Repórter é agredido pela PM em ato de estudantes em São Paulo

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Do VioMundo
 
Estudantes protestam na Paulista contra fechamento de escolas por Alckmin; repórter do Viomundo pergunta sobre motivo de prisão… e é preso pela PM; veja o vídeo
 
O cinegrafista independente Caio Castor foi detido pela Polícia Militar do Estado de São Paulo na manhã desta sexta-feira 9 de outubro quando fazia a cobertura do protesto dos estudantes secundaristas na avenida Paulista, contra o fechamento de 150 escolas pelo governo Geraldo Alckmin. Caio fazia a cobertura para o site Viomundo, de Luiz Carlos Azenha quando foi detido e teve sua câmera quebrada.
 
Há uma semana, estudantes de ensino médio da rede estadual paulista fazem dezenas de protestos contra uma reorganização escolar anunciado pelo Governo de Geraldo Alckmin (PSDB) que deve resultar no fechamento de escolas. Pelas redes sociais, o número de vídeos, fotos e ações agrupadas no movimento “Não fechem minha escola” é muito maior. O anúncio oficial de quais escolas terão as atividades interrompidas está previsto para o próximo dia 14 de novembro.
 
Nesta sexta-feira estudantes foram às ruas em dezenas de cidades do Estado. Na capital, cerca de 5 mil estudantes, segundo a organização, se reuniram na avenida Paulista (a PM não fez estimativa).
 
No final de setembro, o secretário de Educação do Estado, Herman Voorwald, anunciou que em 2016 as escolas serão reorganizadas para que mais escolas atendam apenas uma etapa de ensino entre as três que a rede contempla: Fundamental 1 (1º ao 5º ano), Fundamental 2 (6º ao 9º ano) e Ensino Médio. A justificativa do governo é que, com isso, as unidades se concentrariam em qualidade para cada idade.
 
As diretorias regionais de ensino, no entanto, receberam um documento com a reorganização prevista no qual estava a informação sobre o fechamento de unidades, muitas das com salas lotadas.
 
Circula uma lista, montadas pelo sindicato dos professores (Apeoesp) com 150 escolas ameaçadas, o equivalente a 3% de toda a rede. Professores e estudantes acreditam que a medida visa cortar gastos.
 
“Economize seus luxos, da Educação não dá para tirar mais nada”, dizia uma faixa no protesto de Penápolis, interior do Estado. “Aqui estou, aqui eu vou ficar, da minha escola, ninguém vai me tirar”, dizia um refrão gritado por centenas e gravado na Penha, enquanto outros estudantes marchavam por São Bernardo do Campo, Indaiatuba, Ribeirão Preto, Taboão da Serra, Osasco, Hortolândia e vários bairros da capital paulista.
 
A Secretaria de Estado admite que instituições com outras escolas a até 1,5 quilômetro de distância podem ter o prédio “disponibilizado” para outros órgãos e dá como exemplo o Centro Paula Souza, responsável pelas Escolas Técnicas Estaduais (Etecs), e os municípios para implantação de centros de educação infantil.
 
A rede estadual paulista, de fato, tem menos alunos a cada ano. O sistema chegou a ter mais de 5,5 milhões de estudantes no final dos anos 1990 e hoje tem, segundo a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), 3,8 milhões de matriculas. Cerca de 700 mil alunos migraram para as redes municipais, quase 300 mil para a rede particular e houve redução da população na faixa etária.
 
Ainda assim, há salas com mais de 50 nomes na lista – ainda que nem todos frequentem as aulas. Na faixa etária de 15 a 17 anos, o Estado de São Paulo tem 270 mil adolescentes fora da escola, quase 15% da população, de acordo com o IBGE. “Na minha turma tem 55 alunos na chamada”, conta Thamires Cristina Monteiro, 17 anos, que saiu de Carapicuíba para protestar na Avenida Paulista. “Agora tem uns 40 vindo, mas o resto mudou para a noite para trabalhar de dia. Como eles vão fazer se fechar o noturno?”
 
No início do ano, a Secretaria Estadual já havia aberto mil turmas a menos em todo o Estado, o que foi uma das principais causas da greve dos professores que durou três meses e não resultou em qualquer vitória da categoria. Os docentes já se organizam para voltar a greve no Dia dos Professores, 15 de outubro.
 
Tumulto em São Paulo
 
No protesto na avenida Paulista, os estudantes caminhavam pacificamente quando a Polícia Militar interviu, causando tumulto. Duas pessoas foram detidas e levadas ao 78º DP, nos Jardins: o professor de Sociologia Luiz Carlos de Melo, que dá aulas na escola Raul Fonseca, no Moinho Velho (zona Sul) e o cinegrafista independente Caio Castor, que filmava a detenção do professor.
 
Após prestar depoimento, Caio e Luiz foram liberados, e reclamaram da truculência da PM. “me bateram e quebraram meu equipamento só porque eu estava filmando”, afirmou. Luiz foi acusado de ter passado uma rasteira em um PM, o que ele nega. A reportagem do SBT presente no 78º DP afirmou ter imagens que mostram que o PM caiu sozinho na confusão. (colaborou Lino Bocchini)
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

19 Comentários

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  1. Mas a ideia não é boa ?

    Alguém pode deixar o Fla x Flu ou o PT x PSDB de lado por um minuto e me responder uma coisa?

     

    Tenho um filho de 6 anos que vai estar no 1o ano do fundamental em 2016. Parece-me muito mais adequado que ele conviva na escola com crianças mais ou menos da sua faixa etária, no seu ciclo, do que com adolescentes do ensino médio. Além de dar a chance das instalações serem mais adequadas a cada faixa etária, por exemplo, uma escola de ensino médio não precisa ter parquinho ou brinquedos.

     

    Quem é contra, do ponto de vista pedagógico, pode me explicar qual é a desvantagem dessa separação por ciclos?

    Os problemas de logística, distância, deslocamentos, mudança na rotina, etc especialmente de quem vai mudar de escola, são óbvios….quero saber o lado da educação pura, da escola para dentro.

    Sinceramente me parece uma boa solução…

    1. Não é nada disso

      Pedagogicamente, a ideia parece boa. Então, por que fechar a escola INTEIRA?

      O governo já avisou que vai dar outro uso aos prédios, que não se transformarão em escolas de nenhum dos ciclos citados. Serão transformados em creches ou ETECs.

      De resto, acho que não é fechando escolas que se melhora o ensino de maneira geral. Precisamos de MAIS educação, não de menos.

      1. O estado físico das escolas

        Há uns dias fui fazer uma prova dentro de um colégio estadual.

        O que verifiquei nos banheiros é que não há tampas nos vasos sanitários, não há suporte para papel higiênico, não há cestos de lixo, não há sabão ou seus suportes para lavar as mãos, e as portas dos sanitários não têm trancas.

        Ao menos as carteiras estavam em ordem e limpinhas.

        Em resumo, é triste verificar que os 18% de ICMS recolhidos em qualquer produto que se compre (como uma média pois há variações) não são empregados ao menos para o básico. Se a higiene é desprezada, que é básica ( inclusive a água que falta), o que se imaginar da educação, que está um pouquinho acima da pirâmide de Maslow.

        É estranho, mas, ao se comparar instituições municipais e federais em SP (salvo excessões), no geral, as de competência estadual estão em situação ruim. Isto chega a ser um desrespeito para os Eleitores que re-re-reelegeram o Governador em primeiro turno, e na grande maioria das localidades… .

        Ou o Paulista Eleitor nâo tem filhos nas escolas estaduais e pouco se importa com a Educação das futuras gerações, ou pouco faz para cobrar algo de seus governantes, ou ainda, se cobrar algo leva ” borracha” . Qual será o caso ?

         

        1. Te respondo

          Em SP vive-se um estado lapidar de pura delinquência, bestialidade e ignorancia política.

          Veja o exemplo da Educação: neste ano tivemos a maior greve de professores do estado de SP há anos… E o governo simplesmente diz que ela não existiu, era mentira… Ou seja, escárnio total e deboche puro e simples em cima dos jovens que ficaram sem aula.

          E ainda conheço inúmeros professores que são eleitores de carteirinha do PSDB. Acham Serra um expert em qualquer coisa, Alckmin um bom moço, Aécio um vencedor e Aloýsio um gentleman à moda antiga.

          Por isso que aqui em SP tudo acontece. Nunca vi um adágio servir tanto para este lugar: “de onde menos se espera, daí é que não vem nada mesmo”.

    2. Sim, podemos deixar a pendenga política de lado.

      Mas é difícil não enxergá-lo como um coxinha funcional com este argumento raso (em muitos sentidos, aliás).

      Já ouviu falar em turnos? Sistemas em que as crianças pequenas não se misturam com os adolescentes?

      E acha mesmo que exista uma “educação pura”, que a ambiência, o entorno da unidade escolar, a sua comunidade enfim, não interferem no aprendizado em sala de aula? Então eu lamento a educação que pensa dar ao seu filho.

      Em qualquer cenário, fechar escolas é uma TEMERIDADE!! Que só se justifica pelo corte de gastos, inclusive da água – tão bem administrada pelo Governo.

      Se continuar nesta toada, seu filho dividirá a quinta série com, no mínimo, umas 70 outras crianças na mesma sala apertada, sem ventilação e professores “free-lancers”, que dão aula só para complementar renda. Aproveite enquanto seu filho ainda frequenta a primeira série numa escola municipal (se é que ele estuda numa escola pública), mas não reclame depois, ao ver seu filho frustrado e com uma péssima educação.

    1. Deixa d sair do foco; o cinegrafista nao estava de rosto coberto

      E nem o pretexto alegado pelo policial foi esse. Triste trabalho esse, de defender o indefensável.

  2. Enquanto isso a gente esquece

    Enquanto isso a gente esquece de perguntar ao Sr. Geraldo Alckmin:

    – É verdade que na prática a privatização de parte significativa da Sabesp acaba sendo uma forma de evadir divisar legalmente e de forma tripla? Primeiro com brasileiros mandando dinheiro para os EUA, para comprar ações da Sabesp da bolsa de valores de lá; segundo, quando os dividendos são pagos a esses brasileiros em alguma conta em banco dos EUA, e por último, quando o dinheiro que pagamos pela água aqui é também enviado para lá, para pagar os tais dividendos? Quem foram os brasileiros que souberam que a Sabesp ia ter ações vendidas em Nova Iorque? Porque a opção por vender Sabesp em Nova Iorque e não na bolsa de São Paulo? Quem são os brasileiros que compraram ações da Sabesp na NYSE e quando se deram essas compras?

    – É verdade que o Sr. assinou um decreto determinando que os documentos do Metrô e do monotrilho estarão secretos pelos próximos 25 anos, para depois assinar outro, cancelando o primeiro, só para dar um impressão de que seu pessoal pode ser safado mas que o Sr. não, o Sr. é transparente? O Sr. assina qualquer coisa, sem ler? O Sr. verificou se a legislação permite esconder documentos públicos por 25 anos antes de assinar o decreto?

    1. esse negócio das ações da

      esse negócio das ações da Sabesp em NY sempre achei muito suspeito, mas com certeza não existe nada ilegal, senão o ínclito ministério público paulista teria ido atrás…certo ?

  3. Se vão fechar centenas de

    Se vão fechar centenas de escolas,das duas, uma: ou existe hoje uma ociosidade enorme nas unidades que serão mantidas, ou vão pegar classes de 40 e botar 80.

    Eu estou apostando na segunda opção.

    1. Prezado…

      … Não tenha dúvida que a segunda opção é a correta.

      Por conhecer a realidade das escolas da periferia da zona sul de SP, porque em algumas delas lecionei entre 2005 e 2010, eu JAMAIS aventaria a sua primeira hipótese. E te afirmo com toda certeza e provas: a ociosidade é toda do governo… Só dele.

  4. não adianta a PM tentar impedir,…

     

    … a divulgação de imagens, …centenas, milhares de celulares registraram a burrice fardada agindo como um capitão do mato,  O geraldo para garantir seu governo podre, conta com o silêncio da mídia, …. mas existem milhares de imagens na internet, sendo compartilhadas e circulando, …. circulando, ….circulando…..

  5.  Hoje eu ouvi em uma loja

     Hoje eu ouvi em uma loja pessoas comentando que a Dilma tem que sair porque já estão fechandomescolas perto de suas casas. Não se,convenceram quando eu expliquei que eram escolas estaduais que estavam sendo fechadas pelo governo do Estado de São,Paulo e que elas deveriam cobrar do Alckmin, não dá Dilma.

    Elas estavam comentando que este era mais um motivo pra Dilma ser apeada do poder.

    Aqui em SP a ignorância, quando não má-fé, grassa.

  6. A tucanolândia além de desvairada, também será apedeuta!

    Em pleno séc. XXI, a “capacidade” e “competência” do PSDB em Sampa está fazendo com que os Bandeirantes se sintam mais atualizado e úteis ao desenvolvimento paulistano. Já não bastava o crime praticado contra o sistema Cantareira transformando num mero lago de “pesque e pague”, agora nos vem com a idéia genial de redução das escolas estaduais. Não levando em consideração a imensa população que estuda no ensino público. Acorda Sampa! Chega desta escravidão consentida! 

  7. Imagina a “thurma” tucana

    Imagina a “thurma” tucana vitoriosa e na presidencia… Ia ser uma ditadura. São Paulo quebrou. Falta água, PCC manda no Estado, não tem escola, … Quebrou! O paulistano não quer ver que os sucessivos governos tucanos destruiram, dilapidaram, sucatearam São Paulo. Estão muito bem, obrigado. Os escandalos, desvios, obras inacabadas, custos altissimos, quebraram São Paulo! Agora tentam escamotear e proibir manifestações que EXIGEM o respeito à CF. WQue exigem o cumprimento de promessas de campanha. Que EXIGEM CIDADANIA que só será conseguida através da EDUCAÇÃO! São Paulo FALIU! QUEBROU! 

  8. Parece um fato orquestrado…

    Segundo noticiado pela mídia local, na minha cidade e em outros municípios, creches e escolas estão sendo fechadas ou se “agrupando’ e colégios da rede estadual estão abandonados, “caindo aos pedaços”.

    Me veio à mente que as empresas não vão mais financiar as campanhas eleitorais, não sei por que, também, pensei nisso ao ler mais essa notícia..

     

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