Aumento de impostos aponta para fracasso de Meirelles

Meirelles e Ilan
Rede Brasil Atual
 
Ao prever aumento de impostos, Meirelles reconhece fracasso da política econômica
 
Para economistas Jorge Mattoso e Amir Khair, política econômica do governo Michel Temer, comandada por banqueiros e mercado financeiro, não tem fundamentos para tirar o país da crise
 
Por Eduardo Maretti
 
São Paulo – A declaração do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que na quarta-feira (28) admitiu que o governo cogita a possibilidade de aumentar impostos, é uma capitulação e o reconhecimento de que a política econômica do governo Michel Temer (PMDB-SP) está cada vez mais longe da promessa inicial de que colocaria o país nos trilhos – largamente disseminada durante o processo de impeachment de Dilma Rousseff.
 
“Se Meirelles está falando em aumentar impostos, admite que o ajuste fiscal dele foi um fracasso. Que a arrecadação caiu. Vivemos uma crise tremenda na economia. O desemprego é massivo. Isso está afetando profundamente os trabalhadores. A perda de arrecadação está nos dados, a economia está paralisada, no fundo do poço”, diz Jorge Mattoso, presidente da Caixa Econômica Federal no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.
Para Mattoso, pode-se até argumentar, sob o ponto de vista do governo, que a intensidade da queda diminuiu. “Mas é porque não tem como continuar caindo. E o juro real (de cerca de 7%) continua o mais elevado do mundo.”
 
Meirelles também admitiu na quarta-feira que o Produto Interno Bruto (PIB) do país crescerá menos em 2017 do que o governo previa. Por enquanto, a previsão oficial de crescimento é de 0,5%. A nova projeção deve ser divulgada na próxima semana. 
 
Mas o desemprego – que só deve começar a ser revertido com um crescimento de 2,5% a 3% do PIB – continua opressivo. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) divulgada nesta sexta-feira (30) pelo IBGE, já atinge 13,8 milhões de pessoas, com aumento de 2,3 milhões em um ano.
 
Para o economista Amir Khair, secretário de Finanças da gestão de Luiza Erundina na prefeitura de São Paulo (1989-1992), o grupo que comanda o país “não entende que a despesa está ligada à receita”. Com essa mentalidade, os “gestores” do ajuste fiscal seguram as despesas que seriam dirigidas às classes C, D e E, as classes que consomem e não poupam e, portanto, movimentam a economia. “Na medida em que seguram essas despesas, diminuem também a arrecadação do governo, dos estados e municípios e das empresas”, diz o economista. “Não se pode administrar finanças públicas pensando só na (contenção da) despesa.” 
 
No atual cenário, as taxas de juros ao consumidor são estratosféricas, o crédito custa caro e as famílias estão muito endividadas. Portanto, não se arriscam a comprar. As empresas, também endividadas, não investem. A atividade econômica em queda derruba a arrecadação do governo, o que equivale a dizer que a receita cai. É um “círculo vicioso”, explica Amir.
 
A equipe de Meirelles prevê, para 2017, déficit das contas públicas de R$ 139 bilhões. O secretário-executivo do ministério da Fazenda, Eduardo Refinetti Guardia, garantiu na sexta-feira que tal meta será cumprida. Meirelles e equipe atribuem as dificuldades à crise econômica de 2015 e 2016. 
 
Puxão de orelha
Tanto Jorge Mattoso como Amir Khair dão um “puxão de orelha” na esquerda brasileira, que, para eles, subestima aspectos importantes da economia – e limita sua atuação quase que exclusivamente à política. “Não dá para falar apenas de reforma trabalhista e reforma da Previdência. É preciso falar mais da economia, no sentido de fazer uma crítica à política econômica de Meirelles. Está havendo um certo menosprezo da esquerda quanto à crise econômica”, diz Mattoso.
 
“A esquerda tem que ter um foco, que é o combate aos bancos. Tem que ter uma visão clara, estratégica, de que o que está segurando a economia é o sistema financeiro. E não se mexe nele porque quem comanda a economia do Brasil é o sistema financeiro. Meirelles é banqueiro, Ilan Goldfajn (presidente do Banco Central) é banqueiro. Eles tomaram conta. Numa situação como essa, o país não sai da crise”, afirma Khair. 
Redação

8 Comentários

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  1. Dilma também  cogitou voltar

    Dilma também  cogitou voltar com a cpmf (introduzida no governo do fhc – psdb) e, retirada pelos mesmos tucanos e companhia, a fim de prejudicar o governo Lula. Noooossa, skaf ficou revoltadíssimo com essa possibilidade, criou até os “patos” . Agora que o golpist, digo, governo interino cogita aumento de impostossss, o “homi” não diz nada. Essa é a tal da elite brasileira. Não pensam, nunca pensaram e nem vão pensar no bem do país, o que interessa é que nunca mais um presidente progressista governe o país, ou seja, “tudo prá eles e o povo que se exploda”.   

    1. Uma ressalva

      O Skaf sequer criou o pato.

      O pato é um símbolo das tais “revoluções coloridas”  estimuladas pelo mundo em países considerados “fora da linha”, que acabam expulsando o governo “rebelde”.

  2. Realmente o que não só a oposição faz mas como todos……

    Realmente o que não só a oposição faz mas como todos os Blogs progressistas é seguirem as pautas dadas pelos grandes jornais, é um tal de entra na prisão e sai que deixa todos confusos, porém o pior, o desmonte do Estado Brasileiro não é seguido com atenção que merece.

    Ninguém tenta projetar o futuro, ficam falando na pauta de semana como revista de fofocas, e o desastre da economia não é detalhado por quem teria condições de fazer.

  3. outra máscara prestes a cair…

    empreendedorismo à base de dinheiro fácil, empréstimos

    sendo o ponto de partida, ou ferramente principal, como muitos propagam, nossos jovens estão apenas jogando no campo dos sonhos e dos desejos…………………………e sempre perdemos ao jogar com bancos

    com dinheiro adiantado só podemos imaginar e desenvolver as nossas visões, novas ideias

    realizá-las é outra coisa

    e o país pós golpe não apresenta as melhores condições

  4. Os Vampirões burros só sabem sugar o sangue da população

    “A idéia keynesiana de criar demanda através de estímulos governamentais é basicamente idealista e anti-dialética. Uma só questão deve ser respondida: onde os governos obtêm o dinheiro para estes estímulos? Se o dinheiro vem dos impostos, então isto quer dizer: ou tributar a classe capitalista, o que significa uma mordida em seus lucros, criando uma greve de capital e, dessa forma, reduzindo investimentos; ou tributar a classe trabalhadora, o que reduzirá o seu poder de consumo e, dessa forma, reduzindo a demanda – o oposto do que os estímulos governamentais pretendiam fazer!”.  – Adam Booth

    Ao aumentar os impostos tributando os capitalistas, esses diminuirão seus investimentos e auementarão o desemprego, o que fará reduzir os salários, pois quanto maior o número de desempregados, maior a concorrência entre eles e quanto maior a concorrência entre os desempregados, mais reduzidos os salários. Se o Meirelles tributar os trabalhadores, com salários mais reduzidos, os trabalhadores também diminuirão sua demanda, aumentando o arrefecimento da economia.

    Só por ser Ministro de um golpista, o Meirelles já demonstra que é um burro.

  5. É impressionante como essa

    É impressionante como essa impostura de politica economica FABRICA DE RECESSÃO se mantem e ainda com elogios.

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