Texto-base de projeto que tipifica terrorismo é aprovado na Câmara

Do Opera Mundi

Câmara dos Deputados aprova texto-base do projeto que tipifica crime de terrorismo

Poder Executivo afirma que PL é necessário para cumprir tratados internacionais; críticos afirmam que há brecha para criminalizar movimentos sociais

A Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira (12/08), em Brasília, por 362 votos a 85, o texto-base do projeto de lei antiterrorismo (PL 2016/15), que tramitava na Casa em caráter de urgência. Durante a votação, o PL, de autoria do Poder Executivo, contou com apoio do governo e de outros partidos da base — Psol (Partido Socialismo e Liberdade) e PCdoB (Partido Comunista do Brasil) criticam a medida por considerar haver brechas que, entre outros efeitos, podem acabar criminalizando movimentos sociais.

O texto-base foi aprovado em votação simbólica: cinco destaques do projeto, com divergências de opinião entre os parlamentares, ficaram para ser votados nesta quinta (13/08). O texto, cujo relatoria ficou com o deputado Arthur Oliveira Maia (SD-BA), além de contar ainda com as assinaturas dos ministros Joaquim Levy (Fazenda) e José Eduardo Cardozo (Justiça), ainda deverá seguir para o Senado.

De acordo a última versão do texto, o terrorismo consiste em atos que têm o objetivo de “intimidar Estado, organização internacional ou pessoa jurídica, nacional ou estrangeira, ou representações internacionais ou coagi-los a ação ou omissão”, bem como “provocar terror, expondo a perigo pessoa, patrimônio, a paz pública e incolumidade pública”.

Embora o PL 2016/2015 acrescente que o dispositivo “não se aplica à conduta individual ou coletiva de pessoas em manifestações políticas, movimentos sociais, sindicais e religiosos”, grupos de direitos humanos temem que haja uma brecha interpretativa para criminalizar esses movimentos.

Em defesa do projeto, o secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Gabriel Sampaio, observou que “o Brasil é signatário de todos os tratados internacionais sobre terrorismo e trata discussões internacionais a respeito deste tema. O Brasil tem relevância mundial e cumpre todos esses compromissos levando em conta o panorama internacional”.

Sampaio ressaltou ainda que, “o compromisso com direitos humanos é uma marca do governo”. “Há um dispositivo claro que protege os direitos sociais. Para nós, isso é um tema caro. O objetivo do texto é trabalhar algumas lacunas existentes na legislação brasileira para que o país consiga obter uma prevenção [sobre terrorismo] e que em nenhum momento conflita com nosso processo democrático”, explica.

Posições

Em entrevista exclusiva a Opera Mundi, o deputado Jean Wyllys (Psol-RJ) afirmou que “o terrorismo não pode ser usado como desculpa para tirar direitos civis e liberdades individuais, principalmente de movimentos sociais e dos mais pobres” e acrescentou: “no Brasil, não temos histórico de grupos terroristas. Temos organizações criminosas, mas estas já são contempladas no Código Penal. O que temos mesmo é o terrorismo de Estado, sobretudo das polícias nas favelas”.

Com visão contrária, o deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) justificou a aprovação da lei para que o Brasil seja plenamente aceito pela comunidade internacional. “O Brasil faz parte do mundo civilizado, desenvolvido, que não quer o terrorismo. É preciso andar pari passu com a ONU [Organização das Nações Unidas], com as organizações internacionais”, disse.

Já a líder do PCdoB, deputada Jandira Feghali (RJ), em declarações à Agência Brasil, questionou: “depredar um ônibus como protesto de crimes em comunidades é um ato terrorista?”. E observou que “o texto levará à criminalização de atos sociais mesmo com a salvaguarda. Se deixarmos um texto amplo e genérico, a interpretação ficará na cabeça de quem julgar”, declarou Feghali.

*Com informações de Patrícia Dichtchekenian

 

Redação

10 Comentários

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  1. “intimidar Estado” 
     
    bom, se

    “intimidar Estado” 

     

    bom, se essa Lei estivesse em vigor hoje, no dia 16/08, poderia ter sido o maior ato terrorista da história da Terra.

  2. É engraçado o texto!

    Por mais que não queiram um movimento terrorista não deixa de ser um movimento social!

    Ou seja, qualquer movimento terrorista poderá se defender por este lado.

    Então vejamos, o que nos diz a wikipedia.

    Segundo Alain Touraine, “movimentos sociais são a ação conflitante de agentes das classes sociais, lutando pelo controle do sistema de ação histórica”. 

    1. Problema é:

      Tem muito ativista social que advoga uma causa legítima, mas erra no método. Muita gente que tem na cabeça o mais perigoso dos lemas, aquele que diz que “tudo é permitido em nome do bem maior”.

  3. “depredar um ônibus como

    “depredar um ônibus como protesto de crimes em comunidades é um ato terrorista?”

    Não concordo que seja classificado como terrorismo, mas é crime. Aí pra protestar contra o crime na comunidade eu pratico outro, quebrando o busão que eu mesmo preciso usar, de que o pessoal da comunidade depende, e ainda por cima quebro o bem de quem não pode fazer nada contra o crime na comunidade. É o empresário de ônibus que responde pela falta de policiamento?

    1. Alan, quem incendeia ônibus

      Alan, quem incendeia ônibus são os “parças” do PCC que controlam cooperativas de micro ônibus.

      Você já viu incendiarem microônibus de cooperativas?

      Se houve, foram pouquíssimos casos, geralmente de desafetos do crime organizado.

      Os bandidos que incendeiam ônibus, estão se lixando se alguém vai necessita-los no dia seguinte, para ir trabalhar.

      Acho que a nobre deputada deveria rever suas falas e posições antes de tratar todo mundo das comunidades como “coitadinhos injustiçados”, neste caso, os únicos e reais coitadinhso são so que levantam cedo e dependem destes ônibus para chegar ao trabalho.

  4. Deputado IGNORANTE

       A ONU, até hoje, NÃO possui uma definição exata sobre o que é “terrorismo”, não existe consenso entre os estados – membros, mas “convenções” ( atos do CS e da Assembléia Geral ), que tipificam tais ações, são pontuais, até mesmo restritivas em certos aspectos ;  em numero de 14 Convenções, a primeira delas é de 1963, a ultima de 2014, e o Brasil é signatario de todas elas, portanto o “nobre” deputado, falou asneira, aliás comportamento comum em nossos politicos quando se referem a assuntos internacionais, da “esquerda a direita”, a ignorancia impera.

         www.un.org/en/terrorism.shtml

  5. Agora eu quero ver a CUT ir

    Agora eu quero ver a CUT ir dizer Amém pro PT quando eles foderem com os servidores do judiciário. É bom o pessoal levar flores para distribuir nos protestos, e sorrir bastante, porque o fascismo plantado e regado durante 12 anos chegou. Os coronéis saíram das catacumbas.

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