Carvão ofusca crescimento de renováveis

O otimismo com o crescimento das fontes alternativas na última década foi ofuscado pelo crescimento das fontes fósseis. Somente o carvão foi responsável por 47% da oferta de eletricidade na última década.

O dado é de relatório elaborado pela Agência Internacional de Energia (AIE), o qual aponta que o carvão superou todos os esforços para uma energia mais limpa, como a instalação de ações de eficiência energética e geração de energia a partir de fontes renováveis. O dado é desanimador em termos de sustentabilidade por conta das emissões de poluentes que a modalidade permite, e pela manutenção de um modelo um privilegia o uso de fontes não renováveis.

De acordo com a agência as estratégias para reduzir a dependência de combustíveis fósseis, especialmente o carvão, é necessário ampliar a eficiência energética das atuais e futuras centrais térmicas a carvão. Investir em mais políticas específicas para a energia limpa, incluindo a remoção de subsídios fósseis e da aplicação de incentivos para fomentar as energias renováveis, também são medidas urgentes para mudar o cenário.

“Mudar para combustíveis menos intensivos em carbono (por exemplo, do carvão ao gás natural) e melhorar a eficiência das usinas de carvão pode levar a reduções significativas nas emissões de CO2, e deve ser uma prioridade”, ressalta o documento.

No curto prazo, a dependência dos combustíveis fósseis ameaça o ambiente e a estabilidade político-econômica, avalia Richard Jones, vice-diretor executivo da AIE. Segundo o mesmo, o mundo está cada vez mais indo de encontro à meta acordada em Cancun para limitar o aumento da temperatura global em menos de 2ºC.

“Vários países têm demonstrado que a rápida transição para tecnologias mais limpas é possível, e pode ser feita de baixo para cima. Temos de ter políticas efetivas, mais ambiciosas, que respondam aos sinais do mercado, fornecendo apoio de longo prazo”, disse Jones.

Emissões

Para atingir uma redução de 50% nas das emissões de CO2 até 2050, a agência aponta a necessidade de se instalar cerca de 100 projetos em grade escala de captura e estocagem de CO2 (CCS na sigla em inglês) até 2020, e mais de 3 mil até 2050. Hoje são apenas cinco plantas do tipo em funcionamento no mundo, um esforço enorme deverá se feito para ampliar a escala dos projetos, e 70 novas unidades previstas para efetivamente entrarem em operação. Por outro lado, a AIE ressalta atrasos no financiamento público jogam incerteza sobre a construção das centrais CCS.

Apesar da persistência em usar uma das mais antigas formas de geração de energia, o documento aponta que houve um crescimento positivo das energias renováveis, principalmente nas áreas de energia eólica e solar.

Hoje, na energia solar, 10 países possuem grandes mercados domésticos para a modalidade, contra somente três países em 2000. Já a capacidade instalada da energia eólica somava 194 mil megawatts ao final do ano passado, contra 17 mil megawatts, na mesma base de comparação.

A geração de eletricidade renovável cresceu em uma média de 2,7% ao ano desde 1990, enquanto as demais modalidades apresentaram crescimento de 3%.  Por essa contabilidade, os autores do estudo avaliam que o consumo total de energia renovável precisa duplicar já em 2020, com base nos patamares atuais, para se atingir a meta de corte de emissões em 2050.

Como já abordado em Brasilianas.org, os veículos elétricos e híbridos podem se tornar protagonistas nesta história, desde que governos se empenhem em facilitar a introdução dessas tecnologias em escala nos países. É necessário o estabelecimento de mercado sustentado de veículos elétricos por, pelo menos, nos próximos 10 anos, incluindo financiamento mais acessível e estável para sustentar os incentivos, que deverá ser seguido por um período de queda de preços deste tipo de automóvel.

 

Por enquanto a agência considera o cenário parcial animador, aponta o documento, já que a previsão para 2011 é que milhares de veículos vão circular, principalmente nas grandes economias, além da projeção de 20 milhões deste tipo de veículos em 2020.

Redação

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