“Até quando sobreviveremos?”, questiona Escola Paulista de Medicina

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Divulgação
 
Manifesto da Congregação da Escola Paulista de Medicina à Comunidade Acadêmica e à Sociedade Brasileira
 
A Congregação da Escola Paulista de Medicina (EPM) manifesta a sua preocupação com a continuidade da Universidade pública de qualidade e socialmente referenciada. Em particular, com a formação dos diversos profissionais da saúde, tanto na graduação quanto na pós-graduação, e ainda da própria produção de conhecimento.
 
Temos sofrido sucessivos cortes orçamentários que comprometem o nosso funcionamento e a permanência de nossos estudantes. Mesmo com todos os esforços, e não foram poucos, de busca de recursos, de aprimoramento de sua utilização, de implantação de estratégias de gestão, estes não estão sendo suficientes para a manutenção de uma Instituição com 80 anos de trabalho, reconhecido nacionalmente e internacionalmente. 
 
A EPM vê hoje faltarem recursos para a limpeza básica das suas salas de aula, de seus laboratórios, e vê o seu Hospital Universitário (Hospital São Paulo) quase fechando as portas. Os cortes financeiros sofridos pelo Hospital se agravaram ainda mais com ato unilateral do Ministério da Saúde de suspender o repasse da verba prevista para os Hospitais Universitários (REHUF). Além de danos incalculáveis para o ensino e para a pesquisa, compromete-se o cuidado de milhares de pacientes que deixam de ser atendidos no complexo hospitalar de alta complexidade.
 
Diante dessa situação, a EPM faz malabarismos para definir formas de manter suas atividades de ensino, pesquisa e extensão, até reduzindo o número de vagas dos médicos residentes ingressantes em 2018. Suspendendo projetos de pesquisa por falta de pagamento de contratos. Cenário que se deteriora com o corte brutal do fomento à ciência no país.
 
São politicas inaceitáveis de encolhimento, protagonizada por gestores e políticos sem formação técnica e o humanismo necessários para enfrentar as necessidades do cenário atual. Um quadro de barbárie, que afeta os alicerces de uma conceituada Escola Médica Pública, que prejudica os cursos de graduação, de pós-graduação e os mais de mil residentes médicos e multiprofissionais em treinamento em nossa Escola. 
Uma Universidade não fica menor apenas diminuindo sua área física, uma Universidade encolhe se minarem as suas cabeças, o seu custeio, ou, se não tiver número adequado de servidores – professores e técnico-administrativos – qualificados. Este é o nosso grande risco. 
 
Um País ético, com condições dignas de vida e de trabalho não se faz sem priorizar a Educação Pública, que só alcançará qualidade se junto a ela houver uma forte pesquisa sendo produzida em consonância com as necessidades sociais. Vários países, com seus distintos modelos de formação e produção de conhecimento, melhoraram seus indicadores de desenvolvimento econômico e humano. 
 
Sabendo das dificuldades por que passa o País, o que queremos é a garantia de recursos necessários para a sobrevivência da nossa Instituição. Só assim poderemos continuar a servir com dignidade e qualidade a população que nos procura e paga os nossos salários.
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

20 Comentários

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  1. Resumão…

     

    “Até quando sobreviveremos?”

     

    Até ser implantado aqui o sistema norte-americano de cobrança de mensalidades (tuition fees), igual as escolas particulares e com suas diretorias independentes, podendo escolher livremente seus honorários.

    Ainda bem que não temos por aqui uma NCAA (ver o documentário “The Business of Amateurs”)

  2. Chamem os médicos cubanos.

    Não ajudaram a dar o golpe? Então, vão os professores, residentes e, principalmente, os pacientes, bater panela na frente da fiesp e do itaúúúú.

  3. Mas o problema não eram os “escravos cubanos”?

    Agora só resta exigir que o CFM e os CRMs convoquem a coxinhada de branco a ir às ruas para, em primeiro lugar pedir desculpas públicas à Presidente legitimanente eleita e aos médicos cubanos, tão vil e covardemente ofendidos por eles no passado recente; e em segundo lugar exigir a renúncia do gangster usurpador e toda sua quadrilha, antes que acabem de vez não só com as universidades, mas com tudo que há de minimamente decente no Brasil.

  4. Ou seja, manter os

    Ou seja, manter os privilégios de ricos que estudam com financiamento do Estado, nada contra, desde que retornassem em benefícios à sociedade, mas nem isso, é uma classe cuja face ficou clara no inpeachment, e não é bonita….

  5. Máfia fhc! Esgoto a céu aberto desde 2002…antes era na moita!

    Cenário preocupante e muito triste. É certo que todos os médicos, médicas e estudantes de medicina que conhecemos, alguns amigos próximos, e não são poucos, todos sem exceção, foram a favor do golpe de estado / impeachment de Dilma Roussef, porem, por mais incautos que sejam, não poderiam estar sofrendo esse descaso, dada a importância máxima da área.

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  6. Quando foi aprovada a famosa

    Quando foi aprovada a famosa PEC 55 de LIMITE DE GASTOS, foi uma festa, estava salvo o Brasil. Ninguem percebeu

    o que ela representava. CORTAR o maximo de despesas para SOBRAR DINHEIRO PARA OS JUROS. Agora cai a ficha.

  7. O que esses médicos achavam

    O que esses médicos achavam quando fizeram campanha para o Abominável e bateram panelas contra Dilma? Alguém entende esses caras? Ninguém pode ser tão burro assim.

  8. rs…………………..que é engraçado, é, muito…

    podem até ficar sem ter como atestar a qualidade da formação profissional dos médicos cubanos

    vão pra Cuba, seus putos……………………………

    lá tem 26, todas públicas e de qualidade reconhecida internacionalmente

    1. foi e ficou encantada com o básico…

      primeiro contato direto com o doente e não com a doença………………………………

      tudo muito familiar, lindo, de contagiante apenas o amor ao próximo

      não é esta merda que temos aqui…………………….atendimentos com cara de nojo

      esses filhas e filhos da puta merecem mesmo

  9. Se não fossem os pacientes…

    não atendidos ou mal e porcamente, eu diria : Muito bem feito , seus coxinhas de uma figa, que jamais disseram uma palavra s/ o mal recebimento dos cubanos por parte  dos srs. médicos. Todos assinantes da revista Veja, como se pode verificar em todas as salas de espera. Não passam de uns alienados social e politicamente.

    1. Assinantes da Veja?

      Desconfio que não.

      Acho que é brinde de laboratórios para que tenham acesso a uns artigos no “jeito” da indústria farmaceutica.

      E, de quebra, doutrina-se os pacientes em temas diversos, enquanto aguardam em salas de espera.

      Tudo muito bem pensado.

      Lógico que não informam que a medicina cubana tá muito bem na lista da OMS, enquanto a brasileira, em comparação, está posicionada bem aquém da “maldita” ilha comunista.

  10. Ignorância
    Quantos comentários ignorantes em uma matéria tão séria. É triste ver como a população do nosso país é ignorante e analfabeta. Falta de cultura e conhecimento. O hospital Sao Paulo detém tecnologia de ponta, é um local de onde saem diversos estudos na área da saúde que contribuem para o conhecimento nacional e mundial. Não dá para criticar um hospital terciário o qual muitos necessitam para realizar exames e procedimentos solicitados na atenção básica. Espero que não haja prejuízo na assistência de muitas pessoas que necessitam. Quanto aos comentários sobre a atenção básica (para as pessoas que comentaram significa a rede de postos de saúde) é uma rede que precisa de reformulação em nosso país é não implementação de médicos com tempo de formação inadequado e que não sabem prescrever medicações brasileiras. Amigos, a epidemiologia deste país é diferente de cuba. Existem milhares de pacientes que poderiam estar tratando hepatite c com os novos medicamentos porém o governo não consegui sustentar o tratamento para todos. Não se dispõe de medicações básicas para tratamento de doenças sérias. Não dá para exercer saúde com medicina do pão, leite e sorriso. É claro que educação vem de berço. Parem de misturar política com saúde e educação, elas estão ligadas mas são reflexos da incapacidade de pessoas governarem. Nosso país necessita de uma reforma política imensa. Poucos sabem mas boa parte dos municípios sofrem prejuízos na área da saúde porque os secretários não sabem faturar os procedimentos, solicita verba por meio dos Labs pois não fizeram Enfermagem, odonto, medicina ou outro curso da saúde (não tiveram nenhuma aula de gestão em saúde pública) e sim estão em cargos arranjados. Triste o pensamento da população e espero que não precisem dessa brilhante instituição que é o Hospital São Paulo para cuidar de doencas grande não tratadas na medicina do pão e leite. Afinal o brasileiro está feliz com uma caixa de cerveja e um boleto de financoamemto para pagar.

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