Saídas e Bandeiras, por Milton Nascimento

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Enviado por Antonio Carlos Silva

Saídas e Bandeiras – Milton Nascimento

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

2 Comentários

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  1. “O que voces diriam dessa

    “O que voces diriam dessa coisa que não dá mais pé?

    O que voces fariam pra sair dessa maré?

    O que era sonho vira terra

    Quem vai ser o primeiro a me responder?

    (…)

    Saidas e Bandeiras- Nascimento & Brandt

    A primeira versão da canção saiu no fantástico “Clube da Esquina”. Foi usada, praticamente, como vinheta.  A versão ampliada do vídeo foi gravada nos EUA com um timaço:

    Noveli- Baixo

    Toninho Horta- violão e guitarrra

    Robertinho Silva- Bateria e percussão

    Airto Moreira- Percussão

    Laudir de Oliveira-Percussão

    Hugo Fatoruso-Orgão e piano

    Herbie Hancock- Piano

    Wayne Shorter- Sax tenor e soprano

    Raul de Souza- Trombone

     

     

  2. Mas a ‘versão vinheta’ é mais quente e brasileira.

    Caro Luiz Gonzaga,

    Milton Nascimento estava numa fase explêndida. Aliás, desde que iniciou a carreira, em meados da década de 1960, até 1985, quando lançou “Encontros e Despedidas”,  Bituca não teve pontos baixos. Tudo o que le compôs, produziu e interpretou nesse período é de primeira. 

    Em relação à canção  “Saídas e Bandeiras”, que no melhor disco de música brasileira, o “Clube da Esquina”, aparece em duas pequenas partes, como vinhetas, a impressão que tenho  é de que a música não tinha sido terminada e foi colocada no LP porque os compositores e produtores acreditavam nela e também para compor o álbum duplo. Essa impressão ganha mais consistência se observarmos que a música Estrêlas (assim grafada na 1a edição do disco), de Lô e Márcio Borges, 4a faixa do Lado 2 do Disco 1 é, também, uma vinheta bem curtinha. Em entrevistas o próprio Lô mais de uma vez disse que o primeiro trabalho solo que a EMI pediu para ele gravar, naquele mesmo ano de 1972, é cheio de  vinhetas porque ele não tinha terminado de compor e arranjar as músicas e a gravadora o pressionava para lançar o disco.

    A gravação que você postou foi feita em 1976, nos EUA. Percebe-se que a canção foi retrabalhada e inseridos alguns versos que não havia nas duas ‘vinhetas’ que aparecem no ‘Clube da Esquina’. Em que pesem a excelência dos músicos e a qualidade técnica da gravação, achei lento e muito cadenciado o andamento dado à canção. Mesmo com o acréscimo de versos, a música não deveria durar mais do que 3min40s. Na versão gravada nos EEUU ela dura longos 4min45s. A inserção de metais (trombone e sax) descaracterizou a canção, tirando-lhe a brasilidade. Esse tempero agrada aos gringos e deve ter sido esse o motivo da mudança no arranjo.

    Além da qualidade técnica da gravação, das perfeitas vozes de Bituca (que vão dos baixos aos falsetes, sem qualquer esforço), da excelência dos músicos participantes, o que chama a atenção nesse disco é o baixo, tocado por Novelli. A ficha técnica mostra que foi usado ‘dobro’; deve se por isso que soam tão profundos. É preciso calibrar bem a agulha, para que ela não salte do sulco.

    Você falou de Milton, citando uma das canções por ele composta e lançada iniciamente no “Clube da Esquina”, o melhor disco de música brasileira até hoje produzido. Precisamos destacar todo o time que participou daquele álbum histórico e também o moleque que Milton convidou para com ele dividir o lendário disco: Lô Borges. Já em 1969, ano em que se noticiou a ida do primeiro homem à Lua, Lô compôs duas canções; a primeira delas, ‘Alunar’, em parceria com o irmão Márcio Borges; a segunda, ‘Clube da Esquina’, que viria a dar título ao álbum de 1972, em parceria com Milton Nascimento e com Márcio Borges. Há de se destacar que Lô tinha apenas 17 anos nessa época. Das 21 músicas do “Clube da Esquina” oito são composições de Lô, com parceiros.

    Outro aspecto fundamental do  ‘Clube da Esquina’ é que o álbum foi gravado em apenas dois canais, sem retoques. Exemplo extraordinário da competência e do momento iluminado em que estava aquela ‘patota’ é o registro da canção ‘Um Girassol da Côr do seu Cabelo’, gravada em tomada única, sem qualquer retoque ou edição, com  arranjo do genial Eumir Deodato. A baixa intensidade do registro do piano decorre dessa limitaçao técnica, pois parece ter sido captado com apenas um microfone e gravado juntamente com os vocais de Lô. Observa-se o mesmo tipo de limitação na captação/microfonação do violão na canção ‘Cravo e Canela’.

    Boa a sua idéia de colocar a boa música brasileira em discusão no blog. Isso dá uma aliviada nesses tempos sombrios, trágicos, violentos e de desesperança que se abateram sobre nosso País.

    Meu abraço.

     

     

     

     

     

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