Percival Maricato
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Público da Paulista: novidades à direita, por Percival Maricato

Não se pode minimizar o número de pessoas que participou dos protestos na Av Paulista e muito menos negar que haja motivos de indignação na classe média, em especial com casos reiterados de corrupção. Não resolve dizer que outros governos ou partidos fizeram o mesmo, que ela também se aproveitou do progresso econômico obtido por governos do PT, que sempre foi privilegiada e etc. Melhor  exigir respeito às eleições e instituições, defender a continuidade do processo de inclusão social, política e econômica dos brasileiros que ainda vivem na periferia do sistema e sem seus benefícios, por uma questão de justiça e sensibilidade  e diversas outras reivindicações óbvias. Trata-se de coisa bem diferente.

Também é justo e interessante saber mais detalhadamente quem foi na Paulista e pesquisas não faltam. Delas se concluiu que grande parte parece ter a cabeça feita por slogans e interesses ideológicos. Não aceita sequer obviedades, quer distância de políticos e partidos, mas como é óbvio, suas lideranças procurarão se aproximar dos que lhes são afins.

Pelo Data Folha sabe-se que a rejeição é forte mesmo contra Aécio (76% confiam pouco ou nada nele) e Serra (75,4% idem). Bolsonaro é muito confiável para 19,4% e Marina Silva para 14,7%. Quando se pediu que o pesquisado citasse uma liderança, Aécio conseguiu 12% e FHC 8%. 

Do total 46% se definiu como de direita ou centro direita. Após o refluxo decorrente da sustentação que deu a ditadura militar, a direita social marca retorno à política. Se e como irá encontra a direita partidária, já estabelecida, saberemos nas eleições para prefeito, tanto como veremos se propiciará o surgimento de novas lideranças no plano político.

Nada menos que  21% disseram que confiavam muito  nos meios de comunicação. O Data Folha não informou quantos não confiavam nada ou pouco, mas pelo jeito é um número expressivo. Se a pergunta fosse dirigida a público de esquerda a resposta acima ficaria em um dígito, quando muito.

O mais assustador foi saber que a frase dizendo que o PT tinha trazido 50 mil haitianos para votar em Dilma em 2014, foi levada a sério por 42%. Ou seja, o PT é visto como o ovo da serpente, o mal absoluto. Lembremos que na primeira eleição de Lula, parte expressiva da classe média achava que, eleito, ele iria obriga-la a acomodar os sem casa em seus apartamentos.

Uma outra pesquisa da Unesp também trouxe informações interessantes: 82% tinha votado em Aécio (o suficiente para confirmar afirmações vindas do PT), 68% ganhavam mais de cinco salários mínimos (19% mais de vinte), 77% era pelo impeachment da presidente, o mesmo número considerava o Congresso péssimo. Felizmente, pelo menos 85% se declararam a favor da democracia, reconhecendo-a como o melhor regime.

Conclui-se que muita gente votou em Aécio por falta de opção. Afinal, se cruzarmos esta pesquisa com a do Data Folha,  vemos que apenas 12% o apontam como líder, 76% o acham pouco ou nada confiável. Ou então essa discrepância decorre da radicalização do movimento após a eleição.

Esta claro que uma nova direita ou pelo menos a expressão social da direita, com novas lideranças e movimentos, mais inovadora e combativa, esta se apresentando. Certamente obrigará a esquerda a melhorar sua performance, reciclar-se, reinventar-se, descartar seu lixo. A esquerda ainda lambe feridas, provavelmente, se não reagir, vai chegar atrasada nas eleições do próximo ano… que por sua vez serão muito importantes nas que irão eleger os próximos governadores e o Presidente da República.

Percival Maricato

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10 Comentários

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  1. Pesquisa das manifestações

    Pesquisa das manifestações pró Dilma.

    70% foi porque recebeu 35 reais e um sanduba que era pra ter queixo mas o cabo eleitoral do PT roubou.

    30% são funcionários publicos e CCs.

    22% são sindicalistas ligados a sindicatos pelegos.

    10% são agentes cubanos disfarçados de Haitianos.

    70% dos que foram pensaram que era um ato contra Dilma (os mesmos que receberam 35reais).

    0,01% realmente apoiam Dilma sem nenhum tipo de interesse.

    1. Ué pensei que 54,5 Milhões apoiaram Dilma!

      E este número vai aumentar em 2018 com Lula Lá (de novo!). É só o Paraná e SP continuar fazendo novos martires do PT.

      Paulistada vai meter o dedo e rasgar. kkkkkkkk

      Ah, por favor: #PrendamDirceu. kkkkkkkkkkkk. Mais 10Milhoes de votos para o PT

      1. Pra que então?

        Pra que, então, passar recibo para esse(a) idiota? Vamos ignorá-lo(a), até porque o que escreve não tem o mínimo de substância. 

  2. Saudades do Maluf.

    São as viúvas do Maluf na Paulista. Acordem. Encarem isso.

    O perfil é e classe média-alta com idade média de 45 anos.

    Rota na rua e bancada da bala os representam.

    Saudosos – os mais velhos – da ARENA e do PDS. Que virou PP. Que ora apoiou o PSDB e ora o PT.

    O mote da corrupção é um pretexto. Eles querem um representante. Levy Fidelix e Pastor Everaldo não são suficientes pra eles. Um Bolsonaro está de bom tamanho. Nem 5% do eleitorado.

    É isso.

  3. Na manifestação do dia 15 de março, havia recebido um convite…

    Na manifestação do dia 15 de março, havia recebido um convite de um conhecido indignado com a política. Na mensagem dizia claramente que o ato era contra o governo Dilma e contra o governo Alckimin.

    Cheguei a indagar esse conhecido sobre o impeachment só se referir a Dilma. A resposta foi a mais confusa possível. Ele não queria defender o PSDB, também não queria que o PMDB assumisse o poder e não apoiava um golpe militar. Ou seja, não sabia ao certo o que estava fazendo ali, no entanto acabou participando.

    1. E esse seu conhecido

      E esse seu conhecido participou de novo em 12 de abril, ou ele é parte do motivo pelo qual em quatro semanas o “movimento” minguou à metade?

  4.  Hoje é difícil ser

     Hoje é difícil ser independente.Meus amigos tucanos acho que sou petista e os petistas acho que sou tucano…Defendo que  a distribuição de renda seja mais justa, que os que tem mais paguem mais, de um controle efetivo sobre a ganância do sistema financeiro que atenta contra a economia popular,  um mandato para de 4 anos sem direito a reeleição e total independência entre os poderes, inclusive na escolha dos ministros do Supremo. É pedir muito?

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