Santana à PF: melhor checar antes de obrigar uma pessoa a se defender de jornais

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – O marqueteiro João Santana, responsável por campanhas eleitorais do PT, divulgou no último final de semana a entrevista que concedeu ao repórter da Folha de S. Paulo sobre um inquérito da Polícia Federal que apura a internação, por meio de duas empresas dele, de US$ 16 milhões de Angola para o Brasil em 2012. A PF acredita foi uma operação de lavagem de dinheiro para beneficiar o PT. Na reportagem, a Folha escreveu apenas que Santana nega ilegalidades.

Santana, imediatamente, dispôs em seu site todos os documentos que possui em sua defesa, ressaltou que entrada de seu pagamento foi acompanhada pelo Banco Central e registrada por outras autoridades e explicou que a campanha de Angola e do PT em 2012 não têm ligações.

Para ele, a Polícia Federal tem todo o direito de investigar quem quiser, mas seria prudente que a corporação checasse todas as informações antes de vazar um caso não concluído para a imprensa. “Essa acusação não vai dar dois passos e se manter em pé, porque ela parte de premissa falsa e se baseia em interpretações absurdas”, disse. Ele também indicou que vai cobrar danos morais pelas acusações.

Do portal Polis Propaganda

Respostas às perguntas enviadas pelo repórter Mario Cesar Carvalho em 30 de abril de 2015.

1. A PF abriu um inquérito para apurar por que a sua empresa trouxe US$ 16 milhões em 2012 de Angola, numa operação em que a polícia e procuradores suspeitam de lavagem de dinheiro. Faz algum sentido essa suspeita?

R – Trata-se de operação totalmente legal e transparente de recursos que ganhamos na campanha presidencial de 2012, em Angola, na eleição do atual presidente José Eduardo dos Santos. Além de ter produzido todas as peças da campanha, a Pólis também elaborou o planejamento estratégico das atividades do partido angolano. O pagamento pelos serviços foi realizado por transferência bancária entre uma conta do cliente, o MPLA, no Banco Sol, para uma conta da Pólis, no mesmo Banco Sol, em Luanda. A nossa conta foi aberta neste banco para este fim específico. Posteriormente, a Pólis transferiu os recursos para o Brasil, mais especificamente para o banco Bradesco, em Salvador, Bahia, onde fica a nossa matriz. A transferência bancária foi feita via BACEN e seguiu estritamente as normas nacionais e internacionais, além de ter sido acompanhada par e passo pelo compliance do Bradesco.

2. O inquérito cita que sua empresa pode ter sido usada para trazer recursos para a campanha do então candidato a prefeito de São Paulo pelo PT, Fernando Haddad. Há alguma ligação entre a internação e a campanha?

R – Isso é puro non sense. O contrato da Pólis com a campanha de Haddad foi de R$ 30 milhões, integralmente pagos pelos fundos da campanha e verbas partidárias do PT. Temos notas fiscais e depósitos que comprovam isto. Valor totalmente de acordo com os preços do mercado. Para você ter uma idéia, os serviços de marketing de José Serra, na mesma campanha de 2012, somaram R$ 32,6 milhões. Eu recebo dos meus clientes. Não pago meus clientes. Lamento que esteja no meio desse furacão, que pode me trazer, injustamente, graves prejuízos. Mas não vou fazer o papel de coitadinho. Farei aqui o que sempre achei certo. Adotarei a transparência. Coloquei um endereço na internet com todos detalhes e os documentos dessa transação. Depois de ler esta reportagem, qualquer pessoa pode acessá-la através dos endereços www.polispropaganda.com.br ou www.averdadesobreapolis.com.br

 3. Duas empresas suas cobraram US$ 20 milhões do MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) pela campanha de José Eduardo dos Santos à Presidência em 2012. Onde foram gastos ou aplicados os outros US$ 4 milhões?

R – Despesas fiscais e operacionais realizadas em Angola. Tudo de acordo com a lei. A Pólis é a empresa brasileira de marketing politico de mais expressão internacional. Cobra o que o seu trabalho vale. Campanha política pode ser cara e pode ser barata. Pode ser boa e pode ser ruim. Dificilmente será boa e barata. Os custos são muito altos.

4. Analistas econômicos dizem que é atípico um empresário internar US$ 16 milhões por conta dos impostos que se paga no Brasil e pela burocracia. Por que você trouxe os recursos de Angola?

R – Como a Pólis não está estabelecida em Angola, não havia sentido em manter esses recursos por lá. Trouxe os recursos para o Brasil, país onde vivo, invisto e recolho impostos. A maior parte deste dinheiro continua depositado e aplicado em nossas contas. As únicas saídas foram para pagamento de empresas fornecedoras ou parceiras, todas elas estabelecidas e respeitadas no mercado. Como também para outras despesas normais da empresa e de seus donos. Não houve nenhuma saída injustificada. Não há nenhuma saída que possa ser classificada como suspeita, por qualquer critério que se queira adotar. Qualquer auditoria pode comprovar isso. Abro mão espontaneamente do meu sigilo bancário e de minhas empresas e desafio que se prove o contrário.

5. Quanto você pagou de imposto para internar os US$ 16 milhões?

R – Exatos 6 milhões e 290 mil reais. Aliás, sempre pagamos integralmente nossos impostos. Não me surpreenderia se a Pólis for, na sua especialidade, a empresa que mais pague impostos no Brasil. Somos uma empresa totalmente transparente. Nunca tivemos contas de governo no Brasil, uma raridade, diga-se de passagem. Apenas fazemos campanha política – e bem feita, como mostram os resultados.

6. Houve algum questionamento de bancos ou autoridades na entrada dos recursos?

R – Não houve questionamento porque, em nenhum momento, surgiram dúvidas quanto à correção do processo. Cumprimos as exigências de praxe, altamente rígidas e burocráticas: nos foi pedida uma extensa documentação que comprovasse a legalidade da origem dos recursos. A documentação foi apresentada, rigidamente checada e aprovada. Gastamos meses nestes trâmites burocráticos. Inexiste qualquer irregularidade nesta transação.

7. Por que uma de suas empresas, a Polis Caribe, tem sede num paraíso fiscal? 

R – A Polis Caribe tem sede e clientes na República Dominicana, um país com regime fiscal bastante rígido e ortodoxo. Nunca foi, nem é um paraíso fiscal.

8. Além dos US$ 16 milhões trazidos em 2012, as suas empresas já internaram valores que você ganhou em outros países? Você poderia citar valores, datas e o país de origem?

R – Todas as outras campanhas feitas no exterior foram contratadas e realizadas por nossas empresas do exterior. Os recursos estão depositados e aplicados naqueles países, tudo de acordo com as leis nacionais e internacionais. Estruturamos sempre nossas campanhas em função da realidade em cada país. Em todas as campanhas que fizemos foi mais adequado e menos burocrático tocar o projeto com uma de nossas empresas no exterior. No caso de Angola, nossa equipe de administração entendeu que valeria mais a pena firmar contrato por nossa empresa brasileira. Assim fizemos. Angola não tem uma longa tradição bancária, de forma que os investimentos que oferecem não são tão vantajosos. Por esta razão, e por nossas necessidades, entendemos que era o caso de transferir os recursos ali recebidos, devidamente tributados e declarados no imposto de renda.

9. Um dos fatos que a PF trata como suspeito é o fato de você ter feito um plano de previdência de R$ 2 milhões para seus filhos. Por que fez essa aplicação? 

R – Fiz isso na condição de homem livre, honesto e pai atento ao futuro dos meus filhos. Eu e minha mulher somos proprietários únicos de nossas empresas. Não teríamos, nesta condição, liberdade de investir em previdência e seguro para nossos herdeiros legítimos? De optar livremente por um tipo de aplicação que traz, inclusive, benefícios fiscais indiscutíveis? Não existe investimento mais conservador, mais óbvio, mais adequado do que a previdência privada. Não se trata de especulação. Trata-se de um cuidado normal dos que pensam no futuro e confiam no país em que vivem. O que isso tem de suspeito? Que ilação estúpida e absurda é essa? Em que pais e regime jurídico nós estamos?

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

24 Comentários

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  1. Que pergunta calhorda foi
    Que pergunta calhorda foi ess? “Um dos fatos que a PF trata como suspeito é o fato de você ter feito um plano de previdência de R$ 2 milhões para seus filhos. Por que fez essa aplicação?”. Outra coisa, a PF quer culpar a empresa por pagar impostos? Não seria normal desconfiar de quem não paga, por exenplo, a Globo.

  2. E ………………………………………

    Quando se lê uma reportagem como esta, tem-se que fazer um enorme esforço para não sair do sério.

    Nesta zona total em que se transformou a PF, MPF, RF,STF e outros, fica-se com a imprenssão de que este não é realmente um pais sério! Ou melhor, comandado por gente séria!!!

    Quando se tem o compromisso de se fazer a coisa certa, passa-s a ser suspeito, pois a grande maioria não o são e fica-se nesta desconfiança de que ltudo e todos são a mesma porcaria!!

    O Brasil e os brasileiros sérios, mereciam melhor sorte!!!

    PS.: porque a PF não, com a obrigação de ser investigativa, não investiga o rombo de bilhões de reais que são remetidos aos paraisos fiscais e a grande evasão de divisas que as corporações fazem quase que diariamente!  

    Se querem investigar, que o façam, mas com responsabilidade e ética, não atabalhoadamete conforme temos visto!!!!

    Depõe contra ela mesma, este tipo de ação irresponsável. Infelizmente !!!!!!!!!!!!!!!!

  3. alo policia federal……….

    tambem sou suspeito, pois desde ano 2000, tenho um plano de previdência privada……….

    valor R$ 80.000,00

    afinal segundo o jornal, ou istoé……………….quem faz plano de previdência privada é suspeito de sonegação…………pausa para gargalhar.

  4. Muito bem,o João Santana já respondeu,o Lula já Respondeu,agora,

    PF,me responda:De quem é,aqueles 450 quilos de cocaina que estavam no helicóptero dos Perrellas?Por gentileza.

    1. É a pergunta que não quer calar…

      E também, quem era o dono do jatinho em que Campos acidentou-se?  Há uma outra mais recente: Já “acharam” o delator do Sr. Anastasia, que foi liberado pelo juiz Moro? São tantas perguntas… Será que os ” Implicantes” saberiam responder?

  5. Os Coxinhas avançam pra dentro das instituições do Estado

    Os coxinhas vão pedir o enforcamento sumário.

    E é bem capaz de algum Tribunal de Exceção, inclusive o da velha imprensa encampar a idéia.

    Onde já se viu internarnalizar recursos ganhos no exterior. 

    Coisa não usual, fugindo totalmente das melhores praticas contábeis.

    Fogo nele! De preferência em praça pública. 

  6. É lamentável o que vimos

    É lamentável o que vimos assistindo neste país. É lamentável a partidiarização da PF e do MPF. É lamentável essa postura cretina desse repórter cretino e suas perguntas cretinas. isso virou um filme de terror? todos os que cercam o PT são suspeitos de irregularidades? O que é que é isso, companheiro? 

  7. Nesse jornal, não há pergunta e respostas. Há conclusões!

    Qual a razão para se continuar a conceder entrevista à Folha e afins?

    1. A que ponto chegamos…

      Quem diria que chegaríamos ao absurdo de brasileiros terem que se defender dos jornais?  Antigamente tínhamos que nos defender dos criminosos! Logo, percebemos que os criminosos hoje são outros e muito mais perigosos. Quem está por trás desses permitidos ataques?  Toda liberdade implica em responsabilidade. E todos os que sem provas, estão comentendo o crime da calúnia, deveriam ser chamados à resposabilidade pela justiça. Chega de PERSEGUIÇÔES! 

      1. É preciso saber quem são os

        É preciso saber quem são os investigadores que vazam informações para os jornais e responsabiliza-los impetrando ações  judiciais.

  8. Entrevista maliciosa com objetivo óbvio e previsível…

    O mais triste dessa entrevista é a (falta de) qualidade das perguntas que geraram respostas mais apropriadas à perguntas que crianças costumam fazer para adultos… Um despreparo – e falta de conhecimento primário das nossas leis – completo que apenas demonstra cabalmente o tipo de jornalismo que é praticado hoje no Brasil e cuja maior finalidade é apenas gerar manchetes que serão postadas à exaustão (pelo cupinzeiro reacionário) no Facebook. 

  9.  
    Com o baiano “Patinhas”,

     

    Com o baiano “Patinhas”, como é conhecido na Bahia o publicitário João Santana. Os crápulas que prestam serviços sujos para a não menos suja e desonesta imprensona jaboticaba, quebraram as fuças imundas.

    Os canalhas estão habituados em tratar com empresários desonestos, sonegadores e cafajestes. Dai, imaginam que todos são desonestos. João, não deixe por isso mesmo, corra atrás meta processo neles todos. Seja polícia federal safado, jornalista idem, dono de jornal, revista, rádio e TVs. Aporrinha a vida desses cafajestes.

    Orlando

  10. Impetrar processos judiciais

    Impetrar processos judiciais por danos morais e materiais contra delegados da PF e procuradores do MP seria uma das formas de responsabilizar os investigadores, submetendo-os as leis do país e evitando os assassinatos de reputações.    

  11. O diacho desse processo por

    O diacho desse processo por danos morais é que quem vai pagar a fatura é a PF, que não fiscalizou direito seus subordinados e em última instacia o contribuinte é que arca com as despesas.

    Mas é um processo justo, tomara que ganhe o João. O ideal seria que a PF descobrisse quem vazou a informação e lhes apresentasse a fatura, aí eles aprenderiam a respeitar os tramites legais.

    Só aprenden quando dói no bolso.

     

  12. marqueteiras

    Quer dizer que o marqueteiro do PT é o mesmo do Zedu, chefe da famiglia Santos, sob o qual  pesam acusações de mil e uma falcatruas?

    O mesmo Zedu que , na hora de justificar a grossa corrupção em Angola – da qual sua parentela enormemente se beneficia – , apelou para Marx e saiu-se com esta: “A acumulação primitiva do capital nos países ocidentais ocorreu há centenas de anos e nessa altura as suas regras de jogo eram outras. A acumulação primitiva de capital que tem lugar hoje em África deve ser adequada à nossa realidade”.

    Tudo bem, não é crime fazer a campanha do Zedu, mas, decididamente, não é um bom marketing.

    1. Marketeiro

      Ele é marketeiro, e faz seu trabalho, assim como qualquer empresário, vende seu peixe. Se ele for escolher um polítcico honesto para trabalhar, vai ficar pobre, ou então arrumar outro trabalho.

  13. “Analistas econômicos dizem

    “Analistas econômicos dizem que é atípico um empresário internar US$ 16 milhões por conta dos impostos que se paga no Brasil e pela burocracia.”

    Ou seja, típico é sonegar impostos e evadir divisas.

    Cumprir a lei é muito suspeito.

    Bom saber.

  14. Poeta é profeta

    Canção de João Santana (vulgo Patinhas), do Bendegó, ótimo grupo musical baiano, nos anos 70. 

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=SR0_XSJhvkA%5D

    Celacanto e o alucinante Lerfamu
    Perdigoto e o gostoso Andarju
    Se juntaram pois sacaram que Cocrátes
    Tava doido e queria destruir o país do Uirapuru
    nem de longe foram lá nas faculdades
    nem quiseram bater papo com os monges
    se picaram pra mais alto que o planalto
    donde a fera do futuro inda preparava o salto
    Cocrátes já tinha um belo escrete
    onze bombas de megatons de chicletes
    já roubara todo o ar da Amazônia
    todo dinheiro paulista e a força fome dos nortistas
    Celacanto partiu lá do Nordeste
    da taba dos índios mais agrestes
    armou-se com os achés dos candomblés
    e com loucos capoeiras que nem usavam os pés
    Lerfamu com o furor de um tufão
    foi levado por mulheres em legião
    que faziam amor e guerra com amor
    e noite após noite, davam luz a um novo lampião
    por milagre, por azar ou que quiser
    foi de novo igual a Itararé
    pois Cocrátes, megatons e comilões
    Morreram de medo e sede lá nos confins do Sertão

     

  15. FOLHA TA DEFINHANDO…

    Assim como o Estadinho, a Veja, Epoca, IstoÉ… tão no finalzinho. O padre já tá correndo para dar extrema unção para as famílias proprietárias. Que não precisam chorar pelo doente. Estão com uma boa graninha guardada lá fora!

  16. Aqui no Brasil, qualquer

    Aqui no Brasil, qualquer milionário vira alvo da imprensa. Absurdo isso. Vamos cuidar de nossas vidinhas e deixar os ricos cuidarem do Brasil.

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