Zapatismo, no México, deverá lançar mulher indígena à presidência, por Wagner Iglecias

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Zapatismo, no México, deverá lançar mulher indígena à presidência

por Wagner Iglecias

Notícia extremamente importante. O zapatismo deverá lançar uma mulher indígena à presidência do México, este tão lindo e tão triste país. Importante lembrar que o PRI, do atual presidente Enrique Peña Nieto, governa o México desde 1929, com o brevíssimo intervalo entre 2000 e 2012, quando o país esteve sob o comando do ainda mais direitista PAN, primeiro com Vicente Fox e depois com Felipe Calderon. Lembremos que em 1988 e em 2006 o provável vencedor das eleições presidenciais no México tenha sido o candidato do PRD, dissidência à esquerda do PRI que buscava manter as tradições políticas da Revolução Mexicana (enquanto o PRI, já nos anos 1980, abraçava gostosamente o neoliberalismo). Mas no caso podemos dizer que “ganhou mas não levou”.

Há anos no México há o debate sobre uma necessária aliança entre o PRD e os movimentos indígenas, notadamente o zapatismo, para fazer frente à força avassaladora do PRI. Tal aliança jamais foi selada, até porque o zapatismo rejeitava a institucionalidade política mexicana. Por isso o lançamento dessa candidatura dos movimentos indígenas é tão interessante.

Obvio que é grande o risco de a candidatura ser batida pelo candidato priista e no fim das contas os movimentos acabarem legitimando um modelo institucional e eleitoral que sempre rejeitaram. Por outro lado, com o chega pra lá que Trump está dando no México, forçosamente a elite branca que governa o país será obrigada a olhar um pouco mais para a América Latina. E quem sabe o povo mexicano, em sua ampla maioria de descendência indígena, a olhar para uma candidatura que representa um México até anterior à América Latina, um México pre-colombiano.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

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  1. Entrevista com Roberto

    Entrevista com Roberto Cardoso de Oliveira

     

    https://youtu.be/IrjI3Aw7ZZw

     

    A IXª Jornada de Estudos de Ciências Sociais, pela primeira vez, teve como objetivo dialogar com a obra de um antropólogo. O professor Roberto Cardoso de Oliveira, autor fundamental na construção institucional da antropologia brasileira, é responsável pela formação de várias gerações de antropólogos atuantes hoje em todos os cantos do Brasil e exterior. Discutir a obra de Cardoso de Oliveira é também repensar criticamente a história da disciplina entre nós, abordando os aspectos fundamentais do seu pensamento, de sua trajetória acadêmica, influências e polêmicas ao qual o autor não ficou isento.

    Podemos dizer que esse evento foi um divisor de águas para o campo da antropologia na Faculdade de Filosofia e Ciências. O professor permaneceu uma semana em Marília dialogando com os nossos convidados e alunos, ouvindo humildemente suas críticas e contribuições. Nossos alunos se surpreenderam com o que viram e participaram da organização, filmagens, conversas, palestras e da oficina de antropologia visual oferecida por Cornelia Eckert e Ana Luiza Machado que foi editada pelo Laboratório de Antropologia Social-PPGAS/UFRGS e distribuída juntamente com o livro organizado pela professora Christina de Rezende Rubim, também coordenadora geral do evento.

     
    Infelizmente, em julho de 2006, Roberto Cardoso de Oliveira faleceu sem desfrutar do produto desse evento que ficou para ele, como um momento de emoção intensa, rememorando sua vida, sua obra, seus alunos e o encontro com as novas gerações. Como pessoa e mestre, sempre foi uma referência, não somente pelos seus textos, mas pela sua presença como professor, ensinando e nos instigando intelectualmente.

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