Visita de presidente chinês estreita laços na América Latina

Xi Jinping deixa China ainda mais próxima da América Latina

Encerrou-se em Cuba na quarta-feira (23/07) a viagem do presidente chinês, Xi Jinping, pela América Latina. Em seu giro pelo continente, que começou no Brasil, ele passou por Argentina e Venezuela até, por fim, desembarcar em Santiago de Cuba – cidade na qual há 500 anos Cristóvão Colombo, em seu caminho para as Índias, inaugurava um porto.

Com a visita, Xi mostra que a região continua importante para a pauta econômica de Pequim. Sob o comando de uma empresa chinesa, um novo canal que permite o trânsito de navios entre os oceanos Atlântico e Pacífico pela América Central está sendo construído na Nicarágua. O governo chinês garantiu recursos para a obra.

A sexta cúpula dos Brics, entre os dias 14 e 15 de julho em Fortaleza, foi o primeiro compromisso do presidente chinês em sua viagem. Durante o encontro, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul criaram um banco de desenvolvimento – uma alternativa às antigas estruturas de poder do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional.

Na Argentina, Xi anunciou a liberação de um crédito de quase 5,5 bilhões de euros para ser investido na infraestrutura do país. E uma operação de troca de taxa de variação cambial (swap) no valor de aproximadamente 8 milhões de euros deverá estimular o intercâmbio de produtos entre os dois parceiros: bens de consumo para a Argentina e matéria-prima, sobretudo soja, para a China.

Os acordos anunciados na Venezuela foram semelhantes. O presidente chinês divulgou o repasse de um novo crédito de 3 bilhões de euros, que poderá ser pago em petróleo, assim como a participação na reconstrução de refinarias.

O sinal dado por Xi é claro: a China quer reforçar seus laços com a América Latina. No campo dos negócios, a meta parece já ter sido conquistada há tempos. Em muitos países da região – entre eles Brasil, Argentina e Chile – os chineses já se encontram à frente dos americanos no ranking de maiores parceiros comerciais.

A forte relação dos EUA com o México ainda é o principal motivo por a China ainda não ser o principal parceiro da América Latina como um tudo. Mas dados mostram que mesmo essa posição está mudando. Enquanto o comércio entre latino-americanos e chineses movimentou aproximadamente 12 bilhões de dólares por ano na década passada, em 2013 as trocas comerciais alcançaram 261 bilhões– 20 vezes mais.

Dependência de Pequim

Com tudo caminhando bem na parte comercial, os chineses agora querem conquistar influência geopolítica – e tudo indica que poderão contar com sinal verde nas Américas do Sul e Central. “Para muitos governos latino-americanos, a China é um parceiro atrativo em termos econômicos e de desenvolvimento político”, avaliam Ana Solíz Landivar e Sören Scholvin, do instituto alemão Giga.

Para os pesquisadores, as principais razões para isso são financeiras. “Mas também o sucesso político chinês em âmbito global, sua escalada de poder no século 21, é considerado ponto importante pelos governos latino-americanos”, afirmam.

Os especialistas ressaltam a China também é vista com bons olhos por, simplesmente, ser uma alternativa aos EUA. Apesar do enorme interesse em receber investimentos externos, muitos governos recusam recursos repassados pelo “Ocidente” por motivos ideológicos.

O roteiro seguido por Xi nesta viagem passa exatamente por esses países. Mergulhada em caos, a Venezuela tem problemas com o refino de petróleo e para abastecimento à população de produtos básicos. Durante visita do presidente chinês, o venezuelano Nicolás Maduro fez questão de agradecer pelos 45 bilhões de dólares de crédito que a China liberou para seu país ao longo da última década.

A Argentina segue o mesmo caminho. Fora a agricultura, praticamente nada é produzido por lá. A inflação está acima dos 40%, e o acesso ao mercado de capitais está bloqueado desde 2011, ano da bancarrota. Em vez de tentar conquistar a confiança dos investidores privados, a presidente Cristina Kirchner também se rende às ofertas de ajuda de países que se apresentam como contraposição aos Estados Unidos, como China e Rússia.

Já Cuba depende, há décadas, de países oponentes aos EUA. Após o fim da União Soviética, a Venezuela havia tomado à frente da empobrecida ilha. Agora que Caracas não tem mais o que oferecer, o caminho para a China ficou livre – embora a Rússia também tenha feito investidas nas ilhas dos irmãos Castro.

Mais poder

Há anos governos de países da América Latina tentam tirar proveito de sentimentos antiamericanos de parte da população, e vendem como se fossem méritos próprios o enfraquecimento da influência americana – o antigo poder “colonialista” – em seus territórios. Atualmente, no entanto, é grande o receio de que o uma nova dependência possa surgir.

Diferentemente dos latino-americanos, os asiáticos costumam dar bem menos importância a questões ideológicas. A China quer expandir seu poder geopolítico a fim de assegurar o acesso a matérias-primas.

A maneira como a América Latina poderá admitir esse acesso será discutida na próxima cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). O encontro, aliás, será em Pequim.

Para muitos, este é um recado da China aos EUA. Sobre a aproximação de Washington com o Japão e outros dez países da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Ansea), o americano Andrés Oppenheimer resumiu, em sua coluna no jornal Miami Herald no ano passado: “Você entra no meu quintal, então eu também entro no seu.”

Redação

8 Comentários

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  1. essa questão doo quintal de

    essa questão doo quintal de um e outro pode denotar guerra fria que não interessa, claro à diplomacia brasileira, que historicamente ,mantém relações amigáveis com todos os países da onu.

    mas é inevitável que se contraste a influencia desses dois grandes países – eua e china – na américa latina.

    na minha opinião, essa aproximação com os chineses tem a vantagem políitica de pelo menos contrabalançar com a histórica relação dos chamados imperialistas norte-americanos.

    1. Só os convênios de compra de

      Só os convênios de compra de petróleo da Venezuela, seugndo a turma maduresca, garante valor de comprar 20% superiror ao que tiver sendo praticado no mercado., tal qual Cuba tem pago

  2. As diferenças é que fazem a diferença

    As Américas para os americanos, política do big stick, dezenas de intervenções armadas e desarmadas – não há nenhum país ao sul do Rio Grande que não tenha sofrido intervenção americana, nem as minúsculas ilhas caribenhas, como Granada. Investimentos só sob condições escorchantes, pouco ou nenhum crédito, a não ser vinculado a compras lá, limitações às exportações – me lembro bem das cotas de venda de T-shirts brasileiras, que custavam 5 vezes menos que as deles, com frete e impostos dos dois lados, e do suco de laranja nacional, melhor e muito mais barato.

    Foram cerca de 120 anos, desde o final dos anos 1890, em que qualquer laivo de nacionalismo por aqui era tratado como coisa de inimigo, a ser derrotado e destruído. E todo pilantra que escondesse algum dinheiro em Miami ou Nova Iorque era tratado como grande negociante, honesto e empreendedor. Bom era ter playboys gastando dinheiro em Las Vegas e em Hollywood. Ruins eram governos e governantes que quisessem industrializar e desenvolver seus países.

    A estupidez sempre acaba cobrando seu preço. Se tivessem nos ajudado a crescer, se tivessem tornado nossas economias grandes, fortes e complementares à sua, como sempre puderam fazer, se tivessem cultivado uma verdadeira integração política e econômica conosco, agora não teriam que estar se preocupando em como fazer para derrubar esses governos que teimam em procurar outro parceiro. Com as desculpas das mullheres, por favor, mas até mulher de malandro um dia cansa de apanhar…

  3. Espero que ele tenha dito ao

    Espero que ele tenha dito ao governo brasileiro que não quer mais comprar  minério por preço baixo por causa de haver impurezas como nióbio

  4. Neighborhood não significa

    Neighborhood não significa quintal, mas “vizinhança”. Por favor, estude a língua inglesa antes de postar tais imbecilidades.

  5. Quem tem mais a oferecer ?

    Os países Sulamericanos, que sempre seguiram a cartilha norte-americana ao pé da letra, porem para serem atendidos em suas necessidades básicas, colocavam-se “de joelhos” aos pés dos colonizadores do presente, e seguiam suas orientações, quanto à política externa do Depto de Estado yanque, após o fracasso do neo-liberalismo, passou a aceitar dialogar com outras economias emergentes, para em bloco, procurar novos parceiros comerciais,  que tivessem recursos e tecnologias, para fazer frente à eterna dependencia dos norte-americanos, cujo preço do apôio, passou a ser caro demais e desinteressante pelos parcos negócios a favor destes países.

    Aí então, entra em cena a potência com maior visão de economia de mercado, dos últimos anos, a China, que tendo necessidade de commodities em grandes quantidades, e tendo recursos em abundancia, para investir, assumiu a responsabilidade, de substituir sem muitas exigencias, os antigos “donos do mundo” e sem impor aquilo que era o preço mais caro, que os países sulamericanos pagavam, serem bases militares norte-americanas. A China que competir com a economia local, em cada país, comprando mais do que vendendo, porem quer a liberdade, de poder vender seus produtos industrializados, sem nenhuma sobretaxa ou tributações especiais, ou seja, quer praticar aonde investe maciçamente, com a mesma liberdade, que permite a quem investe na China. Isso é a verdadeira economia de mercado.

    Silenciosa porem vigorosamente, eles têm convencido às governanças dos governos sulamericanos, a serem seus parceiros, e pararem de temer o vizinho do Norte, afinal  a velha e imperialista política externa norte-americana referente a negócios, há tempos deixou de ser interessante(para nós) e na grande maioria das veses, foi lucrativa somente para eles e suas instituições financeiras.

    Demorou, mas a América Latina, perdeu o medo de ouzar, e de buscar novos aliados.

  6. E de passo em passo…

    O que antes ocorria apenas nos países visinhos, agora expande-se para alem mar, e para continentes antes dominados economicamente pelos E.U.A e Comunidade Europeia.

    Esta é a política da nova governança chinesa, que autoriza o seu Presidente, a fazer acôrdos comerciais de porte e por tempo ilimitado, com quem quer que seja, desde que haja nova parceria, completa liberdade de compra e venda, sem restrições e/ou tributações acima da média mundial. Depois dos Tigres Asiáticos, e de “invadir” os E.U.A, comprando o contrôle acionário das maiores empresas norte-americanas, e sentindo que aquele mercado consumidor, exauriu-se, agora os chineses e seu capital avançam para a America Latina e Central, despejando nestas nações, o que os norte-americanos não estavam mais fazendo, pois suas novas prioridades, são as armas e seus compradores.

    E assim, desenha-se uma nova ordem economica mundial, aonde os antigos “mandachuvas”(garotos de recados dos yanques) FMI, Banco Mundial e outros,não têm mais a mesma importancia e relevancia.

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