Procuradoria-Geral prepara denúncia de Michel Temer

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: STF/Divulgação
 
Jornal GGN – A Procuradoria-Geral da República se prepara para apresentar uma denúncia contra o presidente da República, Michel Temer. A notícia da previsão do início da briga judicial contra Temer e seus aliados, incluindo Aécio Neves (PSDB-MG), para esta semana já era propagada e tornou-se certeira com a peça enviada contra Aécio nesta sexta-feira (02).
 
O documento, inclusive, arrola diretamente Temer em uma das acusações contra o senador tucano. É o caso que menciona a troca do comando do Ministério da Justiça como forma de obstruir a Operação Lava Jato.
 
O GGN antecipou na última sexta (02) a prisão do ex-deputado e ex-assessor de Michel Temer, Rocha Loures, e da intenção do Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, de acelerar as denúncias contra os políticos envolvidos. A prisão de Loures também sinal claro de ameaça direta contra o mandatário.
 
Do lado do Executivo, a troca do ministro da Justiça, em pleno domingo, com o novo titular Torquato Jardim sinalizando a estratégia já deflagrada nos grampos: a substituição do diretor-geral da Polícia Federal, foi vista como gesto claro de guerra aberta do governo contra as investigações.
 
Por isso, a Procuradoria propagava uma “fritura em alto grau”, com o envio imediato de denúncias contra políticos com foro privilegiado, nas próximas semanas. Foi o caso de Aécio, denunciado logo na noite de sexta-feira.
 
A expectativa foi materializada: “Após a deflagração da ‘Operação Patmos’ em 18 de maio de 2017 e a revelação do envolvimento do próprio presidente da República, Michel Temer, em supostos atos criminosos, a pressão do senador Aécio Neves e outros investigados intensificou-se, e Osmar Serraglio foi efetivamente substituído no Ministério da Justiça por Torquato Jardim”, disse Janot, em trecho da peça contra Aécio.
 
O procurador também mencionou na denúncia o relato das gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro com caciques do PMDB, em que negociam a chamada “solução Temer”, como forma de barrar a Operação Lava Jato, como também noticiamos no dia 31 de maio. A conclusão da Procuradoria-Geral da República já era no inquérito que não há dúvidas de que Aécio Neves (PSDB-MG) atuou para barrar o avanço da Operação Lava Jato.
 
No primeiro documento, o inquérito, a PGR certificava que dentro da estratégia de obstrução da Justiça estava a conversa de Sérgio Machado, em que caciques do PMDB articulavam “estancar a sangria” da Operação Lava Jato. Machado conversou com os parlamentares no último ano, gravou e, em seguida, após entrar para a mira dos investigadores, entregou as mídias como provas.
 
Um ano depois, os novos indícios contra Aécio Neves revelam a continuidade da articulação iniciada pelos parlamentares da ex-oposição desde o impeachment de Dilma Rousseff. A conversa de Machado mostrava que a saída de Dilma era um dos primeiros passos para se conseguir paralisar a Lava Jato. Agora, mostra a PGR, Aécio, Jucá e outros políticos seguiram na articulação para obstruir.
 
Com a concretização da prisão de Loures e da denúncia contra Aécio, o próximo passo dos procuradores da Lava Jato no âmbito do Supremo Tribunal Federal (STF) é claramente a denúncia contra Michel Temer. O grande risco motivou duas ofensivas por parte do Planalto: uma, na auto-defesa, Temer iniciou ataques contra Rodrigo Janot, afirmando que o PGR busca “constranger” o TSE a condená-lo; e paralelamente, a base de Temer no Congresso com o PSDB agiliza também a tentativa de inferir sobre a credibilidade das acusações, agora que atingiram toda a cúpula do governo.
 
“Temos indicativos de que virão movimentos e iniciativas de Janot às vésperas do julgamento do TSE na tentativa de constranger o tribunal a condenar o presidente”, disse o advogado de Temer, Gustavo Guedes, com o efeito de que antecipasse algum tipo de irregularidade. “Nos preocupa muito o procurador-geral da República se valer de toda a estrutura que tem para tentar constranger um tribunal superior”, disse, ainda.
 
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Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

6 Comentários

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  1. E se…

    Alguem sabe se a “eleição direta” para procuradores é causa pétrea?

    Se não, a base aliada de temer e só ela, poderia usar esse fato para alterar os critérios de nomeação dos procuradores não só a nível nacional como estadual e municipal, dando as procuradorias os mesmos status que tem nos EUA e André Araújo já nos explicou tantas vezes.

    Não se porderia acusar o projeto de esquerdismo, pois é inspirado nos EUA e proposto pela insuspeita base aliada, a esquerda só iria de carona.

    Essa bancada barra pesada poderia prestar esse grane serviço a sociedade, aprovando tal lei.

    Claro, poderia tambem usar esse expediante como chantagem contra esse novo e super poder que ninguem elegeu.

    Estão tão segos e desesperados para fugirem do navio naufragando que não veem que ainda tem bala na agulha.

    Nem que seja como uma última vingança contra o inimigo.

    Toda a sociedade brasileira ficaria grata.

    1. Art. 128 da Constituição
      § 1º O Ministério Público da União tem por chefe o Procurador-Geral da República, nomeado pelo Presidente da República dentre integrantes da carreira, maiores de trinta e cinco anos, após a aprovação de seu nome pela maioria absoluta dos membros do Senado Federal, para mandato de dois anos, permitida a recondução.

      A eleição para a procuradoria geral da república é realizada pela Associação Nacional dos Procuradores da República, e não pelo Ministério Público, a eleição serve apenas para indicar que os membros do MP acham que deve ser o Procurador Geral, não é uma regra. Um exemplo foi a indicação de Geraldo Brindeiro (primo do ex-vice presidente Março Maciel), que havia ficado em sétimo lugar na eleição, mas o ex-presidente FHC escolheu ele.

  2. Este pessoal vai ficar muito enrolado – Loures vai abrir o bico

    Até onde se sabe, ele tem mais vínculos com a família que com a política. Rodrigo é herdeiro da Nutrimental empresa fundada pelo seu pai, onde trabalhou como executivo no desenvolvimento do programa que deu origem à linha de cereais Nutry. Seu pai tem forte senso moral de corretibilidade. Além disto na última campanha eleitoral, a empresa familiar destinou R$ 1,5 milhão para o então candidato Rocha Loures, sendo o valor mais da metade do gasto em sua campanha.

    Rodrigo tem a esposa grávida de 8 meses e ele até escreveu carta pedindo para que a preocupação dela seja com a gestação.Sabendo que ele possa ficar preso, nem que seja por meses como outros estão, é provável que a família (como no caso de Palocci) venca o desejo de advogados para não delatar.Acredito que vai falar. A sorte está lançada.

  3. Não adianta denúncia

    Sem vergonha na cara do nosso Parlamento, nada adianta. Se continuarem protegendo o Temer e sua política de “rouba mas reforma”, nada adianta.

    Periga até ele ser denunciado, julgado, condenado e preso e o STF dar um jeito dele continuar a exercer o mandato de dentro da cadeia… 

  4. Procuradoria-Geral prepara denúncia de Michel Temer

    O que estarrece nisso tudo é, digamos – para evitar um adjetivo mais forte que fira as excelências – incoerência do STF .

    Para o impedimento de Dilma tudo foi aceito como se normal fosse.  Passou batido a flagrante inconstitucionalidade do procedimento – mais agora após a delação ” vamos derrubar essa mulher” e a farta distribuição de mesadas.

    Já para o notório e de muito tempo criminoso Fora Temer, esmeram-se em minúcias várias para retirar o mafioso da presidência.  

    Delações, gravações, malas de dinheiro, mesadas, apoio ao cerceamento da justiça – se ainda há justiça – tudo público mas o cara de pau segue firme a premiar os comparsas com benesses para apoia-lo.

    Minha dúvida é se a literatura permite.

  5. Quantas divisões tem o Papa? Digo, Janot, na Câmara??

    Como sabemos, o STF precisa da autorização de 2/3 da Câmara para processar o Presidente da República.

    O cartaz do STF e da PGR não deve estar lá essas coisas no Parlamento não…

    Sabe o que é?? As pessoas “não gostam” de ser chantageadas, sabe…

    E, na primeira oportunidade – imagine você que absurdo (!), tentam se livrar do chantagista!

    Portanto, o que é mais provável?

    – Que a Câmara aceite derrubar Temer – isso se a sucessão já não estiver então articulada pelos ~próprios~ políticos… – e, com isso, abrir caminho para ser emparedada pela Juristocracia/Globo e, assim, coagida a eleger o Presidente ~deles~?

    – Ou que todos juntos – Temerários e Congresso – “aguentem firme” até o mandato de Janot vencer em setembro?

    “Rei morto, rei posto”, não é??

    A escolha é simples:

    – Um Presidente Juristocrático-Global pode nomear um “novo Janot”, da predileção dos seus ~patronos~, em setembro. Para um ~novo~ mandato de chantagens.

    Já Temer – ou o sucessor articulado pelos políticos, tanto faz… – CERTAMENTE vai nomear um “engavetador geral” Vol. 2.

    Adivinha o que preferirão os nobres deputados??

    Tempo na tela, produção!

    *

    Leia mais em:

    <<MORO, JANOT e FACHIN dançam no “BAILE” do “ACORDÃO”>>

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