Aquiles Rique Reis
Músico, integrante do grupo MPB4, dublador e crítico de música.
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Sambista, graças a Deus (II), por Aquiles Rique Reis

Semana passada, comentando o disco cantado do compositor, violonista e cantor Alfredo Del-Penho, eu informei que ele lançara dois CDs. Assim, hoje irei de Pra Essa Gente Boa (independente), álbum instrumental de Alfredo ao qual irrompo em aplausos.

O CD, para o qual ele fez os arranjos, abre com “Pra Essa Gente Boa” (Alfredo Del-Penho). Ao som da percussão, com destaque para tambor e tamborim (Thiago da Serrinha), o samba começa com Alfredo dando uma de Gilberto Gil em “Aquele Abraço” (Este samba vai pra…), exaltando Moacir Santos, João Bosco e Pedro Paulo Malta. A seguir, o violão (Alfredo Del-Penho), mais o cavaquinho (Luis Barcelos), o sax (Edu Neves) e a flauta (Marcelo Bernardes) acompanham o bamba num belo canto sem letra. O coro entra e a vivacidade do arranjo de Alfredo cresce. Segue-se um solo curto do sax, que logo cede a vez a um improviso da flauta. Apoiado pelos instrumentos, o coro leva o canto à frente. Com o violão e o ritmo, o sax volta a protagonizar. Retorna a flauta. A cozinha segura as pontas. O coro retoma o canto. A flauta e o sax dão-lhe sustança, enquanto se revezam em solos. E assim vão.

O CD rola e chega a “O Panda na Idade da Loba” (ADP), samba suingado que se inicia com o belo som do clarone (Rui Alvim). Entram tamborim (Netinho Albuquerque) e trompete (Aquiles Moraes), mas a luz segue com o clarone. O sax (Pedro Paes) entra na roda tocando a melodia. Sax e clarone solam. O naipe de sopros faz a cama para eles. O embalo é forte. Novos improvisos do clarone e do sax. Com um solo, o sax abre a porta para o trompete. A ritmo, clarone e sax se esbaldam. O ritmo volta. Cada um no seu quadrado, trompete, clarone e sax improvisam e entregam pro cavaquinho arrepiar. O sete cordas de Alfredo chega junto, a percussão adere, revezando-se em improvisos… Meu Deus!

O Quarteto Maogani de violões é responsável pela interpretação da valsa “Olhos Castanhos”,  uma das músicas mais belas de Alfredo Del-Penho. Sacando à perfeição a singeleza do tema, as mãos dos meninos do Maogani voam pelas cordas de seus instrumentos. Coisa linda!

“Paulino Dança” (ADP) tem a percussão de Paulino Dias, a quem a música é dedicada. Em meio ao som dos naipes de cordas e de metais, impulsionados pelo ritmo que os conduz, eis que surge, imponente e linda, a voz de Áurea Martins, num improviso porreta. Seu canto ao final da música é lance dos mais belos.

Em “Lugar Comum” (ADP), destaque para o sete cordas de Alfredo e para o clarinete de Joana Queiroz – ela que, junto com ele, é diretora musical do CD.

“Carlinhos Camará” (ADP) tem as bonitas vozes de Joyce Moreno e Zé Renato em animada conversa entre si e com o violão de sete e a bateria de Carlos Cesar Mota, a quem Alfredo dedica a música.

 “Suíte Pra Mari Sambar” (ADP), com quatro movimentos arranjados por Itiberê Zwarg e tocados por ele e seu grupo, fecha o álbum de Alfredo Del-Penho. Final que faz jus a um disco digno de aplausos em pé.

Aquiles Rique Reis, músico e vocalista do MPB4

Aquiles Rique Reis

Músico, integrante do grupo MPB4, dublador e crítico de música.

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