Primeiro eclipse total da Lua de 2014: entenda todos os passos

Jornal GGN – Tido para religiosos e ocultistas como “Luas de sangue” ou “Luas sangrentas”, o primeiro eclipse total da Lua em 2014, que a deixará na cor vermelha, acontece na madrugada do dia 14 para o dia 15 de abril. O fenômeno, que será visível nas Américas do Norte e do Sul, é o primeiro de uma série de quatro eclipses lunares, sendo dois este ano e dois em 2015. O evento será visível por 78 minutos, desde que o tempo colabore com céu limpo e sem nuvens.

A despeito da visão religiosa do evento, o fenômeno é puramente científico, Ele acontece porque, durante a passagem da Terra à frente da Lua, o satélite não ficará totalmente encoberto, mas ficará em uma área conhecida como “umbra”, onde a luz do Sol vai atravessar as camadas da atmosfera da Terra antes de chegar ao nosso satélite. Esse efeito de luz “filtrada” vai gerar a sensação da cor vermelha na superfície da Lua.
As pessoas que estiverem em cidades cujo clima não cooperar, poderão visualizar o evento ao vivo pela transmissão online feita pelos telescópios da Agência Espacial Norte-americana (Nasa). Para entender melhor o que vai acontecer, o Space.com – portal especializado em eventos e notícias espaciais – fez uma lista de cada passo que resultará no efeito da “Lua de sangue”. O horário estimado de cada fenômeno está no horário de Brasília.

Fase 1, a Lua entra na penumbra (1:53 a.m) – O cone de sombra da Terra tem duas partes: a umbra escura, interior, rodeada por uma penumbra mais leve. A penumbra é a parte externa clara da sombra da Terra. Embora o eclipse comece oficialmente neste momento, este é, em essência, um evento acadêmico. Você não vai ver nada de anormal acontecendo com a lua – pelo menos não ainda.

A penumbra da Terra é tão fraca que ela permanece invisível até que a lua esteja profundamente imersa nele. Temos de esperar até que a penumbra atinja cerca de 70% em todo o disco da Lua. Nos próximos 45 minutos, a Lua cheia vai continuar brilhando normalmente, embora a cada minuto que passe ela esteja progredindo cada vez mais na sombra externa da Terra.

Fase 2, a penumbra começa a aparecer (2:39 a.m) – Agora, a Lua progrediu suficiente à penumbra para que a sombra seja evidente em seu disco. Comece a olhar para um sombreamento de luz muito sutil que vai aparecer na parte esquerda da Lua. Isso vai se tornar cada vez mais e mais evidente à medida em que os minutos passam. Pouco antes da Lua começar a entrar na sombra escura da Terra, a penumbra deve aparecer como uma mancha óbvia na parte esquerda da Lua.

Fase 3, a Lua entra umbra (2:58 a.m) – A lua agora atravessa a sombra escura no centro da Terra, chamada de umbra. Uma pequena faixa escura começará a aparecer no lado esquerdo (face oriental) da Lua. As fases parciais do eclipse começam, o ritmo acelera e a mudança é dramática. A umbra é muito mais escura do que a penumbra e bastante intensa.

À medida em que os minutos passam, a sombra escura parece rastejar lentamente pela face da Lua. De primeira, o lado da Lua parece desaparecer completamente dentro da umbra, mas muito mais tarde, como se ele se movesse mais afundo; você provavelmente vai notar uma cor laranja brilhante, vermelho ou até marrom. Observe também que a borda da sombra da Terra projetada na Lua é curva. Aqui está a evidência visível de que a Terra é uma esfera, conforme deduzido por Aristóteles no século 4 a.C. É neste ponto que profundas sombras de uma brilhante noite enluarada começam a desaparecer.

Fase 4, 75% de cobertura (3:49) – Com três quartos de disco da Lua sob eclipse, a parte que está imersa na sombra deve começar a emitir uma luz muito fraca, semelhante a um pedaço de ferro aquecido à ponto em que apenas comece a brilhar. Vai tornar-se óbvio que a sombra umbral não é uma completa escuridão. Usando binóculos ou um telescópio, será possível ver que sua parte externa é geralmente leve o suficiente para revelar mares lunares e crateras, mas a parte central é muito mais escura; às vezes há características da superfície que são reconhecíveis. As cores na umbra variam muito de um eclipse para o outro: vermelhos e cinzas geralmente dominam, mas às vezes marrons, azuis e outras cores podem ser vistas.

Fase 5, menos de cinco minutos para a totalidade (4:01 a.m) – Alguns minutos antes (e depois) da totalidade, o contraste entre a parte amarelo-pálido e o restante, com a propagação da coloração avermelhada-marrom sobre o resto do disco da lua. Isto pode produzir um belo fenômeno conhecido por alguns como “efeito de lanterna japonesa”.

Fase 6, o eclipse total começa (4:06 a.m) – Quando o último pedaço da Lua entra na umbra, o eclipse total começa. Ninguém sabe como a Lua vai aparecer durante a totalidade. Em alguns eclipses, ela é visível como um cinza ou negro, em que a Lua quase desaparece de vista. A lua pode brilhar em um laranja durante outros eclipses. A razão pela qual a Lua pode ser vista na totalidade quando está totalmente sob o eclipse acontece quando a luz solar é refratada e espalhada ao redor da borda da Terra pela atmosfera do planeta.

Para um astronauta que estivesse na superfície da Lua durante a totalidade do eclipse, o Sol estaria escondido atrás de uma Terra escura delineada por um anel vermelho brilhante, que consiste de todos os amanheceres e entardeceres do mundo. O brilho deste anel em torno da Terra depende de condições climáticas globais e a quantidade de poeira em suspensão no ar. Uma atmosfera clara na Terra significa um eclipse lunar brilhante. Se uma grande erupção vulcânica injetasse partículas para a estratosfera, o eclipse seria, por exemplo, muito escuro.

Fase 7, metade da totalidade (4:46 a.m) – A Lua vai brilhar em qualquer lugar do mundo entre 10 mil a 100 mil vezes mais fraca do que ela estava a um par de horas atrás. Como a Lua está se movendo para o norte do centro da umbra da Terra, a gradação de cor e brilho em todo o disco lunar deve ser tal que a sua porção inferior deve parecer mais escura, com tons de cobre ou marrom profundo como chocolate. Enquanto isso, sua parte superior deve parecer mais brilhante, com tons vermelhos, laranjas e até mesmo, talvez, em um branco-azulado suave.

Os observadores que estiverem longe das luzes da cidade vão notar um número muito maior de estrelas do que era visível no início da noite. Durante a totalidade, a Lua será vista apenas um par de graus de distância da estrela Spica, localizada na constelação de Virgem. Embora essa estrela seja uma das 21 estrelas mais brilhantes no céu, antes que o eclipse comece a Lua vai quase parecer dominar a estrela com sua luz. Mas, durante a totalidade, a estrela Spica se tornará muito mais visível e sua cor azulada contrastará fortemente com a Lua.

A escuridão do céu pode ser impressionante. A paisagem circundante pode assumir um tom sombrio. Antes do eclipse, a Lua cheia parecia plana e unidimensional. Durante totalidade, no entanto, ela vai parecer menor e tridimensional – como uma bola estranhamente iluminado suspensa no espaço. Antes que a Lua entre na sombra da Terra, a temperatura no Equador lunar em sua superfície iluminada pelo sol chega a 127 graus Celsius.

Como a Lua não tem uma atmosfera, não há nenhuma maneira que este calor possa ser retido de escapar para o espaço à medida em que seja coberta pela sombra da Terra. Quando estiver na sombra, a temperatura na Lua cai para cerca de menos 173 graus Celsius, o que equivale a uma queda de mais de 300 graus Celsius em apenas cerca de duas horas.

Fase 8, eclipse total termina (5:24 a.m) – O surgimento da Lua, saindo da sombra, começa. O primeiro pequeno segmento da lua começa a reaparecer, seguido assim durante os próximos vários minutos pelo “efeito lanterna japonesa”.

Fase 9 (5:41 a.m) – 75% de cobertura de qualquer vestígio de coloração dentro da umbra deve estar desaparecendo agora. De agora em diante, como a sombra escura metodicamente se arrasta para fora do disco da lua, a cor deve parecer negra e inexpressiva.

Fase 10, a Lua deixa umbra (6:33 a.m) – A sombra escura central deixa o lado superior direito da Lua.

Fase 11, a penumbra se desvanece (6:53 a.m) – O último e fraco sombreamento desaparece da porção superior direita da Lua, e o show visual chega ao fim.

Fase 12, a Lua deixa penumbra – O eclipse “oficialmente” deixa as extremidades, livrando a Lua da sombra penumbral.

Com informações do Space.com

Redação

2 Comentários

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  1. Um aparte

    O fenômeno é natural e não “A despeito da visão religiosa do evento, o fenômeno é puramente científico”. A explicação pode ser científica, que aliás é uma das maneiras de enxergar (ou explicar) o mundo. Que a meu ver é melhor que um punhado que existe.

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