Uma proposta para a Mesa do Senado, por Roberto Requião

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Uma proposta para a Mesa do Senado

por Roberto Requião

O Senado Federal se encontra sob o olhar vigilante da sociedade brasileira. Estando nós no centro dos acontecimentos políticos que, desde o impeachment, nos colocaram numa posição de destaque no cenário político brasileiro. Independentemente de divisões políticas internas é nosso dever reconstruir agora nossa credibilidade perante a Nação, sob o pena de contribuirmos para o aprofundamento da situação de caos já estabelecida no país.

Não podemos ser uma fonte adicional de instabilidade acima da instabilidade existente. Somos os guardiães da Federação. É nosso dever constitucional preservá-la. A eleição da Mesa do Senado nos próximos dias, por exigência da ética e da moralidade, deve visar a uma composição que reconstitua e preserve a dignidade do Senado, independentemente de diferenças ideológicas, políticas e partidárias que nos marcam individualmente.

Devemos eleger uma Mesa, e em especial seu Presidente, que tenham condições políticas plenas de afirmar os Poderes constitucionais do Senado e escapar da condição de reféns de outros poderes, amesquinhando nossa capacidade de decisão independente. A partir daí, alinhamos os seguintes princípios fundamentais para o bom funcionamento da Casa:

1.    Eliminar a prática de constituição de Comissões Especiais para análise de matérias muitas vezes controversas, com caráter terminativo, à margem de discussão nas comissões regimentais e do pronunciamento do plenário;

2.    Eliminar o processo decisório por voto de liderança na medida em que os recursos técnicos do Senado possibilitam a votação pessoal, aberta ou secreta;

3.    Eliminar a indicação de relator de matérias legislativas por decisão do presidente da Comissão respectiva, adotando-se critério similar ao do Supremo Tribunal Federal, que define o relator por um algoritmo impessoal;

4.    Encaminhar à Comissão de Assuntos Econômicos discussão com o objetivo de redefinir as relações entre os agentes federativos no que se refere à dívida dos Estados e grandes municípios junto ao Governo Federal, a qual é considerada nula por especialistas;

5.    Atuar no sentido de pressionar pela aprovação definitiva de projeto,  já aprovado no Senado, que regulamenta a tramitação de medidas provisórias no Congresso Nacional;

6.    Estabelecer um firme compromisso de respeito aos espaços da minoria no trabalho legislativo;

7.    Encaminhar imediatamente para discussão no plenário o Projeto de Lei 79/16, que trata das empresas de telecomunicações;

8.    Favorecer o debate para o estabelecimento de um sistema prisional juridicamente funcional e humanamente justo.

A chapa que assumir os compromissos acima terá o nosso apoio. Instamos nossos colegas senadores a juntarem-se conosco nessa empreitada de resgate da dignidade do Senado, que será um ponto de apoio para o resgate da política como exercício de defesa do interesse público no Brasil. Estamos certos de contar com o apoio firme da maioria da Casa. Em contrapartida, defenderemos até o limite de nossas forças os interesses políticos legítimos da representação senatorial no país.

Roberto Requião é Senador da República em seu segundo mandato. Foi governador do Paraná por três mandatos, prefeito de Curitiba e deputado estadual. É graduado em direito e jornalismo com pós graduação em urbanismo.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

5 Comentários

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  1. Nosso quem cara-pálida ??? Vc

    Nosso quem cara-pálida ??? Vc não manda em ninguém e não fala por ninguém. Nem teu partido te dá a mínima.

    O Senado não tem como reconstruir a credibilidade após ter tirado dilma Roussef e colocado esse marginal na presidência.

    Estou aguarando seus 30 e poucos votos contra o impeachment…..

  2. Curioso como não exigem limites de gastos, austeridade…

    O legislativo brasileiro, mesmo se observadas figuras “progressistas” como Requião, parece viver em outro mundo.

    Todas as exigências são lúcidas, pertinentes e objetivas. Merecem e devem ter todo o apoio.

    Mas nada de propostas para acabar com os privilégios dos legisladores, a exemplo de compromissos como redução dos gastos do Senado, fim do plano de saúde ilimitado e das verbas de gabinete de “livre” gasto, fim da aposentadoria com apenas dois mandatos, entre outras benesses incompatíveis com a situação de um país em grave dificuldade fiscal e com enormes defícits sociais e, evidentemente, republicanos?

    A esquerda brasileira anda tão míope nesse sentido que é capaz até de perder o “bonde” desse tipo de ação, considerando que alguns partidos já estão incorporando essas práticas, como o “Novo”, que é mais um partido metido a liberal “jaboticaba”, mas, pelo menos, está ciente desse anseio.Temos o exemplo do Reguffe, na Câmara. 

    Está cansativo ver o Legislativo discutir tudo, menos seus próprios privilégios – e ainda querem atacar o MP e o Judiciário por isso, embora estes mereçam todas as críticas. 

  3. continuação sugerida

    9 – Criar leis e mecanismos eficientes de proteção, vigilância e fiscalização para cuidar e manter em segurança, todas as riquezas sociais, minerais, científicas e tecnológicas, que sejam reconhecidas e classificadas como estratégicas para o Barsil.

    10 – idem, para identificar, processar e punir severamente qualquer pessoa (desde o cidadão mais comum até a mais alta autoridade municipal, estadual e federal), que tente, seja de forma for, tentar romper a proteção, a vigilância e a fiscalização que mantém secreta e segura todas essas riquezas nacionais.

    11- Classificar de crime hediondo a todas as ações e tentativas planejadas e intencionais de destituição e/ou usurpação, de qualquer poder constituido de forma legal e dentro de todos os princípios constitucionais. Identificadas as aç~´oes e/ou tentativas, a punição será imediata e severa a todos que visam, por interesse pessoal, comercial, industrial ou outro tipo qualquer de prejuízo premeditado, causar danos ao país, ou a sociedade, ou as instituições públicas, ou a ordem, ou ao progresso, ou a democracia e o estado de direito.  

    12 – ……..

  4. Por Outro Ângulo

    Nassif: quando estiver com o senador Requião apresente minhas desculpas. Mas sou a favor de se extinguir o Senado brasileiro. Anteriormente, já lhe expus minhas razões. Porém, agora com a Suja_Jato,elas redobraram.

    O “antro” político tem, na atual legislatura, 82% de bandidos, na maioria ladrões de carteirinha. E representam quem? Os Estados? Desde quando “estado” é cidadão? Desde quando o Estado goza do direito de votar e ser votado? Se o eleitor, na qualidade de cidadão, já vota no deputado federal, pra que senador? Tá lá na Constituição — “Todo poder emana do povo, que exerce por representantes eleitos…” (Parágrafo Único do Art.1º). E acrescenta, posteriormente — “O Senado federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal” (art. 46, caput). Me responda, com sinceridade —- prá quê Senado?

    Agora, gozado mesmo é a questão do político brasileiro, como um todo.

    O eleitor vai às urnas indicar um cidadão para que este o represente na Câmara Municipal ou na Assembleia do Estado ou na Câmara Federal. O Senado é outro babado.

    O eleito, representante do seu voto, será regiamente pago pelos cofres do Tesouro, com as mordomias costumeira, em todas as esferas legislativas.

    Ai entra o “homem de negócio”, corrupto e safado até a medula (daqui e do exterior), levando um projeto para seus negócios escusos, que normalmente não passaria pelo menor crivo econômico, moral ou social e lhe oferece um “adjutório” para que a lei permita a façanha.

    Senador e Deputado, por exemplo, ganham, com pequenas variações, em torno de R$200 mil mensais, dos cofres públicos. CADA UM. As más línguas dizem que isto corresponde a 1/3 dos “por fora”.

    No total os “federais” mordem, com variações da espécie de rapinagem, o equivalente a 214 salários mínimos (2017). Pagamos e eles nos roubam, na cara dura.

    Se este é o quadro de 8/10 dos políticos brasileiros, prá quê político? Botamos a raposa para vigiar nosso galinheiro…

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