Aldo Fornazieri
Cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política.
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Ruínas institucionais e o auto-resgate de Lula, por Aldo Fornazieri

Ruínas institucionais e o auto-resgate de Lula

por Aldo Fornazieri

O Brasil se assemelha a uma cidade em ruínas. Ruínas, não produzidas por uma guerra, por lutas bravias, mas causadas por um grupo de bandoleiros que assaltou a cidade diante de uma população perplexa, cabisbaixa, indefesa, sem que ninguém a defendesse. Os bandoleiros não se cansam de promover devastações, de destruir a moral, os códigos de conduta, as leis, os costumes, o bom senso, a dignidade. Aos poucos vão ficando apenas escombros do que era um país minimamente organizado, com uma Constituição funcionando, com um mínimo de respeito entre os poderes e com freios às ambições dos predadores.

Agora tudo ruiu. Depois que o Planalto foi assaltado por Temer e sua quadrilha parece não haver limites em nenhuma instituição, os bens públicos são saqueados à luz do dia e os bandoleiros exibem o produto do saque à população como forma de supremo escárnio. O Supremo Tribunal Federal não está somente acovardado, mas é constituído por covardes que, primeiro, aceitaram a violação da Constituição e, depois, aceitaram ser pisoteados e desmoralizados por Gilmar Mendes que, repita-se, é conselheiro de Temer e concedente ligeiro de habeas corpus a criminosos. Sim, o crime organizado está dentro do que resta das instituições.

Na medida em que o golpe fracassou e que o caráter criminoso do governo foi sendo revelado, os bandoleiros decidiram tirar as máscaras e, despudorados, não se importarem com a continuada e pública prática de crimes. Neste grupo de bandoleiros, sequer existe um código de ética típico de organizações criminosas perduráveis, a exemplo da máfia. Nesse grupo, impera a desconfiança, a traição, a chantagem interna e a ganância pelo botim. Duas coisas os preocupam: o quanto podem ganhar e destruir até o final de 2018 e, encontrar formas para tentar se manterem no poder.

Depois de destruir os direitos, a dignidade e a moralidade, agora estão empenhados em destruir o patrimônio público ante o fracasso do que era considerada uma equipe econômica irretocável. O país corre o risco de caminhar para uma bancarrota. Sabe-se que a venda das empresas e bancos públicos não resolverá o problema do déficit. As privatizações não passam de mais uma forma de destruição do país.

O Brasil virou um território aberto da violência. No campo, fazendeiros, ruralistas, grileiros se sentem autorizados a intimidar e matar camponeses e índios. Mas como poderia ser diferente quando um dos principais ministros é grileiro e criminoso ambiental? Ao investir contra as reservas ambientais, o governo investe não apenas contra o futuro, mas contra a humanidade. Sob a soberania do Brasil, as reservas e florestas amazônicas deveriam ser um bem planetário preservado por todos. Os desmandos e a falta de limites de Gilmar Mendes e de Temer são tão assustadores que deixam perplexos até mesmo pessoas que apoiaram o golpe.

A unidade política que havia se constituído para derrubar Dilma se espatifou. Agora, procuradores e juízes de primeira instância se voltam contra o governo que produziram e contra ministros do STF. O governo se mantém com a entrega de verbas, com o perdão bilionário de dívidas previdenciárias e pelo vale tudo de negociatas criminosas que se instaurou em Brasília.

O PSDB está trincado e desmoralizado. As principais lideranças tucanas – FHC, Aécio Neves, José Serra e Alckmin – junto com Temer e Cunha, amargam as piores rejeições entre políticos, como mostra a pesquisa Ipsos. A sociedade não perdoa os santos de pau oco, a mentira e o cinismo. E muitos desses líderes, que combateram a ditadura, mancharam as suas biografias irremediavelmente. A novidade Dória também está se esfumando, seja porque ele abandonou a cidade de São Paulo, porque é um fascistóide ou ainda porque se revelou um traidor do patrono que o promoveu. O STF, Carmem Lúcia, o juiz Moro, o Ministério Público – tudo vem erodindo, comprovando que o golpe, a destruição da democracia e das instituições não deixa ninguém impune.

O auto-resgate de Lula

Ao perceber os riscos que corre e ao se deparar com a devastadora destruição do Brasil, Lula fez o que deveria ter feito desde o início de 2015, quando as articulações do golpe ficaram evidentes: foi para junto do povo. A História e os livros de filosofia política estão cheios de lições mostrando que não há fortaleza mais segura para um líder popular ameaçado do que o apoio do povo. Mas para que isto se torne resistência, luta, energia, força e mobilização, o líder precisa comandar e dirigir o povo como Lula está fazendo agora com a Caravana da Esperança. Os líderes dos partidos de esquerda deveriam fazer o mesmo movimento: ir para junto do povo, integrar-se com ele, adverti-lo dos perigos que corre e semear esperanças.

Ferozmente perseguido, caluniado todos os dias por grupos fascistas, Lula está condenado a não sair das ruas, das marchas, das caminhadas, das caravanas até que todo esse processo político e jurídico chegue ao fim. Lula só se salvará se conseguir fazer com que seus inimigos e os inimigos do Brasil sintam medo do povo. Queira-se ou não, ele é o único líder, neste momento, capaz de fazer com que perseguidores e bandoleiros sintam medo do povo. Levantar o povo, restituir-lhe o senso de dignidade e dar moral de combate aos ativistas progressistas e de esquerda e aos movimentos sociais devem ser os objetivos principais das caravanas de Lula. Nenhum exército combate se não for estimulado, se não estiver convencido da justeza das causas e se não tiver moral elevada.

Existe uma tarefa prévia às eleições e às discussões programáticas: barrar a destruição do Brasil e dos direitos, bloquear a violência institucional de pessoas tipo Gilmar Mendes e Temer, interditar a continuidade do golpe via distritão, parlamentarismo, semipresidencialismo e outras formas de degradação ainda maior das instituições políticas. Nestas lutas é possível construir a unidade dos progressistas e das esquerdas para 2018.

Lula tem um papel decisivo para liderar esse processo, mas precisa parar de acenar para os Sarneys da vida. Lula tem o dom da palavra e tem a sensibilidade capaz estabelecer uma identidade entre o sofrimento do povo e o seu sofrimento pessoal, a sua história sofrida. Lula, mais do que ninguém, conhece as emoções e os sentimentos das almas populares e consegue comunicar-se com elas, interligar-se a elas. Com suas palavras simples e metáforas toca as angústias das pessoas e sabe dizer o que fazer para melhorar a vida sem usar as fórmulas racionais abstratas que nós professores e intelectuais usamos. Persuadir significa ter a capacidade de convencer pela emoção e sensibilidade e expressar através delas conteúdos fundamentais para a existência.

Para resgatar-se definitivamente, Lula não pode repetir a experiência da conciliação e precisa apontar um novo sentido político para o Brasil. Não pode desconectar-se do sentido originário da sua história e da sua liderança política: estar junto com os trabalhadores e com o povo sofrido, pois esta é a única garantia de permanecer nas páginas da história como um líder autenticamente popular, que emergiu do seio do povo.

Aldo Fornazieri – Professor da Escola de Sociologia e Política (FESPSP).

Aldo Fornazieri

Cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política.

23 Comentários

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  1. População perplexa, cabisbaixa, indefesa e, sobretudo, apática

    Na verdade, Lula nunca deveria ter saído do meio do povo.

    Se o Lula quisesse, ele teria abortado o golpe. Lembram-se quando ele encheu de gente 11 quarteirões da Av. Paulista?

    Lembram agora de 28 de abril, quando o Brasil parou?

    Essa vacilação do Lula, mostra que ele continuará tão conciliador como antes.

    Ontem eu assistia a um Programa de título Igreja Oculta, sobre a Teologia da Libertação. No Programa, alguém afirmou que o Vaticano, através do Cardeal Ratzinger, que posteriormente foi tornado papa, a Teologia da Libertação foi silenciada não a golpes de força, bastou fazer bispos os Padres da Teologia da Libertação. Acho que a elite do Ocidente fez e faz o mesmo com os líderes políticos rebeldes: basta permití-los galgar o poder e a revolta deles arrefece. A esperança que um dia instigou o ardor dos petistas, não quer mais cavalgá-los, tal qual escreveu Baudelaire no poema abaixo transcrito:

     

    “O Gosto do Nada”

    (Charles Baudelaire)

     

    Morno espírito, outrora afeito à luta,

    A esperança que um dia instigou teu ardor,

    Não quer mais cavalgar-te! E dorme sem pudor,Velho cavalo a quem mesmo a planície é abrupta. Dorme, meu coração! E em sonolência bruta! Espírito vencido! Ao velho salteadorNão tem mais gosto o amor, nem tampouco a disputa;Voz da flauta ou clarim ora ninguém escuta!Prazeres, não tenteis quem é tédio e torpor! A adorável Primavera já perdeu seu odor! Engole o tempo enfim a vida diminuta,Tal como a um corpo rijo a neve só brancor.Eu vejo do alto o globo curvo a se compor,E não procuro mais o abrigo de uma gruta! Leva-me contigo, avalanche que enluta!  Não satisfeito com essa tradução, vou transcrever uma outra, enquanto espero uma tradução bem elaborada, por favor, do Ricardo Schiel. 

    Espírito sombrio, outrora afeito à luta,
    A Esperança, que um dia te instigou o ardor,
    Não te cavalga mais! Deita-te sem pudor,
    Cavalo que tropeça e cujo pé reluta.

    Conforma-te, minha alma, ao sono que te enluta.

    Espírito alquebrado! Ao velho salteador
    Já não seduz o amor, nem tampouco a disputa;
    Não mais o som da flauta ou do clarim se escuta!
    Prazer, dá trégua a um coração desfeito em dor!

    Perdeu a doce primavera o seu odor!

    O Tempo dia a dia os ossos me desfruta,
    Como a neve que um corpo enrija de torpor;
    Contemplo do alto a terra esférica e sem cor,
    E nem procuro mais o abrigo de uma gruta.

    Vais levar-me, avalanche, em tua queda abrupta?

     

  2. É?
    Quem se comunica com o povo é a TV Globo. Caravanas e comícios são anacronismos bons para campanhas de vereadores de cidadezinhas do interior. O que Lula está fazendo é o seu tour de despedida da política. Se quisermos organizar a resistência contra o golpe, o caminho é o whatsup, a internet. O Brasil tem uma média de 2 celulares por pessoa.

    1. Comunicação pressupõe via de mão dupla entre emissor e receptor

      A Globo não faz comunicação, faz manipulação.A ‘comuncação’ global é uma via de mão única, a globo é a emissora e todo o resto é receptor.

      Celulares é a mesma coisa que merda. A gente muda a realidade é nas ruas, e não com celulares, mas com armas, munição, boa pontaria e os alvos certos.

      Você tá fazendo propaganda para a Apple e comandita.

  3. É trágico um país em que só

    É trágico um país em que só há UM,disse UM líder que pode evitar que o titanic afunde (os que mandam no país sabem disso, mas não vão dar o braço a torcer mesmo que isso custe o fim do país). E pior ainda é esperar que ele mude seu estilo, conciliador (que possibilitou que talvez pela primeira vez os pobres e ricos se sentissem ao mesmo tempo ganhando – claro que os ricos n vezes mais ) para um que vá pro confronto, pro pau. Lula tem aquele carisma que faz com que o seu advesário, mesmo depois de uma briga insana, o chame pra tomar um café – enquanto o oposto disto é Ciro, que é sempre um tom de confrotno mesmo para com quem está ao lado dele Lula fará acenos pra Sarney 1.0 e Sarney 2.0 , Renan, pois é do estilo dele ser conciliador e também, por gratidão, pois eles foram peças fundamentais pro seu governo quando veio o mensalão. Aliás, se Lula dependesse do PT naquele momento, haveria grande chance de ser tirado do planalto. Enquanto Mercadante chorava ouvindo as revelações de Duda Rinha de Galo Mendonça e  Tarso Genro destilava seus discursos empolados e com cara de virgem que mora no bordel, Sarney e Renan, homens práticos e que, vá lá, tem um pingo de visão de estado, punham a mão na massa e  articulavam nos bastidores pra apoiar Lula durante o vendaval do mensalão. Foi essa ponte que ajudou Lula a atravessar o mensalão e deu tempo pra que ele colhesse os frutos de sua política econômica não ideal mas não desastrosa como de Dilma. 

     

     

  4. Afinal, qual ORDENAMENTO

    Afinal, qual ORDENAMENTO seguimos ?

    Um executivo corrupto, executando programas alheios à vontade do povo, atendendo a INTERESSES estrangeiros, e ainda carregado de quadros da oposição REPROVADOS nas urnas e nas ruas.

    Um legislativo que conta até com parlamentar que de noite fica preso, e de dia vai ao Congresso ditar regras pras nossas vidas.

    Um Judiciário de ganhos nababescos, de direitos e benefícios EXCLUSIVOS, ofensivo à imensa maioria do povo brasileiro

    ..justiça que conta com magistrados que se orgulham ao gravitarem FORA DA LEI, dos princípios e da juridisprudência

    ..Magistrados que perseguem opositores, ferem condenados, oprimem e torturam encarcerados, e debocham da população, fazendo a todo momento, por qualquer meio, um proselitismo ideológico e político que não aceita contrra argumentação ?

    Realmente, é a esse tipo de gente que devemos nos manter em ordem e em obediência ?

     

     

  5. “Agora tudo ruiu.”
     
    O que

    “Agora tudo ruiu.”

     

    O que seria da minha dose diária de drama sem os lamentos dos derrotistas… A luta pelo Brasil nem sequer começou e já estamos repletos de profetas do apocalipse declarando o fim. Fiquem tranquilos, meu queridos, quando a convulsão social começar de verdade nesse país, iremos perceber.

  6. Lula tem que definir se quer
    Lula tem que definir se quer reconstruir o PT ou a frente ampla que o elegeu e governar com ela. Se for apenas a frente ampla após seu provável futuro mandato o PT volta ao limbo.
    O discurso é o mesmo.

  7. Dá até gastura ver o Lula abraçado com golpistas. Nessa caravana

    Dá até gastura ver o Lula abraçado com golpistas. Nessa caravana pelo nordeste, o ex-presidente já se reuniu com a Renata Campos em Pernambuco, Renan Calheiros em Alagoas e com o governador do Sergipe Jackson Barreto. Todos golpistas!

    Uma coisa é certa, quem mais sai lucrando com essas posturas conciliatórias do Lula são as oligarquias que promoveram o golpe. O PMDB foi o partido que mais se beneficiou com o prestígio do Lula. A maior parte dos governadores e parlamentares do partido do Eduardo Cunha e do Michel Temer foram eleitos com o apoio do Lula, muitas vezes em detrimento de muitos petistas.

    O caso mais emblemático foi o Rio de Janeiro, onde o PT abriu mão de suas candidaturas para prestigiar o PMDB. Em 2002 o PT era mais influente que o PMDB entre os eleitores cariocas. Hoje o PT é um partido minúsculo nesse importante colégio eleitoral, enquanto o PMDB detém a hegemonia total na política carioca.

    Pelo visto, o Lula continua sendo o Lulinha paz e amor que as oligarquias tanto gostam…

    1. Concordo contigo. Apesar

      Concordo contigo. Apesar disso, é compreensível a atitude de Lula: conciliação é o que ele faz de melhor.

      Foi assim que se firmou presidente na primeira vez e ganhou mais 3 eleições para o partido. Se ele fosse um homem soberbo estaria interessado em voltar ao governo para executar vingança contra os golpistas, o que, convenhamos, não daria certo (esse congresso o defenestraria na hora). Acredito que Lula está pensando mesmo como recuperar no país o mínimo possível para evitar que a fome e a miséria voltem a reinar aqui.

      No mais, não espero mais nada dele como político, Lula já fez o impossível uma vez e salvou milhões da pobreza extrema. Não cabe mais a ele mudar esse país, mas as novas lideranças (quando surgirem, claro). 

    2. Política exige ter estomago

      Política exige ter estomago de EMA  ..se não o tem, não tente compreende-la

      NÂO existe unanimidade  ..NINGUÈM governa sozinho  ..o POVO não pede revolução, mas transformação, e esta, queira ou não,  vem devagarinho, quiça algumas levam uma geração

      ..outras polítcas até mais que isso (basta ver as lutas ainda baseadas na pseudo polêmica do petróleo e, OU NÂO é. nosso ? é do povo ou de empresários, destes ou de funcionários públicos nababos ?)

      VEJA MAMA VANA que bateu com o “pau na mesa e sacodiu a calcinha no sofá da hebe e na cozinha na Namaria”  ..foi defenestrada, e progressos que nos custaram decadas foram JOGADOS AO CHÃO  ..mitificados e desconstruídos num piscar de meses

      As suas prioridades não são iguais aos do seu vizinho  ..há que se tomar daqui e ceder dali SIM  ..e convenhamos, dentro dum expectro amplo, DILMA também golpeou seu eleitorado ao NÃO conseguir compor no 1o mandato nem apaziguar a Nação  ..e ao tentar implantar em 2015 políticas libertinas negadas até na campanha de 2014

       

    3. Moralismo raso e barato prejudicam a compreensão das questões

      Caro Wilton,

      Retome os fatos e as circunstâncias que antecederam a votação do golpeachment no Senado. Lembre-se que Cármen Lúcia e demais ministros do STF ameaçavam desarquivar denúncias contra Renan Calheiros e torná-lo réu.

      No final do ano passado Cármen Lúcia desarquivou uma denúncia (de 2007) contra Renan e o tornou réu. Em seguida, numa inconstitucional decisão monocrática, Marco Aurélio Mello afastou Renan Calheiros da presidência do Senado. Advogado, Ex-Ministro da Justiça e conhecedor da Lei, Renan Ignorou a decisão inconstitucional de MAM e não se deixou notificar pelo oficial de Justiça. Diante da m**** que fez, o STF arranjou um “jeitinho”, para que a “suprema côrte” não saísse tatalmente desacreditada enlameada: inventou uma interpretação da Lei, segundo a qual um réu poderia presidir um dos poderes, no caso o Senado e o Congresso Nacional, mas não poderia ocupar a presidência da república.

      Mas a contrapartida que o STF golpista exigiu de Renan foi que ele conduzisse, de forma célere, a votação da PEC-55, tarnsformada em Lei, engessando a atuação de qualaquer outro presidente da república, que não poderá aumentar os investimentos públicos em áreas essenciais, como Eduação e Saúde. O texto dessa PEC fere cláusulas pétreas da própria CF/1988, ou seja, coma  anuência do STF, o Congreso Nacional aprovou uma PEC em si mesma incosntitucional, como mostra um estudo encomendado pelo próprio Senado.

      Não tenho simpatia por Renan Calheiros e as negociatas e corrupções deles são de conhecimento público. Mas ao contrário de Eduardo cunha, Aécio Cunha, José Serra, Michel Temer e quejandos, Renan têm uma visão de Estado, ausente nesses rapineiros, os quais querem apenas levar a maior fatia o butim e desmontar e dilapidar o Estado brasileiro.

  8. Ruínas institucionais e o auto-resgate de Lula, por Aldo Fornazi

    È por aí mesmo.

    Apenas lembro que Boulos e Stedile igualmente estão trabalahndo em suas bases.

    O resto segue inerte.

    Ou, ao menos, não são visíveis suas movimentações.

    Ou vamos às barricadas democráticas ou o Brasil é consumido e sumido  pelos ladrões, e seus mentores, que hoje operam.

  9. Acredito que não seria

    Acredito que não seria possível para Lula procurar abrigo no povo em 2015, pois lá era o bandido n. 1 do mundo. Esse reencontro com a base somente foi possível após a sua absolvição pela Lava Jato – processos por pedalinhos e tripecs após investigações inquisitoriais são um tipo de absolvição – e também após cair a máscara dos golpistas, dos pato amarelos da classe média até a antiga oposição e atual situação.

    Sobre os Sarneys e Renans, é difícil mensurar neste momento as jogadas de Lula, mas o fato é que são necessários para (tentar) barrar os retrocessos de consórcio do golpe.

  10. Só agora AF reconhece isso!?

    Prezados,

    Quem, como eu e outros leitores atentos, críticos, atentos e observadores, fizemos ou continuamos a fazer críticas contundentes a intelectuais, como Aldo Fornazieri e Wanderlei Guilherme dos Santos, não o fazemos por pirraça ou implicância, mas por sabermos que esses cientistas sociais e políticos foram na onda de ‘bater no PT e nos seus líderes’ para manter o espaço nos veículos do PIG/PPV e por uma dose de preconceito e racismo de classe que os caracteriza. Afinal deve ser indigesto para esses intelectuais que uma pessoa com pouco estudo formal – no caso o Ex-Presidente Lula – demonstre uma sabedoria e um conhecimento de Política, de História, de Economia e Sociologia, além da capacidade de falar e se fazer entender perante as massas trabalhadoras e excluídas que eles, estudiosos, teóricos e cientistas, não conseguem externalizar ou mostrar para os brasileiros de origem humilde.

    Chamuu minha atenção a contundência com que Aldo Fornazieri criticou as “instituições”, mostrando a falência de todas elas. Destaco o 2º parágrafo, que chama pelo nome correto aquilo em que tais “instuições” se transformaram: ORCRIMs institucionais.

    “Agora tudo ruiu. Depois que o Planalto foi assaltado por Temer e sua quadrilha parece não haver limites em nenhuma instituição, os bens públicos são saqueados à luz do dia e os bandoleiros exibem o produto do saque à população como forma de escárnio. O supremo Tribunal Federal não está somente acovardado, mas é constituído por covardes que, primeiro, aceitaram ser pisoteados e desmoralizados por Gilmar Mendes que, repita-se, é conselheiro de Temer e concedente ligeiro de habeas corpus a criminosos. Sim, o crime organizado está dentro do que resta das instituições.”

    Ora, se eu, um simples engenheiro,  percebi isso há anos, por que só agora, após um ano e meio de golpe e destruição do Estado Brasileiro, Aldo Fornazieri e outros intelectuais, estudiosos, cientistas sociais e políticos admitem essa dura e cruel verdade?

  11. Críticas?

    Críticar Lula por isso, por aquilo, é fácil. Esquecem que ele é o único líder popular nacional deste país. O único que PODE conversar com políticos do Nordeste sim para evitar levar um tiro de um capanga qualquer de algum latifundiário. Acho que precisamos estudar mais a fundo o país para entender os movimentos do genial Lula. Ciro em lugar de estar quieto deveria estar ao lado dele pelo Nordeste. Individualismo agora é tiro no pé. Teorias não levam a nada em momentos de crise, práticas sim quando realistas. Realismo não falta a Lula.

  12. Falta ver como Lula será

    Falta ver como Lula será recebido no Sul e Sudeste.

    E pode acreditar o saque vai sem qualquer reação: quem manda são os setubals que vão ficar com o Banco do Brasil e a Caixa e o endividamento do estado, os maggis que vão desmatar a Amazonia, os mineradores (não sei quem são os principais brasilerios do roubo de minérios), as petroleiras do pré sal e os lemanns da energia e das águas. Em torno disso estarão rastejando para catar as gorjetas os juizes (especialmente os do STF porque tem mais poder) e procuradores, os mesquitas da imprensa, os miltares lesa pátria e os cunhas do legislativo.

    Já que toquei em Judiciário:HELICOCA pro judiciário que deu pra controlar agora até as palavras que podemos falar.

     

  13. Ele não pode

    “Lula não pode repetir a experiência da conciliação e precisa apontar um novo sentido político para o Brasil” – É da na-tureza de Lula e da eterna mesma DIreção Nacional a conciliação. E a realidade é outra diferente do seu 1º mandato. Se não conciliar, o bicho pega; se conciliar, o bicho come. Os vários extratos de classe média agora pesam muito mais no sentido anti-líderanças já conhecidas, seus méritos ficam secundários: Querem o novo por cansaço e algumas decepções. Mas sempre é bom tentar, crer.

    1. impossível renovação

      Ruy Fausto disse recentemente que pode ser melhor uma derrota digna pra uma renovação verdadeira ( entrevista no Jornal do Commercio de Recife ). Janine Ribeiro diz algo parecido, e que é preciso a invenção (não precisa de um badalado Boaventura Santos vir com artigo sobre a falta de criatividade das esquerdas, isso é nosso colonialismo mental, tão falado por Mangabeira Unger). Ambos, Ruy e Janine estão no livro organizado por Fornazieri A Crise das Esquerdas, magnífica longa entrevista de Renato Janine Ribeiro, entrevistado por alguns coautores, que independência intelectual a de Janine ! ! ! Sugiro pra quem estiver aberto a idéias diferentes, talvez chocantes. No Multimídia do Dia de hoje, “O Guardador de Rebanhos”.

       

      1. Caxorros devem continuar suas caxorradas, mas com focinheiras

        O Ruy Fautos acha que os caxorros devem continuar com suas caxorradas, mas temos botar focinheiras neles:

        O objetivo da esquerda democrática seria, na definição do Ruy Fausto, uma sociedade em que há mercadoria e mercado, mas em que o capital é de uma forma ou de outra controlado, e neutralizado nos seus efeitos.

        Café sem cafeína é café?

        1. Não se conhecem receitas contra o capitalismo

          não se sabe que tipo de mundo melhor (pelo menos, melhor) será: abolindo o capital da noite pro dia, ou mantendo-o domado, limitado. Do nada que sei, o clássico Marx/Engels mal escreveram sobre como seria o sistema pós-capitalismo. Destrinchou o Capital, e o capitalismo do século XXI. Teóricos clássicos jamais iriam querer ser profetas e catequistas, por isso alguns desenvolvedores de Marx preferem se dizer marxiano ( não “marxistas”). O resto foram tentativas URSS, China, Vietnam, Coréia do Norte, Cuba, etc. cada uma com seus problemas de pioneirismos nessas tentativas.

          1. O capital é não é abolível par decret du peuple

            O capital é uma relação social e, como tal, não pode ser abolido par décret du peuple. A revolução não é um produto, é um processo.

            No Manifesto Comunista, Marx e Engels escreveram:

            “Vimos acima que a primeira fase da revolução operária é o advento do proletariado como classe dominante, a conquista da democracia.O proletariado utilizará sua supremacia política para arrancar pouco a pouco todo capital à burguesia, para centralizar todos os instrumentos de produção nas mãos do Estado, isto é, do proletariado organizado em classe dominante, e para aumentar, o mais rapidamente possível, o total das forças produtivas.Isto naturalmente só poderá realizar-se, a principio, por uma violação despótica do direito de propriedade e das relações de produção burguesas, isto é, pela aplicação de medidas que, do ponto de vista econômico, parecerão insuficientes e insustentáveis, mas que no desenrolar do movimento ultrapassarão a si mesmas e serão indispensáveis para transformar radicalmente todo o modo de produção.Essas medidas, é claro, serão diferentes nos vários países. Todavia, nos países mais adiantados, as seguintes medidas poderão geralmente ser postas em prática:1. Expropriação da propriedade latifundiária e emprego da renda da terra em proveito do Estado.2. Imposto fortemente progressivo.3. Abolição do direito de herança.4. Confiscação da propriedade de todas os emigrados e sediciosos.5. Centralização do crédito nas mãos do Estado por meio de um banco nacional com capital do Estado e com o monopólio exclusivo.6. Centralização, nas mãos do Estado, de todos os meios de transporte.7. Multiplicação das fábricas e dos instrumentos de produção pertencentes ao Estado, arroteamento das terras incultas e melhoramento das terras cultivadas, segundo um plano geral.8. Trabalho obrigatório para todos, organização de exércitos industriais, particularmente para a agricultura.9. Combinação do trabalho agrícola e industrial, medidas tendentes a fazer desaparecer gradualmente a distinção entre a cidade e o campo10. Educação pública e gratuita de todas as crianças, abolição do trabalho das crianças nas fábricas, tal como é praticado hoje. Combinação da educação com a produção material, etc”

            Outro livro no qual Marx fala sobre a sociedade pós-capitalista é na Crítica do Programa de Gotha

             

  14. Ruínas institucionais e o auto-resgate de Lula

    seja qual for seu porto de chegada, a Caravana de Lula pelo Nordeste ficará como um dos mais belos momentos de nossa História: o emocionante reencontro de Lula com o Povo Brasileiro.

    neste reencontro os dois Lulas se apresentam com toda sua força: o Lula político e o Lula símbolo. entretanto, os dois participam da mesma Caravana, ao mesmo tempo e percorrendo os mesmos lugares, mas separados por um infinito no tempo e no espaço.

    o problema com o Lula político não é sua opção por acordos e conciliações, mas sua ferrenha oposição a qualquer outra possibilidade. como se não houvesse alternativa. a mesma fórmula consagrada pelo neoliberalismo: TINA (There Is No Alternative). o Lula político jamais quis acordo com aqueles à sua Esquerda, sempre impôs submissão incondicional.

    o Lula político reduz toda a vitalidade da Caravana a uma pré campanha eleitoral, impedindo que torne um potente motor de mobilização social contra o golpe. submetendo ainda mais uma vez o movimento social ao calendário eleitoral, engessando-o na via institucional. um campanha eleitoral para um eleição incerta na qual ele nem sabe se poderá legalmente se candidatar. mas sempre se colocando como o único que pode “salvar o Brasil”, muito embora sem jamais apresentar um programa mínimo claro para que isto se viabilize.

    o Lula símbolo se atira nos braços do povo, de onde jamais deveria ter saído, desde as memoráveis assembleias da Vila Euclides, passando pelas Diretas Já e a campanha de 1989. o Lula símbolo é aquele com o qual o povo se identifica como “um dos nossos”. e aqui está o ponto crucial: não se trata de “nos representa”, e sim “é um dos nossos”. então surge a insuperável contradição, embora seja autenticamente “um dos nossos”, não é assim que o Lula político pensa e age efetivamente.

    o Lula político sempre se impôs e manipulou o Lula símbolo. mas quanto mais se atira nos braços do Povo Brasileiro, mas o Lula símbolo se fortalece. em situações limites, como a que vivemos com o golpe, as contradições se acirram e tendem a um desenlace.

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