Temer, diálogo com o STF e o que significa a escolha do novo ministro

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – Se antes o presidente Michel Temer mostrava cautela na escolha do novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), diante dos primeiros rumores de que o nome poderia assumir a relatoria da Operação Lava Jato, apesar de abandonada a tese, a atual agilidade de Temer segue seus interesses na Operação. 
 
Isso porque a escolha do novo relator obedecerá uma determinação da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia. Mas os julgamentos mais importantes no âmbito da investigação não recairão apenas sobre um único juiz herdeiro da relatoria, e sim sob o conjunto de ministros.
 
A decisão de Cármen de sortear o relator a partir da 2ª Turma do Supremo ou entre todos os onze ministro da Corte dirá mais do que probabilidades e estatísticas do juiz responsável pelos processos. Porque decidirá, também, se pautas importantes da Lava Jato continuam a ser julgadas pelos apenas 5 ministros de uma única turma ou por todo o Tribunal.
 
E aí está o futuro da Operação Lava Jato. Com base nisso, independente de poder ou não apontar o relator do esquema de corrupção na Petrobras, a depender de Cármen, Michel Temer tem em mãos a importante escolha de um dos onze ministros que despachará a seu favor ou não.
 
Por isso, a agilidade de Temer é proporcional à agilidade da presidente do STF em homologar as delações da Odebrecht, que ocorreu de imediato na manhã desta segunda-feira (30). Temer agora promete escolher o novo ministro até o final da semana, anunciando-o até a próxima, “no máximo”, divulgou a Folha de S. Paulo.
 
O jornal aproveitou para comprar a justificativa do presidente: a celeridade “tem como objetivo evitar a acusação de que estaria negociando um nome com trânsito político para interferir na análise dos processos e acabar com pressões de aliados para escolher alguém ligado ao governo”.
 
 
De forma precisamente calculada, a Presidência justifica a medida como um bloqueio ético contra as pressões governistas, ao mesmo tempo nos corredores agindo dobrado em prol de si: com agilidade e garantindo dentro da Corte maior brasileira um nome seu. 
 
Nessa linha, ganhando com a imagem criada de cautela e comprada pelos grandes veículos, Temer avança de forma rápida, para evitar mais rumores. Entre as possibilidades para a vaga, desde Ives Gandra Filho, presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que perdeu força com as repercussões negativas, até ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ), como Isabel Galotti, Luis Felipe Salomão e Rogério Schietti.
 
A exemplo de como atuou durante toda a sua breve gestão, Temer não quer confrontar a opinião pública, e por isso volta atrás em muitas de suas decisões e sinalizações. Por outro lado, não deixará de garantir um possível escudo contra o atropelo que prometem as delações dos 77 executivos e ex-funcionários da Odebrecht.
 
Ainda, com as primeiras informações de que a ministra Cármen Lúcia poderia propor a Temer um acordo para que ela mesma indique o relator ou decida como irá sortear o herdeiro, neste contexto, a complacência do presidente com a possível polêmica de Cármen ter homologado as delações se veria contextualizada.
 
Não seria difícil Michel Temer aceitar as decisões tomadas pela presidente do Supremo Tribunal Federal em troca de ver o novo ministro indicado com poder de decidir em questões de plenário.
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

5 Comentários

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  1. Á máfia do golpe está escancarada

    Prezados leitores,

    Já está evidente que, tanto o STF como a camarilha de Temer, a PGR e todo séquito da Fraude a Jato constituem uma VERDADEIRA MÁFIA, UMA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA MULTI-INSTITUCIONAL, um câncer que se apossou do Estado Brasileiro, demontando-o, pilhando-o segundo os interesses das quadrilhas políticas colocadas no Planalto, mas sobretudo do alto comando internacional, que fica nos EUA.

    O STF, a PGR, o MPF, a PF, a Fraude a Jato, o PIG/PPV, as FFAA coniventes com  golpe, nenhuma dessas instituições consegue mais enganar as pessoas de boa índoloe, nacionalistas, observadoras, atentas e críticas. Apenas com medidas e Estado Fascista de Exceção, que ràpidamente evolui para uma ditadura aberta, violenta, opressiva e repressiva, essas forças golpistas poderão calar as oposições.

    Não é por acaso que os P2 do Exército e de outras FFAA espionam e monitoram os movimentos sociais e tentam criminalizar seus líderes, assim como fazem em relação a estudantes, professores e quaisquer lideranças pensantes. Não é por acaso que o recriado SNI, tucanamente chamado de GSI, foi entregue ao general Sérgio Etchegoyen; não é por acaso que o nazifascista Alexandre de Moares foi colocado no ministério da justiça e não é por acaso a sintonia fina que existe entre as forças repressoras do Estado. No golpe atual, Exército, Marinha e Aeronáutica ficaram na retaguarda, delegando às suas forças auxiliares, as PMs, a linha de frente das ações repressoras, municiando-as de informações estratégicas, obtidas a partir de espionagen e monitoramenteos, como mostrei acima.

  2. Veja a promiscuidade.

    Nenhum desses capas pretas do STF queria ser visto ou fotografado com a Dilma, uma mulher HONESTA. Já essa velhusca não tem vergonha de se ver abraçada com um corrupto dezenas de vezes delatado. PAÍS RIDÍCULO.

  3. Sem palavras
    Concordo, o afeto é desproporcional demais, lamentável!
    Queria só ver se fosse com a Dilma…
    STF não tem credibilidade, e ainda mais depois desse registro.
    Imparcialidade, pra quem??? Pra que???

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