Cidade Linda e a queda do “gari” fantasiado, por Simão Pedro

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Cidade Linda e a queda do “gari” fantasiado

por Simão Pedro

em seu site

Após seis meses de atividade, o mais impactante projeto de gestão Doria, o Cidade Linda, não engrenou e virou uma vitrine embaçada para o prefeito que não quer ser prefeito, mas presidente da República. Lançado como uma espécie de metáfora da realidade, para que a população fosse levada ao erro de achar que uma nova era de grandes melhorias iria acontecer num passe de mágica na cidade de São Paulo, o referido programa está virando, na verdade, com o seu fracasso, o retrato acabado da criatura que vai contra seu próprio criador.

Segundo levantamento do portal G1, de propriedade do sistema Globo, das 25 intervenções realizadas de janeiro até a data de publicação da matéria, o programa priorizou ações em áreas centrais e negligenciou os bairros periféricos da cidade. Porém, o mais preocupante é que não há um planejamento para a manutenção periódica dos serviços realizados. Isso levou a constatação de retorno dos problemas encontrados, como acúmulo de lixo e mato, buracos, semáforos queimados, entre outros. A ação segue o seguinte script: O prefeito comparece ao local paramentado de gari, participa da limpeza por alguns minutos junto com algum secretário e gestores locais, posa para fotos e faz uma rápida intervenção a ser postada em sua página no Facebook. Isso revela aos moradores que o Cidade Linda é apenas uma ação de marketing localizado e com tempo definido que visa apenas publicidade pessoal do prefeito.

Os próprios números entregues pela gestão atual ao portal demonstram que o programa como iniciativa a que se propõe de zeladoria e limpeza é bastante tímido em relação, por exemplo, ao volume coletado pela limpeza urbana em São Paulo. Segundo dados fornecidos por Dória “até o dia 17 de junho foram realizadas 25 edições do Cidade Linda. Nas ações foram recolhidas 665,4 toneladas de lixo, feitas 5735 podas e remoções de árvores, 4.478 limpezas de bocas de lobo e de 478 bocas de leão”. Dados da Autarquia municipal de limpeza urbana (Amlurb), de janeiro a dezembro de 2015, indicam, por exemplo, que apenas no recolhimento de materiais advindos da poda, a cidade recolhe, em média, mais de 100 toneladas/dia; de resíduos de boca de lobo, cerca de 27 toneladas/dia; de varrição perto de 297 toneladas/dia; e entulhos 1347 toneladas/dia. Outro exemplo é a impressionante reforma de 5 quilômetro de calçada, até o presente momento, numa cidade que possui 30 mil quilômetros.

No fundo, a grande prioridade de Dória é a venda do patrimônio da prefeitura municipal. Seu empenho é garantir uma parceria consistente com a iniciativa privada, seja por meio das privatizações ou das chamadas parcerias com empresas. Por tras disso sempre se reforça a idéia de que o privado é melhor que o público. Não é por menos que seu grande empenho hoje é passar na Câmara Municipal, o projeto de lei para que a prefeitura possa fazer as concessões de mercados, sacolões, terminais de ônibus, parques e praças as vendas do Anhembi, Interlagos e do estádio do Pacaembu. A gestão privada é uma das bandeiras do prefeito tucano para garantir esteio financeiro do Mercado ao seu projeto à candidatura à presidência da República.

Essa talvez seja a única política “pública” que interessa realmente ao prefeito atual. Concomitantemente à entrega dos ativos, vem ocorrendo o desmonte das estruturas administrativas para precarizar os serviços, como a população vem percebendo e fortalecer ainda mais os objetivos da privatização. Isso aconteceu com a extinção da Secretaria de Serviços, que era responsável pelas gestões dos resíduos sólidos, iluminação pública, serviço funerário e inclusão digital e que durante o governo Haddad foi reestruturada para buscar maior eficiência, com valorização e contratação de novos profissionais, além de realizar parcerias e inovar com programas inéditos ou reforçar os já existentes.

Além da reorganização administrativa, a gestão Haddad elaborou em 2014, com ampla participação de representantes da sociedade civil, o Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, data de validade até 2034 que definiu metas e resultados para áreas fundamentais como coleta seletiva, relação com cooperativas de catadores, inovação tecnológica, educação ambiental, entre outros.

O mesmo pode se afirmar em relação à Iluminação Pública. Através de uma gestão planejada foi possível ampliar e remodelar o serviço na capital, além de implantar soluções inovadoras como a iluminação por Led, que permite baixa manutenção, alta eficiência energética e longa vida útil (cerca de 12 anos contra 4 anos das lâmpadas normais). Hoje mais de dois milhões de paulistanos são beneficiados por essa tecnologia.

Somos contrários à privatização do Serviço Funerário, como preconiza o prefeito, que precisa continuar público para persistir no caminho de oferecer um serviço humanizado, de boa qualidade e isso se faz com uma gestão determinada e honesta. A autarquia é responsável pelo gerenciamento de 22 cemitérios municipais e 15 agências funerárias. Ao contrário do que veicula Dória, hoje não é mais deficitária e melhorou substancialmente o atendimento ao munícipe.

A insistência de Dória em negligenciar os anseios da população já reflete nos índices de aprovação da sua gestão. O instituto Ipsos detectou que de abril a junho, a rejeição do atual prefeito subiu de 39% para 54%, resultado da alta expectativa frustrada pelas promessas de marketing como foi o Cidade Linda. Seu nome como candidato à presidência também está fazendo água na medida em que abandona a cidade ao léu e adere de corpo de alma à permanência de Temer, rejeitado por 90% da população, e as reformas trabalhistas e previdenciárias que atingem em cheio o eleitorado da periferia e da classe média. Enquanto Dória navega nas águas do poço de Narciso, a cidade vai sofrendo as turbulências da sua péssima atuação.

Simão Pedro é do PT e deputado estadual em São Paulo, 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

4 Comentários

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  1. TENHO ANDADO MUITO DE TÁXI
    TENHO ANDADO MUITO DE TÁXI NOS ÚLTIMOS DIAS ESPECIALMENTE PELA REGIÃO SUDESTE DE SP. NUNCA VI TANTOS BURACOS NO ASFALTO. ISTO OCORRE TANTO NA PERIFERIA QUANTO EM BAIRROS COMO MOEMA E VILA MARIANA. AQUI NA MINHA REGIÃO ENTRE A SAÚDE E IPIRANGA NEM SE FALA. BURACOS PARA TODO LADO. OS TÁXIS PULAM DE UM LADO PARA O OUTRO E OS TAXISTAS NEM RECLAMAM, POR ESTAREM ACOSTUMADOS OU POR TEREM VOTADO NA FRAUDE DORIA.QUE TAL O PREFEITO DAR UMA LINDADA NA REGIÃO NÃO É MESMO PREFEITO?

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