Airbus afirma que TAM poderia ter evitado acidente ao reorientar voo 3054

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
[email protected]

Jornal GGN – Processada pela Itaú Seguradora para que a reembolse, a Airbus, em réplica na Justiça, apontou os pontos que levaram à tragédia. Para ela, o que aconteceu é por culpa da empresa aérea, a TAM, que sabia das condições da pista, no caso Congonhas, e que poderia ter redirecionado o 3054 para outro aeroporto evitando a tragédia ocorrida em 2007.

Em sua defesa, diz que que “a culpa da ‘vítima’ TAM foi muito mais grave do que que qualquer culpa porventura atribuível à Airbus”. Coloca eventuais erros de pilotos como sendo, também, responsabilidade da TAM, não podendo ser atribuído a ela. A TAM não comentou essas acusações, dizendo à Folha que não é parte do processo e por isso nada tem a declarar.

O caso se alonga, desde 2007, devendo respostas aos parentes das vítimas e à sociedade. A ação não é por respostas, somente por ressarcimento aos cofres da Itaú Seguradora dos R$ 350 milhões desembolsados com indenizações. A seguir a matéria em questão.

da Folha

TAM sabia de risco em Congonhas e poderia ter desviado voo, diz Airbus

Para fabricante, exceto por problemas na pista, causas da tragédia são todas culpa da empresa aérea

Companhia aérea não se defendeu de acusações, pois não é parte na ação; procurada pela Folha, não se pronunciou

DE SÃO PAULO

Antes do acidente, a TAM sabia que a pista de Congonhas estava escorregadia, afirmou a Airbus à Justiça, em sua defesa no processo. Chovia no momento do pouso.

Assim, poderia ter “excepcionalmente redirecionado seus voos em condições de chuva, inclusive o fatídico voo 3054, para outro aeroporto”.

Segundo a fabricante, “a decisão da TAM de continuar operando voos com destino ao e saída de Congonhas deve ser vista como causa secundária para o acidente”.

Em resposta ao Itaú, que lhe cobra o ressarcimento das indenizações, a Airbus resume: “A culpa da vítima’ TAM foi muito mais grave que qualquer culpa porventura atribuível à Airbus”.

E continua: “Excetuados os problemas operacionais de Congonhas, todos os demais fatores relacionados à causalidade do acidente –principalmente o erro de procedimento dos pilotos– são de responsabilidade exclusiva da vítima’ TAM”.

Nem a Polícia Federal nem a Aeronáutica chegaram a essas conclusões. A Aeronáutica viu erro de “supervisão gerencial” da TAM. A PF atribuiu culpa aos dois pilotos, não à companhia aérea.

A TAM não se defendeu, pois não é parte no processo. Procurada pela Folha, também não se pronunciou.

TECNOLOGIA

Na ação, a Airbus é acusada de não dispor os aviões de tecnologia que alertasse os pilotos sobre a assimetria nos manetes. Relatório da Aeronáutica havia apontado a falta desse aviso como fator contribuinte para o acidente e recomendado sua inclusão nos A320 –esse apontamento é uma das bases da ação do Itaú.

A fabricante, ao se defender, mirou a TAM mais uma vez. Disse que, em 2006, ofereceu às operadoras de seus jatos, inclusive à companhia brasileira, uma atualização de software que corrigia esse fator. Segundo ela, a TAM não quis.

Mesmo assim, a Airbus afirma que o A320 era seguro com ou sem essa atualização.

A Airbus também dá a entender que o avião da TAM poderia estar com mais combustível do que o permitido. Os relatórios da PF e da Aeronáutica dizem que o avião estava com peso aceitável.

CONGONHAS

Para a fabricante, a participação de Congonhas na tragédia –e, por consequência, da Infraero, que gerencia o aeroporto– se dá por causa das condições “críticas” da pista: escorregadia e com formação de poças d’água.

A Infraero, que não é citada nominalmente pela Airbus (há apenas referências a Congonhas), afirmou à Folha que a pista estava e ainda está em boas condições.

Em sua investigação, a PF concluiu que o avião não pararia seja qual fosse a condição da pista e que ela não causou a tragédia.

O acidente da TAM resultou em processo do Ministério Público Federal, que pede até 24 anos de prisão para Marco Aurélio Miranda, ex-diretor da TAM, e Denise Abreu, ex-diretora da Anac (Agência Nacional de Aviação), acusados de assumir risco ao deixar aviões pousarem em Congonhas até o desastre.

Ambos negam participação. O processo ainda não foi julgado.

(RICARDO GALLO)

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

12 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. A assimetria dos menetes é o
    A assimetria dos menetes é o que permitiria o pouso com um reverso defeituoso.

    Os pilotos colocaram a assimetria errada, só isso.

    Nada de novo, a culpa mesmo foi da TAM.

    Foi declarada culpa dos pilotos no Brasil porque esta é a tradição do judiciário brasileiro. Partes com muito dinheiro dificilmente são condenadas a pagar altas indenizações.

  2. O avião caiu por causa da

    O avião caiu por causa da ganância da TAM! Podia ter pousado em outro aeroporto, o avião podia estar com menos combustpivel, os pilotos poderiam estar mais descansados e treinados, e o avião poderia estar em reparo, não com um reverso pinado!

    1. Conforme diz o Zé do Caixão:

      Conforme diz o Zé do Caixão: “Praticamienti, o sinhor está certo”. Os problemas que você relatou econtram consonância na doutrina jurídica e na legislação. Ou seja, Ao não corrigir esses graves problemas, a TAM assumiu o risco de um desastre. Deve, portanto, ser severamente condenada. E com pena de prisão aos seus proprietários.

  3. Gambiarra.

    Fizeram (sujeito indeterminado a mando de uma determinada companhia aérea) uma gambiarra nos manetes pra o avião voar com o reverso “avariado”? Pode isso Arnaldo…

    Pode sim, um jeitinho na manutanção pra não parar o avião é permitido, caso as câmeras não flagrem. E vamos faturar…

    E se de zebra, Aranaldo? No fim, se der zebra, a culpa é dos pilotos e do Governo. Pode faturar.

  4. Se o avião percorreu a pista

    Se o avião percorreu a pista a toda, se ela estivesse “menos escorregadia”, isso faria alguma diferença?

    Se o vôo fosse direcionado para outro lugar e durante o pouso os manetes fossem colocados na mesma posição, isso também não significaria um acidente?

    Se a TAM tem culpa, pode ser com relação aos procedimentos adotados quanto ao reverso e com relação ao treinamento dos pilotos.

    1. E por . manter em operação
      E por . manter em atividade aeronaves com reverso defeituoso operando em pistas extremamente curtas.

      O fazia para aumentar seus lucros.

      O procedimento era padrão na TAM. Na TAM…

  5. Repito…

    A culpa é do apagão fiscalizatório que assola o país.

    Enquanto o país não assumir de vez que a fiscalização é a garantia de qualidade dos serviços prestados, sempre vai haver acidentes como este.

    As fiscalizações nos EUA são melhores que o resto do mundo, lá voam mais aviões que todo o resto do mundo, qual foi o último acidente aéreo lá. 

    As Torres Gêmeas não vale, porque não foi acidente e sim ataque terrorista.

    Brasil hipócrita!

  6. Pode a Justiça decidir
    Pode a Justiça decidir diferente para um mesmo caso concreto?

    Eu acho que não.

    A seguradora que pague a conta da manutenção da TAM. Como não foi a primeira tampouco a segunda aeronave acidentada desta empresa, aposto que a seguradora estava cobrando muito bem por este risco.

  7. “O reversor  não foi acionado

    “O reversor  não foi acionado em tempo hábil pelo piloto Lula  da Silva que colaborou com o caosaereo,portanto ,fica a   inabilitado e inelegivel,assim como,  e  toda  sua tripulação”. ,cumpra-se e  execute-se.Assinado, Joaquim Silvério Barbosa dos Reis.,juiz  ex-maquina.

  8. “O reversor  não foi acionado

    “O reversor  não foi acionado em tempo hábil pelo piloto Lula  da Silva que colaborou com o caosaereo,portanto ,fica a   inabilitado e inelegivel,assim como,  e  toda  sua tripulação”. ,cumpra-se e  execute-se.Assinado, Joaquim Silvério Barbosa dos Reis.,juiz  ex-maquina.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador