Projeto audiovisual retrata mulheres refugiadas

(fotos do projeto Vidas Refugiadas)

Jornal GGN – Ano passado o GGN produziu um documentário para buscar entender se o Brasil acolhe bem as refugiadas ou não (assista aqui). Ao longo da produção, conheceu as solicitantes de refúgio, aquelas que aguardam o reconhecimento.

É a história de Maria, jornalista e antropóloga de Cuba, solicitante de refúgio desde 2014 que alega dificuldade em entrar no mercado de trabalho. Marcelo Haydu, fundador do Instituto de Reintegração do Refugiado (ADUS) diz que muitas empresas não aceitam mais o protocolo como um documento válido. “Só aceitam o RNE”, diz ele.

O Registro Nacional de Estrangeiros (RNE) é o documento concedido à estrangeira admitida na condição de refugiada (leia mais). A solicitante de refúgio tem dificuldade em ser aceita por empresas enquanto aguarda esse processo jurídico federal com um protocolo em mãos.

O projeto Vidas Refugiadas escutou a história de Maria e de outras mulheres. São mulheres refugiadas, três solicitantes e três reconhecidas, nascidas no Congo, Nigéria, Cuba, Síria e Burkina Faso, agora no Brasil. As fotografias do Vidas Refugiadas estão em exposição na FNAC até o dia 31 de março. Veja aqui a página do projeto.

do Caminhos do Refúgio

por Géssica Brandino

Vidas Refugiadas conscientiza e dá voz às mulheres refugiadas

https://www.youtube.com/watch?v=GcmnEti7Txw width:700 height:394

Pergunte à Maria, Nkechinyere ou Silvye o que às levou a participar do projeto Vidas Refugiadas e a resposta será: ter voz para dizer o que significa ser uma mulher refugiada, os sonhos e necessidades particulares deste grupo que já representa cerca de 30% dos refugiados reconhecidos pelo Brasil, ainda que pouco se fale dele.

O projeto foi criado pelo fotógrafo Victor Moriyama e pela advogada Gabriela Cunha Ferraz, em parceria com o Alto Comissariado das Nações Unidas para refugiados (ACNUR) e Organização Internacional do Trabalho. Lançado na livraria FNAC, em São Paulo, na véspera do dia Internacional da Mulher, os retratos que apresentam os olhares das oito mulheres refugiadas que participam do projeto ficarão expostos até o dia 31 de março.

A advogada Gabriela, que atuou nas ONGs Médicos Sem Fronteira e Cáritas Arquidiocesana de São Paulo, destaca que o projeto é uma tentativa de dar o rosto feminino à questão do refúgio, um tema abordado quase sempre pela perspectiva masculina, e dessa forma promover a autoestima e o empoderamento das mulheres participantes da iniciativa, por meio de espaços de expressão que permitissem à elas assumir o protagonismo da narrativa da própria história.

“O projeto não é meu, mas foi feito para que elas consigam contar suas histórias e isso está no site, com textos escritos por elas, e nos vídeos, narrados em primeira pessoa. Isso foi feito para que elas assumam as rédeas, para que se compreendam dentro desse universo e consigam recomeçar suas vidas no Brasil”.

O presidente do Comitê Nacional para Refugiados, o secretário de Justiça Beto Vasconcelos, presente no lançamento do projeto, afirmou que a situação de alta vulnerabilidade na qual vivem as mulheres refugiadas mostra que urgente a criação de políticas para esse grupo. “É muito tocante ver a força e a capacidade das mulheres de reconstruir o próprio futuro”.

Para Gabriela, essa reconstrução será possível a partir do momento que a perspectiva de gênero estiver refletida nas políticas públicas. “Precisamos urgentemente desse recorte. Estamos construindo essas políticas e esse é o melhor momento para fazermos com que tenham um olhar transversal”.

 

Redação

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