Acordos bilaterais dão partida à interligação sul-americana

O Brasil já firmou acordos bilaterais com Uruguai e Argentina para a interconexão de suas redes. A medida faz parte do planejamento do governo brasileiro para o início da implementação da declaração assinada pelos ministros de Comunicações dos países da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), que objetiva fomentar a soberania, independência e identidade dos povos da região, assim como aumentar a capacidade e, em consequência, reduzir os custos das conexões de banda larga.

Para a interconexão à rede uruguaia, está sendo implantada rede até a fronteira com aquele país. Em relação à Argentina, já existe rede na fronteira, mas o governo argentino ainda está expandindo a rede internamente até encontrar a brasileira. “Já possuímos rede na fronteira da Venezuela, mas se trata de um trecho ainda isolado de todo o backbone nacional, que deverá ser interligado até o próximo ano”, adianta o diretor de banda larga do Ministério das Comunicações, Artur Coimbra. “Também identificamos pontos de interconexão com outros países, em especial Peru, Bolívia e Paraguai, mas ainda se tratam de propostas, às quais ainda não receberam o aval das respectivas contrapartes”, diz.

A declaração é resultado do grupo de trabalho criado em 30 de novembro pelo Conselho Sul-americano de Infraestrutura e Planejamento (Cosiplan), com a finalidade de estudar e propor alternativas para impulsionar a interconexão das diferentes estruturas e redes de fibra óptica na América do Sul e assim formar a Rede para a Conexão Sul-americana para a Integração. Em março os ministros reuniram-se no Paraguai, e assinaram a declaração que renova o compromisso.

A declaração manifesta apoio a três medidas principais. Em primeiro lugar, a construção de um anel óptico continental, estabelecendo conexões dentro e entre os países sul-americanos. Em segundo lugar, a inclusão, em projetos regionais de integração como corredores viários e linhas de transmissão, da instalação de redes de fibra óptica, tendo em conta a economia de recursos e a sinergia proporcionadas na associação com grandes obras de infraestrutura. E, por último, comprometem-se com ações que incentivem a instalação de centros e redes de distribuição de conteúdos na América do Sul, assim como a geração e difusão de conteúdos locais e regionais, para aumentar a importância relativa do tráfego dentro da região.

Os ministros aprovaram os prazos para a implementação de cada fase do projeto de anel ótico, que deverá ser concluído em três anos. Atualmente, o caminho percorrido pelos dados numa simples conexão à internet é extenso e caro: se um internauta do Brasil acessa um site do Chile, por exemplo, a conexão segue até um servidor nos Estados Unidos, via cabos submarinos, para, então, voltar ao Chile. “Com o anel óptico sul-americano, essa comunicação se estabelecerá diretamente. Além do benefício para a soberania do continente, isso tornará a comunicação entre os países sul-americanos mais rápida e mais barata”, explica o diretor. Para Coimbra, o principal obstáculo para a implementação do projeto é manter a articulação política dos diferentes países da América do Sul.

Redação

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