É preciso afastar a Europa do abismo, por Martin Schulz

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
[email protected]

Jornal GGN – Os Estados Unidos contraíram uma “gripe econômica grave e altamente contagiosa” em 2007, e sua recuperação só começou a mostrar alguma consistência oito anos depois. E a retomada mostrou tanta força que, pela primeira vez em quase dez anos, o Federal Reserve (o Banco Central do país) iniciou o processo de ajuste da taxa de juros. Na Europa, por outro lado, o quadro ainda preocupa devido a uma série de crises vivenciadas no período pós-2008.

“A melhor defesa contra os agentes patogênicos é um forte sistema imunológico. E é isso que atualmente faz falta à Europa, sob a forma de líderes políticos que ofereçam uma visão inspiradora e progressista aos seus cidadãos”, diz o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, em artigo publicado no site Project Syndicate. “Com níveis de descontentamento em relação à política não observados desde os tempos mais negros do continente na década de 1930, o risco de a Europa vir a sucumbir às forças destrutivas do populismo se torna cada vez maior”.

Apesar as preocupações, a autoridade diz que “ainda é muito cedo para abandonar a esperança”, uma vez que a Europa encontra-se bem posicionada para obter êxito no longo prazo. “Para garantir esse futuro, ao invés de se debater para fazer frente às crises que vão surgindo, a classe política da Europa deve começar a considerar o panorama mais vasto, antecipar e enfrentar os desafios e voltar a inspirar as pessoas”.

O representante do parlamento europeu diz que, em termos históricos, isso não é exagerado. “Há sessenta anos, quando a economia da Europa se recuperava da destruição causada pela Segunda Guerra Mundial, os líderes europeus olharam para além das dificuldades diárias enquanto moldavam um futuro mais esperançoso, com base numa integração europeia. É exatamente dessa visão e antecipação que necessitamos hoje, e a União Europeia, com a sua capacidade inigualável para facilitar a cooperação regional, continua a ser essencial”.

Schultz ressalta que existem diferenças “fundamentais” entre as circunstâncias que levaram à criação da União Europeia e as que os líderes da Europa enfrentam atualmente. “Em especial, é graças à União Europeia (UE) que os europeus de hoje, em geral, não sofreram guerras e privação econômica absoluta. Não tendo os perigos da demagogia incorporados nas suas memórias de vida, (os europeus de hoje) ficam muito mais vulneráveis a quem semeia medos e falsas promessas, refletidas na influência crescente das narrativas nacionalistas e dos movimentos populistas. Pior ainda, confrontados com a erosão da sua base eleitoral, muitos partidos tradicionais tentam acompanhar o passo destas forças destrutivas, fustigando-se a si mesmos na UE”.

O articulista afirma que a União Europeia precisa de um impulso capaz de refletir os desafios e oportunidades do século XXI, mas que isso será “praticamente impossível de se estabelecer (e de ser usado para inspirar os cidadãos até que a UE e seus Estados-Membros tenham controle sobre as crises que ameaçam oprimi-los”, o que aumenta a necessidade da região arrumar sua economia, o que não será rápido ou fácil. “Em especial porque vai nos obrigar a fazer face aos muitos problemas que foram varridos para debaixo do tapete ao longo dos anos, como os projetos mal amadurecidos cuja execução foi impingida à UE. O principal exemplo disto é a união econômica e monetária parcial que existe há quase duas décadas, e que agora precisa se tornar uma união plena, se quisermos que seja bem-sucedida e assegure resultados concretos”.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

2 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Verdade Verdadeira

    Nassif: sem essa de “afastar a Europa do abismo”.  A história prova que ela sempre quis viver perigosamente. Colhe o que planta. Quem sabe ela esfacelando-se o resto do mundo não junta os cacos e constroi um caminho mais decente? Senão, ficamos no novo do mesmo —ela se recompõe e o resto do mundo se dana. É ela a procedência de todos os “ismos” que desgraçam o mundo. Tem coisas boas, não resta dúvida. Mas é o refúgio de todos os carrascos polítcos do mundo. As grandes roubalheiras são guardadas lá ou em suas filiais pelo mundo. Comunismo, Capitalismo, Nazismo e outros são cria de lá. O terrorismo do oriente médio, de todos os lados, nasceu adonde? Os tentáculos de suas fortunas desgraçam o resto do mundo, explorando seja mão de obra barata, seja destruindo as riquezas naturais em seu favor. Haveremos de prantear as perdas, porque, lembrando um de seus poetas, “nenhum homem é uma ilha isolada”. Porém, não merece o resto do mundo ser um continente destruído pela gula, lascívia e outros pecados capitais que aquela parte do mundo exerce com maestria, há séculos.

  2. Somente tentando salvar a própria pele

    Ora, a Alemanha promoveu duas guerras mundiais visando assumir o protagonismo na Europa.

    Não conseguiu pelo contrário.

    Conseguiu esse protagonismo sem disparar um único tiro fazendo acordos e impondo suas vantagens competitivas, que são enormes, a outros paises europeus pobres e subdesenvilvidos.

    Financiou auto-estradas, aprofundou a divisão do trabalho (repassou aos pobres algumas fábricas de baixa tecnologia), financiou alguns grupos empresarias para a aquisição de empresas privatizadas e até privadas (vejam o caso das empresas portuguesas e espanholas nas privad/tizações brasileiras) em troca de migalhas a esses periféricos europeus que passaram a se “achar” com euros nas mãos. 

    Vejam que Suécia, Reino Unido e outros não quiseram aderir ao Euro pois sabiam que era a forma da Alemanha dominar a Europa inteira. Cada país que aderiu ao Euro abriu mão de sua soberania em favor da Alemanha e um pouco menos para a França.

    É a ilusão de Portugal (que só podruz rolas e azeite de oliva) passar a andar de BMW, Mercedes e Audis.

     

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador