Ásia acelera “guerra cambial” emergente
Tailândia impõe imposto de 15% sobre o ganho dos estrangeiros em renda fixa após moeda subir 11,5% no ano
Na região, Indonésia, Coreia do Sul e Taiwan adotaram medidas semelhantes contra baixa global do dólar
TONI SCIARRETTA – da Folha de S.Paulo
A Tailândia se juntou ontem ao grupo de emergentes que decidiu adotar medidas unilaterais para impedir a valorização de sua moeda, enquanto a diplomacia econômica tenta um acordo para evitar uma “guerra cambial”.
Como o Brasil, o país asiático adotou imposto para aplicações de estrangeiros em renda fixa. O baht tailandês subiu 11,5% em 2010.
Na Tailândia, o estrangeiro pagará 15% no ganho com títulos da dívida pública e de empresas, que rendem mais de 8% ao ano, estimulando operações de “carry trade”, em que o estrangeiro empresta recursos nos EUA e Japão com taxas máximas de 1,5%.
Na Ásia, Indonésia, Coreia do Sul e Taiwan tomaram medidas semelhantes para segurar suas moedas.
A Indonésia, onde a rupia subiu 6,22% neste ano, instituiu uma “quarentena” de um mês para o dinheiro ficar no país. Taiwan preferiu fechar acesso do não residente a depósitos de curto prazo.
Mais liberal, a Coreia do Sul limitou a exposição dos bancos a derivativos cambiais (medida em estudo também no Brasil), reduzindo o poder de fogo para especulação em favor do won, que subiu 3,42% neste ano.
No entanto, crescem os rumores de que a Coreia vai adotar imposto para estrangeiro na renda fixa.
O próprio Japão rasgou a cartilha liberal e interveio pela primeira vez em quase sete anos para impedir a alta do iene, que mina a competitividade da indústria japonesa. Ontem, o país ameaçou novas medidas para segurar o iene, que já subiu 13,8%.
LIMITE
O problema é que todas essas medidas são paliativas e têm poder limitado para inverter o fluxo de capital dos países ricos (com juro e crescimento baixos) para os emergentes (com economia vigorosa e alto retorno).
Esse fluxo corrói o dólar americano, beneficiando os EUA com a estratégia de recuperação econômica por meio do aumento da competitividade das exportações.
“Os países emergentes estão enfrentando um tsunami de liquidez”, disse o banco RBS em relatório.
Na primeira semana de outubro, os fundos de ações focados em emergentes receberam US$ 6,1 bilhões -o segundo maior fluxo semanal desde 2001, segundo a consultoria EPFR. Sozinha, a América Latina levou US$ 1,1 bilhão -o maior volume semanal da história.
No final de semana, o FMI reuniu os países membros para discutir uma “solução amigável” para o câmbio. Diante do fracasso em costurar um consenso, o debate seguirá agora para a reunião do G20 em Seul, em novembro.
“Dificilmente vão chegar a um acordo. Os emergentes e os países desenvolvidos estão em lados opostos e não há perspectiva de consenso”, disse à Folha Raguran Rajan, ex-economista-chefe do FMI.
Link:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/me1310201017.htm
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