Chico Buarque, 70 anos de amor ao futebol

Enviado por Mara L. Baraúna

Francisco Buarque de Hollanda (Rio de Janeiro, 19 de junho de 1944)

Do Noize

Essa Copa é do Chico Buarque

por Ariel Fagundes

Começou a Copa do Mundo, mas este texto não é sobre a festa da Fifa nem sobre o cabelo do Neymar, obras superfaturadas ou os maiores goleadores… O que interessa agora é o seguinte: Chico Buarque completa 70 anos de amor ao futebol. E um bom motivo para torcer pela Seleção Brasileira é poder dedicar a taça da vitória em casa para o músico. Afinal, desde a Copa de 1950 ele espera por isso. Aos seis anos, o pequeno Francisco ficou inconsolável ao ouvir em seu radinho de pilha a trágica derrota do Brasil pelo Uruguai no Maracanã. Agora, ganhar a Copa de 2014 é uma questão de reparação histórica. E um presente que ele merece por uma série de motivos.

É preciso considerar que a bola adentrando a rede é um símbolo fundamental na constituição da psique de Chico Buarque. Quando criança, ele morava muito perto do estádio do Pacaembu e acompanhava toda a movimentação que havia ao seu redor. Em 1958, foi tietar a Seleção do Brasil que estava concentrada perto de sua casa. E, ainda adolescente, se inscreveu para jogar no Juventus de São Paulo – apesar de nem ter sido chamado para fazer o teste.

Depois dessa, Chico desistiu da profissão de atleta. Resolveu ser músico na vida (ainda bem!) mantendo o futebol uma paixão que permanece nutrindo com carinho, aconteça o que acontecer. Em seus primeiros discos, o esporte é citado aqui e ali em várias faixas, mas só em 1968 Chico falou do seu time do coração na música “Bom Tempo”, presente em um LP compacto onde ele canta: “Satisfeito, a alegria batendo no peito/O radinho contando direito/A vitória do meu tricolor”, referindo-se ao amado Fluminense.

Quando chegou 1969, Chico já fazia um sucesso brutal, mas sua postura adversária à Ditadura Militar motivou um autoexílio na Itália. E lá o compositor ficou amigo de ninguém menos que Garrincha, com quem passava horas falando de música e futebol. “Eu era o chofer de Garrincha. Ele jogava umas peladas – algumas remuneradas – na periferia de Roma e eu é que levava Garrincha no meu Fiat”, contou Chico em entrevista ao repórter Geneton Moraes Neto, em 1998.

                             

De volta ao Brasil, Chico transformou o campinho no fundo da sua casa em um dos maiores templos do futebol informal da música brasileira. A quadra se tornou a sede oficial do Politheama, nome do time de futebol de botão da infância de Chico que acabou virando uma equipe de verdade. Foi nesse campo, em março de 1980, que ele formou um time junto com Bob Marley, Toquinho e Julian Marvin (guitarrista do The Wailers). A pelada foi contra o time de Alceu Valença, que perdeu de 3×0.

Essa constelação de artistas reunida em torno de uma bola que quica demonstra o quão profunda é a relação entre o futebol e a música e ilustra a tese de que o esporte em si não é sinônimo de alienação, mas sim um foco de vivências compartilhadas. Nas palavras de Chico, “é possível encontrar algo semelhante ao futebol no jazz”: “Há no ato da criação momentos em que você parece iluminado. São jogadas que acontecem sem que você tenha pressentido. De repente, vem uma ideia. É o que acontece com o futebol: é como se o corpo recebesse uma luz repentina inexplicável”, contou Chico a Geneton Moraes Neto.

É por essas e por outras que nós achamos que a Copa do Mundo de 2014 merece ser dedicada ao Chico Buarque! Ainda não ficou convencido? Então ouça essa música que ele lançou em 1989 e acabe com essa dúvida.

Página oficial

Acervo Chico Buarque

5x Chico Buarque no futebol de Portugal, por Priscila Roque 

Aos 70 anos Chico Buarque ainda arrasta um bonde para a sua seleção, por Marcos Espindola

Chico 70 anos, por Luis Fernando Verissimo 

Chico Buarque celebra os 70 anos em Paris, a escrever 

Chico Buarque chega aos 70 anos homenageado com shows, livros e filmes 

Chico Buarque e o futebol, por Ana Maria Clark Peres 

Chico Buarque em Paris, por Mario Prata 

Chico Buarque: intelectual e amante do futebol, por Ednilson Valia 

Chico Buarque: os botões e os amigos

O dia em que Bob Marley bateu bola no campo de Chico Buarque

Um fominha no Recreio, por Fernando Calazans 

Francisco em campo, por João Jonas Veiga Sobral 

O futebol-arte e a rivalidade na música de Chico Buarque de Holanda, por Neto 

Juventus-SP quer homenagear Chico Buarque 52 anos após dispensá-lo em peneira, por Mauricio Duarte 

A mentira deslavada que Chico Buarque inventou para impressionar estrangeiros: dizia que tinha sido reserva de Sócrates no timaço do Brasil na Copa de 82, por Geneton Moraes Neto 

O “passarinho” de Chico Buarque, por Mário Prata 

Crônicas de Chico sobre futebol:

Até a próxima

Com os meus botões

Gritos e sussurros 

Os melhores momentos

O moleque e a bola 

Nossos craques são todos mais artistas 

Um tricolor em Roma

O juiz apitou, de Wilson Batista e Antonio Almeida 

Um a zero, de Pixinguinha, Benedito Lacerda E Nelson Ângelo 

                                                                                                                                                                   

      

Redação

11 Comentários

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  1. Caetano “verborrágico” Veloso. Enfim, Caetano.
      

     

    Caetano Veloso5 min ·  Amo-o como amo o mundo, o nosso mundo real e único, com a complicada verdade das pessoas. Os arranha-céus de Chicago, os azeites italianos, as formas-cores de Miró, as polifonias pigmeias. Suas canções impõem exigências prosódicas que comandam mesmo o valor dos erros criativos. Quem disse que sofremos de incompetência cósmica estava certo: disparava a inevitabilidade da virada. O samba nos cinejornais de futebol do Canal 100, Antônio Brasileiro, o Bruxo de Juazeiro, Vinicius, Clarice, Oscar, Rosa, Pelé, Tostão, Cabral, tudo o que representou reviravolta para nossa geração foi captado por Chico e transformado em coloquialismo sem esforço. Vimos melhor e com mais calma o quanto já tínhamos Noel, Haroldo Barbosa, Caymmi, Wilson Batista, Ary, Sinhô, Herivelto. A Revolução Cubana, as pontes de Paris, o cosmopolitismo de Berlim, o requinte e a brutalidade de diversas zonas do continente africano, as consequências de Mao. Chico está em tudo. Tudo está na dicção límpida de Chico. Quando o mundo se apaixonar totalmente pelo que ele faz, terá finalmente visto o Brasil. Sem o amor que eu e alguns alardeamos à nossa raiz lusitana, ele faz muito mais por ela (e pelo que a ela se agrega) do que todos nós juntos.”
    ‪#‎CaetanoVeloso‬ ‪#‎Caetano‬ ‪#‎Parabéns‬ Chico Buarque

     

  2. Válvula x Transístor: a vitória de David.

    Uma correção: em 1950 não havia “radinhos de pilha”. O transístor foi inventado em 1947 nos Laboratórios Bell, mas somente uns oito anos depois foram lançados os primeiros rádios transistorizados. A vantagem do transístor sobre a válvula termoiônica, a qual substituiu, é que consome pouquíssima energia, seu peso e tamanho eram 1/20 de uma válvula amplificadora comum,  não precisa aquecer filamentos, então podia ser alimentado com pilhas comuns de lanterna. As pilhas eram enormes,  mas ainda são usadas em grandes lanternas. Se Chico Buarque ouviu a Copa de 1950 pelo rádio (o que eu duvido, pois só tinha 6 anos), ouviu de um rádio a válvula, ligado à tomada elétrica.

  3. “Não chore ainda não, que eu tenho um violão…”

    Ah, mil desculpas. Deitei a falar de transístor e esqueci do principal. Parabéns, Chico. Pela música maravilhosa, por ser um homem decente, por não ter se vendido como outros fizeram. Cada qual tem sua preferência, mas eu voto em “Olê, Olá” como sua melhor canção. Eu era um roqueiro radical, mas quando ouvi essa música, senti na hora que se tratava de um gênio. Linda, lindíssima.

    1. …e nós vamos cantar.
      Amiga

      …e nós vamos cantar.

      Amiga me perdoa, se eu insisto à toa, mas a vida é boa para quem cantar…….

      Amo esta música., como muitas ou quase todas, dele.

  4. Chico Buarque!

    Diante de obra tão extensa e intensa, que revelam a estatura de seu criador, mais me convenço da picaretagem que é a tal da biografia não autorizada!

  5. FBH

    Chico de Holanda pousando entre Mário Coluna e Eusébio – dois dos nossos carrascos de 1966?

    Lesa-pátria!

    Brincadeirinha…: Francisco Buarque de Holanda está acima de qualquer coisa.

    70 anos é coisa fácil. Ser CHICO BUARQUE é que é outra história.

    IMENSO CHICO, PARABÉNS!

    O carioca FBH só tem um defeito: não é rubro-negro.

    A gente perdoa: ninguém é perfeito

  6. PARABÉNS    C H I C O !

    PARABÉNS    C H I C O ! !

     

    TENHA  MUITAS ALEGRIAS ! !

    F e l i z    A n i v e r s á  r i o  !!

     

     

     

     

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