Manifestação virou sinônimo de confrontos e agressões

Sugerido por Adamastor

Do Tijolaço

A PM de São Paulo e os Black Blocs falam a mesma língua da ditadura

27 de janeiro de 2014 | 10:00 Autor: Fernando Brito

Eu já escrevi antes sobre isso, no sábado, antes mesmo de saber dos conflitos que ocorreram no final da noite, quando os grupos “black blocs”, a Polícia de São Paulo e os espectadores dos shows de aniversário da cidade se envolveram em episódios de violência.

E, infelizmente, tudo o que aconteceu está em linha com o que eu dissera, o que sinceramente gostaria de que não acontecesse.

O fato é que, as imagens – tanto da depredação promovida pelos blocs, quanto da ação da PM na invasão de um hotel atirando balas de borracha sobre pessoas dominadas e as do espancamento de um suposto bloc por espectadores de um show de música – são assustadoras, ainda mais além que os ferimentos em pessoas e os quebra-quebras.

Mostram que estamos chegando a um ponto de comprometer a liberdade de manifestação que tantos nos custou conquistar mas que, agora, serve para que se ouça, como gritou o grupelho que desfilou pela orla do Rio, que “não vai ter copa nem eleição“.

A foto de capa  (já retirada, mas que pode ser vista aqui) do facebook dos black bloc paulistas não esconde o que pretendem.

Quem está apostando na desordem, no conflito e no forjar de uma crise?

Uma aposta que se expressa tanto na preparação do confronto, criminosa e violenta – e diante da qual Polícia e Justiça permanecem inertes – quanto na sua execução, que frequentemente começa na reação da Polícia às provocações e agressões com xingamentos e pedradas.

E que, da polícia paulista, recebe todo o combustível para causar o que se pretende: medo e comoção sociais.

As manifestações anticopa, que a democracia pode absorver, são raquíticas e restritas.

A única importância política que têm é fornecer, para policiais e black blocs, o cenário para sua selvageria.

Cuja exibição, nauseante, está fazendo com que se propague para todos aqueles que estão na rua, em principio pacificamente, seja para participar daqueles atos ou, simplesmente, para o lazer e as atividades nos espaços públicos.

Se existem medidas enérgicas a serem tomadas, estas não são subir o grau de repressão física a estes grupos.

Está claro que existem núcleos de incitação à violência organizados e está claro que há, sobretudo na polícia paulista, um ânimo à tratar com a mesma brutalidade a repressão às ações destes provocadores.

Já temos feridos, mutilados e, agora, um homem em estado de coma.

O Ministério Público e a Justiça, porém, não parecem ter nenhum tipo de ação orgânica contra estes grupos, que partiram e vão partir para atos mais violentos ainda, se e quando – e não há dúvidas de que haverá – existir qualquer manifestação, e até mesmo shows e outras reuniões pacíficas.

O episódio do espancamento do suposto black bloc no show mostra como tudo está tornando fácil a brutalidade como forma de expressão.

Manifestação virou sinônimo de confrontos e agressões.

Que a polícia e a mídia, pressurosamente, se encarregarão de transformar em conflitos generalizados.

Responsabilizar judicialmente os que planejam e executam estas ações, longe de ser um ato antidemocrático é a única forma de preservar para a sociedade o que tanto lhe custou recuperar: o direito de se manifestar nas ruas, contra ou a favor.

Mas a direita preserva estes grupos e tanto é assim que as manifestações coxinhas os acolhem fraternalmente em suas manifestações “pacíficas”, mesmo sabendo que, dali a alguns quarteirões, eles partirão para os atos violentos.

A oposição, há um ano, transformou a Copa em disputa eleitoral. Seu fracasso ou, no mínimo, os confrontos de rua generalizados durante sua preparação e realização são sua única esperança eleitoral.

Não é preciso entender mais que isso para saber quem vem cuidando de providenciar gasolina para os coquetéis molotov dos black blocs.

Redação

3 Comentários

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  1. Discordo
    A policia de São

    Discordo

    A policia de São Paulo tem meios de identificar os membros desta depredações.  Por que não o faz ???

    Será que um clima de perda de controle pode beneficiar algum partido politico ????

  2. Fica marcado o dia 27 como

    Fica marcado o dia 27 como aquele em que uma turma que se diz de esquerda pelegou geral. Esse discurso contra a manifestação é absolutamente rasteiro. Primeiro porque utiliza a definição de Black Block vendida pela Época e cia, a tal mídia golpista, que simplesmente é falaciosa. Black Blocks não são sinîonimo de porradaria indiscriminada, nem um grupo homogêneo com estratégias orquestradas de quebra quebra generalizado, mas evidentemente essa campanha conservadora conseguiu reunir em torno dele gente disposta a tocar terror. Segundo, porque a manifestação não foi dominada por esses grupos e a maior parte dos eventos violentos – e os mais chocantes – se deu a partir da intervenção policial violenta. Tentar colar na manifestação a pecha de “violenta ed despolitizada” foi a  arma utilizada pelo Estadão e pela Folha para desqualificar quem? O agora queridinho da esquerda Movimento Passe Livre e os mesmo partidos (Psol e Pstu) que estiveram presentes nos atos contra as tarifas. Só que lá era pauta de esquerda legitimada. Agora ficou feinho porque os malfeitos da Copa atingem não apenas o município e o Estado, mas também o governo federal. E, principalmente, porque é ano eleitoral. Terceiro, porque não se trata de uma pauta de direita, mas uma ação sobretudo de inicitiva dos movimentos sociais que não estão no guarda sol do governo (mas que possivelmente contam coma  simpatia de parte deles), especialmente ligados às remoções violentas (mas teriam muitas outras, como a lei antiterror, as regras Fifa, a grana qu foi sem licitação para grandes empreiteiras). Portanto,  não são “coxinhas’ como tenta vender o artigo, mas gente que milita faz tempo e/ou é da periferia paulistana Quinto e mais grave, porque tenta igualar movimentos sociais coma  polícia genocida paulistana, comandada pelo Alckimin, No dia em que o Alckimin bater na direita eu saio pelado coma  camiseta da TFP na rua.  Srs blogueiros, não se comportem como escrivãos do governo. Pretendo votar na Dilma, não me convençam do contrário, por favor. Quero acreditar que sobrou algo de progressista nessa centro esquerda social democrata.

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