Prisões de Esteves e Delcídio mexem com mercado; bolsa cai 2,94%

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Jornal GGN – O mercado brasileiro foi tomado pela instabilidade nesta quarta-feira, muito por conta das prisões efetuadas na nova fase de investigações da operação Lava Jato. O Ibovespa (índice da Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo) fechou as operações em queda de 2,94% (a maior queda percentual diária desde 13 de outubro), aos 46.866 pontos e com um volume negociado de R$ 7,553 bilhões.

Nos mercados internacionais o dia foi de recuperação das perdas de ontem, quando a derrubada do caça russo no espaço aéreo turco aumentou a aversão ao risco. Os investidores também aguardam por mais estímulos monetários por parte do Banco Central Europeu na reunião de dezembro. Nos Estados Unidos, hoje foi dia de divulgação de importantes indicadores econômicos: os pedidos de auxílio-desemprego diminuíram mais uma vez, em 12 mil na semana. Já o índice de preços ao consumidor (PCE) permanece em 1,3%, ainda distante da meta de 2% do Federal Reserve, o Banco Central do país. Os estoques de petróleo aumentaram menos do que o esperado, e limitaram as perdas da commodity, que chegou a cair mais de 2%, e operava a U$ 45,88 às 16:55, em queda de 0,52% o barril.

“O Ibovespa operou em baixa desde o início, na contramão das bolsas internacionais, puxada pelas quedas de Petrobras, que além do noticiário local conturbado com os novos desdobramentos da operação Lava Jato, sentiu a queda do preço do petróleo”, dizem os analistas do BB Investimentos, em relatório, citando a prisão do presidente do BTG Pactual, André Esteves, e do líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS), em esquema de corrupção relacionado à Petrobras. Também foram expedidos mandados de prisão do chefe de gabinete do senador, Diogo Ferreira, e do advogado do ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, Edson Ribeiro Filho.

Por conta das prisões, as ações da Petrobras despencaram mais de 7% e os papéis dos bancos tiveram forte perda – neste caso, relacionados ao aumento do risco político. A unit do BTG Pactual (BBTG11) despencou 21,01%, a R$ 24,40. O papel não integra o Ibovespa.

No setor financeiro, o papel do Banco do Brasil (BBAS3) teve desvalorização de 6,45%, a R$ 17,40. O papel do Bradesco (BBDC4) fechou em queda de 4,87%, a R$ 21,89. O Itaú Unibanco (ITUB4) teve perdas de 4,91%, a R$ 27,91. As ações do Santander (SANB11) caíram 2,99%, a R$ 15,23.

No caso da Petrobras, as ações ordinárias (PETR3) perderam 7,56%, a R$ 9,66, e as preferenciais (PETR4) recuaram 7,06%, a R$ 7,90. As ações da mineradora Vale também fecharam em queda: os papéis ordinários (VALE3) caíram 2,83%, a R$ 14,06, e os preferenciais (VALE5) perderam 2,74%, a R$ 11,70.

No câmbio, a cotação do dólar comercial fechou em alta de 1,26%, a R$ 3,751 na venda. Assim como aconteceu na bolsa, a movimentação foi afetada pela notícia das prisões de Esteves e Delcídio.

O movimento do dólar foi influenciado pela notícia da prisão do líder do governo no Senado, senador Delcídio do Amaral (PT-MS), e do presidente e controlador do BTG Pactual, André Esteves, e acabou por interromper uma sequência de tranquilidade no mercado, quando o dólar chegou a cair abaixo de R$ 3,70 devido a uma aparente trégua no cenário político. Também existe o temor de que tais prisões acabem por travar as votações no Legislativo quanto ao avanço do ajuste fiscal, além da cautela antes do feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos, o que vai afetar a liquidez das operações nesta quinta-feira.

O Banco Central manteve o processo de rolagem dos swaps cambiais (equivalentes à venda futura de dólares) com vencimento programado para o mês de dezembro. Até agora, o BC rolou o equivalente a US$ 9,425 bilhões, ou aproximadamente 86% do lote total, que corresponde a US$ 10,905 bilhões.

Poucos dados são esperados para quinta-feira: além da repercussão da decisão do Copom, os agentes esperam o IPC-Fipe (Índice de Preços ao Consumidor, medido pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), sondagem do comércio pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e a nota do setor externo a ser publicada pelo Banco Central. No exterior, destaque para o índice de confiança do consumidor na Alemanha e a taxa de desemprego no Japão.

 

 

(Com Reuters)

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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