Prefeitura promove contação de histórias em 1700 escolas

Jornal GGN – Ontem, quinta-feira (27), a primeira-dama da cidade de São Paulo e coordenadora da São Paulo Carinhosa, Ana Estela Haddad, participou de uma contação de histórias na Escola Municipal Infantil Patricia Galvão. A ação de leitura ocorreu nas 1700 escoladas da rede municipal.

Coordenadora da São Paulo Carinhosa, Ana Estela Haddad, faz leituraço para crianças da EMEI Patricia Galvão

Da Redação São Paulo Carinhosa

Uma tarde de encantamento com leituras afro-brasileiras para crianças.

Tarde de descobrir como as crianças interagem com a contação de histórias. Na Escola Municipal de Educação Infantil Patricia Galvão, Consolação, centro da cidade, Ana Estela Haddad, primeira-dama da cidade e Coordenadora da São Paulo Carinhosa, é convidada do Leituraço nesse 27 de novembro, ação de leitura que está ocorrendo nas 1.700 escolas unidades da rede municipal.

O programa da Prefeitura estimula a narração de histórias para os alunos nessa época do ano com livros que elucidam a temática da literatura afro-brasileira, por ocasião de ser o mês da Consciência Negra. O projeto é da Secretaria Municipal de Educação em parceria com a Secretaria Municipal de Promoção de Igualdade Racial, ao longo do mês de novembro e tem uma lista de livros articulada para essa ação, dando ênfase a literatura afro-brasileira. Entre os autores estão José Luandino Vieira, Ana Maria Machado, Nilma Lino Gomes, Kiusam de Oliveira, Rogério Andrade Barbosa, entre muitos outros.

Na sala 3 da escola Patricia Galvão (a unidade leva o nome para homenagear a escritora e jornalista considerada a primeira autora a escrever um romance operário no Brasil, Parque Industrial), há um grupo de quase 50 crianças, entre 5 e 7 anos, reunidas em roda, para ouvir a coordenadora do São Paulo Carinhosa. As crianças estão ansiosas porque terão alguém ‘diferente’ da professora para contar uma história a elas.

Ana Estela chega, senta no meio delas ao chão, brinca de fazer uma assembleia para escolher as leituras. Usa todos os recursos de interatividade com as crianças que aprendeu também nos 20 anos como odontopediatra. E todo mundo quer ouvir as histórias e participar delas, mas isso só ocorre após uma mediação para descobrir os contos preferidos do livro Histórias Africanas para Contar e Recontar, de Rogério Andrade Barbosa, alvo da leitura. Um quer da ‘girafa’, outro do cachorro, outro do camaleão…

Ana Estela começa com a leitura dos contos africanos e, num momento da contação, narra: “há muitas e muitas luas, a lebre e o camaleão eram amigos inseparáveis”, quando um aluno diz: “já sei, é uma história de poema”. Ana Estela responde: “é verdade, essa história é como poema mesmo”. E continua: “naquele tempo, o interior da África era percorrido a pé por longas caravanas”, conta, e sai um pouco da história para explicar que Caravanas é um grupo de muitas pessoas que andavam no deserto. “Mas existe deserto?”, pergunta Lucas, de 6 anos. Sim, na Àfrica existe. “Noooooossa!!!” responde outro aluno espantado, que resolve deitando no tapete para ouvir melhor a narrativa. Ana Estela mostra num outro momento o mapa da África; “Caramba, a Africa é tudo isso!” Ana Estela diz: “Sim, tem um monte de países dentro dela.”

Depois há uma parada para jogar os desenhos de folhas ao ar, a convite da leitora, para descontrair.

LÁGRIMA DA NUVEM

Foi nesse clima que ocorreu Leituraço: cheio de descobertas de palavras novas, de novas coisas que existem no mundo e, claro, de espanto, perguntas e muita sinceridade por parte das crianças. O que é uma chama? O camaleão tem orelha?  Quantas roupas o camaleão tem? Se frases assim já davam leveza à tarde, um aluno expôs o quão a imaginação é importante no dia-a-dia.

É quando Ana Estela começa outra história, Chuva de Manga, de James Rumford, livro escolhido pelas crianças. “Hoje, na volta da escola, o céu estava coberto de nuvem”. Quando a narradora lembra que a imagem faz lembrar São Paulo quando chove, o garoto Luigi, de 6 anos, interrompe e diz:  ”A chuva é a lágrima da nuvem, meu pai disse.” A coordenadora da São Paulo Carinhosa responde olhando para ele, “seu pai tem razão, é o choro da nuvem.”

A contação de história é algo na rotina das crianças da escola, explica a professora Carolina Anselmo, por isso elas se sentem tão à vontade e estimuladas. O Leituraço de novembro só fez estimular a ação.

“Começamos com essa rotina de ler na primeira aula e em alguns momentos os alunos preferem os livros a pegar nos brinquedos.” Quando aprende uma história nova, contam as crianças para a equipe da São Paulo Carinhosa, é gostoso também contar depois para outras pessoas, do jeito delas, claro, como para o irmão caçula, os familiares. “Os pais também chegam contando que eles têm falado muito sobre o Folclore e é gostoso ver esse envolvimento”, diz a professora Carolina.

E por que é tão importante contar histórias para um criança? Ana Estela Haddad responde: “Contar história é magico. É uma coisa maravilhosa. É uma forma de a gente elaborar o mundo, de usar a imaginação e trabalhar os sentimentos. Está comprovado cientificamente que se não fosse tão gostoso contar histórias, seria já importante do ponto de vista do desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças”, afirmou Ana Estela.

O diretor da escola,  Arnaldo Ribeiro da Costa, explica que a EMEI Patricia Galvão atende 300 alunos, muitos deles estudantes da Bela Vista e do entorno, com famílias que trabalham no centro, e no final da tarde vão buscar as crianças e levar para a casa. Ele acredita que a ação fortalece a convivência.

A diretora da Delegacia Regional de Ensino do Ipiranga, Maria Khadiga Saleh, afirma que a leitura em grupo é muito favorável pedagogicamente para conhecer o aluno num momento que não é só formato tradicional de sala de aula. Ela mostra na sala as atividades de desenhos e colagens feitas pelos alunos a partir desse estímulo da leitura e comenta: “Veja como é perceptível que essa é uma turma acostumada, o imaginário das crianças já flui junto, despertado pela fantasia e curiosidade”.

À uma equipe de TV presente no local, a primeira-dama explica que a ação já beneficiou 800 mil alunos da rede municipal de ensino, que tiveram nas últimas semanas contato diário com obras literárias africanas e afro-brasileiras, sendo que 250 mil deles são estudos de CEIs e Emeis. A atividade de leitura trouxe 23 títulos a alunos de 1.462 Escolas Municipais de Ensino Fundamental e Médio (EMEFs), de Educação de Jovens e Adultos (EJA), de Educação Bilíngue para Surdos (EMEBS), de Educação Infantil (EMEIs) e Centros de Educação Infantil (CEIs) diretas.

GOSTAR DE LER

Atenta às histórias, a aluna Giovana, de 5 anos, gostou muito da atividade. “O bom de ouvir histórias novas é que a gente se sente dentro delas. Parece um novo mundo”, disse a garota. O prefeito Fernando Haddad entende bem o sentimento de Giovana e também participou do leituraço, quando narrou trechos do livro Menina Bonita do Laço de Fita”, de Ana Maria Machado, na Emei Gabriel Prestes, na semana passada.  

O livro conta a história de um coelho branco que queria se casar e ter uma filha bem pretinha como a cor da pele da menina que morava na casa ao lado dele. Durante a narrativa, o coelho tenta descobrir o segredo para conquistar o seu tão sonhado desejo. “Sem o texto você não se apropria do mundo”, afirma o prefeito Haddad.

O secretário Cesar Calllegari tem ressaltado a importância do trabalho de mediação de leitura feito pelas professoras. “Estas professoras são ao mesmo tempo mediadoras e encantadoras, pois a leitura precisa das palavras e do encantamento das professoras.”

Programa Quem Lê, Sabe Por Quê

A ação do Leituraço está ligada a um conjunto de iniciativas de estímulo à leitura realizadas pela rede municipal de ensino. O Programa Quem Lê, Sabe Por Quê, lançado em setembro de 2013, articula o incentivo ao hábito de ler entre estudantes, educadores e nas comunidades. Foi lançada na Biblioteca Mário de Andrade.

Cada um dos atuais 45 CEUs da cidade de São Paulo conta com um núcleo do programa, acompanhado por um tutor, com experiência comprovada na área e com formação em nível de Mestrado ou de Doutorado. Envolve formação permanente de mediadores de leitura e a realização de atividades culturais.

Crédito das fotos: Cesar Ogata/Secom

Redação

2 Comentários

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  1.  
    Menino de dez anos dá uma 

     

    Menino de dez anos dá uma  aula de cidadania contra o racismo

     

    Gustavo Gomes Silva dos Santos é aluno do CEU Vila Curuçá em São Paulo. A equipe da Rede TVT o conheceu durante as atividades do “Leituraço” de contos africanos e afro brasileiros promovido pela prefeitura de São Paulo. Assista o que ele tem a dizer sobre a importância da ação no combate diário ao racismo.

     

     

    [video:http://youtu.be/mo-on7ikYi4%5D

  2. Haddad

    Que maravilha! Quer coisa mais deliciosa do que ouvir estórias quando se é criança? 

    “Patrícia Galvão”, a Pagu, da minha terra: São João da Boa Vista/SP

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