Saída do Reino Unido pode ser boa para agronegócio brasileiro

Jornal GGN – Na análise do jornalista econômico Mauro Zafalon, a saída do Reino Unido da União Europeia pode ser o fato novo que o Brasil precisava para reconquistar espaço na exportação de alimentos para o país. “Com pouca produção nesse setor, os ingleses são mais liberais nas importações de alimentos do que os demais países do bloco”, disse em sua coluna na Folha de S. Paulo.

Nos últimos tempos, o Brasil vem perdendo espaço no mercado inglês. Em 2015, a exportação total para o Reino Unido somou US$ 2,9 bilhões, 25% a menos do que em 2014. Levando em conta apenas o agronegócio, a queda foi menor. Em 2015 foram US$ 975 milhões, 8% a menos do que em 2014.

Com a saída do bloco, a expectativa é que o Reino Unido crie regras fitossanitárias próprias, provavelmente menos restritivas. A condição de não membro da União Europeia também vai fazer o país pagar taxas maiores nas importações, o que pode ter bom para a competitividade do produto brasileiro.

Novos mercados podem se abrir, por exemplo, na área de frutas. Barreiras de importações devem cair e o próprio custo de importação deve ser menor, já que os produtos irão diretamente para a Inglaterra, sem passar pelo porto de Roterdã, na Holanda.

Da Folha de S. Paulo

Brexit pode ser positivo para o agronegócio do Brasil

Por Mauro Zafalon

A separação do Reino Unido da União Europeia poderá ajudar o agronegócio brasileiro. Com pouca produção nesse setor, os ingleses são mais liberais nas importações de alimentos do que os demais países do bloco.

O Brasil até precisa de um fato novo para ganhar espaço no mercado do Reino Unido, uma vez que vem perdendo presença nas exportações.

Em 2015, a exportação total brasileira para o Reino Unido somou US$ 2,9 bilhões, 25% menos do que em 2014.

As vendas do agronegócio, incluindo produtos processados, também diminuíram, mas em ritmo menor.

O Brasil exportou o correspondente a US$ 975 milhões no ano passado, 8% abaixo do US$ 1,06 bilhão de 2014.

Os principais itens da balança comercial brasileira com o Reino Unido são carnes, soja, café e frutas. A carne representa 40% das exportações, com a soja e derivados ficando com 15%.

Há espaços para o país elevar as exportações, segundo José Vicente Ferraz, da Informa Economics FNP.

Os países do Reino Unido são menos protecionistas do que os demais europeus. Eles são sempre mais críticos em relação ao protecionismo do bloco e, “por esse lado, algum benefício virá para o Brasil”.

A condição de não membro da União Europeia vai fazer o Reino Unido pagar taxas maiores nas importações, o que pode tornar o produto brasileiro mais competitivo.

Letícia Julião, pesquisadora na área de frutas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), diz que a separação do Reino Unido tem mais pontos positivos do que negativos.

Saindo do bloco, o Reino Unido deverá criar regras fitossanitárias próprias, provavelmente menos restritivas.

Além disso, essa separação deve criar uma janela de mercado para o Brasil na área de frutas no Reino Unido.

Em determinado período do ano, o abastecimento de frutas no bloco é feito pelos próprios países europeus. O Brasil pode ganhar essa janela no Reino Unido.

O Brasil não terá, também, a concorrência e as barreiras de importações que os britânicos tinham de seguir devido a países produtores de frutas, como a Espanha.

O custo de importação também poderá ser menor, uma vez que os produtos irão diretamente para a Inglaterra, sem passar pelo porto de Roterdã, na Holanda.

CARNE E AÇÚCAR SE DESTACAM NA EXPORTAÇÃO

A carne brasileira volta a ter bom desempenho no mercado externo. A exportação da de frango “in natura” deverá atingir 387 mil toneladas, ante 354 mil em maio.

As vendas externas deste mês superam até as de igual mês do ano passado.

As estimativas são com base nos dados já apurados pela Secex (Secretaria do Comércio Exterior) para as quatro primeiras semanas.

As carnes suínas e bovinas mantêm o mesmo ritmo do mês passado. Apesar de uma demanda menor da China, as exportações de carne bovina deverão atingir 97 mil toneladas neste mês, 4% menos do que em maio.

As vendas de carne suína mantêm o mesmo patamar de 55 mil toneladas de maio.

Com relação aos grãos, as exportações de milho estão estagnadas. Já as de soja, ainda aquecidas, devem somar 8,31 milhões de toneladas. Há um ano, foram 9,2 milhões.

Outro setor de destaque é o de açúcar, cujas vendas externas para o produto bruto sobem para 2,3 milhões de toneladas, superando em 34% as de maio e em 51% as de igual período de 2015, segundo os dados da Secex.

*

Saldo positivo
O setor sucroenergético contratou mais do que demitiu em maio. O saldo foi de 9.669 postos de trabalho, ante 892 em igual período de 2015, aponta a Unica, com base em dados do Caged.

Cenário melhor
Na safra 2016/17, iniciada em abril, a indústria da cana criou 26 mil vagas de trabalho, ante 4.000 no mesmo período de 2015.
Demanda aquecida? A exportação de suco de laranja tem ritmo forte. As vendas externas de junho deverão superar em 15% as do mês passado.

Em alta
Há uma queda nos estoques do produto, o que tem puxado os preços na Bolsa de commodities de Nova York. Nesta segunda-feira (27), o primeiro contato foi negociado a US$ 1,66 por libra-peso, 38% mais do que há um ano.

Contratos
A qualidade da safrinha de milho está comprometida. O clima adverso impediu o crescimento dos grãos. Com isso, muitos produtores não poderão entregar o cereal negociado antecipadamente.

Preço
O cenário vai se refletir no preço do milho nos próximos meses, com impacto nas cadeias produtivas de aves e suínas, destaca Leonardo Sologuren, da consultoria Horizon. 

Redação

5 Comentários

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  1. NOSSA, MAS COMO TENTAM DOURAR A PILULA!

    É justamente o contrário!

    A premissa dele está certíssima: a Inglaterra sempre reforçou o polo liberalizante dentro da União Europeia.

    A conclusão nao podia estar mais errada:

    Saindo a inglaterra, França e Espanha, paises grandes que sao primeiro e segundo receptores de subsidios agricolas, acompanhados dos outros desse ranking, ganham mais força dentro da UE para impor aumento do protecionismo no bloco europeu.

    O que é melhor?

    Poder vender mais para os 50 milhoes de ingleses?

    Ou

    Poder vender bem menos para os mais de 400 milhoes de europeus que ficam na UE?

    Nao é possivel que alguem se proponha a publicar um artigo em jornal sem fazer esse raciocinio basico. So posso supor que o autor quis, deliberadamente, dourar a pilula.

    *   *   *

    Abaixo, a minha leitura do BREXIT:

    *   *   *

    Cameron tira faca do pescoço da UE, mas usa para haraquiri: tudo sobre bastidores políticos do “Brexit”, por Romulus

     ROMULUS    TER, 28/06/2016 – 13:39  ATUALIZADO EM 28/06/2016 – 13:58

    Por Romulus

    POST ENCICLOPÉDICO:

    CAMERON TIRA FACA DO PESCOÇO DA UE, MAS USA PARA HARAQUIRI: TUDO SOBRE BASTIDORES POLÍTICOS DO “BREXIT” – A SAÍDA DO REINO UNIDO DA UNIÃO EUROPEIA

    – Cameron tira faca do pescoço da UE, mas usa o punhal para cometer haraquiri – gênio!

    – Tudo o que você queria (e não queria mas deve) saber sobre os bastidores políticos do “Brexit”.

    – O tema “Brexit” permite muitas reflexões – extrapoláveis, inclusive para o Brasil! – sobre ciência política, economia política, direito (internacional, mas também teoria do poder constituinte), democracia representativa, federalismo, justiça distributiva – inclusive entre as gerações, geopolítica, relações internacionais e a malaise da sociedade contemporânea.

    *   *   *

    A semana que passou provocou fortes emoções. Como espectador do noticiário nacional e internacional, fui atingido por uma sucessão de sentimentos como surpresa, esperança, decepção, desprezo, indignação, decepção… – e mais desprezo e indignação.

    Não sabem vocês quais os eventos-gatilho que os provocaram?

    Respondo:

    (i) O Brexit; (ii) os 100g de maconha no avião caído de Eduardo Campos; (iii) o seu operador encontrado morto em um motel; (iv) a última rodada de operações-espetáculo da PF, MPF e Justiça Federal eivada de agenda e timing políticos; (v) o encontro entre o Ministro da Justiça e a força tarefa da Lavajato, para acertarem roteiro e compasso; (vi) a aceitação da segunda denúncia contra Eduardo Cunha pelo STF; e (vii) a cereja do bolo:

    – A apuração pelo Nassif do plano B do golpe: cassar a chapa Dilma/Temer no TSE em dezembro e ungir – não com azeite, como na Bíblia, mas com óleo de peroba, como no inferno – Michel Temer presidente em janeiro, em eleição indireta na nossa baixíssima Câmara baixa, a Câmara dos Deputados.

    LEIA MAIS »

     

    1. Zé da Mooca

           A avaliação do articulista foi a mesma do Chanceler Zé da Mooca, quando este “jenio” cometou a possibilidade de um Acordo Brasil ( Mercosul ) – Reino Unido, ou seja, uma piada fora de hora, descontexualizada da realidade, pois ninguem, nem os ingleses sabem o que irá ocorrer nos próximos 3 a 4 anos., afinal nem Faraje e Jonshon, acreditavam que iriam vencer, nem preparam-se para este “vencedor infortunio”.

            Mas tambem é uma verdade que o UK , durante estes 16 (dezesseis ) longos anos  das discussões entre Mercousl e UE, sempre foi o mais leniente, em relação aos pepinos agroindustriais, mas forçando bastante, até mais que a Alemanha em relação aos “serviços”, um item bem mais sério para um Acordo comercial do que a agricultura/pecuaria.

            No caso especifico agri/pecuario, in natura ou processado, a tendencia na UE é mesmo o que vc. afirma, um aumento do protecionismo, tanto alfandegario quanto o fitosanitário, pois alem da França e Espanha, nestes 16 anos outros atores entraram no processo, como os paises da Europa Central, tipo Polonia e fatalmente o Leste da Ucrania, alem da concorrencia privilegiada que a UE dá a paises da Africa ocidental, portanto quando negocia-se com a UE em produtos agricolas, tambem vc. esta negociando, por tabela, até com paises africanos, caso por exemplo até do Egito, de Israel.

             As vezes, na maior parte das ocasiões, acho que estes caras nunca negociaram com ninguem, só dão palpites genéricos, acreditam que negociar é postar no facebook, twittar, com base no que leram na wikipédia.

      1. Mais uma brilhante

        Mais uma brilhante intervençao sua.

        Sei que esta longo, mas peço por favor que vc me brinde com a leitura do meu artigo sobre Brexit.

        Quando escrevo, sempre anseio comentarios de gente como vc ou o Andre Araujo.

        Que mesmo quando discordam, contribuem muito com a enorme bagagem que tem.

        Abs, meu caro.

  2. livre pensar é só pensar

    Prezado Mauro os numeros bem torturados e as estatísticas chegam onde a gente quer, os números do vizinho também estão certos mas opostos, como ficam os alunos? Melhor perguntar para a Janaina 45 mil.

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