Romério Rômulo
Romério Rômulo (poeta prosador) nasceu em Felixlândia, Minas Gerais, e mora em Ouro Preto, onde é professor de Economia Política da UFOP e um dos fundadores do Instituto Cultural Carlos Scliar - Rio de Janeiro RJ.
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um riso para maiacovski, por romério rômulo

um riso para maiacovski

1.
eu vou a petrogrado amanhã
lavar a alma.
2.
se perguntarem de onde eu vim
eu vim da terra dos desiguais
e trago um carvão comigo
pra descrever a vida.

vou deixar a poesia no chão
e só falar do que sei:

afirmo que no mundo é de manhã
e tudo anda nas carnes cortadas
pelo sentido do homem

afirmo que todos irão comer
todos deverão beber
e a terra não terá dono

afirmo que os sapatos que eu costurar
aguentam a caminhada
e as roupas que eu cerzir cobrem o chão.
3.
eu vou a petrogrado amanhã.

romério rômulo

 

Romério Rômulo

Romério Rômulo (poeta prosador) nasceu em Felixlândia, Minas Gerais, e mora em Ouro Preto, onde é professor de Economia Política da UFOP e um dos fundadores do Instituto Cultural Carlos Scliar - Rio de Janeiro RJ.

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  1. Pessoa

     

    A ESTRADA DO ESQUECIMENTO

    Contos inéditos de Fernando Pessoa chegam às bancas

    “A noite estava ilegível. Não se via céu nem terra — só escuridão. Nem mesmo podia haver pelos sentidos a convicção de que havia céu e terra; a escuridão tirava-lhes os lugares. Só havia a escuridão, sem forma, lugar ou fundo ” – Fernando Pessoa — início do conto “A Estrada do Esquecimento”.

    “A noite estava ilegível. Não se via céu nem terra — só escuridão. Nem mesmo podia haver pelos sentidos a convicção de que havia céu e terra; a escuridão tirava-lhes os lugares. Só havia a escuridão, sem forma, lugar ou fundo ” – Fernando Pessoa — início do conto “A Estrada do Esquecimento”.

    Excertos do livro “A Estrada do Esquecimento e outros contos”, com textos inéditos de Fernando Pessoa, que será lançado nesta quinta-feira.

    Entre os 18 contos estão “A estrada do esquecimento”, “O caso do sargento falso”, “A trincheira”, “Uma tarde clerical”, “A caçada”, “Um conto”, “O prior de Buarcos”, “O que fazia o bem”, “O José Mole”, “Gastrônomo” e “A perda do hiate Nada”. A Lusa informa que “dois contos são parcialmente inéditos: ‘O crime do Dr. Cerqueira’ e “O vencedor do tempo’”. Outros contos do livro: “Fábula imoral” e “As memórias de Constantino Dix”.

    A apresentação do livro está marcada para dia 09 de abril,  às 19:00, na Casa Fernando Pessoa, em Lisboa.

    Esta edição reúne um conjunto de narrativas de Fernando Pessoa, das quais 20 se encontravam ainda inéditas.

    A obra tem 256 páginas.

    http://boasnoticias.pt/noticias_contos-ineditos-de-fernando-pessoa-chegam-as-bancas_22953.html?page=0

    http://recursos.bertrand.pt/recurso?id=10171119

  2. Do Brasil

    Do Brasil

     

    Do Brasil o utópico homem feliz

    tanta mirar nos olhos do poeta

    redivivo, ressuscitado, pela memória

    mergulhada em utopias que teimam

    em também renascer, embora digam

    que alternativa não há, só o que há:

    a realidade forjada nas fábricas

    virtuais, a realidade dos sonhos

    midiáticos, onde, no Brasil

    só há um homem feliz: aquele

    que, morto, governa através

    de seus filhos sem nome.

     

    Do Brasil, puxamos o fio

    até a Rússia Soviética, e de lá

    resgatamos Maiakóvski, do lodo

    do stalinismo e do fracasso.

     

    Do Brasil, encarnamos

    a felicidade

    em meio ao desastre

    sobreposto ao sol, mas

    o poeta russo vibra

    e descerra as nuvens:

    existe o homem.

     

     

  3. Muito bomVc faz a diferença
    Muito bom….Vc faz a diferença
    …ora doce ora amargo

    …transitas muito bem pelas trilhas dos mundos poético e ordinærio

  4. “A noite estava ilegível…”

    Zdzisław Beksinski.  Zdzisław Beksinski foi um pintor polonês, fotógrafo e escultor, especializada no campo da arte utópica.  Beksinski fez suas pinturas uma

    “O que eu pensava sabia que o pensavam os outros. Quem sabe se havia os outros. Eu sentia-me pensar colectivamente. O meu terror, a minha angústia era de vários pensamentos ao mesmo tempo. Por mim eu sentia tanto à direita como à esquerda, à frente e atrás, por todos os lados.” – Fernando Pessoa

    Arte do pintor, fotógrafo e escultor polonês Zdzisław Beksinski

  5. Singela contribuição: Momento …

    “Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.”

    “Se te é impossível viver só, nasceste escravo.”

     

    Atribuídos a Fernando Pessoa.

     

    1. Não somos nós .. É a arte; a cura!

      Está árido demais, incerto demais, triste demais.  Só música e poesia para amparar nosso ânimo e nos dar um fôlego.  Tempos difíceis à frente.

  6. última eleição, última descarga

    Os ipês e as fezes

     

    Este ano os ipês amarelos começaram extraordinariamente a florir em julho. Em toda a natureza, mesmo nesta época de calor e queimadas enfeando o mundo, os ipês ainda que na cidade, é um raro alento visual e poético.

    Acredito, não sei bem, que as flores do ipê não possuam uma fragrância que se espalha pelo dia como em  algumas florescências como das laranjas e limoeiros e à noite como a “dama  da noite”, por exemplo. No máximo atraem os insetos da fecundidade com algum tipo de olor.

    Mas neste mesmo mês de julho de ano eleitoral provavelmente as flores espetaculares dos ipês mesmo que tivessem o maior aroma de todos os aromas não seriam suplantados pelas fezes, digo, pelos políticos que também desabrocham neste julho infectado de candidatos.

    Como se terra defecasse para cima e estes candidatos brotassem como cogumelos venenosos nas vias públicas em excrementos ainda fumegantes.

    Alguns neófitos abordam transeuntes como se todo ser vivente fosse um incauto eleitor/vítima. Os apertos de mãos tornam-se mais vigorosos e os abraços deixam nos possíveis eleitores aquela carniça indelével de candidato, que propalam juntamente com seus miasmas: “Eu sou o novo, precisamos renovar!”.

    Os que foram candidatos e não foram eleitos em outras disputas, apesar de tentarem maquiar suas pútridas essências com loções, desodorantes, laquê e gel (fundamentais nesse processo), deixam o eleitorado sem ar, tal o fedor de suas presenças.

    Já os que ainda estão no poder e que ficaram invisíveis e só se faziam sentir como flatulências nas tribunas e gabinetes, mesmo que tenham feito só merda, convictos “do dever cumprido”, flanam pelos logradouros públicos como se alguém tivesse atirado merda num grande ventilador que tivesse a capacidade de espalhar fedentina pelos quatro ventos do mundo em decomposição.

    Estes últimos são os piores, nobres colegas que nunca souberam ou tiveram a autocrítica de inventar uma forma – já que são prestidigitadores em iludir seus eleitores e o povo em geral – de pular dentro do vaso e dar descarga em si mesmos.  Roma possuía a “Cloaca Máxima”, Patos de Minas possui o Rio Paranaíba. Pobre patenses.

    A solução mesmo, já que não sentiremos mesmo o perfume sutil das deslumbrantes flores dos ipês e somente o fétido e infeccioso cheiro de fezes em decomposição dos candidatos, o jeito mesmo é:  1) não sair de casa; 2) se sair usar máscaras; 3) não ligar rádio ou televisão, pois estes aparelhos exalam a fedorentina deles e 4) como diria Manuel Bandeira: “A única coisa a fazer é tocar um tango argentino”…

     

     

    José Eduardo de Oliveira – Tôca

     

    28.07.16

     

    Ps. Se quiser mesmo cumprir com seu dever cívico em outubro, sugiro então que vote nos meus candidatos (devido às últimas vísceras expostas eles mudaram ou renegaram seus antigos partidos): Walter Closet e Mickey Tório.

  7. te perder, para Bishop

    TE PERDER NÃO É UMA ARTE É UM DESASTRE

     

     

    Para Elizabeth Bishop e ARA, irmãs na solidão, que amaram e odiaram Villa Rica, como eu, mais amaram que odiaram…

     

    “A arte de perder não é nenhum mistério…”

    Elizabeth Bishop – Uma Arte.

     

    “E pensar que nunca mais a terei
    real e efêmera (na penumbra da tarde)
    como a primavera.”

    Ferreira Gullar – A poesia.

     

    “…as estirpes condenadas a cem anos de solidão

     não tinham uma segunda oportunidade sobre a terra.”

    Gabriel García Márquez – Cem anos de solidão.

     

    “…em uma rua tortuosa, miserável,

    Eu, poeta obscuro, recebi o beijo de pedra em

      Minha face

    E se purificaram minhas angústias.”

    Pablo Neruda – Rosa separada.

     

    “Se não a vejo e o espírito a afigura,

    Cresce este meu desejo de hora em hora…

    Cuido dizer-lhe o amor que me tortura,

    O amor que a exalta e a pede e a chama e a implora.”

    Manuel Bandeira – Confissão.

     

    Te perder não foi uma arte-

    Foi um desastre-

    Existencial-

    Ecológico-

    Espiritual

    Físico-

    Irreversível-

    Total:

     

    Te perder quando ainda te procurava-

    Te perder quando ainda aprendia te amar-

    Te perder quando perdia o medo de te perder-

    Te perder quando ainda não havia te encontrado/nem você a ti mesma-

     

    Te perder quanto ainda não podia/-

    Te mostrar ao mundo-

     

    Te perder quando ainda sonhava contigo-

     

    Te perder quando ainda tinha medo de te/-

    Desejar totalmente-

     

    Te perder quando seu corpo era uma tatuagem/-

    No meu corpo-

     

    Te perder foi descobrir que meu pau/-

    Não passa de uma coisa que urina-

     

    Te perder foi perder o caminho na floresta mais escura/-

    No fim de minha peregrinação-

     

    Te perder quando a única coisa que espantava meus pesadelos/-

    Eram os sonhos contigo-

     

    Te perder foi afastar a felicidade transitória/-

    e abraçar a infelicidade eterna-

     

    Te perder não foi como ser abandonado/-

    Foi como ser expulso do Paraiso-

     

    Te perder foi cair na armadilha de suas outras buscas/-

    Sensoriais e outras proezas-

     

    Te perder foi trocar o desejo infinito pela dor/-

    Infinita-

     

    Te perder foi me apresentar a mim mesmo de novo

     

    Te perder despertou o ciúme de todos os homens e mulheres-

     

    Te perder foi renunciar a todos os prazeres/-

    De seu corpo febril-

     

    Te perder mostrou que perdoar ou pedir perdão é inútil-

     

    Te perder foi ter a certeza que não se pode ter certeza de nada/-

    Nem das certezas de ninguém-

     

    Te perder foi perder todos os lugares e cidades que nós amávamos/-

    E que se perderam na corrubiana mais espessa do passado-

     

    Te perder para outro seria um alento/-

    Mas te perder para ninguém foi uma humilhação desoladora-

     

    Te perder foi não realizar todos os seus desejos íntimos e/-

    Insanos-

     

    Te perder trouxe o conhecimento de onde há o amor poderá/

    Haver o ódio

     

    Te perder quando a solidão tinha ido embora para sempre-

     

    Te perder foi matar toda esperança do nosso porvir-

     

    Te perder quando Deus havia me abandonado/-

    E você transformou-se numa divindade/-

    A única na ARA sagrada/-

    Agora vazia-

     

    Te perder não foi o fim de tudo/-

    Foi o início do nada-

     

    Te perder tornou nebulosa a nítida fronteira entre a verdade/-

    E a mentira-

     

    Te perder foi a morte do amor que germinava confuso/-

    E fecundo dentro do meu peito ardente-

     

    Te perder desvelou cruelmente que o sagrado e o profano são mais importantes-

    Que o humano, cotidianamente humano/-

    Inutilmente humano-

     

    Te perder depois de trair todo mundo/-

    Para ser fiel só a ti-

     

    Te perder foi cavar o profundo fosso/-

    Da melancolia-

     

    Te perder foi como olhar dentro do inferno/-

    Queimando em suas chamas inclementes-

     

    Te perder foi transformar a construção do futuro/-

    Em escombros-

     

    Te perder foi a derrota da carne para o pecado, a expiação/-

    E o arrependimento do vivido-

     

    Te perder foi descobrir que a eternidade é efêmera/-

    Como a rosa/-

    Ainda que seja rubra-

     

    Te perder foi como morrer/-

    E continuar vivendo como uma alma penada encarnada-

     

    Te perder foi transformar o “hialino arrebol” em um crepúsculo sangrento/-

    Tenebroso-

     

    Te perder foi a realização do seu egoísmo/-

    E a destruição do meu-

     

    Te perder foi usar o tempo para sair do século XXI da razão e ser transportado/-

    Para a Idade Média das trevas-

     

    Te perder revelou que você mudou nosso destino para sempre-

     

    Te perder foi sim o maior de todos os mistérios/-

    Indesvendáveis e enigmáticos/-

    Das perdas-

     

    Te perder só não foi a maior de todas as tragédias/-

    Porque a vida continua/-

    Para que sinta a perda infinitamente-

     

    Te perder foi te libertar/-

    De nós/-

    De mim-

     

    Ninguém saberá como eu sei-

    O que foi te perder.-..

     

    xxi-ii-xvii – quem tudo quer, tudo perde…simples assim…cruel assim…amargo assim

    real assim…necessário agora. José Eduardo de Oliveira – Tôca, Para Francisca Marília Urrutia-

     

    -PS.

     

    Esqueci de acrescentar:  “Te perder foi ficar viúvo/ Estou de luto”. [MAS EU QUERIA MESMO ERA ESCREVER:             TE PERDER FOI COMO SE VOCÊ MORRESSE/ESTOU DE LUTO…]

  8. boca cravada nos dentes de tua ausência

    a boca cravada nos dentes de tua ausência:

    de repente a noite

    sufocante e cruel como um pesadelo dentro de um hospício

    sem luz

    que foi apagada pela lucidez da mentira

    da noite [ela é só ausência de luz, os corpos, os copos e os desejos mesmo dentro dela permanecem molhados e nos mesmos orifícios visguentos e aromáticos]

    enquanto isso meu pai agonizou calmamente

    inerme e amordaçado como ele nunca tinha vivido

    nunca vi meu pai rezar

    não rezarei por ele

    sou sua memória atávica e rude

    essa é a minha oração

    sigo carregando seu sangue

    com o orgulho dos antigos

    e a paranoia dos novos

    seguirei firme
    a tempestade se aproxima [chegou]

    não sou homem do mar

    não possuo âncora

    mas possuo raízes

    fincadas em minha

    ancestralidade

    insana e febril

    os desejo não fazem parte

    das histórias familiares

    nem do passado

    ele está no presente

    nas carnes impuras

    e necessárias

    mesmo nas vielas, becos

    vãos de escadas

    nos fundos mais profundos

    das espeluncas dos arrabaldes

    e parafraseando o poeta:

    quando a mulher se tornar de novo

    bacante, lúbrica e abrir sua boca,

    sua buceta e seu ânus

    além de esfregar seus seios molhados pela minha saliva

    em minha face

    tudo será redimido

    e o mundo lá fora

    não passará de apenas

    mais uma noite cruel

    interminável

    e previsível.

    e tudo o resto não passará

    de mensagens falsa de celulares

    bocas encravadas nos dentes

    sem saliva, sem desejo

    sem nada.

    05.12.16 – para nx  v.r.

     

    José Eduardo de Oliveira – Tôca

  9. A musa-diva diante do presente me conduzindo às origens

    A musa-diva diante do presente me conduzindo às origens

    Estava caído de bruços e alguém se aproximou tentando me virar, mas como eu estava pesando mais de oitenta, não conseguiu apesar disso me mandou insistentemente me virar de lado.

    Depois de mais uma tentativa e ver que era inútil naquela ocasião o “s.o.s” disse:

    – Eu te falei, para ficar careta, você não se desgruda de seu passado.

    E continuou:

    – Desvira, respira fundo e dê uns peidos.

    Quando olhei direito para aquele pedaço de ser humano, minúsculo e ameaçador, vi que era a Janis Joplin que havia morrido há uns vinte anos, no mínimo. Aí pude perceber que realmente eu estava mal. Muito mal e deitado naquelas pedras frias, no meio da rua, no meio da noite. E eu não sabia onde, eu pensei ser Villa Rica.

    Janis então me olhou com muita pena e disse:

    – Se  eu fosse você eu trocava de vício. E de empresário.

    Não respondi nada. O que deveria responder para um fantasma tão importante e que sabia das coisas?

    Acho que apaguei, mas continuava a ouvir a JJ, que me disse:

    – Cê  já pensou se tivéssemos nascidos mortos  ou na época do  Chopin, nós teríamos menos espaços na mídia e nos conceito dos jovens nossos últimos admiradores!

    E apaguei de novo, só que agora estava virado com a barriga para cima. E assim permaneci até acordar sob os acordes de  “Cry Baby” daquela coisinha branca descabelada e chapada e que tinha fodido com o Leonard Cohen, aleluia! Dessa vez, agora tinha certeza que estava fodido mesmo. E talvez tenha morrido e já estava ouvindo a própria voz do Belzebu que era mulher.

    No entanto eu me sentia sem ressaca, sem fossa e bem feliz!

     

    José Eduardo de Oliveira – Tôca

    08.07.16

  10. O DILEMA (des)HUMANO

    O DILEMA (des)HUMANO

     

    Em 1944, o economista sueco Gunnar Myrdal (1898-1987) escreveu um estudo, Um dilema americano: o problema do negro e a democracia moderna (An American Dilemma: The Negro Problem and Modern Democracy), que se tornou um clássico – mas hoje anda meio esquecido – sobre esse dilema histórico, sobretudo nas sociedades americanas onde o negro foi jogado, usado e abusado e depois “reintegrado”. [não precisa ser totalmente negro, ou nada de negro, depende também da geografia e das rezas…] No Brasil existem muitos estudos. Mas na realidade nenhuma solução a curto e a longo prazo, como se fosse uma questão judeusXmuçulmanosXcristão: sem saída?

     O dilema se agrava e o estopim está aceso, vários estopins: nas cidades, nas universidades, nas escolas e em breve tomarão as ruas…

    Os dilemas dos homens sempre foram os outros homens, como se a natureza humana não suportasse a si mesma e rumasse para uma autodestruição coletiva inexorável. Amém!

     

    José Eduardo de Oliveira – tôca

     

    22.06.16

  11. O preto e o branco, o passado e o futuro (e o presente? Idiota!)

    O preto e o branco, o passado e o futuro (e o presente? Idiota!)

    Há poucos instantes era dia. Nós, pelo menos eu, estamos em julho de 2016.  O contexto, o velho contexto. Agora é noite. A dualidade dia-noite é usada em seres humanos desumanamente.

    Mas seres não possuem cores, possuem epiderme que não interfere no cérebro nem no tecido pulsante do coração. Nem em suas fezes, nem em sua sexualidade, por assim dizer, não no tesão.

    Mas isso é poesia, não é realidade. Ontem mesmo um carro bomba foi detonado em Nice, França. Anteontem, ou antes, de anteontem, a Alemanha, foi eliminada da Copa dos Campeões ou Eurocopa, pelos franceses, que ontem foi eliminada pelos portugueses que faturou a taça, sem CR7!

    Quem detonou o carro bomba, provavelmente não era branco, nem francês legítimo. Ou era branco, mas não era cristão, como o Batman. As vítimas, nem os detonadores não viveram no passado, ou pelo menos na época das cruzadas. Mas morreram para fazer uma coisa que nunca foram ou serão capazes de fazer: modificar o passado de seus antepassados. A tragédia tem senso de ridículo, mas é humorística, de certa forma, já que é patética!

    De volta ao velho e universal futebol.  Na seleção alemã, nem todo mundo era branco, nem alemão. Mesmo assim, também a França e o seu glorioso time multirracial exultante não iria, nunca, prever que perderia para a Seleção de Portugal, mais miscigenada ainda (talvez pelo seu passado pioneiro em fabricar nas senzalas novas “étnias”, sobretudo em suas colônias). Além do mais, quem marcou o gol da vitória não nasceu em Nice nem em  Lisboa ou pelo menos não ostenta White no passaporte nem em sua epiderme. Entretanto, segundo Lex Luthor, “as fronteiras permanecem fechadas para refugiados famélicos ou não!”

    O que importa isso? Nada! Bruce Wayne leu Gilberto Freyre e reclamou porque só a mulher gato era afradescendente!

    Só que em toda a Europa  – além do euro , brevemente -, a única utopia da eliminação do preconceito étnico, se é que as favelas do mundo entendem essa diagramação, será o futebol. Até no Brasil, sobretudo, no Atlético mineiro, eles não consideram jogador argentino estrangeiro. Sobretudo na conta bancária dos exilados que agora viraram craques do futebol! Democracia futebolística, tipo, olimpíada…

    No mais, a História (com H maiúsculo) é rápida demais. Istambul ou Bizâncio ou Constantinopla, passou por mais um “golpe”… entretanto Santa Sophia (a igreja, a mesquita, o museu),  ereta por homens, permaneceu ereta, sóbria…diferentemente da mesma estirpe do Homo Sapiens que a edificou e que nunca souberam o que fizeram no passado, nem o que fazem no presente.  Ereção para os homens é outra coisa!

    Já que não tem solução mesmo, vamos aos fatos: cidadão invade delegacia de polícia de Dallas, Estados Unidos, e mata cinco policiais. Ponto.  O “velho dilema” (Myrdal), americano, rise!

    Apesar de ser negro e a ação mirar policiais brancos que cotidianamente matam cidadãos negros como num “doom” racista, o atirador morto por policiais, não selecionou seus alvos. E quem seleciona? como disse o apache Gerônimo!?

    16.07.16

    José Eduardo de Oliveira – Tôca

  12. Sobre o discurso/defesa (Dilma no Senado-29/08/2016), imenso e r

    Reflexões tipo Dilma, ou por assim dizer, dilmianas!

     

    Sobre o discurso/defesa (Dilma no Senado-29/08/2016), imenso e repetitivo discurso:

     

    1) Aquilo foi um discurso ou uma Carta Testamento sem suicídio?…ainda.

    2) Aquilo foi um discurso, campanha eleitoral ou balanço final de entrega da faixa presidencial para as hienas sobretudo o macho da malta que a bocanhou com seu hálito de urubu branco?

     

    Sobre Chico Buarque de Holanda: 

    Dois anos antes de morrer, o grande Sérgio Buarque de Holanda em 1980, participou do batismo do PT, 36 anos depois, seu filho, o também grande Chico Buarque de Holanda participou de seu velório?

    Sobre os defuntos do passado, como salvação dos mortos vivos do presente:

     

    O velho Karl Marx apesar de ter ido a óbito diversas vezes, mas de fato mesmo em 1883 e de alguma forma também, pasmem, ser um dos idealizadores do PT, ressuscitou ontem (29.08.16), ou não?

     

    “Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado. A tradição de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos. E justamente quando parecem empenhados em revolucionar-se  si e às coisas, em criar algo que jamais existiu, precisamente nesses períodos de crise revolucionária, os homens [e as mulheres, no caso a Presidenta] conjuram ansiosamente em seu auxílio os espíritos do passado [Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, João Goulart], tomando-lhes emprestado os nomes, os gritos de guerra e as roupagens [é golpe!].”

     

    Sem contar que  Temer, o Petit, se olha no espelho e se vê como Napoleão, o Petit…só que melhorado…apesar que ganha em pusilanimidade de 10X0! Mas ainda estamos no primeiro tempo…mas o juiz é nosso ou não?

     

    30.08.16

     

    José Eduardo de Oliveira – Toca

  13. Existe outro caso na História? Do traidor, do herói e da eguinha

    Existe outro caso na História? Do traidor, do herói e da eguinha baia…

     

    Meu pai faleceu no ano passado. Pai enérgico, policial aposentado, “bravo”, mas de uma benevolência com os parentes que alguns ainda hoje acham inverossímil.  Um olhar de repreensão dele só não era pior que “um tapa na taba do pescoço” que ele dava quando precisa, ou achava que sim, e por sinal era pior que coice de burro com ferradura. Enfim um homem das antigas, chauvinista, se fosse mais bem de vida seria um verdadeiro coronel ou em outras eras um senhor de casa grande com senzala e tudo. Mas nem por isso nunca deixou de ser um bom pai. Mas os amigos e companheiros de copo e farras sempre o conheceram como um dos maiores contadores de piadas do mundo. E nisso ele misturava casos corriqueiros mundanos com os de sua família lá do Carmo do Paranaíba, ainda que alguns fossem pouco plausíveis e sórdidos ao extremo.

    Vamos lá.

    Um deles, contado geralmente em volta de uma mesa em algum rancho e somente para homens já tocados pelas cobras de vidros, era esse:

    Em uma fazenda, não me recordo se para o lados d`Almas ou da Veloza, um de seus primos em cima de um barranco, com as calças arriadas até aos pés, estava “fazendo” a eguinha Baínha. Um apaixonado. Além de acariciá-la, ainda proferia juras de amor. “Meu tesouro, se eu pudesse casava contigo”.  E beijava aquele dorso pardo e reluzente naquele pasto ameno e naquela tarde inesquecível. Enfim, “te amo”. E nisso, um raminho começou a cutucar em suas nádegas e ele sem interromper aquele frêmito afazer, ia quebrando aquele arbusto que o incomodava, até que, de repente pega em uma mão e ao olhar para trás era nada menos nada mais que o seu pai.  Assustado e sem saber o que dizer, disse simplesmente:

    – Pai não sou eu não!

    E onde quero chegar com esse grotesco caso de zoofilia sertaneja?

    Primeiramente é uma constatação óbvia, que qualquer um, mesmo pego com “a boca na botija”, nunca aceita o seu erro ou a sua culpa. Possivelmente, seja o homem o único animal irracional neste quesito…

    Poderia citar milhares de exemplos. Ninguém assume sua culpa! Sem querer e já citando, um dos casos mais conhecidos e antigos é de Pedro que negou Cristo por três vezes…e depois virou a pedra angular de “catedrais imensas…” Pobre Alphonsus…

    E mesmo em casos mais escabrosos roubos, furtos, latrocínio, parricídio, estupros etc., os culpados nunca aceitam suas culpas e quando aceitam sempre possuem uma desculpa, causas inclusive espirituais ou extraterrestes porque aquilo foi acontecer.

    Pois bem.

    Já virou banal o assunto de corrupção política. Alguns corruptores para se verem livres optam pela delação premiada. Pelo menos estão fazendo um bem à dilapidada Nação. Pagando os seus pecados, diminuindo um pouco e condenando os verdadeiros culpados às profundezas…

    Já os acusados, até agora todos se consideram inocentes: vítimas de perseguição política ou de juízes venais ou banais…

    Já que estamos em abril e outro dia mesmo recordaram pela milésima vez a figura de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, o Protomártir da Independência do Brasil, de novo ele será a minha cobaia. Meio que de ponta cabeça, afinal quem é culpado e quem é inocente? Quem é traidor ou herói. Jorge Luís Borges ensaiou isso muito bem com o seu “Tema do traidor e do herói.”

    Já que nada ainda está resolvido e provavelmente teremos mais traidores que heróis, ou culpados e condenados, só mesmo a ficção para nos aliviar dessa doença em putrefação que é mente humana da maioria de nossos homens públicos, os “pulíticus brasiliensis”.

    O nosso herói no momento será o traidor e os traidores serão os heróis ou vice-versa? O mísero Alferes de Villa Rica é recorrente, mesmo partido em quartos que na verdade, se contarmos foram quintos não auríferos, mas carníferos, se me permitem.

    Vamos supor que o Juiz Sérgio Moro – claro, que é uma digressão -, seja o Supremo Inquisidor e Executor português dos Inconfidentes. E não conjurados! Isso mesmo, inconfidentes porque foram contra a cora portuguesa, ou seja, o que não foram fieis e traíram a pátria portuguesa.

    E como a devassa que se estabeleceu foi violenta e cruel com os acusados, inclusive Tiradentes, todos, todos mesmo, negaram seus envolvimentos e além de se dizerem inocentes acusaram uns aos outros. Uma vergonha, inclusive com a “delação premiada”, dizem, de Joaquim Silvério dos Reis e outros etc. Claudio Manoel da Costa, não suportou a perseguição politica e provavelmente foi suicidado.  Tomas Antônio Gonzaga, só pensava na Marília. Inácio de Alvarenga Peixoto na pobre e ensandecida e bela Bárbara. Os outros, deixa pra lá que isso não é aula de Educação Moral e Cívica…mas tudo farinha do mesmo saco e todos e mesmos comprovadamente envolvidos, ainda que por provas circunstanciais e sem muita materialidade já que naquela época não tinha bancos nas Minas e nem contas no exterior…

    Bom. Primeiro uma pergunta: será que teremos algum dia a leitura da condenação dos principais cabeças? Enforcar, nem pensar!

    E para encerrar esse ponto sem nó, o Inquisidor Mor, condenou somente o Tiradentes, apesar de que inicialmente ter negado seu envolvimento, foi o único, olha só, o único que admitiu sua culpa. Na História da Humanidade quantos já fizeram isso?  Hem?

    E o mais interessante é que do ponto em que estamos, qual foi a sua culpa? Confessar que queria a liberdade, dele e de sua terra natal? Ainda que tivesses seus interesses particulares, é claro.

    Os outros também queriam, mas diante do Inquisidor e da sombra da forca, todos negaram!

    E se fosse o contrário?  Se os agora Conjurados conspirassem para executar seus executores os espoliadores da terra o que aconteceria? Eles, os conjurados seriam inocentes ou culpados! E o culpado seria o julgador dos inocentes? É isso que querem fazer hoje, julgar os que julgam?  Os considerados como sempre inocentes irão julgar os que eles consideram os culpados.

    Só sei que, o que não era culpado de nada de verdade, foi mesmo assim, o que se considerou culpado do que não tinha culpa. Não há saídas? E Kafka ainda estava muito longe do canal seminífero do velho e cruel pai…

    É o que está ocorrendo hoje no Brasil?

    Todos são inocentes e o culpado é o povo brasileiro, a justiça brasileira?  A honestidade brasileira? A Constituição brasileira? O eleitor/idiota/venal brasileiro? As verdinhas brasileiras?

    Já sei o culpado, não é um culpado é uma culpada: é a égua do meu ancestral, lá do Carmo do Paranaíba!

    Exercício patético esse meu!

     

    José Eduardo de Oliveira – Tôca –  25.04.2017

     

     

     

     

     

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