Rússia e China fecham acordo para fornecimento de gás

Sugerido por Paulo F.

Do Opera Mundi

Após dez anos de negociação, Rússia e China assinam acordo histórico de US$ 400 bi para venda de gás

Por três décadas, Gazprom será responsável por bombear 25% da demanda chinesa por gás: 38 bi de metros cúbicos anuais

Após uma década de negociações, Rússia e China assinaram nesta quarta-feira (21/05) um histórico acordo energético. O valor total do contrato de comercialização de gás natural entre as empresas estatais dos dois países — a russa Gazprom e a chinesa CNPC (Corporação Nacional de Petróleo da China) — é de US$ 400 bilhões e valerá por 30 anos.

 

Embora o presidente da Gazprom, Aleksey Miller, tenha dito que o preço do gás acordado entre as partes seja “segredo comercial”, é possível fazer uma estimativa. Tomando por base que os US$ 400 bilhões do valor contratual representem somente os custos de produção e envio, a China pagará cerca de US$ 350 por mil metros cúbicos de gás.

Até hoje, um acordo energético tão volumoso jamais havia sido fechado pela Gazprom, gigante do setor e mais importante produtora de gás da Rússia. O contrato foi assinado pelas empresas em cerimônia em Xangai na presença do presidente russo, Vladimir Putin, e de seu colega chinês, Xi Jinping.

Ao longo das tensas negociações, a Gazprom buscava obter um preço de US$ 400, tomando como referência seus contratos com a União Europeia (na casa dos US$ 380 por mil metros cúbicos de gás). A China, por sua vez, oferecia entre US$ 350 e US$ 360, baseando-se em suas importações da Ásia Central.

A partir do ano de 2018, 38 bilhões de metros cúbicos de gás natural (cerca de 25% do consumo total na China) serão bombeados anualmente entre os dois países por meio do gasoduto “Power of Siberia” — a mesma rota geográfica por meio da qual a Rússia já exporta petróleo ao cinturão industrial do nordeste chinês. Inicialmente, Pequim queria importar o combustível por meio da região nordeste de Xinjiang; mas o plano foi abandonado, pois, nesse caso, a Gazprom exigia preços europeus.

A assinatura do acordo é feita um dia depois do início de atividades militares conjuntas, forma de demonstrar a “cooperação e entendimento” entre Rússia e China. Ambos os países vivem nas últimas semanas momentos de tensão diplomática com as potências ocidentais: militares chineses estão sendo acusados de ciberespionagem comercial nos EUA, motivo pelo qual Pequim convocou de volta seu embaixador no país; e a Rússia foi novamente alvo de sanções econômicas por sua atuação na crise da Ucrânia.

(*) Com informações da Agência Efe

Redação

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  1. Enquanto isso…

    Rússia suspenderá fornecimento de gás à Ucrânia em 3 de junho

    Ucrânia, gás, economia, política, Rússia

    Foto: RIA Novosti/Alexander Mazurkevich

     

    A Rússia introduz o regime de pré-pagamento do gás para a Ucrânia a partir de junho do ano corrente.

    A Gazprom apresentou uma conta pelo fornecimento do gás russo à Naftogaz, em 13 de maio, e está esperando seu pagamento até 2 de junho. No caso de não pagamento, a partir das 10h00, horário de Moscou, em 03 de junho, serão suspensas as entregas de gás à Ucrânia, declarou o chefe da empresa russa, Alexei Miller, em uma reunião com o primeiro-ministr o russo, Dmitri Medvedev.

    “A minha opinião é a seguinte: está na hora de parar de desfazer-se em cuidados, notifiquem-nos e, a partir de amanhã, introduzam o regime de pré-pagamento. Acredito que todas as formas possíveis de resolver esta situação de forma diferente já foram empreendidas pela Gazprom <…>, mas ninguém nos ouve. Nesse caso, se deve começar a agir, não se pode mais suportar isso”, disse Medvedev.

    A dívida de Kiev pelo gás russo, após não terem sido pagas as entregas por abril, atingiu o valor de $ 3,5 bilhões.
    Leia mais: http://portuguese.ruvr.ru/news/2014_05_12/R-ssia-suspender-fornecimento-de-g-s-Ucr-nia-em-3-de-junho-6409/

    Trânsito ucraniano: quem pagará por Kiev?

    Trânsito ucraniano: quem pagará por Kiev?

    Foto: RIA Novosti

     

    A Ucrânia está disposta a pagar pelo gás russo, mas não a 386 dólares por mil metros cúbicos, declara o Banco Nacional da Ucrânia. Ao que parece, as palavras do dirigente desta instituição, Stepan Kubiv, deveriam tranquilizar Moscou.

    Ocidente ameaça a Rússia com sanções energéticas

    Mas Kiev perdeu o direito ao desconto e o gás custa agora 100 dólares mais caro. Por outro lado, o governo ucraniano tem os cofres vazios e acumulou muitas dívidas. A Rússia não tenciona subsidiar mais a economia ucraniana, advertiu Vladimir Putin em sua mensagem aos líderes europeus, destacando que a crise ucraniana ameaça os fornecimentos de gás aos países da UE.

    “Um Lannister paga sempre suas dívidas”, diz o lema do livro popular (e da série de televisão) de George Martin. A julgar pelas últimas declarações vindas da capital ucraniana, este drama fantástico também é popular entre os atuais dirigentes de Kiev. “A Ucrânia sempre pagou a tempo aos credores. Kiev pagará todas as dívidas, não pode ser diferente”, afirma o chefe do Banco Nacional. Mas se os personagens do Game of Thrones pagavam de fato as dívidas, tal situação no caso de Kiev parece fantástica.

    A isenção de impostos alfandegários sobre o gás exportado para a Ucrânia já fazem parte da história. Graças às ações inteligentes dos “governantes” ucranianos, a Rússia teve de denunciar os chamados “acordos de Carcóvia” sobre a Frota do Mar Negro – agora o gás destinado à Ucrânia custa 485 dólares por mil metros cúbicos. Kiev não tem vontade de pagar e ameaça cortar o trânsito deste combustível para a Europa. Vladimir Putin encaminhou suas propostas aos líderes de 18 países europeus. O presidente advertiu que a incapacidade de Kiev de pagar pelo gás obriga a Rússia a limitar seus fornecimentos, o que pode ameaçar o transporte de combustível para os países da Europa.

    Para a Gazprom é muito importante que os europeus participem da solução do problema da entrada de gás em depósitos ucranianos. Se este gás, com um valor de 5 bilhões de dólares, não for bombeado para os depósitos nos próximos meses, o trânsito para a Europa irá parar inevitavelmente no inverno e os consumidores atribuirão a culpa à Gazprom. Para prevenir a crise, será necessário realizar conversações urgentes entre a Rússia e os parceiros europeus. O Kremlin especificou que se trata de conversações com cada país europeu e não com um representante da Comissão Europeia, que ocupa uma posição estranha. Um patente exemplo de atividade desta instituição europeia foi o bloqueio real do projeto do gasoduto South Stream, embora a Gazprom tivesse acordado o projeto com todos os países participantes da UE. Contudo, é provável que a Comissão Europeia não tivesse avaliado a hipótese de ficar sem gás russo, aponta o vice-presidente do Centro de Modelos de Desenvolvimento Estratégico, Grigori Trofimchuk:

    “A meu ver, mesmo nestas condições complexas, a Comissão Europeia irá procurar uma saída para esta situação, estudando em particular o transporte de gás pelo South Stream e todos os outros gasodutos. Em caso contrário, toda esta tensão irá refletir-se diretamente nos consumidores de gás russo na União Europeia. Em qualquer caso, será encontrada uma solução comum entre Bruxelas e Moscou. Porque a economia deve funcionar independentemente da política”.

    Vladimir Putin fez lembrar na mensagem aos líderes europeus: só na esfera do gás, Moscou concedeu a Kiev vantagens e descontos sem precedentes no valor total de 17 bilhões de dólares sem cobrar ao mesmo tempo as multas no valor de 18 bilhões de dólares pelas reduções do volume contratual de gás. Ao mesmo tempo, durante os últimos anos a UE, diferentemente da Rússia, não concedia qualquer ajuda real à Ucrânia. A Europa utiliza a economia ucraniana como fonte de matérias-primas e mercado de venda de artigos fabricados. Por outro lado, Bruxelas contribuiu também para o desenvolvimento da crise política na Ucrânia, embora o papel dos EUA fosse maior, considera o analista-chefe do grupo de investimento Nord-Kapital, Roman Tkachuk:

    “Os Estados Unidos não dependem do fornecimentos de gás russo e estão pressionando a Europa, obrigando-a a diminuir as compras à Rússia. Isso, naturalmente, não é vantajoso para a Europa. Possivelmente, o cenário radical é vantajoso para os EUA. É difícil adivinhar porque estão interligados muitos fatores. A Rússia é um importante fornecedor de produtos energéticos e é impossível proceder assim como no cenário iraniano, quando foi declarado um embargo em relação aos fornecimentos de petróleo daquele país. O mundo depende demasiado dos fornecimentos de petróleo e de gás da Rússia. Por isso, as partes buscam compromissos”.

    Em opinião de peritos, Washington, como principal organizador da crise ucraniana, procura uma variante de redistribuir os fluxos de gás para a Europa, contornando a Rússia. Em particular, prosseguem as discussões em torno da reanimação do projeto Nabucco, já praticamente esquecido, o que, segundo os Estados Unidos, é necessário implementar o mais depressa possível, para isolar Moscou.

    Os Estados Unidos reagiram rapidamente à mensagem de Vladimir Putin. O Departamento de Estado qualificou-a como chantagem e exigiu que não sejam utilizados os “mecanismos de formação de preços fora das leis de mercado”. Pergunte-se neste contexto o que iria fazer Washington no caso de fornecer gás e de não receber o pagamento por ele? Será que esperaria anos? Com certeza, seriam imediatamente utilizados os “mecanismos fora da lei de mercado” que a democracia pelo mundo propaga.

    A Europa também reagiu. O comissário europeu da energia declarou que está sendo elaborado um “plano de concessão de ajuda à Ucrânia para pagar a dívida à Rússia”, prometendo envidar esforços para que não se formem novas dívidas. A reação pode até ser qualificada como adequada. A perspetiva de sofrer de frio em inverno sem gás russo faz os responsáveis voltarem a si.
    Leia mais: http://portuguese.ruvr.ru/2014_04_15/Transito-ucraniano-quem-pagar-por-Kiev-3959/

     

  2. Os russos jogam

    Os russos jogam xadrez…

    Combinando com esta notícia:

    https://jornalggn.com.br/noticia/russia-e-china-fecham-acordo-para-fornecimento-de-gas

    OU

            a OTAN se divide, com a Europa virando as costas para os EUA;

    OU  

             a Europa, com o provável futuro sem gás e petróleo russos ou com eles muito mais caros, vai mergulhar numa crise energética e humanitária sem precedentes.

    Tbm parafraseando George R.R. Martin: “The Winter is coming!”

     

    P.S.: Será que os abestados, inocentes inúteis da juventude brasileira, os manipulados do “NÃO VAI TER COPA”, ainda não se tocaram que estão a serviço da CIA??? Ou resumindo: “É o Pré-Sal/Petrobrás, estúpidos!”

     

  3. Pareceu uma jogada esperta da

    Pareceu uma jogada esperta da Rússia com a China. Pela demora da resposta por parte da UE e dos EEUU parece que sentiram o golpe. Parece também que, aproveitando a confusão, a China fez uma boa pechincha.

    Vamos esperar pelos novos capítulos com a esperança de não virem a ser de um filme trágico conforme algumas cenas às vezes prenunciam.

    1. Pois neste instante, na

      Pois neste instante, na globonews, foram pegar uma declaração do príncipe Charle – é, ele mesmo – dizendo que a ação dop Putin se compara à dos nazistas…

      Vamos ver o que virá. Eu tenho minhas suspeitas.

  4. Chute colossal na bunda dos

    Chute colossal na bunda dos EUA e Europa.

    Evidente que quem vai pagar por isso serão os mais fracos: os povos europeus comandados por governos-amestrados dos americanos.

    O futuro da Europa é sombrio. A fatura vai chegar em breve.

     

    1. Haraquiri

      Marco St.,

      Não acredito que os países europeus sigam a receita de Washington.

      O natural é que negociem um empréstimo para a Ucrânia, que encaminha a $$$ para a Rússia e renegocia o débito e o preço do m³ de gás. Fora disto, me parece haraquiri coletivo. 

  5. Moeda trocada

    Paulo F.,

    O Opera Mundi cometeu um sério equívoco  nesta altura do campeonato – não existe dólar americano nesta negociação, é um acordo de 292 bilhóes de euros,

    1. O valor indicado em dolares

      O valor indicado em dolares não quer dizer que amoeda de troca será o dolar. Sua observação foi muito boa, porem o dolar é apenas moedad de referencia.

    1. Negócio da China

      Reshuffles at propaganda organs underscore their importance to party: From Mao’s time to the present day, People’s Daily and Qiushi, and their executives, have wielded great influence – Cary Huang, scmp.com: Mao Zedong said political power comes from the barrel of a gun. The late leader also said that control of information and media is as important as control of the gun, as they are the two pillars of Communist Party power. Despite dramatic economic and social changes since the late 1970s, all of China’s leaders, Mao’s successors, have embraced his credo.
       

      That is why party ideologues and propagandists and the media outlets they control continue to enjoy a status parallel to or even greater than other powerful branches of government, such as the military and security services. In the past few weeks, the official Xinhua news agency has reported on a series of personnel changes at People’s Daily and Qiushi, or “Seeking Truth”, the country’s two most influential party propaganda organs. The reshuffles involved the replacement of senior executives and editors, as well as their deputies, at both publications. Image from entry, with caption: Reshuffles at propaganda organs underscore their importance to party.

  6. Europa

    A Europa atual, comparada com a Europa histórica é apenas um arremedo do que foi, apesar da coligação CE. Eram muito fortes, mesmo quando separados. Na crise, juntaram-se, sob a égide do capitalismo financista, que fez com que quebrassem quase todos os seus participantes, com excessão da Alemanha (ficou com quase todas as fichas do jogo), Belgica, Holanda e um pouco pior a França.

    Nunca podemos esquecer de que os banqueiros internacionais (eles não têm país de base, apenas estão sob a bandeira do que tem maior poder militar)  ficaram com grande parte dos ganhos de todos estes paises.

    Quando os Usa resolveram cutucar a Russia, no caso da Ucrânia, os europeus ficaram no meio do caminho, sem rumo. Ou obedeciam ao chefe (Usa) e se ferram ou vêm quais suas necessidades (gás e petroleo) e desobedecem o patrão. 

    A que situação chegou todo um continente,  que teve várias nações que comandaram quase todo o mundo!

  7. Gás russo para a locomotiva

    Gás russo para a locomotiva chinesa.

    Esses caras tão levando o BRICS a sério.

    Talvez por isso estejam tão emprenhados agora em colocar a Argentina no grupo, pois sua única deficiência estratégica está na América, onde não tem um parceiro a altura, com massa cinzenta e saco roxo.

    Como diria meu pai, o parceiro deles aqui é um grandalhão bobão que só tem tamanho.

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