto sobre o endividamento da Petrobras, agravando sua situação financeira por aumento das dívidas, assim como do valor de amortizações e juros, que precisam ser pagas, em sua maioria denominados em moeda internacional.

O efeito da queda do preço do petróleo, no entanto, não é tão direto sobre os resultados operacionais da empresa, diferente do que ocorre com a maioria das petroleiras mundiais.

Segundo os últimos dados divulgados pela Petrobras, no Balanço do 3T2015, as receitas de vendas da companhia atingiram 236,5 bilhões de reais, dando um resultado operacional de 28,9 bilhões. A distribuição deste resultado por área de negócios era:

 

Estes dados mostram que a maior parte dos resultados positivos (75,8% do lucro operacional) foi proveniente das vendas de derivados, no mercado interno no Brasil. A queda dos preços do petróleo já se fizera presente nos resultados do E&P, que se reduziram de 46,1 bilhões no 3T2014, para 17,4 bilhões no mesmo período em 2015, apesar do aumento físico da produção.

A queda dos preços do petróleo foram determinantes para este resultado. O fato de ser uma empresa integrada de petróleo, com atividades de E&P e dos outros segmentos do setor equilibra os movimentos de longo prazo dos resultados, minimizando os impactos dos ciclos de mudanças de preços da commodity petróleo.

Entre os nove primeiros meses de 2015 e 2014, o Brent caiu de 106,6 dólares para 55,4, numa queda de 48%, mas, em reais, seu preço somente caiu 29% devido a depreciação da moeda nacional que ocorreu no mesmo período.

No mercado doméstico, o preço dos derivados básicos ficou praticamente estável, sendo de 225,74 reais em Jan-Set 2014, caindo para apenas 224,53 reais (-1%) no mesmo período em 2015. Quase toda a produção do E&P, valorada a preços competitivos internacionais, é contabilizada como vendas ao Abastecimento, que a contabiliza como custos e depois de refinada e transportada é vendida ao mercado.

No E&P, a venda entre segmentos da própria Petrobras era de 99,4% da receita de vendas no 3T2014, quando os preços estavam altos e 98,4% no 3T2015, quando os preços estavam baixos. Como a política de preços dos combustíveis não repassa para o mercado brasileiro as flutuações de curto prazo dos preços internacionais, ao mesmo tempo em que a taxa de câmbio está se depreciando, os preços nominais dos derivados devem permanecer, por algum tempo, nos níveis atuais.

Isto significa que o fluxo de receita de vendas dos derivados, a mais importante fonte de receita e responsável pela maior parte dos resultados operacionais da companhia, irá flutuar muito menos do que os preços do petróleo, em queda abrupta nos mercados globais.

É claro que este raciocínio se aplica principalmente aos derivados mais relevantes nas vendas domésticas, como a Gasolina, o Diesel e o GLP, uma vez que outros derivados apresentam uma sensibilidade maior às variações de curto prazo dos mercados internacionais, como o QAV e o óleo combustível.

Por outro lado, o Gás Natural tem seus custos reduzidos pela queda dos preços do gás importado, tanto por gasoduto da Bolívia, – cujos preços estão atrelados aos do petróleo, – como o GNL, -cuja disponibilidade americana e diminuição da demanda japonesa reduzem seus preços,- através dos terminais de regaizeficação, enquanto os preços domésticos, tanto da energia, como do próprio gás, vão depender de outras variáveis não diretamente relacionadas com o preço do petróleo, como o regime de chuvas e o despacho elétrico e a regulação estadual da distribuição do gás natural.

No que se refere a drenagem de resultados por parte do segmento corporativo (- 50,2% do lucro operacional de 3T2015), a maior parte das despesas decorre de eventos não recorrentes e com pouca vinculação direta ao preço internacional do petróleo, como as perdas e ganhos de processos judiciais, Planos de Pensão e Saúde. Outras, como as despesas tributárias e os custos exploratórios tendem a diminuir com a queda dos preços do petróleo, ainda que parcialmente compensadas pela depreciação da moeda.

Por outro lado, o comportamento dos custos de extração e do refino tem algumas peculiaridades, aumentando em reais, mesmo que em dólar o preço tenha caído. Por seu turno, as participações governamentais são mais sensíveis aos preços internacionais no custo de extração, reduzindo o mesmo, ainda que tenha havido um aumento entre os dois anos no custo de extração em reais sem as participações.

O custo do refino declinou em dólares e aumentou em reais. A trajetória futura das duas variáveis exógenas – preço do barril e taxa de câmbio – será fundamental para determinar o comportamento do EBITDA da Petrobras. A política de preços domésticos, se não alterada, vai mostrar seu efeito equilibrador no fluxo de receitas, compensando parcialmente os momentos de preços internacionais altos que afetaram negativamente o fluxo de caixa da companhia.

 

Em termos de conclusão, a natureza de empresa integrada de petróleo, combinada com o tamanho da Petrobras no mercado doméstico e sua participação no refino e na distribuição, além de seu controle da logística permitem minorar os efeitos da queda dos preços do petróleo. A maior parte das empresas internacionais, principalmente as fortemente exportadoras de petróleo, vivem momentos muito difíceis com este ciclo de baixa do preço que parece que vai durar por algum tempo.

José Sergio Gabrielli de Azevedo – É professor titular aposentado da UFBa. Ex-presidente da Petrobras (2005-2012)

 

Redação

41 Comentários

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  1. Mídia familiar desaba no

    Mídia familiar desaba no impresso e até no digital

    :

    O IVC, que mede a circulação dos jornais brasileiros, divulgou os dados de audiência de publicações como Folha, Globo, Estado de S.Paulo, Estado de Minas e Correio Braziliense, em 2015; os números revelam que o consumo de informação por esses meios desabou ao longo do ano passado, e não apenas nas edições impressas, como também no digital; uma das explicações para o tombo é a expansão da internet; uma segunda é o modelo de cobrança por conteúdo, que tem pouca receptividade no Brasil; e uma terceira razão pode ser o engajamento político dessas publicações, que optaram por uma agenda extremamente negativa nos últimos anos; Folha caiu 15,1%; Estado 8,9% e Globo 5,5%

    26 de Janeiro de 2016 às 13:36

     

     

    247 – Os principais jornais brasileiros experimentaram quedas expressivas de circulação ao longo de 2015, segundo dados do IVC, o Instituto Verificador de Circulação.

    O dado mais surpreendente é que a circulação caiu não apenas nas edições impressas, mas também nas digitais – o que revela que as publicações não estariam sabendo como se adaptar à era da internet.

    Entre janeiro e dezembro, a Folha caiu 14,1% no impresso e 16,3% no digital, o que gerou uma queda média de 15,1%, superior à do Estado de S. Paulo (8,9%) e à do Globo (5,5%).

    Na lista do IVC, que contempla ainda publicações como Correio Braziliense, Zero Hora, A Tarde, O Povo, Valor Econômico, Gazeta do Povo e Super Notícia, todos – sem exceção – caíram. Alguns cresceram no digital, mas partindo de bases pequenas.

    Os dados revelam vários fatores. Os jornais, naturalmente, foram afetados pela crise econômica que ajudaram a amplificar. Mas hoje enfrentam uma concorrência crescente de veículos puramente digitais.

    Além disso, o modelo de cobrança por conteúdo, dos chamados paywalls (muros de cobrança para quem assina determinada quantidade de artigos), tem tido pouca receptividade no Brasil.

    Um outro fator, que pode vir a ser considerado na análise, é o grau de engajamento político dos jornais da imprensa familiar, que passaram a substituir o jornalismo pelo proselitismo político, afugentando uma parcela de seus leitores.

    Confira, abaixo, a tabela do IVC:

     

     

  2. Resumo da obra

    Por ter o monopólio de facto do refino e o controle da logística, a Petrobras aguenta o tranco.

    E mais uma vez, para não acabar com o paraíso de alguns poucos milhares de petroleiros estatais,  uma classe privilegiada e não exposta as volatilidades do mercado de petróleo, quem vai tomar na bunda de novo e pagar o preço é o povão brasileiro, pagando o combustível mais caro que o resto do mundo.

    É o ó do borogodó.

      1. Por partes

        Existem bancos estatais, que cobram muito caro pelos serviços. E bancos privados, que cobram o mesmo que os estatais, até porque não são burros.

        A nossa telefonia hoje, se comparada aos preços e serviços praticados quando estatizada, está de graça.

        E mesmo comparada a outros países é barata. 

        Mostraram uma lista por aí dizendo que no Brasil um pacote básico custaria US$ 36 e seria o mais caro do mundo. Eu tenho um pacote familiar para quatro pessoas, com acesso à internet, que não custa isso e atende nossas necessidades.

        Falaram de um custo de US$ 30 por banda larga, Por pouco mais que esse valor ( uns U$ 40 ) eu tenho telefone fixo, banda larga de 50megas e TV a cabo. 

         

    1. Tem certeza?

      Consulte sempre o Google antes de pagar mico…

      http://pt.globalpetrolprices.com/gasoline_prices/

      Preços da gasolina, 25-Janeiro-2016: O preço médio da gasolina pelo mundo fora é de 0.97 (U.S. Dollar) por litro, mas existem grandes diferenças entre os países. Os países mais ricos têm preços mais altos e os mais pobres e os países produtores e exportadores de petróleo têm preços consideravelmente mais baixos. Os Estados Unidos representam uma excepção pois são um país economicamente desenvolvido mas ao mesmo tempo têm preços da gasolina baixos. [nas costas dos outros…]

      Adivinha qual é o preço no Brasil em dólar…!

    2. O que você sugere?

      Devemos vendẽ-la, demitir todos os atuais funcionários e substituí-los por mão de obra terceirizada recrutadora de serviço escravo em Bangladesh? O maio pecado que pode existir para alguém de direita é o sujeito conseguir um bom emprego. O ideal desta gente é terceirizar, precarizar empregos e desempregar geral. Aí a direita está no paraíso.

      1. Errado

        Devemos fazê-la competir. Como a estatal norueguesa tem que competir com qualquer outra empresa.

        Evidente que para isso o CADE teria que agir sobreo monopólio de facto da Petrobras, o que implicaria em fazê-la, como o CADE já fez em outros setores, vender parte de suas atividades no mercado.

        Não queira você também, como o amigo abaixo que, alguém do nada venha aqui enfrentar um monopólio estatal.

         

    3. Não!
      Nem no tempo do real sobrevalorizado nosso combustível era o mais caro do mundo. Em relação ao chamado primeiro mundo, ele históricamente sempre foi um pouco mais caro que nos EUA e mais barato que na Europa. Isto é facilmente pesquisável… No mais, num mercado onde 600 ml de cerveja custa mais que gasolina (nem vamos falar de água mineral), o que esperar dos preços relativos, pois o preço dos combustíveis é liberado (menos para a Petrobras).
      E as “privadas” americanas levam um dinheirão do bolso dos contribuintes americanos a fim de abrir seus mercados.
      O monopólio de lei não existe, já o de fato ocorre porque não aparece ninguém para investir alguns cobres e desbancar a nossa “ineficiente” Petrobras… Preferem esperar um governo mais “amigo”, que queira vender barato com financiamento via BNDES… O macunaímico do Brasil, é que parece que essa tarefa será executada pelo partido que “jamais a venderia”… O governo “dilmais” está cada vez “dilmenos”, mas aí já é outra discussão!
      Quanto a “privilégios”, questão de uma visão com característica ideológica. Haviam milhares de petroleiros trabalhando enquanto o senhor espoucava um espumante no revellion… E os salários são compatíveis com o mercado nacional, se for comparar com o de outros países, perde.
      Um abraço

        1.   Mas que mania de atirar

            Mas que mania de atirar tudo na vala comum!

            Os locadores de plataformas, os produtores de insumos para a indústria, a tecnologia desenvolvida e os demais preços internacionais não estão nem aí se somos subdesenvolvidos ou não. Mais que qualquer outro ramo, o petrolífero é MUNDIAL, não adianta choramingar que somos isso ou aquilo.

        2. Aproveita
          A Petrobras é nossa maior empresa e atua em várias partes do mundo. Ela não só compra e vende petróleo, elia também produz tecnologia de ponta em algumas áreas, e recebe por isso. Por outro lado compra tecnologia que não produz e necessita em países que a possuem.
          Não confunda o nível tecnológico de nossas empresas (a Petrobras não é a única) com o seu viralatismo revoltado. Aproveita o post para aprender alguma coisa sobre o negócio petróleo…
          Um abraço.

      1. Vamos por partes

        Nem no tempo do real sobrevalorizado nosso combustível era o mais caro do mundo.

        Real valorizado ???  Não acha que seu universo histórico está meio tímido. Pagamos caríssimo pelos combustíveis desde sempre. Com moeda valorizada ou não.

        Tudo bem, cada um vê as coisas como quer ou conforme seu campo de visão permite. Mas você dizer que ninguém vem aqui desbancar a Petrobras de seu monopólio de facto simplesmente porque não querem investir é de um reducionismo sem tamanho. Não vem porque simplesmente iriam quebrar a cara pois a empresa que detém o monopólio de facto é uma gigante, de 60 anos, e enraizada até a alma no nacionalismo idiota brasileiro e, cereja do bolo, administrada ao sabor de governos que precisam de apoio popular. Já imaginou o que teriam que enfrentar para desbancar essa empresa ???

        E se nunca tivessemos tido uma estatal monopolista ???

        1. Se?
          Não há como uma possível concorrência fugir disso… Doar a Petrobras sob desculpas é que não dá. Graças a ela muita cadeia produtiva se desenvolve, e não seria o caso se o Estado não tivesse a maioria das ações. Embora eu sei que aqui não há nem haverá congruências, sua formação ideológica é outra. Apenas lhe lembro que “SE” não existe, o que é, é…
          Por outro lado, sem mudanças na estrutura dos impostos incidentes, em caso de privatização os preços nas bombas irá aumentar. O realizável na porta das refinarias hoje está em 1/3 (as vezes menos) do preço nas bombas, o qual repito, é livre.
          Dureza vai ser se os EUA votarem num nacionalista xenófobo que nem o Trump. O setor petróleo vai feder. Dizem que a Russia e a China andam trocando dolar por ouro para se proteger. Agora o que vai acontecer, não faço a mínima ideia.
          Um abraço.

          1. E o CADE ?

            Serve para que ? Para manter a concorrência funcionando e evitar a monopolização de setores, que mesmo não sendo monopólios de jure nunca na história, como a Petrobras já foi, se não forem controlados viram monopólios de facto, como a Petrobras se tornou.

            Capitalismo é o pior dos mundos, capitalismo sem concorrência é o inferno.

             

        2. Provavelmente o monopolio seria privado

          Já notou quantos bancos privados de varejo existem hoje no Brasil? E quantos eram há 20 anos?

          É o capitalismo. Tende à concentração de capital e oligopolização ou até à monopolização. Teríamos uma grande Shell ou Exxon ditando os preços e corrompendo governos. Simples assim.

  3. A BR precisa se adaptar aos
    A BR precisa se adaptar aos novos tempos: iniciou-se o fim da era do petróleo. Demais disso, acabou o boicote ao Irão, o Iraque retoma o ritmo e até Israel passou a produzir. O cenário indica que o preço vai se manter baixo.

    1.   Fim da era do petróleo???

        Fim da era do petróleo??? KKKKKKKKKK!!!

        Petróleo não serve apenas para combustível. É matéria prima de MILHARES de produtos, e para a grande maioria não há qualquer substituto à vista.

        Neste exato momento, deve haver no mínimo uma dezena (ou algumas) de subprodutos de petróleo a sua volta – e talvez até mesmo em você.

       

       

      1. Sim, fim da era do petróleo!
        Sim, fim da era do petróleo! A idade da pedra acabou e ainda a usamos, não? É evidente que continuaremos a usar o petróleo, mas cada vez mais em escala reduzida. Na Inglaterra, riram quando se falou que o país já não precisava brigar pelas minas de carvão.

      2. Acho que ela se expressou mal

        Fim da era do petróleo enquanto combustível.

        Esse fim já está agendado, até por uma questão de sobrevivência da humanidade.

        E você tem que admitir que, em não sendo mais combustível, o petróleo perderá muito de seu valor e sim, a Petrobrás terá que se adaptar a esse novo cenário.

        Você poderia pelo menos relacionar alguns dos milhares de produtos sem substituto a vista.

         

        1. O fim está agendado porque ele é finito, portanto esgotável.

          Em todos campos antigos se observou que a produção não cresce indefinitivamente, ela atinge um pico e depois cai. Isso acontece porque as áreas do campo mais fáceis e produtivas são exploradas primeiro, elas esgotam e as área seguintes são menos produtivas e de mais difícil acesso, a produção destas últimas áreas não conseguem repor o volume de declínio das primeiras.

          Pense o mundo como um grande campo. A parte mais fácil e produtiva já está desenvolvida e explorada, muito dessas explorações estão declinantes e não se descobre novos campos com capacidade para repor o declínio, as opções que aparecem são dificultosas e caras, financeira e ambientalmente falando; são areias betuminosas, óleos extrapesados, fracking e águas ultraprofundas e sem elas, o declínio é inevitável; para elas funcionarem precisam de preços altos; estes últimos também são necessários para promover a retirada da era do petróleo, enquanto for barato ele será demandado e outras fontes não entrarão.

          O petróleo sempre foi muito barato, a maior cotação que teve na história dava o custo de um litro inferior ao custo de um litro de refrigerante; um litro de petróleo produz na economia muito mais do que um litro de refrigerante; é possível que a energia de um litro de petróleo seja capaz, de produzir e distribuir milhares de litros de  refrigerantes. Se você fizer um levantamento da de gastos de energia na produção e distribuição de bebidas, pode chegar a essa conclusão.

          Por um século o preço do petróleo se manteve estável, por voltra de U$ 20 o barril, até o choque dos anos 70; depois que caiu permaneceu vinte anos estável a U$ 30, voltou a subir há uma década, nesse período caiu, subiu de novo e voltou a cair. Estamos em situação de volatilidade extrema, é previsível que os preços do petróleo voltem a subir, para cumprir duas funções; primeiro viabilizar as fontes mais caras de óleo, a mina menos produtiva determina o preço do combustível, notou Jevons na Questão do Carvão; segundo para tanger a sociedade para outras alternativas, outros estilos e paradigmas da vida.

          Os preços históricos do petróleo no mercado americano desde o século XIX:

           

          Comportamento dos preços em décadas recentes no mercado europeu:

  4. Pra quê serve a Petrobrás???

    Mas e quando o preço do petróleo estava em alta e o dólar em queda?

    Tem que ter lastro para eventuais crises no médio e longo prazo. 

    A Petrobrás tem 40 poços de petróleo a perfurar, que crise é esta?

  5. ler que a coisa não está tão

    ler que a coisa não está tão desesperadora quanto

    pinta a agenda emitida pela casa grande,

    já é  alguma coisa,..

    ainda mais vindo de um especialista renomado da área…

    espero que a petrobrás não só aguente esse momento difícil,

    como dê  a volta por cima e passe a render os frutos que foram

    semeados com tanto esforço pelo povo brasileiro desde

    a sua criação até agora…

     

    1. Também não tá tão boa quanto o Gabrielli pinta

      Pra ter uma ideia: as despesas financeiras pularam de 2 bi pra 11,4 bi do 3º trim. 2014 pra o mesmo período de 2015. Então não adianta ter um bom resultado operacional se o custo da dívida transforma em prejuízo. Nesse caso, gerou prejuízo líquido de 5 bi no trimestre. A Petrobras quintuplicou seu prejuízo em 4 anos. Deve 506 bi. 80% em dolar. É a empresa mais endividada do mundo. Não é invenção do PIG. É a conta dos 5 anos comprando mais caro do que vendia.

  6. A grande incoerência: desistir das refinarias.

    Segundo Gabrielli, é “o fluxo de receita de vendas dos derivados, a mais importante fonte de receita e responsável pela maior parte dos resultados operacionais da companhia” . Mais adiante, analisando o resultado operacional do 3° trim/2015 , diz “Estes dados mostram que a maior parte dos resultados positivos (75,8% do lucro operacional) foi proveniente das vendas de derivados, no mercado interno no Brasil.” Isso significa que o mercado doméstico pode ser a principal fonte de sustentação econômica da empresa no tempo de preços baixos no mercado internacional.

    No entanto, se houver algum crescimento do consumo interno, voltando aos patamares de 2014, ou se houver um aumento no preço dos derivados lá fora, a balança comercial da Petrobras fica complicada de novo. Isto porque agora a importação de derivados, embora em quantidades menores devido à redução do consumo interno, se dá agora com o dolar em R$ 4,00. O que se ganha com o preço menor, perde-se pelo dolar maior. Não esqueçamos que a empresa queimou R$ 120 bi de caixa importando derivados a preço mais caro do que vendia aqui dentro, com o dolar a R$ 1,70.

    A única saída para tornar a Petrobras realmente sustentável financeiramente seria investir em mais refinarias, processar aqui dentro toda a necessidade de derivados, “internalizar” o custo dos combustíveis. Feito isso, com o tempo, poderia até haver redução no preço dos combustíveis, à medida em que a redução do custo de extração do pré-sal possa ser distribuido para a cadia de refino. Seríamos, assim, autossuficientes tanto em óleo como em derivados. E poderíamos baixar significativamente os custos de insumos para a indústria, agricultura e transportes, contribuindo para manter a inflação em nívis mais baixos.

    Porém o que foi feito no atual plano de negócios da empresa revela intenção de ir no sentido contrário. Desistiram das refinarias e focaram na exploração e produção. Ao mesmo tempo pretendem privatizar a BR Distribuidora, que poderia ser a principal fonte de receita em uma situação de autossuficiência em derivados, se as refinarias fossem concluídas. Parece claro que o objetivo agora é fazer do pré-sal apenas mais uma plataforma de exportação de petróleo. E logo em um cenário de preços baixos.

    1. É por aí…
      Concordo muito!
      Quem consegue ficar de fora dos maniqueísmos partidários, sabe que todas as petrolíferas do mundo estão tendo que rever planos de negócios, com corrupção e tudo, pois a nossa não é única. Mas o “governo dos trabalhadores” vai fazer o que criticava nos outros. Ao invés de gastar para aproveitar nossas vantagens competitivas, via cadeia integrada, vai vender na bacia das almas os ativos que nos fazem ter uma cadeia integrada…
      Esse governo é “dilmenos”…
      Um abraço.

    2. Você faz um belo apanhado..

      A única saída para tornar a Petrobras realmente sustentável financeiramente seria investir em mais refinarias,

      Como,com refinarias tipo a Abreu e Lima, uma pelo preço de duas ???

      Ou talvez, comprando refinarias de segunda mão no Texas ???

      Sinceramente, o problema da Petrobras é a Petrobras.

      1. Vamos lá…
        Bonna, como vc tem se mantido na discussão com argumentos e não assassinando reputações e insinuando vagabundagem em quem trabalha sério, vou responder…
        No caso das refinarias, empate.
        No caso da Abreu de Lima, o preço foi mal ajambrado na imprensa, pois o gasto inicial era para pagar a metade (don Chavito entraria com a outra metade) de uma linha de asfalto como produto final, aproveitando o pesadão cru venezuelano. Depois resolveu-se que seriam duas linhas de asfalto e partiu-se para a construção, don Chavito “o amigo” correu, a Petrobras fez a obra sozinha (ainda falta concluir a outra linha de produção) e a nossa imprensa, como de costume nada amiga, nunca contou nem fez a conta direito. Daí a maioria das pessoas terem essa impressão.
        Já Pasadena, por mais que hoje em dia opere e de lucro, custou cara, há suspeições sim, e devemos cobrar e punir quem de direito… Clara safadeza!

        1. Bem

          Espero que tenha sido esta a defesa da Petrobras no TCU, pois os números da imprensa me preocupam muito pouco.

          Maaaaaaaaaaaaas, o TCU diz que teve superfaturamento até na terraplanagem.

          A ver.

          1. “… até na terraplanagem”.

            É uma fase da obra que o pessoal adora, é a primeira grana que entra. Quem é que vai na obra conferir os números de horas de máquina utilizado? Quem sabe quantos caminhões se contratou para despejar aterro? A turma deita e rola nesse tipo obra, políticos são viciados em obra de construção civil, pois são cheias de bueiros em todas suas fases, dão ótimos caixas de campanha. O correto é dizer: desde a terraplanagem. Você pode errar sobre as fases seguintes, mas a probabilidade de errar na primeira é mínima.

      2. Não, amigo, eu não apoio corrupção

        Meu caro, estou tentando manter o debate em um nível razoável. Mas pelo jeito você acha que corrupção no negócio de petróleo só existe no Brasil. Você acredita que países produtores de petróleo são invadidos, que as regiões produtoras estão em guerra constante desde a metade do século passado apenas porque eles não compartilham da nossa visão de democracia ocidental. Sem contar os milhões de mortos. E que as grandes multinacionais do petróleo são praticamente  uns conventos de tão virtuosos que são os seus métodos de fazer negócio.

        Você vai ver o tamanho do problema para o país se a Petrobras for privatizada, aí sim Ou empresa privada não tem corrupção? Em todas que eu trabalhei tinha.

        PS: minha resposta foi para o Bonna.

    3. Caro Vinvel
      Concordo contigo.

      Caro Vinvel

      Concordo contigo. A Petrobras deveria priorizar o refino e a internalização da cadeia de derivados como a última etapa da autossuficiência. Daria muito mais eficiência a toda cadeia de navios petroleiros, de portos, bem como alavancaria o desenvolvimento de regiões que precisam de tais obras.

      A proposta do presidente Lula de petróleo por obras de infraestrutura é muito primária. Nosso melhor acordo com os chineses seria o seguinte: Vocês querem petróleo? Tudo bem, mas eu quero que vocês me dêem três refinarias, três terminais de gás e petróleo, as estradas para que a produção escoe. E vocês vão ganhar com isso, pois participarão das obras, suas empresas terão uma base para desenvolvimento aqui e participarão do nosso desenvolvimento. A partir daí, eu posso pedir outras coisas, mas isso é o básico. Seria essencialmente a repetição da velha barganha por Volta Redonda. Os Estados Unidos, principais interessados em nos manter como exportadores de matérias-primas brutas e importadores de produtos manufaturados, nos deram os capitais para que fizéssemos a fábrica para o principal insumo não energético da indústria moderna, o aço.

      E as empreiteiras da Lava Jato poderiam devolver os recursos surrupiados da Petrobras, não em cash, mas em obras para a companhia, sob supervisão dos elementos responsáveis do MPU, TCU, bem como de órgãos técnicos como CREA. Por exemplo, numa atualização de parque de refino, fazendo obras de tubulação de gás, bem como outros serviços que agreguem valor a companhia, ao invés de uma mera compensação financeira só para ajudar o caixa. A Petrobras precisa de fatos concretos muito maiores do que dados para um analista técnico de bolsa ver.

  7. Quem quiser ler, tem este

    Quem quiser ler, tem este artigo de Paulo Cesar Ribeiro Lima.

    https://jornalggn.com.br/wp-content/uploads/documentos/2015_447.pdf

    Abaixo, alguns dados constantes nele.

    “De 2000 a 2013, o crescimento da produção brasileira dos seis principais derivados foi de apenas 160 milhões de barris, o que equivale a um aumento de 29,24%. Nesse mesmo período, o consumo aumentou 203 milhões de barris, equivalente a um aumento de 32,76%.”

    “Assim, o País tornou-se ainda mais dependente das importações. Houve um aumento de 62 milhões de barris ao ano no volume de importação dos seis principais derivados, o que corresponde a um aumento de 62,46%.”

    “Vale ressalvar que a partir de 2009 houve uma alta no consumo de gasolina maior que a do óleo diesel, o que motiva uma atenção especial para esse derivado, que é o segundo mais consumido no País em termos de volume.”

    Fica claro que a vulnerabilidade da empresa é o refino. Foi só haver o aumento da frota de carros, fruto das medidads anticíclicas adotadas por Lula, a partir de 2009 e a situação se agravou. Assim, a Petrobras, permanecendo essa situação, padece de uma espécie de esquizofrenia. A área de exploração e produção torce para a recuperação dos preços internacionais do petróleo. A área de abastecimento torce por uma recessão prolongada, que limite o consumo e a necessidade de iportação de derivados. Nos dois cenários ela perde dinheiro e, provavelmente, tem prejuízo.Tendo prejuízos recorrentes, vai ser privatizada assim que algum candidato do campo da oposição ganhe a eleição. E, ainda pior, se for pelo preço de mercado, vai ser uma doação.

    A saída: fazer refinarias.

  8. A pergunta nao deveria ser se

    A pergunta nao deveria ser se a Petrobras resiste. Deveria ser: o consumidor brasileiro resiste a Petrobras? Quanto mais petroleo ela diz que retira mais caro ela vende seus derivados…

  9. Mais uma vez a China.

    aconselho a todos a se inteirarem o que vem acontecendo na China, que está com uma enorme expansão de sua capacidade de refino e pelo que dizem analistas internacionais, vai jogar os preços dos derivados no chão.

  10. Não se pode comparar a

    Não se pode comparar a PETROBRAS com as petroleiras globais tipo Exxon e Shell porque os mercados são muito diferentes.

    As majors globais estão expostas a mercados COMPETITIVOS, a Petrobras opera com mercado cativo e preços administrados.

    Quando o preço do barril cru baixa no mercado spot a PETROBRAS não é obrigada a baixar o preço na bomba, ao contrario das petroleiras que vendem nos EUA e Europa, onde todas as petroleiras cometem centavo a centavo na bomba.

    No Brasil a PETROBRAS tem o monopolio do refino e da venda dos derivados no atacado e não tem concorrentes.

    Então a logica da composição de preços é dominada pela PETROBRAS ou por seu controlador, o Governo.

  11. Gabrielli: Querem que Desenhe…

    Um cara como o Gabrielli (ou mesmo a Dilma) não pode falar claramente:

    “Seus Burros (aos “Leitões”, “Sarnembergs” e aos Analistas de Wall Street), a Equação é a Seguinte”:

    – Receita: Volume Cai (Recessão do Tombini), mas, os Preços são Mantidos em R$ (Nem tentem importar Derivados, mesmo a 1 US$ = R$ 4,00, pois existe um Custo de Hedge Cambial)

    – Custos Diretos: Comportam-se conforme Explicado pelo Gabrielli

    – Custos/Despesas Eventuais: Devem Cair com as Tesouradas do Bendini e Provisões (Lava-Jato) já Realizadas.

    Obs.: Não deixem os “Financistas” do MPF pressionarem por uma Provisão Maior do que a já feita pela Petrobrás.

    – Dívida Denominada em US$: Este é o Problema, não tanto pelos Indicadores do Tipo Dívida/Patrimônio (afinal o VERDADEIRO Patrimônio da Empresa é subavaliado, uma vez que Grande Parte das Reservas já Comprovadas do Pré-Sal ainda não entraram no Patrimônio).

    Mas, a Dívida em US$ machuca o Cash Flow.

    Para minimizar isso, o Bendini está tentando alongar a Dívida (tipo a Descrita pelo Trabuco) e Vender Ativos.

    A Atividade de Refino não melhora REALMENTE, mas apenas Contabilmente.

    A Contabilização, muito sutimente explicada pelo Gabrielli é feita a “Preços de Transferência” entre E&P e Refino.

    Como cai o Preço de Transferência da E&P com a Queda do Brent, a Margem do Refino, mantidos os Atuais Preços dos Derivados Aumenta.

    Resumo:

    Pode-se prever uma melhora significativa do EBITDA da Petrobrás em Futuro Próximo.

    E, talvez um Alívio no Cash Flow, se a Dívida denominada em US$ for alongada.

    Critiquemos o Adriano Pires, mas ele, já no Passado Distante tentava explicar isso.

    Se, der alguma Merda no Jogo Irã X Arábia Saudita (ou mesmo uma Guerrazinha Civil entre Xiitas e Sunitas), aí já da’para ganhar uns “Trocos” comprando AGORA Açoões PTR3/4…

    Mas, isso, um Ex CEO da Petrobrás, não pode falar em Público.

    No Dia Seguinte iriam o “Sarnemberg/Leitões” mudariam o Discurso, agora, ‘EXIGINDO” uma Política Exxon de Precificação…

    Veja o que dizia o Adriano Pires (Poucos no Brasil entendem que o Conceito de Preço de Transferência é Aplicadopara Finalidades Gerenciais, como por Exemplo Medir a Performance da E&P versus Refino”.

    http://www.sbpe.org.br/socios/download.php?id=12

     

  12. o patriotismo do povo

    o patriotismo do povo brasileiro fará comprar tudo da petroibrás pelo preço que ela precise para viver bem e com saúde.

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