Aquiles Rique Reis
Músico, integrante do grupo MPB4, dublador e crítico de música.
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Verônica Sabino canta feliz, por Aquiles Rique Reis

Verônica Sabino canta feliz, por Aquiles Rique Reis

Verônica lançou Esse Meu Olhar (MP,B), álbum em que ficam latentes os seus atributos vocais e sua capacidade para navegar a bordo de uma nau que resiste ao tempo e às tempestades. Com afinação comprovada desde muito tempo, Verônica escolheu gravar ao vivo – desafio que põe à prova qualidades e defeitos dos que se valem do recurso de cantar sob o olhar da plateia.

O que se ouve ao longo de doze faixas é uma cantora plenamente conhecedora de suas qualidades e de suas limitações. Uma intérprete amadurecida que soube escolher o repertório que melhor se encaixa em sua extensão vocal.

Verônica canta feliz. E a felicidade fica nítida nas frases melódicas cantadas como se cada nota resumisse a sua própria existência. É verdade também que, no calor do palco, tendo a plateia a nortear seus sentimentos, vez por outra a respiração descola um pouco do ideal – ao vivo, movida pela emoção, em alguns momentos Verônica tendeu a despejar o ar no meio de uma frase, dele sentindo falta no final.

Verônica amadureceu. Parece mesmo que o longo tempo em que ficou longe do contato com o público deixou-a saudosa do ofício de cantar para acalmar corações, principalmente o seu, e de ouvidos atentos à sua voz.

Composto de seis músicas, cada uma numa faixa, e de treze outras canções ajuntadas em seis pot-pourris, o repertório é uma grande salada na qual os sabores se amalgamam, resultando em paladares agradáveis para gostos variados. Para temperar, um quarteto de instrumentistas que acompanhou a gravação ao vivo, no Cultural Bar, em Juiz de Fora: Chico Werneck (piano, acordeom e vocais), André Vasconcelos (baixo acústico e vocais), João Hermeto (percussão, bateria e vocais) e Sérgio Chiavazzoli (violão, guitarra e vocais, além de arranjador e diretor musical do CD).

As primeiras cinco faixas dizem da preferência de Verônica por compositores do período pré-bossa nova: Tom Jobim, Aloysio de Oliveira, Maysa, Custódio Mesquita, Ewaldo Ruy, Dolores Duran, Vinicius de Moraes, Haroldo Barbosa, Carlos Lyra, dentre outros.

A partir da faixa seis e até a metade do pot-pourri da faixa onze, autênticos sucessos bossanovistas. Alguns deles contaram com a competente participação de Roberto Menescal tocando violão e dividindo o canto com Verônica, e foram compostos pelo próprio Menescal e por Carlos Lyra, Ronaldo Bôscoli, Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle. Uma ressalva: em meio a essas bossas, “Garota Nacional”, sucesso de Samuel Rosa e Chico Amaral, soa deslocada.

Para fechar a tampa, como que pairando soberano acima de gêneros musicais, “Nada Será Como Antes” (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos), que contou com a sempre brilhante participação vocal de Milton Nascimento. Meu Deus do céu! Seu dueto com Verônica já vale o CD.

Feito uma renovada dama da noite, uma autêntica lady crooner de voz aveludada e em pleno apogeu, em Esse Meu Olhar Verônica Sabino brinda seu público com interpretações impregnadas de vigor e sensualidade.

Aquiles Rique Reis, músico e vocalista do MPB4

Aquiles Rique Reis

Músico, integrante do grupo MPB4, dublador e crítico de música.

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