Professores obesos são 25% dos barrados em concurso de São Paulo

Perícia barra docente obeso em concurso

A obesidade mórbida foi responsável pela rejeição de um quarto dos professores aprovados no último concurso do governo do Estado de São Paulo, no fim de 2013, para a educação básica.

De 11.858 docentes aprovados e que passaram pela avaliação de saúde, 155 foram considerados inaptos nas perícias, sendo 39 (25%) deles recusados por obesidade.

Segundo o DPME (Departamento de Perícias Médicas do Estado de São Paulo), órgão da Secretaria de Estado da Gestão Pública que forneceu os dados à Folha, os professores barrados no concurso ainda podem pedir reconsideração da avaliação.

Outras doenças também fazem com que professores aprovados fiquem pelo caminho. Entre elas estão nódulos em cordas vocais, neoplasia maligna (câncer), diabetes grave, hipertensão grave e hipoacusia (diminuição da capacidade auditiva).

A professora de química Ana Carolina Buzzo Marcondelli, 30, de Américo Brasiliense, na região de Ribeirão Preto, foi reprovada por ser obesa e disse que está sendo vítima de preconceito.

O diretor da Apeoesp (sindicato dos professores do Estado) em Ribeirão Preto, Mauro Inácio, questiona os critérios de avaliação, já que a maior parte dos professores reprovados já trabalha para o Estado sem ter feito concurso para se tornar efetivo.

Em nota, o sindicato se posiciona contra as reprovações e entende que a obesidade não poderia ser motivo para não aprovar professores.

HISTÓRICO

O caso é recorrente no Estado. No final de 2009 o Ministério Público de São Paulo abriu inquérito para apurar a negativa do governo do Estado em contratar obesos que passaram em concursos.

Em 2011, o governo paulista reavaliou a situação de professores aprovados em concurso público, mas que foram considerados inaptos pela perícia médica do Estado.

Para o professor do departamento de Educação, Informação e Comunicação da USP de Ribeirão Preto José Marcelino de Rezende Pinto, o governo deveria avaliar mais questões didáticas e específicas sobre as disciplinas e não critérios como o peso.

“O fato de muitos candidatos reprovados já trabalharem no Estado, mas sem serem concursados, já mostra uma contradição”, disse.

CONTINUIDADE

O DPME informou que a perícia é uma prerrogativa de quem organiza o concurso e visa garantir a “continuidade no serviço público”.

Segundo o órgão, dos 39 professores reprovados na perícia por serem obesos mórbidos, somente três são da área de educação física.

A Secretaria de Estado da Educação não quis se manifestar sobre as reprovações.

Redação

29 Comentários

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    1. NAO É NAO

      Isso é um abuso, Assis. Preconceito e estupidez. O peso nao impede ninguém de dar aulas, tanto que a maioria desses professores já lecionava no Estado. 

      1. Lógico que impede.
        Estes
        Lógico que impede.
        Estes obesos são pessoas doentes. Tem que se tratar antes.
        Tiram mais licenças e etc..
        Vc acha mesmo que decidiram não contratar obesos por causa de aparência?
        O seu posicionamento não me parece razoável.

        1. Obesos realmente mórbidos nem fazem concurso

          Dizer que obesos sao necessariamente pessoas doentes é preconceito. Obesos de mais de 300 kg nem fazem concurso. Obesos simplesmente é uma categoria ampla demais. Pessoas muito gordas podem perfeitamente dar aulas. 

          1. Obesidade mórbida é uma
            Obesidade mórbida é uma doença.

            Não é de um conceito subjetivo que estamos falando e muito menos da aparência física.
            Estamos falando de um Ato Médico, o diagnóstico.

            O problema MESMO é que muitos obesos mórbidos não se acham doentes.
            São estes que recorrem a justiça dizendo que foram barrados por preconceito contra sua aparência.

          2. Ato Médico, com maiúsculas… Haja alienaçao

            Médicos nao sao deuses. Erram, e no caso ficou claro que erraram, já que a maioria dos reprovados JÁ LECIONAVA no Estado. 

          3. Lecionar sem contrato

            Lecionar sem contrato definitivo… sem estabilidade no emprego…

             

            lecionar não quer dizer nada. Ninguém esta falando que são professores ruins. estão falando que não querem dar estabilidade no emprego a pessoas que provavelmente terão inúeros problemas médicos no futuro.

          1. Sergio, eu posso estar
            Sergio, eu posso estar enganado quanto ao meu posicionamento aqui, posso estar enganado quanto a sua questão específica mas vc tem que reconhecer que há lógica no posicionamento do governo.

            Se fosse mais fácil demitir funcionários públicos(será que isso tem a ver com o assunto), talvez não houvesse tantas restrições à admissão.
            Mas como a realidade é esta, … Bom, a realidade é a realidade. Viva-se com ela.
            Boa sorte nessa.

        2. Gordinho ativo é mais saudável que magro seden

          Estudo mostra que gordinho ativo é mais saudável que magro sedentário

          28 Abril de 2014 – 12:36

          Dois estudos descobriram que está sendo chamado de paradoxo da obesidade. Esse conceito afirma que, em certos casos, os quilos além da conta não indicam perigo à saúde e podem até ser protetores do nosso organismo.

          A primeira pesquisa foi feita pela Universidade de Granada, na Espanha, e foi publicada no European Heart Journal. O estudo analisou dados de 43 mil americanos, divididos em grupos conforme os níveis de obesidade, colesterol, pressão arterial e condicionamento físico. Após acompanhar os participantes durante 14 anos, os médicos perceberam que as pessoas com obesidade, porém consideradas saudáveis após os exames, tiveram um risco 38% menor do que as não saudáveis de morrer por qualquer causa. A redução de morte por doenças cardiovasculares ou câncer foi de 30% a 50%. O desempenho desses participantes que estavam acima do peso, mas que mantinham bons hábitos foi, ao longo do tempo, similar ao dos magros saudáveis.

          Outro trabalho, publicado na mesma edição da revista, analisou durante quatro anos a mortalidade de 64 mil suecos com problemas cardíacos (como angina e infarto) submetidos a um exame de imagem para determinar a saúde de suas artérias coronárias. Os pacientes foram subdivididos de acordo com seu IMC. Os resultados mostraram um gráfico em forma de “U”: aqueles que estavam muito magros ou com obesidade mórbida corriam mais risco de morrer do que pacientes intermediários, com sobrepeso ou obesidade moderada.

          Os cientistas americanos acreditam que o melhor condicionamento físico das pessoas saudáveis com obesidade foi responsável pelo menor risco de morte observado nesse grupo em relação ao grupo dos não saudáveis. Eles afirmam que o exercício tem ação anticoagulante, ajuda a dilatação dos vasos e melhora a resistência à insulina, tendo um efeito contrário ao da obesidade, sendo portanto melhor ser uma pessoa acima do peso que se exercita do que um magro sedentário.

          Gordinho ativo pode ser mais saudável do que magro sedentário

          SBT Brasil – 7/9/2012

          De acordo com uma pesquisa de uma universidade da Espanha, pessoas mais gordas, mas que mantém uma regularidade de exercícios, podem ser mais saudáveis do que magros sedentários.  Estudo aponta que um gordinho que se exercita pode ter até 44% menos de risco de morrer de infarto, se comparado a uma pessoa que não é gorda mas não pratica exercícios.

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          1. Obesos mórbidos não são
            Obesos mórbidos não são gordinhos ativos, são obesos mórbidos.

            Eu li este estudo. Conclui-se que gordinhos ativos são mais saudáveis que gordinhos sedentários.
            Sobre a comparação, do estudo, com magros ou normais sedentários … É o mesmo caso do copo meio cheio ou meio vazio.
            Se vc olhar os dados do estudo com atenção, pode concluir tb que:
            Magros sedentários tem a mesma saúde, ou ainda melhor, que gordos ativos.
            Ou que ser gordo é tão ruim a seu organismo que gordos ativos não são melhores de saúde que magros sedentários. Mais ou menos idênticos.
            Pode ir até pelo caminho perigoso de dizer que se vc é magro não precisa ser ativo.
            Estudo é que nem decisão de Joaquim Barbosa. Sempre cabe mais que uma interpretação.

          2. Se 25% dos reprovados o foi por obesi//, claro q na era mórbida.

            Nao há tantos obesos mórbidos assim, todos concentrados no magistério… Claro que foi usado um critério absurdo. E você nao levou em conta um “detalhe”: a maioria JÁ TRABALHAVA NO ESTADO. Portanto, era perfeitamente capaz de lecionar. 

      2. Concordo!
        Em concursos para

        Concordo!

        Em concursos para cargos de natureza operacional que exigem algum preparo físico, é bem comum a utilização de provas de resistência ou força para eliminar pessoas sem condições (inclusive obesos) de exercer os cargos, mas no caso dos professores, que atuam no ensino, não tem muito sentido tal proibição.

        Só que eu acho que além do preconceito, tem também o velho choque de “jestão” na história, pois tal prática não estaria sendo aplicado em nenhum outro Estado aparentemente.

  1. Pois é, quando eu trabalhava

    Pois é, quando eu trabalhava em hospitais infantis de SP (na ditadura) o que mais se via eram as crianças desnutridas, o que me cortava o coração. Agora são os obesos o problema. Pois é!

    Ney Matogrosso, veja que notícia ! Talvez ele nem fique sabendo.

  2. A pandemia de calorias.

    A obesidade é doença reconhecida pela OMS com status de pandemia. Seus efeitos no curto, médio e longo prazo vão desde o agravamento das cardiopatias, hipertensão, diabetes, problemas renais, etc, até o sacrifício da mobilidade e aumento das lesões ósteo-musculares e articulares, somando mais sofrimento as doenças de esforço repetitivo (LER) comuns na atividade laboral do magistério.

    Não é uma questão de preconceito, mas sim de políticas públicas que tratem o problema em escala, e que ataquem a causa: a indústria da comida e seus poderosos canais de marketing.

    No entanto, o fato cruel, mas verdadeiro, é que a obesidade pode sim ser considerada uma enfermidade impeditiva para posse em cargo público.

    De certo que o drama dos profissionais não pode servir apenas a sua exclusão.

     

    1. Os gordos são os novos negros do mundo.

      Hossexualidade já foi doença, mulheres já foram consideradas inaptas para várias atividades, da direção de automóveis ao serviço militar. Negros eram inferiores por um questão de herança genética.

      Todos preconceitos com bases pseudocientíficas.

      Hoje não mais. Conseguiram força para colocar seus detratores na cadeia.

      Então, o preconceito mudou de alvo. Agora são os gordos.

       

        1. Falta-nos um cantor.

          A discriminação vem de longa data, escrevi o post abaixo em fevereiro de 2012, nele comento o caso de uma senhora de 59 anos que, após 15 anos de trabalho, foi demitida dos Vigilantes do Peso por justa causa. Sua falta grave: havia engordado.

          “Aqui no blog investimos várias vezes nosso tempo, nossa razão e emoção para tratar da discriminação. Batalhamos contra a discriminação racial, social, das mulheres, de homosexuais e de deficientes. Discutimos cotas e educação inclusiva.

          Hoje, uma nota da coluna de Mônica Bergamo na Folha, bem ao estilo Mônica, ou seja, de dizer tudo como quem está apenas fazendo um comentário ligeiro, fez-me pensar em um grupo de vítimas da discriminação tão pouco notado.

          Lembrei-me de uma doída canção do Lennon que associava mulheres e negros na mesma dor.

          Daí veio o título do post e abaixo minha humilde contribuição a uma canção ainda a ser composta:

          Fat people are the new niggers of the world, mutes and without someone to sing their pain.”

          1. É um absurdo mesmo. E ainda tem gente aqui defendendo isso

            É revoltante, muita indiferença para com o outro. 

    2. LED no exercício do magistério? Eta!

      Doença profissional do magistério é calo na laringe (além de síndrome de b urn-out, estresse e depressao, claro), nao LED. Magistério nao implica em movimentos repetitivos. 

      1. Sei que os problemas que você

        Sei que os problemas que você citou são os mais comuns na profissão, mas no passado (ou mesmo hoje, naquelas escolas com menos estrutura e livros) problemas no ombro (como bursite, por exemplo) também não ocorreriam com alguma frequência devido à escrita constante no quadro-negro? Os movimentos não chegam a ser bem repetitivos, mas imagino que o esforço afete os ombros com o passar dos anos.

        Abaixo segue um artigo publicado em 2010 que tem o seguinte trecho, baseado em dados de uma pesquisa realizada entre os professores do ensino privado gaúcho:

        Trabalhar  sentindo  dor  é  considerado  comum  para  oitenta  e  cinco  por  cento  (85%)  desses professores, que citaram dor de cabeça, braços, pés, pernas, ombros, costas e cordas vocais. Os problemas de saúde mais comum são: rouquidão e perda da voz (49%), tendinite e problemas nas articulações (44%), enxaquecas (33%), gastrites (27%), obesidade (23%), hipertensão (19%) e câncer (2%).

        http://www.conpedi.org.br/manaus/arquivos/anais/fortaleza/3122.pdf

  3. Um dos maiores motivos de

    Um dos maiores motivos de afastamento para tratamento de saúde, hoje, é a depressão.

    Justo seria se todos aqueles que já tivessem feito uso de antidepressivos fossem impedidos de tomar posse, pois é certo que,cedo ou tarde, se tornarão improdutivos.

    1. Gente é mesmo para jogar no lixo, né?

      Meu estômago vira quando leio certos comentários. Todo mundo pode passar por um período depressivo na vida, pelos mais diversos motivos. Achar que isso encerra a vida laborativa da pessoa é coisa de pessoas com mentalidade de capitao do mato. 

    2. Deprê

      Uderico,

      Se esta moda pegar, sobrarão poucos prá ocupar as vagas.

      A quantidade de pessoas que ingerem ou já ingeriram antidepressivos só faz aumentar, principalmente nas cidades grandes.

      O Ministério da Saúde fez muito bem, ao obrigar a receita médica no momento de comprar este tipo de remédio, que antigamente ficava ao alcance do freguês, era pegar e pagar.  

       

  4. Preconceito travestido de

    Preconceito travestido de preocupação com a saúde é triste!!! Nunca observei qq diferença na qualidade de meus professores e aulas por conta de peso…  Cuidado com isso aí pessoal pq se um gordo não pode dar aulas, um professor de muletas tb não pode, um cadeirante, idade avançada … né??? Isso aí é nazismo. 

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