Sala de Visitas aborda dilemas do PT após a queda de Dilma

Nesta edição: autor de “À sombra do poder” fala dos bastidores da crise; Luiz Marinho comenta a derrota do PT nas urnas e, ainda, bloco musical com Ione Papas 
 
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Jornal GGN – Nesta edição abrimos com uma entrevista de Rodrigo de Almeida, que acaba de lançar “À sombra do poder”, livro que conta os bastidores da crise e descreve os episódios que marcaram a vida no Palácio da Alvorada no segundo e conturbado mandato da presidente Dilma Rousseff. 
 
O jornalista, escritor e ex-secretário de imprensa da Presidência conta a Luis Nassif um lado de Dilma pouco explorado pela imprensa brasileira. “Ao longo da crise, como um todo, talvez aquilo que mais chama atenção, e isso é possível perceber no livro, é uma imensa fortaleza, porque ao redor dela muitos caíam, caíam por exaustão, por estresse, por crises sucessivas, por problemas físicos ou por denúncias, mas caíam. Ela não”.
 
Almeida descreve também a luta do governo de então em tirar o país da crise. “A grande ilusão dos meus dois chefes, a presidente Dilma quanto o ministro Joaquim Levy, é que o Congresso entregaria o ajuste [do pacote econômico no tempo e no ajuste que eles imaginavam”. O diagnóstico não se cumpriu e, o balanço final que circulou, até o último momento em que o jornalista acompanhou na Fazenda, é que os planos econômicos falharam ou porque o governo não foi radical o suficiente ou porque o Congresso não permitiu o Executivo avançar nesse sentido. Almeida destaca, ainda, a crise vivida pela própria presidente. 
 
“Ao mesmo tempo sentia a presidente Dilma nesse pêndulo, entre a busca da credibilidade e confiança junto ao empresário e mercado, e atender uma pressão que foi crescente por parte da esquerda e por parte de alguns setores, inclusive o produtivo”.
 
No segundo bloco desta edição, Luis Nassif recebe na sala de visitas Luiz Marinho, político do PT de origem sindicalista que este ano conclui o segundo mandato na prefeitura de São Bernardo do Campo. Marinho avalia o resultado das eleições municipais de 2016, onde o PT perdeu prefeituras em redutos históricos do partido, como a própria SBC onde quem ganhou a eleição neste ano foi Orlando Morando, do PSDB.
 
“Nosso partido sofreu uma grande derrota agora. Mas a pergunta é quem foi o vitorioso, porque se você olha, por exemplo, no Estado de São Paulo a princípio o grande vitorioso foi o governador Geraldo Alckmin. A pergunta é: será? Porque infelizmente o que a gente observa é que essa eleição foi a eleição de que quem decidiu foram as minorias. Pega o Dória, em São Paulo, quantos por cento do eleitorado da capital João Dória teve? Não chegou a 30% do eleitorado, foi 27%. Onde está a maioria?”, ponderando que a grande massa ficou ausente das urnas. Logo, o desafio do Partido dos Trabalhadores é retomar o diálogo com a sociedade, insatisfeita com o modelo político atual. 
 
Marinho chama atenção para o risco que o país corre, nos próximos anos, caso os partidos políticos à esquerda não consigam atender aos anseios da população, que é o fortalecimento de novas lideranças de raiz extremista conquistando o espaço que poderia ser ocupado por políticos progressistas. E esse quadro se torna mais nítido com o desgaste do governo Temer. 
 
“As lideranças que estão em torno dos partidos aliados ao Temer buscam, eventualmente, sucedê-lo, mas eu não descartaria uma possibilidade de um Serra, por exemplo, passando para o PMDB buscando disputar”, avalia. 
 
Ele respondeu também às críticas feitas ao PT de não saber se abrir às novas lideranças de esquerda e a insensibilidade do partido de não ter entendido os primeiros movimentos de 2013. 
 
“Não sei se é lentidão do PT ou se dificuldade do governo, porque os movimentos de 2013 nasceram por encaminhamentos de governo, de hora errada de uma correção tarifária, a insensibilidade para debater os reclamos da sociedade em relação aos desafios, os erros cometidos durante o governo que levou a um processo de aguçamento da economia, talvez o excesso de isenção fiscal que depois levou à falta de recurso orçamentário para poder dar conta das demandas geradoras de emprego. Isso levou a um agravamento da economia, e no agravamento da crise da economia abriu-se uma frente de crise política”.
 
Por fim, no último bloco, Nassif recebe a cantora Ione Papas, acompanhada de Paulo Ribeiro no violão e Denilson Oliveira na percussão. Ione se destaca como sambista, estudou teatro e canto, começando a cantar nos bares de Salvador. Em 1989 venceu o concurso Novos Talentos, promovido pela gravadora Dabilú Discos, Rádio Musical FM e Moinho Santo Antônio, interpretando Noel Rosa. Seu primeiro CD, Noel por Ione, foi lançado em 2000. 
 
Assinantes do GGN têm acesso à entrevista completa de Ione Papas.
 
                   
 
Redação

3 Comentários

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  1. Frágil

    Frágil, a entrevista. Ou bate-papo. Como aperitivo para o livro, não seduz. Francamente, não dá para acreditar que coisas como “temperamento da presidenta”, “grupos de trabalho”, “processos de gestão”, “ministros assim ou assado”, “boa vontade” possam explicar o Golpe.

      

  2. O PT CAIU NUMA ARMADILHA

    Ao votar contra a PEC das 10 medidas de corrupção os deputados do PT podem ter dado ao Temer uma oportunidade de ouro perante a opinião pública DESINFORMADA para ele sair de herói e esvaziar qualquer tentativa de pelo menos a curto prazo tirá-lo do poder. Temer não tem muito o que perder e consequentemente essa oportunidade do veto veio numa hora que nem ele esperava. A seu favor ficarão o PSDB que não é bobo e votou contra as emendas, a opinião pública(maioria) desinformada, e a justiça fator primordial para isentá-lo de culpa num eventual processo. Ao PT resta a burrice de alguns dirigentes e a sina de sempre votar contra os projetos que punem a corrupção. Ou seja, os dividendos no caso de um veto à lei são bem maiores para Temer do que a suas perdas por eventual sanção. Escrevam se não é isso o que vai acontecer.

    1. O país está em estado

      O país está em estado semelhante a embriaguez. Quando voê tem um amigo bêbado, a única coisa a fazer e tentar evitar que ele faça algo que se arrependa. 

      As 10 medidas contra a corrupção são ditatoriais. O PSDB vota contra as emendar justamente por que esses poderes ditatoriais nas mãos de seu aliado vão permitir ao PSDB perseguir seus inimigos via judiciário.

      Existem uma guerra entre pessoas que elegemos x pessoas que não elegemos pelo poder. O PSDB está do lado das que não elegemos pq imagina controlar o judiciário. 

      A dúvida é. O PSDB controla o Judiciário, usando o para perseguir inimigos e para atingir seu projeto de poder ?? Ou o Judiciário comanda o PSDB, em um arranjo parecido com o arranjo ARENA/Militares, um arranjo civil/institucional, no qual quem mandava eram os institucionais, as Forçar Armadas ??? 

      Saber quem é “o cabeça” da relação (Como os evangélicos machistamente denominam o homem no casamento) é fundamental.

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