Antecipar o segundo turno é ato civilizatório, por Ricardo Mezavila

Segundo as pesquisas, a maioria dos eleitores de Ciro Gomes não quer a reeleição de Bolsonaro

Ricardo Stuckert

Antecipar o segundo turno é ato civilizatório

por Ricardo Mezavila

Quanto mais se aproxima o dia 2 de outubro, mais cresce a possibilidade de casos de violência contra candidatos, eleitores e militantes de oposição, estimulados pela irresponsabilidade e desespero do presidente de não ser reeleito. 

Os últimos casos foram o assassinato de um eleitor de Lula por um de Bolsonaro após discussão política no MT, a ameaça a Guilherme Boulos por bolsonarista armado em SP, enquanto Ciro Gomes sofreu ameaça de agressão no RS e Fernando Haddad cancelou participação em evento após ser ameaçado.  

Com argumento de armar a população para defesa pessoal, o governo vai armando um grupo fanático que intimida quem possui pensamento diferente, chegando às últimas consequências, como fizeram contra os petistas Benedito Cardoso dos Santos e Marcelo Arruda. 

Um agricultor, que responde a processos por sonegação de impostos, constrangeu e humilhou uma mulher em situação de vulnerabilidade na periferia de Itapeva, SP, quando tentava comprar o seu voto. 

Ao entregar uma marmita perguntou em quem ela votaria, tendo Lula como resposta, o empresário covarde, que gravou a conversa para intimidar outros eleitores, disse que aquela seria a última vez que ela receberia o benefício, “esta é a última marmita, vá pedir ao Lula” – disse. 

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A sociedade brasileira, puxada pela classe média, mesmo prosperando, não engoliu a vitória de Lula em 2002. Sem formação política e baixo conhecimento de cidadania, adotou o discurso anticorrupção como tema central e absoluto contra o PT, tendo atingido o auge durante a famigerada Lava Jato.  

A classe média aceita o acúmulo de riqueza, sabotagem na educação, exploração da mão-de-obra, destruição do meio ambiente, sucateamento da saúde, expropriação de estatais estratégicas, mas tomou as ruas contra uma ‘pedalada’ para acabar com a ousadia de um governo que deu oportunidade ao pobre de viajar e frequentar universidade. 

O presidente Jair Bolsonaro cometeu diversos crimes até aqui. Na pandemia negou vacina causando milhares de mortes, promoveu o uso de remédio ineficaz, não tomou providências quando soube das fraudes e dos esquemas no Ministério da Saúde, pastores evangélicos atravessaram barras de ouro dentro do Ministério da Educação, colocou em sigilo por cem anos suas maracutaias, comprou dezenas de imóveis em dinheiro vivo, fere o Estado Democrático de Direito, agride mulher, é racista, homofóbico, anti-indígena, mas é perdoado por ser antipetista e se proclamar cristão. 

Mesmo cortando 60% dos recursos da Farmácia Popular, 80% do dinheiro para construção de creches e 96% dos recursos da educação infantil para 2023, que inspirou a Hashtag “Jair comeu a merenda”, os chifres e rabo do mandatário continuam invisíveis aos olhos de uma massa tosca, sem conteúdo, que ouve a linguagem dos anjos na voz de Lopreu. 

Para conter o avanço da extrema direita na reta final, seria eficaz uma campanha pela antecipação do segundo turno de maneira pontual, com apoio de eleitores notórios do pedetista, como Tico Santa Cruz e Caetano Veloso, que já declararam voto em Lula, para dar fim a futuros questionamentos do resultado das urnas. 

Segundo as pesquisas, a maioria dos eleitores de Ciro Gomes não quer a reeleição de Bolsonaro e sabem que seu candidato não tem chances de chegar ao segundo turno.  

Antecipar o segundo turno é muito mais do que praticar o voto útil, é tirar do cargo um sujeito inadequado, despreparado, corrupto, antidemocrático, favorável à tortura. É uma atitude civilizatória. 

Ricardo Mezavila 

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