Caxias do Sul sofre com forte declínio de seu PIB, por Diogo Costa

Por Diogo Costa

UM DESOLADOR CENÁRIO DE GUERRA¹ – Caxias do Sul é a segunda maior cidade do Rio Grande do Sul (tem aproximadamente 500 mil habitantes e só perde para a capital, Porto Alegre).

A cidade também se destaca por ser o segundo maior pólo metal-mecânico do Brasil, atrás apenas da cidade de São Paulo.

O PIB (Produto Interno Bruto) do município sofreu um abalo considerável em 2009 – decorrência do Crash de setembro de 2008 – e caiu 5,1%. O PIB do Brasil, neste mesmo ano, caiu “apenas” 0,2%.

O ano de 2009 foi horrível mas não se imaginava que sentiríamos atualmente uma certa saudade daquele tempo. Vejamos.

Em 2014 o PIB de Caxias do Sul, desde sempre uma cidade industrial por excelência, caiu impressionantes 7,3% (o Brasil cresceu 0,1% nesse período).

Ainda não saiu o resultado oficial do PIB brasileiro para 2015 mas as projeções apontam para uma queda de 3,8%.

Em Caxias do Sul os números de 2015 foram apresentados ontem e mostram uma queda quase inacreditável do PIB, de 18,7%.

Isto quer dizer que no acumulado dos últimos dois anos (2014 e 2015) a economia caxiense caiu 24,6%.

É um cenário insólito e, penso eu, inédito na história do município colonizado por imigrantes italianos a partir de 1875.

Imaginem, e reforço os números para demonstrar a situação medonha que hoje nos acompanha, que o PIB brasileiro, no acumulado de 2014 e 2015, terá uma queda de 3,7%.

Caxias do Sul, no mesmo período, terá uma queda do PIB de 24,6%!

Nunca se viu, repito, algo tão tenebroso assim aqui no “Campo dos Bugres”.

Decompondo os números da brutal queda de 18,7% do PIB em 2015, temos o seguinte quadro:

-comércio: queda de 29,2%
-indústria: queda de 23,1%
-serviços: queda de 4,6%

A perspectiva é de fechar o ano de 2016 com o PIB praticamente zerado. O crescimento só voltaria a partir do ano que vem, principalmente através das exportações.

¹ Os números da economia da cidade e as perspectivas foram apresentadas ontem pela Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) e pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Caxias do Sul. 

Redação

13 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Mesmo isso tudo tendo

    Mesmo isso tudo tendo ocorrido, o personagem que posta mantém o apoio acrítico ao governo Dilma. Só uma pergunta: ela visitou Caxias em algum momento nesse período? Recebeu representantes da comunidade local de alguma forma? Dilma mal conhece o país que governa, isso é um fato. 

    1. ?

      Dilma já veio a Caxias sim. Não sei qual é a dúvida quanto a isso. E nem precisaria ter vindo pois ela conhece absolutamente todos os 497 municípios do Rio Grande como a palma da sua mão. Dilma fez toda a sua trajetória aqui no Rio Grande e inclusive trabalhou na FEE (Fundação de Economia e Estatística). 

      Quanto ao apoio, é evidente que continuo a apoiá-la, também sem dúvida alguma. É Dilma ou o golpe de estado e não pretende pestanejar a respeito do lado em que devo estar. Se o papo for 2018, tudo bem. Apoiarei quem o Partido dos Trabalhadores indicar para o próximo pleito presidencial. 

  2. Cubatão

    Com o fechamento  da Usiminas (antiga COSIPA) e seu rol de fornecedores, Cubatão prepara-se para bater esse recorde tenebroso, agora em poder de Caxias do Sul.

    Aço da China e de outros é mais barato, dizem. Quando as nossas fábricas de produtos básicos estiverem todas sucateadas, a China poderá cobrar pelo seu aço o quanto quiser. Pagaremos em dólar e “comeremos nas mãos deles”.

    Certo presidente, de sinistra lembrança, afirmou que iria acabar com a era Vargas. Com o fim da siderúrgia nacional esse dia se aproxima mais um pouco.

    E os empregos desaparecidos? Bem, sempre poderemos plantar bananas!

    1. E quando o empresário brasileiro vai deixar de ter babá?

      E quando o empresário brasileiro vai aprender a andar com as própris pernas, sem precisar do Estado-babá?

      A infância, assim como a Era Vargas, precisa acabar um dia.

      1. Quando os continentes à

        Quando os continentes à deriva mais se aproximarem e com isso deixarmos de ser uma periferia geográfica, pra começo.

  3. Greve da industria

    Penso que os industriais fazem uma greve como aquela dos caminhoneiros do chile do alende.

    É verdade que para ser industrial há que se ter uma vontade de enfrentar desafios e buscar o lucro assumindo riscos, mas a federação das industrias em conluio com o pig convida diariamente a todos a ficarem quetinhos e protestando. Convidá-os a dispensar seus trabalhadores, fechar ou vender suas fábricas e ir morar em miami, A NÃO SER QUE A DILMA SEJA DERRUBADA. e é o que eles fazem.

    Nada justifica esta queda na produção industrial. Greve golpista é o que fazem.

  4. Lamento muito pelos milhares

    Lamento muito pelos milhares de desempregados que sofrem as consequências desta crise atual.

    Mas boa parte do empresariado (e muitos entre os desempregados de hoje) sofrem as consequências pelo que ajudaram a criar. A crise do capitalismo mundial que se aprofunda desde 2008 foi no Brasil muito agravada pela crise política alimentada por aqueles que se aferram a seus privilégios e por aqueles que nem tem privilégios a garantir mas sucumbem à lavagem cerebral que a mídia golpista pratica incessantemente (é o caso de boa parte da classe média de Caxias do Sul)..

    Em poucos lugares do Brasil o ódio fez-se tão disseminado como elemento de luta política, como em Caxias do Sul.

    Em poucos lugares a intolerância e a arrogância racista está tão arraigada quanto na elite econômica e na classe média de Caxias do Sul, vide o que ocorre na cidade com os nortistas, nordestinos, haitianos,  senegaleses, bolivianos, etc., uma afronta hipócrita à história da cidade.

    Criei-me em Caxias do Sul e amo a cidade que vi crescer. Mesmo longe de cidade há décadas, sinto orgulho de ser caxiense e é lá onde quero passar os últimos anos de minha vida. Sinto orgulho daquilo que o povo de Caxias do Sul foi capaz de construir, como comunidade. Sinto orgulho de sua capacidade de resistência e enfrentamento ao fascismo, em todos os momentos da história do país, guiados sempre pelo seu forte movimento operário e pelas associações de moradores de bairros, com participação ativa de sua juventude. Tenho certeza que tambem desta vez, será deste núcleo que virá o resgate político, econômico e dos valores culturais que fizeram a cidade ser o que é. E a cidade ressurgirá diferente. Tem sido assim no decorrer de sua história. Nenhuma, extamente nenhuma, das familias que dominavam a economia da cidade na minha infância e juventude sobreviveram em seus negócios (só para citar os mais notórios: Eberle, Sebhe, Michielon, Triches, Calcagnotto, Zatti, De Zorzi, Peteffi, Gianella, entre outros, todos grandes grupos familiares de então). É um contra-senso suicida que a maior parte do empresariado caxiense embarque na aventura da restauração neoliberal e do sufocamento do mercado interno e de uma política de desenvolvimento econômico independente. A maior parte da atividade econômica está associada ao mercado interno, tanto produtos de consumo como infra-estrutura, e à exportação de produtos, especialmente a mercados que se abrem com a postura independente do Brasil em política externa (mesmo em períodos no tempo da ditadura).  Ao setor produtivo interessa a expansão do mercado interno e controlar o garroteamento da economia pelo rentismo. Falta-lhes inteligência e coragem para romper com seus aliados históricos (a oligarquia, especialmente a financeira).

    Esta atual nem é esta a pior crise por que passa a cidade. Em 1981, um em cada tres metalúrgicos da cidade foi desempregado (e os metalúrgicos eram mais da metade da força-de-trabalho) e seu reflexo sobre o resto da economia do município foi devastador. A cidade saiu daquela crise muito diferente e com o tempo muito mais forte. A crise do segundo mandato de FHC foi tão dolorosa quanto a atual (os números não parecem tão graves, pois a base de partida já era muito ruim). A cidade saiu desta crise com seu quadro econômico redesenhado – por um lado com a desnacionalização de parte do parque industrial e a concentração de capital local e de outro com um movimento operário e de bairros mais organizado e que alcancou ganhos tanto econômicos quanto da gestão pública do município e da própria infra-estrutura da cidade. Não tenho dúvidas de que será assim novamente.

     

    1. Caro Lauri Guerra

      Muito obrigado pela tua postagem. Eu também tenho um imenso orgulho desta terra onde nasci e me criei. 

      Os mais velhos dizem que a crise de 81/83 foi brutal de fato. Acontece que eu infelizmente não consegui encontrar dados críveis para escrever a respeito. Se os encontrar vou fazer outro texto comparando aquela época com a atual. 

      Abraço. 

  5. Caro Diogo
    Isso é previsivel,

    Caro Diogo

    Isso é previsivel, se antes as prefeituras contavam com determinado orçamento, e com o PT, o PIB creceu, os prefeitos puderam fazer avançar algumas propostas aos municipios, com o investimento de guerra que eles ajudaram a promover contra o PT, a queda do PIB se torna visivel o que acaba por afetar o planos dos mesmo prefeitos que acreditaram que nada iria acontecer.

    Saudações

     

     

  6. Pergunta que não pode calar, afinal, o que faz Caxias afundar?

    Será a política econômica conduzida pela prefeitura do município? Será a política recessiva de responsabilidade do governo estadual? Quem afinal controla as astronômicas taxas de juros no Rio Grande, algum banco central do município, ou talvez um banco central estadual?

    Não sobra nenhum pinguinho de responsabilidade, para as políticas de austeridade emanadas de Brasília, ou para a pornográfica Selic promovida pelo BC?

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador