Vantagem de Aécio sobre Alckmin é só aparente

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Aécio está estacionado no mesmo índice que alcançou no primeiro turno de 2014, enquanto Alckmin, mesmo fora de pleitos nacionais há nove anos, já pontua em 20%, tendo a mais poderosa máquina estadual nas mãos e com mais capacidade de sedução de partidos como PSB, PPS e PV

Do Brasil 247

Considerando apenas os número divulgados pela última pesquisa Datafolha, o senador Aécio Neves (PSDB/MG) larga na frente pela corrida presidencial de 2018. Ele soma 35% das intenções de voto vencendo até o ex-presidente Lula (PT), que aparece com 25%, num momento de massacre midiático diário contra o Partido dos Trabalhadores. Enquanto isso, o principal adversário interno de Aécio dentro do ninho tucano, o governador Geraldo Alckmin (SP), soma 20% de intenções contra 26% do líder petista (números aqui). No entanto, a vantagem de Aécio se desfaz quando são analisados os demais componentes de uma candidatura e seu potencial eleitoral.

Passados nove meses desde que foi testado nas urnas contra a presidente Dilma Rousseff e contra a ex-senadora Marina Silva (então candidata do PSB), Aécio Neves manteve uma estabilidade de votos. Ele foi votado por 33,55% dos eleitores no primeiro turno do pleito do ano passado. Agora, aparece com 35%, ou seja, com uma pontuação semelhante, o que pode ser analisado por duas óticas: é positivo que ele tenha mantido um apoio fiel do seu primeiro eleitorado. No entanto, revela que, desde então, ele não angariou mais simpatia do brasileiro e perdeu o apoio que obteve no segundo turno, quando somente tendo Dilma como adversária, chegou a 48,36%. Além disso, mesmo tendo generosos espaços na imprensa familiar e diante de um governo com baixíssima aprovação, ele não cresceu em popularidade.

Quanto a Geraldo Alckmin, os 20% que alcançou na pesquisa tornam-se muito significativos, uma vez que ele disputou, pela última vez, uma eleição presidencial há nove anos atrás. Mesmo sendo o governador do Estado mais importante do país – que passou por uma crise hídrica recente -, as intenções do tucano paulista soam animadoras, pois, para além desta simpatia inicial, ele detém o poder da máquina administrativa, o que pode lhe ser muito útil no momento de fechar alianças. Aécio estará sem qualquer estrutura de poder em 2018 que não seja o seu mandato, uma vez que não conseguiu eleger um aliado para o governo de Minas Gerais no ano passado. O primeiro partido que pode ser seduzido a apoiar Alckmin é o PSB, do seu vice Márcio França, que almeja concorrer ao governo paulista e assim dar uma projeção nacional à legenda. O PSB, mesmo com a morte de Eduardo Campos, é um partido com forte capilaridade no Nordeste e pode ser bastante útil ao projeto de Alckmin, a quem tem mais facilidade de se dobrar em apoio – do que a Aécio. O PPS e o PV são outros partidos que já orbitam em torno do governador de São Paulo com mais facilidade.

Além disso, ele tem se diferenciado do seu colega de partido ao apresentar posições mais moderadas em contraponto ao extremismo que Aécio tomou desde que perdeu a eleição do ano passado. Diferentemente do tucano de Minas, Alckmin se dispõe a conversar com seus opositores, como a presidente Dilma Rousseff, para tratar de temas de interesse do país, mas sem significar alinhamento branco ao petismo. Nesta semana, na propaganda partidária do PSDB, Geraldo Alckmin será apresentado ao país como o administrador de um Estado que avança em contraponto à “paralisia nacional”.

Há três anos das definições político-partidárias, o PSDB já se vê envolto nas discussões de como tentará disputar o governo federal da forma mais competitiva possível (leia aqui), com o mínimo risco de perder a quarta eleição consecutiva. Aécio tem uma liderança numérica, mas Alckmin aparece com mais capacidade articuladora. Ou seja, hoje, ambos estão em pé de igualdade para uma disputa que promete ser concorrida, mas que não pode provocar as já conhecidas fragilizações regionais do PSDB que impediram, em disputas anteriores, a consolidação do projeto nacional. O senador José Serra, de São Paulo, que foi vítima do apoio cambaleante dos tucanos mineiros, em 2010, conhece bem essa realidade.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

8 Comentários

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  1. Isso É recall.—tanto faz

    Isso É recall.—tanto faz aecio ou o picolé.

      Mas atenção para o detalhe:

               Qualquer candidato Zé Mané ganharia do PT.

                     Inclusive de Lula.

  2. A razão da pesquisa.

    Faltando 3 anos e meio para a próxima eleição presidencial, uma pesquisa como essa é extemporânea.

    Ocorre que o lançamento prematuro de Alckmin como candidato a presidente provocou mal estar no grupo de Aécio ameaçando dividir o partido publicamente.

    Essa pesquisa, colocando Aécio à frente de Alckmin, joga água na fervura.

    Nada mais que isso.

  3. Jogada

    Ok, mas quando o Aécio assume?

    Nós é temos que que ficar mais atentos, pois isso na verdade é uma jogada dos derrotados. Observem que eles estão em guerra entre eles. A verdade é que na semana passada o PSDB proclamou o Alckmin como seu candidato à presidência, mas a ala que defende o Aécio está retrucando com essa pesquisa oportunista criada pelo igualmente suspeito instituto de pesquisa IBOPE. Simples.

     

    Isso é uma jogada que poucos percebem, pois enquanto a gente passa a discutir uma pesquisa mentirosa e sem sustentação, muitos esquecem o escândalos das operações Zelotes (onde aparecem os donos da grande imprensa), HSBC (onde estão os empresários e celebridades), FIFA (com quem a Globo tem contratos) CBF (onde tem os sócios da Globo, J. Havilla, Ricardo Teixeira), Paraná, Metro e etc. 

     

    http://www.brasil247.com/pt/247/poder/185757/PSDB-já-se-divide-sobre-candidatura-de-2018.htm

     

    Espere e verão o desenrolar dessa disputa interna dos Tucanos.  

     

  4. Qualquer coisa vale para

    Qualquer coisa vale para impedir a volta do PSDB, até o PMDB ter candidato.

    Que o vice do Lula seja Ciro Gomes, Kassab não por favor. Se Lula repetir os mesmos erros políticos que o governo Dilma está colhendo não voto nele, meu candidato é Ciro.

  5. Que opções

    Aécio é um banana carismático. Faria nada, assim como nada tem feito em SP. E Aécio seria um governante mão de ferro que esmagaria o que restasse do PT. 

    Escolha entre o fogo e a frigideira.

  6. Eleições 2018

    O PSDB está unido e organizado. Focado em fazer oposição ao governo Dilma. Já o PT em frangalhos. Os grupos de Dilma e Lula em guerra pelo poder interno do partido. Um tenta salvar o governo, o outro tenta de descolar do desgaste da presidentA, na tentativa de viabilizar a candidatura de Lula para 2018. Acho que nenhum dos dois se salvará.

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