Vale tem lucro anual, mas fecha trimestre com prejuízo de R$ 4,761 bi

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
[email protected]

Jornal GGN – A mineradora Vale fechou 2014 com lucro de R$ 954 milhões, o que representa um salto de 729% em relação ao resultado de 2013, quando tinha lucrado R$ 115 milhões. Entretanto, o resultado no quarto trimestre aponta um prejuízo de R$ 4,761 bilhões.

Segundo os dados divulgados pela empresa, o desempenho foi diretamente afetado pela queda do preço do minério de ferro no mercado internacional, além de perdas com a alta do dólar – embora o desempenho tenha sido menos ruim ante os três últimos meses de 2013, quando o prejuízo foi de R$ 14,867 bilhões, houve piora em relação ao terceiro trimestre de 2014, quando o prejuízo tinha sido de R$ 3,381 bilhões.

A receita operacional no trimestre foi de R$ 23,545 bilhões, ligeiramente acima do terceiro trimestre. O aumento ocorreu principalmente devido ao maior volume de venda de minério de ferro (R$ 1,791 bilhão) e pelotas (R$ 317 milhões), que foram parcialmente compensados pelos menores preços de minério de ferro (R$ 1,096 bilhão) e pelotas (R$ 419 milhões). No ano, a receita operacional foi de R$ 89,911 bilhões em 2014, uma queda de 12,7% em relação a 2013.

A redução ocorreu principalmente em razão dos menores preços de minério de ferro (R$ 20,627 bilhões) e pelotas (R$ 2,461 bilhões), os quais foram parcialmente mitigados principalmente pelos maiores volumes de vendas de minério de ferro (R$ 1,131 bilhão) e maiores volumes de vendas de pelotas (R$ 874 milhões).

O EBITDA (lucro antes de juros, impostos, desvalorização e amortização) ajustado alcançou R$ 31,134 bilhões em 2014, apresentando uma diminuição de 36,5% contra R$ 49,027 bilhões em 2013. No quarto trimestre, o EBITDA ajustado foi de R$ 5,572 bilhões, ficando 18,7% abaixo do terceiro trimestre.

“Há tempos que problemas do mercado de mineração global vêm prejudicando os resultados da Vale”, diz a corretora Ativa, em análise do corretor Lenon Borges. “O desempenho muito positivo da divisão de metais básicos continua como um amortecedor para o impacto negativo da divisão de minério de ferro, apesar de a empresa continuar operando com prejuízo”.

O CPV (Custo dos Produtos Vendidos) totalizou R$ 17,539 bilhões no quarto trimestre, um aumento de R$ 2,729 bilhões quando comparado com os R$ 14,810 bilhões registrados no 3T14. No ano, o CPV foi de R$ 59,087 bilhões em 2014, um aumento de R$ 6,576 bilhões quando comparado aos R$ 52,511 bilhões em 2013. “Não gostamos do passo de crescimento do CPV no período, superior ao incremento da produção, demonstrando perda de eficiência e margens para a companhia, nesse sentido a direção da empresa afirma estar reduzindo a compra de terceiros, para melhorar a margem”, pontua a corretora.

Commodities afetam resultado da empresa

Embora a Vale tenha apurado produção recorde nas suas principais linhas de atuação, a deterioração do preço das commodities pesou nos resultados – em minério de ferro, o preço médio realizado ficou em US$ 61,57 no trimestre, queda de 48,2% em relação ao quarto trimestre.

“Além do impacto negativo dos preços, parcialmente compensado pelo efeito da desvalorização cambial no faturamento, o Ebitda Ajustado foi afetado pelo menor recebimento de dividendos (-81%) e por despesas não recorrentes da ordem de R$ 922 milhões”, pontua a corretora Concórdia, em relatório. “A última linha, que registrou prejuízo de R$ 4,8 bilhões, ainda sofreu, principalmente, com variações monetárias e cambiais (-R$ 3,2 bilhões); swaps de moedas e taxas de juros (-R$ 1,4 bilhão); e impairments de ativos (-R$ 983 milhões)”.

Segundo a Ativa Corretora, a queda do preço médio realizado no período de 48% em bases anuais afetou a geração de caixa levando ao aumento do múltiplo Dívida Líquida/EBITDA a níveis altos para o recente histórico da empresa. “Agora, as especulações sobre o IPO da divisão de metais básicos da companhia para ajudar na geração de caixa para a Vale deverão seguir no foco do mercado, principalmente após declaração de Murilo Ferreira de que a empresa está trabalhando forte neste sentido”.

Para a Concórdia, o cenário de curto prazo permanece “nebuloso” para Vale, sobretudo, por conta da pressão nos preços das commodities, mas tal fator pode ser atenuado “por conta da maior diluição de gastos, redução no custo de frete, fechamento de capacidades deficitárias e, principalmente, pela política de desinvestimentos”.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador