Só a conversa de bêbado salva o Brasil, por Xico Sá

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Áudios das conversas de Joesley Batista
Foto: JOÉDSON ALVES EFE

Enviado por Gilberto Cruvinel

Por Xico Sá

Na vida pública ou privada, nos negócios ou no amor, nada como o sincericídio para resolver a história

do El País

O Joesley falou para não levar em conta sua conversa com o caro amigo Ricardinho. Conversa de bêbado, disse o açougueiro viciado em comprar arrobas de autoridades no pasto seco de Brasília. Como não levar a sério uma prosa bêbada, colega, seria o mesmo que jogar fora toda a sabedoria de Freud sobre o inconsciente e seus labirintos. Um bêbado com direito às benesses da delação premiada, então, nem se fala. Tem mais crédito ainda no mercado. Mesmo bebendo seu uísque com um axé ao fundo. 

Nada contra o axé da Ivete, Joesley, é que prefiro os bêbados mais tristes, são mais confiáveis, os bêbados que afogam as mágoas com um brega do José Ribeiro ou uma moda sofrida de Tião Carreiro e Pardinho. Também soaria supimpa e irônica, no quase monólogo do rapaz da Friboi, uma trilha de ópera buffa ou um rock-sacanagem do grupo Velhas Virgens.

Porque só conversa de embriagado merece crédito neste momento do país. Na frente do juiz, sai tudo muito ensaiadinho, nem sempre beira a verdade, o cara só pensa em se livrar do frio xilindró de Curitiba. Com ajuda do álcool, a narrativa faz mais sentido — e repare que nem apelei, até agora, para as frases do Hemingway sobre o tema, seria covardia estética.  

O certo é que a realidade não passa de uma ilusão provocada pela falta de bebida. Daí a importância de embebedar todos os nossos destemidos delatores. In vino veritas; no uiscão, entonce, vixe. Só discordo na idade, caro Joesley, sei que você não bebe abaixo dos 25 anos de envelhecimento. Confesso que foi o Drury´s, sóbrio leitor, que me fez libertar a prosa mais guardada e existencialista. O sincericídio, em matéria de embriaguez, não carece de mais de oito anos no barril das verdades encobertas.

Continue a leitura aqui.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

6 Comentários

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  1. O preço da garrafa

    Joesley e Saud devem estar considerando o preço dessa garrafa de Wishki ( é assim que escreve?) a mais cara que já tomarm em suas vidas. Alguem sabe a marca?

    Deve ser mais eficiente que o soro da verdade.

    Por isso que não tomo essa bebida, prefiro uma canhacinha curtida com canela e só bebo para dormir, quando ninguem nos houve. 

  2. Danou-se a credibilidade de

    Danou-se a credibilidade de Janot depois daquela foto de boteco com ele e o advogado dos Batistas. Um caso fora dos padrões exigidos a uma autoridade, que está há dias escrachando pessoas e o PT de Lula, sb convicções à lá Dallagonol. 

    Procuradores e juízes brasileiros partem pra uma promiscuidade inimaginável em qualque país que se prese. 

    Um dia é Moro brincando como crianças ao lado de Aécio e Temer, sob investigações; no outro, temos tido Gilmar que não se cansa de cagar na cabeça do povo, em idas e vindas para o Jaburu, sem agendamento do presidente golpista, sempre com alegações tão ou mais fajutas que as de Janot e o advogado no tal boteco.

    Numa sucessão, o que se assiste no Brasil são cenas horrorosas de falta de respeito de todas as autoridades que tinham por dever dar bons exemplos de ética e moralidade. Confundem a cabeça de todos, e nos levam a descrer em qualquer ato nobre que possa ainda surgir no curso dos dias foramdores do futuro próximo. 

    Enquanto a bandalheira de muitos politicos vai passando em branco, sem investigações e tão pouco prisões – refiro-me em especial aos tucanos e demistas -, sucede a Lula, Dilma, e o PT mais denúncias pequenas, requentadas, com força maior porque Moro irá mais uma vez exercitar sua forma de aparecer de estrelar para os que creem em sua lisura.

     

  3. Não dá pra brincar mais.

    Não dá pra brincar mais. Estão censurando obras de arte. O buraco desse país não tem fim. Não é mais comédia,é tragédia.O campo de concentração de Dachau já esta aberto em Curitiba. Espaços democráticos como esse blog estão sendo invadidos. Só falta as milicias invadirem as nossas casas.  

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