Campo de Debate do PSDB: o apagão educacional

O que vivemos no Brasil na realidade é uma grave crise educacional e muito desta crise se explica pela falta de continuidade dada pelo governo federal à Educação Básica.
 
Em 1995, o então ministro Paulo Renato tomou uma das decisões mais acertadas da história das políticas públicas no Brasil ao definir total prioridade para a Educação Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio). O movimento dado para que todas as crianças estivessem na escola foi uma virada fundamental nos tristes caminhos da educação pública no Brasil. Vale aqui salientar a aprovação do Fundef e o início de um consistente processo de avaliação dos alunos, professores e das escolas.
 
Vale também destacar o Programa da Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) e a implantação do programa Bolsa Escola com foco direto em uma transferência de renda articulada com a Educação.
A partir de 2003, tivemos no país várias inversões nos rumos da Política de Educação e os avanços conquistados rapidamente em oito anos, se não estagnaram, perderam o volume de sua força.

 
Alguns números explicam o que podemos chamar sim de retrocesso na Educação: O Brasil tem 1.050.000 crianças de quatro anos sem vaga em pré-escola e 3,6 milhões de estudantes de sete a 17 anos fora da escola.
 
No Ensino Fundamental, 37% das crianças não conseguem concluir os estudos e, dos que conseguem, apenas 27% aprenderam português e 16% aprenderam matemática. Na Rede Pública estes dados são 22% e 11% respectivamente. Os dados deixam claro que o aprendizado na rede pública segue sendo pior do que na rede privada.
 
No Ensino Médio, 51% não terminam os estudos e dos que terminam apenas 29% aprenderam português e 10% aprenderam Matemática. Na Rede Pública estes dados são 23,3% e 5,2% respectivamente.
 
Se em 1998 o Brasil tinha 98% das Crianças na Escola em 2013 este número caiu para 92%.
Falar em apagão de mão de obra é vendar os olhos para que de fato se possa ver a crise da política educacional no Brasil que está sendo conduzida desde 2003.
 
Se o governo federal levar em conta os dados do Cadastro Único, criado em 2001, e divulgá-los para a população Brasileira, ficará mais do que claro que temos sérios problemas na educação do Brasil.
Temos mais de 2 milhões de crianças no Bolsa Escola sem acompanhamento e mais de 1 milhão de crianças que não têm frequência mínima exigida pela Escola. Estamos falando de crianças e adolescentes “esquecidos” e sem um acesso real à única possibilidade real de se escapar da pobreza.
 
O Apagão Educacional que vivemos se explica pelos péssimos dados de aprendizagem de nossas crianças e adolescentes, pela crise quase terminal do Ensino Médio, pelo abandono de milhões de brasileiros fora da escola, pelo aumento do analfabetismo e pela fragilidade continuada da carreira dos professores.
 
Para completar este triste cenário, acompanhamos, em 2012, o governo federal questionar os dados do PNUD sobre educação e pedir mudanças na aplicação do PISA, que é um exame internacional para avaliar aprendizagem. Esses dois movimentos constrangedores mostram o desespero do governo federal com os dados reais.
 
Precisamos retomar a agenda da educação universal e de qualidade no Brasil. Não basta que a criança ou o adolescente esteja na escola. O fundamental é que ele aprenda e se desenvolva em um espaço que deve ser prioritário para o país.
 
Uma escola não pode ser um espaço esquecido. Uma escola precisa ser um espaço vivo para toda sua comunidade. Um espaço que construa caminhos de aprendizagem continuada. Uma escola não pode receber receitas prontas e sim ser provocada a construir seu movimento continuado de saberes e desenvolvimentos.
 
Temos que garantir que toda criança esteja na escola e aprenda. Temos que garantir que toda criança esteja na escola e que sua família se envolva no seu processo de aprendizagem. Temos que garantir que toda criança esteja na escola e acredite que seu futuro é possível e que ele passa pela educação. Temos que garantir que os pais acreditem que não existe futuro para seus filhos que não seja pela educação.
 
Sem dúvida, o Brasil precisa mergulhar em um sólido mutirão nacional pela educação e resgatar um movimento que, mesmo interrompido, não foi paralisado de completo, pois em muitos estados como São Paulo, Minas Gerais e Paraná os resultados mostram que é possível avançar de forma sólida.
Temos certeza que com o envolvimento da sociedade, dos governos e da comunidade escolar podemos reconstruir a educação no Brasil.
 
O slogan do governo está errado. País rico é país com educação.
Redação

19 Comentários

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  1. Espera la, acho que

    Espera la, acho que detequitei mais um campo pro qual o PSDB paga salarios de miseria (professores) e nao capiturou…

    Nao sei porque!  Inexplicavel!

  2. Números falsos

    Esse número de 92% de Crianças na Escola em 2013 me chamou a atenção por estar muito longe do que estava em minha cabeça. Se fosse verdadeiro, seria realmente desastroso.

    Encontrei em um relatório da UNESCO que em 2009, 2.2% dos meninos e 1.7% das meninas com idade entre 7 e 14 anos estava fora da Escola. Custa a crer que esses números não tenham melhorado desde então, dado o aumento de renda, diminuição da desigualdade, aumento do IDH e diminuição do Gini Educação desde 2009 até hoje. http://www.uis.unesco.org/Education/Documents/OOSCI%20Reports/brazil-oosci-report-2012-pr.pdf

    Certeza que esse número mencionado no texto é falso. Por isso dá desgosto de ler essas coisas. O objetivo de um texto que mente números não pode ser debater o assunto de maneira séria.

  3. Proposta que é bom, nada…

    Isso é debate? Pra que? Elencar um monte de problemas (alguém aí falou na maravilhosa educação de SP e MG) e na hora da solução vir com platitudes generalistas não é debate. Se os textos vierem neste nível, nem vale a pena perder tempo.

  4. Cinismo transcendental

    Cinismo transcendental: ie. campo de investigação no interior da filosofia política em que o crítico, ao assumir uma postura externa ao problema, tomado como objeto alheio às condições de produção da própria ação, produz a sua análise. Postura relacionada a políticos que causam problemas que julgam não serem as causas, mas que se julgam ser a solução.

  5. Eles somente se esqueceram do

    Eles somente se esqueceram do nº enorme de faculdades particulares criadas por eles e nenhuma pública. Foi um período em que os meses de janeiro e junho as maiores propagandas no rádio, TV e Jornais eram  de faculdades particulares. Por isso que temos em demasia advogados, professores, pedagogos entre outros, que mal sabem escrever e médicos que somente visam o diploma de médicos e o Dr. antes do nome e muito, muito dinheiro, os pacientes que se danem.

    País rico, realmente é o país com educação de qualidade para pessoas de estômago satisfeito.

  6. O VERDADEIRO APAGÃO EDUCACIONAL

    O PSDB fala em apagão educacional na era Lula/Dilma, mas o verdadeiro apagão educacional ocorreu na era FHC.

    Na era Lula/Dilma foram criados: centenas de universidades federais e de escolas técnicas; o piso nacional dos professores de escolas públicas do ensino médio e fundamental; o PROUNI, que propiciou a estudantes pobres frequentar universidades, para ficar apenas nesses exemplos.

    Enquanto no governo FHC não se criou uma só universidade federal, desativou cursos técnicos, aviltou salário dos professores, estudantes pobres não tinham acesso a universidades.

    É claro que tanto no governo FHC quanto nos governos LULA/DILMA a aprendizagem está muito aquém daquela nos tempos do BEABÁ e da TABUADA, quando os alunos saiam da quarta série sabendo português e matemática. Mas isto é questão de método de ensino que precisa, e muito, ser melhorado, para que os estudantes que completem pelo menos a quarta série do ensino fundamental tenham aprendido coisas básicas para o seu dia-a-dia.

  7. BASTA DE APAGÃO!!! Eu não aguento mais!!!!

    BASTA DE APAGÃO!!!

    Eu não aguento mais!!!!

    Não tem um santo dia em que eu não leia ou ouça em algum lugar a palavra APAGÃO.

    APAGÃO, APAGÃO, APAGÃO, APAGÃO, APAGÃO!!!!!

    Tudo é apagão! Mas apagão é aquilo que ACONTECEU DE FATO no governo FHC, porém os tucanos despeitados e a mídia tucana, chamam tudo de apagão, como se estivessem clamando por um, agourentos.  

  8. Ao contrário do texto não há

    Ao contrário do texto não há nada que comprove que a Educação tenha avançado nos estados governados pelo PSDB, citados no texto: São Paulo, Minas Gerais, e Paraná. Sendo que SP é governada pelos tucanos a 20 anos, tempo mais que suficiente para mostrar serviço.

    Ninguém conhece mais os professores de SP que OS CACETETES DA POLÍCIA DE SP

    Durante a campanha, morrem de amor pelos docentes, depois da eleição madam é a polícia com gás lacrimogêneo. Para eles o salário dos professores, bem como dos funcionários em geral não é investimento, é despesa corrente, um desperdício de recursos.

     

  9. Quanto da nossa cries

    Quanto da nossa cries educacional nao se da pelo esvaziamento que houvera no pais de mestres e doutores no segundo governo FHC? Sem o insumo basico para apontar a direcao de desenvolvimento e pesquisa e a massificacao de faculdades particulares somente interessadas em produzir diplomas, como todo o sistema educacional fora afetado? Como a implementacao de aprovacao continuada, sem base em evidencia do desenvolvimento dos alunos, afetou as criancas de Grau primario, hoje no fim de sua adolescencia, a nao conseguir desenvolver sua habilidades  do saber? O quanto isso contribui para a desistencia de estudantes por nao saber em ler ou escrever? O quanto dessa realidade tornora a sala de aula um local alienigena para os nossos jovens?

  10. Qual a proposta?

    Talvez maior do que o problema que se atribui a educação seja o fato de que ela é o campo para não se falar nada e apenas atacar o grupo político adversário. Não adianta usar (os problemas d)a educação como alavanca munição para atacar os adversários políticos.

    Afinal de contas, qual é a proposta do PSDB para a educação? Se alguém conseguiu apreender, por favor, traduza porque eu não consegui,

    E é isso que é preocupante. Afinal de contas, um partido que ocupa importante posição no cenário político, ao ter espaço para apresentar a suas proposta não o faz.

     

  11. E eles se levam a

    E eles se levam a sério!!!!!!! Seus bicudos incompetentes, o que vocês dizem sobre o decreto do fhc extinguindo o ensino público técnico? To falando que, se não fosse a mídia corrupta seu palanque, estariam mortos e enterrados faz tempo. Os “intelectuais”, os “sociólogos”, os “economistas” desse partido só não viraram piada para eles mesmos e seus iguais.

  12. PSDB apagado como sempre

    Como oferecer educação básica para “todos” sem professores?

    Sem ampliar de verdade o ensino superior, sem criar um piso nacional de salário para professores?

    Pândegos…

  13. Apagão na educação

     

     

    Eu concordo que as politicas públicas para educação estão muito aquem do que poderiam e que o governo federal esta longe de apresentar um real comprometimento com melhoria de qualidade. No governo Lula pelo menos houve investimentos significativos no ensino superior. Agora tentar valorizar este aspecto no governo FHC e especialmente na gestão do Paulo Renato é chamar as pessoas de ignorantes.

  14. Vai que cola…

    Grande sacada essa de associar PSDB e educação. Alguém associou cigarros e esportes radicais e deu certo. Quem sabe também não cola para o PSDB? Se até familiares de quem adoeçe por cigarro acabam fumando, é bem possível que tenha quem acredite naquela dobradinha mesmo em MG e SP. Por mim dobrava o salário dos marqueteiros.

  15. Artigo panfletário

    Peça de campanha. Só destaca aspectos negativos, descontextualizados. Inútil, portanto, para se entender e enfrentar os grandes desafios educacionais do país.

    O governo Lula corrigiu graves distorções nas políticas voltadas para a Educação Básica herdadas do governo anterior, a começar pela ampliação do Fundef em Fundeb, universalização do Saeb por meio da Prova Brasil, valorização do Enem, com a criação de mecanismos associados de financiamento da Educação Superior, etc.

    Ainda assim, há muito o que se fazer. O discurso negativista é preocupante, pois supõe a intenção de destruir tudo o que foi construído até mesmo pela incapacidade de reconhecer os avanços. O PT não destruiu a herança tucana na Educação, mas deu prosseguimento, aprimorando inúmeros pontos.

    Sobre os governadores tucanos: não conheço a educação no PR. Os excelentes resultados do Ideb em Foz do Iguaçu são resultado de estratégia municipal. Em MG, há boas experiências estaduais, que merecem ser estudadas. Já em SP, o caso é de polícia. Se a educação do povo fosse prioridade para a elite paulista, os tucanos já teriam sido ejetados do governo estadual no século passado.

     

     

  16. Apagão na educação

    Quando  tomo conhecimento de artigo como este, fico preocupado, sera que devido minha idade não estou assimilando bem as coisas, tenho filhos e netos, filhos já formados, um na universidade federal e outros dois nas universidades particulares, qtos aos netos é que fico assustado, principalmente com esta pratica de progressão, ou melhor, ninguem repete, todos passam de ano, sabendo ou não sabendo, acontecendo aqui no Estado de São Paulo. Esta pratica, no meu entendimento, nada mais é do que não precisar fazer escolas para a demanda daqueles que ingressam todos os anos no ensino fundamental, nesta pratica nefasta, em todas as escolas, sempre no inicio do ano letivo, vai ter números significativos de salas de aulas disponiveis, ninguem repete, assim não há necessidads de construir novas instações. Para entender, não foi no Gov. do psdb que o funcionalismo federal ficaram sem aumento de salário durante os oitos anos de mandato, e não foi o FHC. que proibiu a criação de escolas tecnicas federais? e praticamente não construiu e nem criou nenhuma universidade e extenção de campus?

  17. 20 anos no poder em Sâo Paulo….

    A educação aqui é um horror !

     

    E tudo que esses caras pensam em termos de educação é isso ?…. t iveram 20  anos pra colocar em prática ,… agora tichau !

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