Sobre o terrorismo midiático com a questão fiscal

Confesso certa dificuldade em entender a nova linha do Valor Econômico.
 
As reportagens continuam objetivas, com bom nível de informação. Mas a linha de chamadas na primeira página e, especialmente, a posição de alguns analistas da casa são frequentemente exageradas, quase terroristas. Parece que o jornal fica equilibrando-se entre atender os acionistas e manter a objetividade – mas cada vez menos tem conseguido isso.
 
Confira-se a seguinte análise do jornalista Cristiano Romero, que tem caído sistematicamente no jogo retórico do segundo escalão do mercado:
 
“Os mercados indicam que acabou a trégua das últimas semanas em relação ao Brasil. O clima de quase tranquilidade durou pouco. Dólar e juros futuros, dois mercados onde confiança é a principal mercadoria, se moveram fortemente nos últimos dias, e para o lado ruim. A motivação é a mesma: a falta de credibilidade da política fiscal”.
 
(…) “O que os números dos últimos dias mostram é que o nervosismo voltou. Em apenas nove dias, o dólar saiu de R$ 2,18 e foi a R$ 2,28 e o juro futuro (swap pré de 360 dias) já está num nível mais alto que o do pior momento da recente turbulência – 10,59% ao ano”.
 
Está-se no mesmo movimento especulativo de meses atrás, em torno das apostas no fim dos estímulos monetários do FED.
 
A análise prossegue, como se o país estivesse a dois passos do abismo.
 
No mesmo dia, em matéria objetiva, “Menos é mais”, o mesmo Valor mostra como quem apostou contra o real quebrou a cara e como os fundos estão deixando de lado esse jogo.
 
“Foi um ano de mudanças radicais no mercado, a recuperação não foi fácil”, diz d’Agosto. O primeiro baque para os multimercados, diz, veio em maio, com a quebra da expectativa de que o governo seria mais leniente com a inflação. O segundo veio em setembro, com o anúncio do Fed.  (http://www.valor.com.br/financas/3328906/menos-e-mais#ixzz2jtIElxxS).
 
Ao contrário do que diz Romero, os gestores de fundo informam terem parado de apostar contra o dólar porque o Banco Central os convenceu de que não será leniente com a inflação. É a mesma posição do Fundo Gávea, de Armínio Fraga.
 
E o que diz o maior banco privado brasileiro, o Itaú? Que as críticas à política fiscal e o mero risco de piora na classificação de risco já fizeram o governo corrigir o rumo. 
 
No seu relatório de hoje, as projeções são as seguintes:
 
* Elevamos a projeção para o superávit primário em 2014 de 1,1% para 1,3% do PIB. Para 2013, mantivemos em 1,7% do PIB, dada a piora recente. 
*
* Projetamos menor crescimento das despesas de investimento e custeio nos próximos anos.
 
*  O adiamento da redução dos estímulos monetários nos Estados Unidos e a perspectiva de uma queda menor do superávit primário em 2014 reduzem a pressão sobre o câmbio (o oposto do que diz Romero).
 
* Os dados orçamentários do governo central apontam para uma gradual recuperação das receitas tributárias. 
 
* Os estímulos parafiscais, especialmente os aportes de recursos do Tesouro aos bancos oficiais, começam a dar sinais de desaceleração em 2013. (…) Embora a postura parafiscal como um todo ainda seja expansionista, os impulsos creditícios – medidos como porcentual do PIB – vêm mostrando tendência de diminuição, especialmente ao longo deste ano.
 
Pergunto, então: qual o universo de pesquisas de Romero para suas conclusões?
Luis Nassif

25 Comentários

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  1. Que boa notícia o Dólar

    Que boa notícia o Dólar voltar a subir, ruim seria se ele aproximasse dos R$ 2,00 num cenário acirrado internacionalmente.

    Grau de investimento A não traz nada de importante para a nação, o que traz é: 

    – Renda subindo

    – Pleno emprego

    – Industrialização

    – Mais nacionalização da economia

    1. Quanta ingenuidade ou falta

      Quanta ingenuidade ou falta de informação.

      O Brasil se financia  com dinheiro dos outros que cobram juros conforme o risco.

       

      Simples meu caro.

      O problema que cada vez mais o governo faz dívidas e o dinheiro nao reverte em benefícios reais.

  2. Jogo é jogo

    Uai, o terrorismo de setores do mercado, que a mídia repercute, não é uma jogada visando ganhar dinheiro especulando com dólar ou o que for? O Valor repercute os dois lados: os que apostam na queda do real e os que apostam na subida. Romero serve de porta-voz, voluntário ou não pouco importa, destes últimos; o outro repórter dá voz aos primeiros. Se o Valor dá mais ênfase aos terroristas, é que “$impatiza” mais com eles. Tem outra explicação?

  3. Esta’ bom, que pena!

    A leitura é simples: infelizmente as coisas andam muito bem e é preciso dizer que não, senão o patrão dá uma bronca.

    A manchete é do patrão, vai tudo mal, o que não impede que eu escreva na matéria que as coisas vão bem; ele não vai ler mesmo.

    Esta é uma constante de jornalistas que ainda tem algum limite para mentir. Alguns nem isso.

    O pig não se aguenta com tanta corrupção. Seus cupinhas vão acabar descobrindo que estão se vendendo por nada. Veja o caso da crítica interna da folha e da miriam leitão.

    Aproveitando o espaço: alguem se lembra da “felicidade e bom humor” do fhc ao assinar o Proer. Para mim ficou gravada a sua imbecilidade e cretinisse. Ele achou uma grandeza dar dinheiro do país que ele quebrou para banqueiros para que eles não quebrassem.

  4. Taxa Selic: onde está o rombo,

    Matéria escrita  por José Dirceu. Veja como ele tem razão,

    OS MILHÕES DESVIADOS PELA QUADRILHA DESARTICULADA PELO “XERIFE”
    HADDAD É COISA DE LADRÃO PÉ DE CHINELO PERANTE A POLÍTICA MONETÁRIA DE ELEVAÇÃO DA TAXA SELIC. TUDO LEGALMENTE , CLARO.

    A mais recente fala do governador do Ceará, Cid Gomes, sobre os juros chama atenção para os efeitos devastadores das altas taxas nas contas do governo, no serviço da dívida e suas consequências nos gastos, nos investimentos públicos, na manutenção do crescimento e na distribuição de renda.

    A declaração foi feita ontem, durante o V Fórum sobre inclusão financeira, evento do qual também participou o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Cid Gomes pediu que a plateia refletisse sobre o custo da alta de juros e a necessidade de recursos para área social. Ele disse que 1,3 ponto percentual de aumento na taxa Selic é equivalente ao gasto com o programa Bolsa Família, estimado em cerca de R$ 19 bilhões por ano.

    “Cuidado com a inflação, mas cuidado para o garantidor ortodoxo da estabilidade da moeda não vir a consumir praticamente o dinheiro que poderia ser usado para estabilidade de renda”, acrescentou.

    A fala contrasta com o discurso do presidente do BC, que reafirma a política de mais juros, cujo objetivo há semanas é atender e acalmar o mercado, numa rendição total ao rentismo, já que mais importantes são o reajuste do preço da gasolina e do diesel, a reforma tributária e a redução do superávit – afinal, não é crível que aumentemos o superávit com baixo crescimento.

    Mais investimentos públicos e privados. Mais produção e mais serviços. E não mais juros altos e menos crescimento, menos arrecadação, mais déficit público e na previdência.

    Um debate público sobre o papel do BC

    A fala do governador do Ceará tem o mérito de chamar a atenção para o fato de que o país precisa de um debate público sobre a política monetária e o papel do BC. Sobre esse equívoco de dar independência ao banco com mandato de 6 anos, acima do presidente eleito pelo povo.

    Não é razoável que só se destaquem e se peçam juros mais altos quando a inflação dá sinais de estabilidade e queda gradual. Quando o país, apesar dos problemas, há uma década tem feito superávits e mantém a dívida pública em queda.

    Um país como o Brasil só pode crescer com uma inflação dentro da meta de 4,5% e suas bandas. É ilusão ou simples má fé (a defesa do rentismo) pretender uma inflação menor que essa nas condições de hoje da economia mundial, da nossa economia e da nossa situação fiscal, ao lado de nossos problemas de infraestrutura, custos financeiros e tributários, defasagem tecnológica.

    Isso é impedir que possamos crescer ou retomar o velho modelo de crescer sem distribuir renda, sem combater a desigualdade.

    E para isso não precisam de nós, têm a direita que, agora na oposição, combate a política de redução drástica dos juros e dos spreads bancários que a presidenta praticou em boa hora.

    É preciso ter coragem e vontade política para enfrentar esse debate, mobilizar a sociedade e defender nossa política econômica e de desenvolvimento que mudou o Brasil.

    ZéDirceu

  5. A de-gringo-lada da qualidade do Valor…

    é nítida nos últimos 4 anos. Sou investidor, vivendo de rendimentos de capital, por ter chegada a hora de deixar meu lugar para os mais jovens (o.k. eu já não aguentava mais a empresa e a empresa não me aguentava mais).

    Posso até dizer que, hoje, é até melhor não ler este jornal para entender o que está acontecendo na economia e no mercado financeiro.

    1. Jornalismo economico, existe ?

         Nós que estamos no mercado financeiro há anos, sabemos que jornalismo economico,  é inexistente, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo – ou ele é politico-ideológico, ou vendido a quem pagar mais ( em anuncios, dinheiro vivo, prorrogação de financiamentos, – negociados com donos/editores – ou “furos”, informações privilegiadas cedidas como “noticias”).

          Quantas e quantas vezes, já não ocorreu que um destes muitos consultores/analistas, escrevem uma coisa no jornalão, e no mesmo dia, para seus clientes contratantes, indicam que estes façam exatamente o contrario, ou

           Um exemplar de jornal custa, em média US$ 2,00 – uma newsletter razoavel de mercado, está por volta de US$ 350,00 p/mês, uma consulta de 1:00 hora com um analista consultor de respeito, não sai por menos de US$ 200,00 e as adicionais, fora contrato, de 30,00 há 50,00.

  6. Faz tempo que não perco mais

    Faz tempo que não perco mais meu tempo, lendo tais economistas ou experts.

    Quando quero saber como anda meu País, fico por aqui mesmo, onde a imparcialidade é um dos maiores marcos deste blog.

    Quando quero ver televisão, sou chegado em um futebol, porque de resto é o restolho do que sobrou de tanta asneiras que a TV de hoje nos apresenta. Sequer uma boa música, que busco no Youtube,  na TV Smart. Fico em blogs sérios como este e faço meu lazer no Youtube. E estamos conversados.

    Não me preocupo mais com o terrorismo que habita os jornais de nossa televisão. Ah, ainda disse à minha mulher, que assisti a um tal jornal, que noticiava fraudes na PM de S.Paulo: o roto – que deve  mais de um bilhão ao tesouro nacional – falando do rasgado.

    E fui me afastando e tomando o rumo do notebook para ouvir verdades aqui

  7. Mais um que não vai ao supermercado

    O jornalista citado, deveria ir mais com a mulher fazer compras no supermercado ou tentar estacionar o carro domingo em algum shopping, Enfim ter contato com a vida real e com o dia a dia dos negócios no varejo. A única coisa que acho errado na economia é a libertinagem da importação de itens superfluos e os gastos de viagem no exterior de uma classe alta e média, que adora meter o pau no governo, e não sai de Miami ou de Paris fazendo compras para se passar como ser do 1° mundo.

    1. Os imensos gastos de viagem e

      Os imensos gastos de viagem e compras em Miami são da CLASSE C que é  quem mais viaja, pagando em 10 prestações na CVC e fazendo compras banaism de carrinhos de bebê, roupas, cosmeticos, vitaminas e eletronicos.

      A classe média e a a alta sempre viajaram e as contas delas no conjunto das transações correntes são irrelevantes.

      É a massa, MILHÕES QUE VIAJAM, se cada um gasta 2 mil dolares já explode o balanço de transações correntes.

  8. Revisor posto no olho da rua… (e muito) REVOLTADO!

    aqui no blog GGN, já faz um bom período, passamos a utilizar a designação bomba semiótica no lugar de terrorismos…faz o favor de se adaptar ao estilo GGN e suas derivações semânticas a gosto.

  9. factóides?!

    Todos vamos torcer para que o PIG esteja errado nas suas conclusões “apocalípticas”, mas toda a mídia tradicional(“velha mídia”)  é unânime em apontar idênticos erros na política econômica do governo.Se e quando surgirem (toc,toc,toc) os desastres potenciais, não queiram mais uma vez apontar a mídia como culpada, o Emmanuel Goldstein tupiniquim.

  10. O problema da confiança

    Confiança depende basicamente das expectativas médias futuras.

    Um sistema bem equacionado, equilibrado e que funcione em harmonia é condição sine qua non, para que se estabeleçam estas expectativas alvissareiras .

    A Ilma. Presidenta da República não dispõe para seu uso de um bom sistema que governe o país para o povo e a nação.

    Para o meu gosto começava para ontem uma reforma na estrutura dos ministérios que são os seus tentáculos de poder imediato, 14 ministérios com 72 secretarias executivas, montados sob os auspícios das milenares artes do Tarot, Astrologia e Geometria.

    Não tem erro.

    A especulação contra o Brasil acaba como passe de mágica.

    Acorda, Dilma!

  11. Comentário.

    O curioso é que pessoas apontam para uma crise de confiança e, ao fazerem análises errôneas, criam a crise, como uma profecia que se autocumpre. Já que estamos em crise, bom… então, tenho que economizar o meu dimdim: parei de comprar a Folha.

  12. Bandidos

    Não dá pra aplicar ao PIG outro adjetivo que não “BANDIDO”! Já Faliu a Petrobrás; Já quebrou o Brasil com a Inflação; Já aplicou crescimento zero para o País; Já deixou o Páis na maior escuridão com os apagões que aconteceriam…Tudo isto em 2013, e já tentou derrubar o Governo trabalhista com o MENSALÃO! Assim como Carlos Lacerda ( o maior bandido social das décadas de 50/60 – pervertido e com o apoio dos jornalões da época ) tentou derrubar o governo de Getúlio Vargas, o PIG hoje tenta derrubar os governos do PT ( em todas as esferas ), principalmente na esfera Federal! BANDIDO….BANDIDO….BANDIDO!!!!!!!! A História ainda o condenará PIG BANDIDO!!!! Viva o Brasil, o Lula e a Dilma!!!!!!  

    1. Ninguém é inimputável

      Acho que o Cristiano Romero não lê este blog porque, se o fizesse, o responsabilizaria por chamá-lo de “bandido”. Não pense que, porque escreve na internet com nomes fictícios, você é inimputável. Assim como o Nassif, dono do blog, também não é inimputável.

      Ademais, este blog é patrocinado por entidades estatais (Caixa, BB, Câmara Municuipal de SP controlada pelo PT). A coisa pode sobrar para eles também. Afinal, nenhum contribuinte é obrigado a pagar a alguém, por meio de entidades estatais, para difamar um jornalista que exerce o seu poder de opinião, sem caluniar ninguém.

      Atenção, pessoal!

  13. Terrorismo econômico da mídia

    Se as expectativas econômicas são o que determinam as ações e reações dos agentes ecomômicos e estes estão cientes da real situação, então as propagandas negativas da nossa brilhante imprensa não vão ter muito valor, nem a ação do Valor.

    Mais do mesmo terrorismo conhecido aplicado na política.

  14. Captei vossa mensagem

    Captei vossa mensagem inigualável guru.

    São três jogadores e não dois. O mercado, o estado e a mídia. 

    A mídia deveria arbitrar entre o mercado e o estado. 

    Ela deveria ser a parte neutra da história: 

     – criticando o governo no erro e aplaudindo no acerto;

    – ajudando o mercado a encontrar o melhor caminho a seguir.

    Neste caso porém, a mídia age como um partido, apostando sempre contra o governo, mesmo que isto induza o mercado ao erro e desequilibre a disputa democrática pelo controle do poder do estado.

     

    Moral da história: acorda sociedade brasileira!

     

     

  15. A autobiografia do Delfim

    A autobiografia do Delfim Neto deveria começar pela frase que nega ser de sua autoria: ” Jornalista de economia , não é uma coisa nem outra”…

  16. Os  black blocs do PIG estão

    Os  black blocs do PIG estão em desespero!

    Por falar em PIG, quando virá a nossa lei de médios, para fatiar a Globo em 10?

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