Crise no Espírito Santo faz parte de realidade instalada país afora, por Janio de Freitas

 
Jornal GGN – A crise da segurança pública que foi deflagrada no Espírito Santo com a paralisação dos policiais militares pode ocorrer em outros estados, já que o que explodiu em Vitória é uma parte da realidade presente em todo o país. 
 
A análise é de Janio de Freitas que, em sua coluna de hoje (9) na Folha de S. Paulo, que afirma que o governo de Michel Temer vive em total alienação. Uma parte do govern oestá  ocupada somente com politicagem partidária, e a outra, a área econômica, que não adotou nenhuma medida para facilitar uma reação da economia brasileira. 

 
“Vitória não é uma diferença, é um risco comum que ali avançou mais”, conclui o colunista. Leia mais abaixo: 
 
Da Folha
 
O que estourou em Vitória é pedaço de realidade instalada país afora
 
Janio de Freitas
 
Possível e fácil, a ocorrência em mais umas três capitais de algo como a arruaça em Vitória, e não se poderá contar com solução de razoável racionalidade para conter a conflagração. Será violência contra violência.
 
É essa uma visão pessimista do risco? Sim, para quem supõe que Vitória sucumbiu a motivações suas. Ou, se mais, a problemas do Espírito Santo. Mas o que estourou em Vitória é um pequeno pedaço de uma realidade instalada pelo país afora. Entre os depósitos de explosivos que são hoje tantas cidades brasileiras, Vitória estava até em melhores condições do que Porto Alegre, Rio, Natal, várias outras. O mais inquietante, no entanto, não está nessa realidade tão ameaçadora quanto pouco reconhecida.
 
O que mais agrava a ameaça subjacente no país é a total alienação do governo Michel Temer. Uma parte dele só se ocupa de politicagem partidária e parlamentar, compartilhamento de cargos e ganhos, manobras protetoras, na ilha afortunada que é Brasília. Michel Temer é o falso centro dessa parte do governo.
 
A outra parte é a área econômica, encabeçada pelo Ministério da Fazenda. Não é menos alienada do que a anterior. Nem na ilha está: vive no seu círculo fechado. O país afunda mais econômica e socialmente a cada hora, o desemprego real já está estimado em 20 milhões, cresce o número de estados e cidades incapazes de custear os serviços essenciais – e em nove meses de governo o ministro da Fazenda não tomou sequer uma medida singela, qualquer uma, para facilitar (facilitar, nem se pediria mais) uma reação ao esmagamento do país. Muito ao contrário, além de impedir os estimulantes investimentos governamentais, sob sua regência os bancos oficiais cortaram tudo que puderam do financiamento aos setores privados.
 
A alienação do Ministério da Fazenda é total. Com o desabamento do poder aquisitivo posto diante dos seus olhos, Meirelles e sua equipe se ocupam em criar penalidades para quem comprou imóvel em construção e precisa desistir do negócio. Querem fixar multa de 25%, um quarto do total já pago, a ser deixado no cofre do vendedor quando desfeita a compra. As desistências subiram de 20% no já ruim 2014 para 43,4% no ano passado, conforme as repórteres Ana Paula Ribeiro e Geralda Doca. Pequenos imóveis, na maioria de valor entre R$ 300 mil e R$ 800 mil. Comprados, está claro, por aqueles que haviam ascendido da pobreza para os primeiros degraus da baixa classe média.
 
Tão simples: o governo reduz ou elimina o rendimento, e castiga quem não tem mais o suficiente para honrar os compromissos da ascensão perdida. É a face do governo Temer + Meirelles.
 
O potencial explosivo está à mercê da sorte. Vitória não é uma diferença, é um risco comum que ali avançou mais. E o mais grave: não se pode contar com o governo, que de um parte se aliena como pasto da politicagem e, em outra, na absoluta irrealidade do seu mundo de cifrões.
 
JAMAIS
 
Passados os pasmos com as primeiras prisões intempestivas, Sérgio Moro tem se mostrado bastante previsível. Mesmo quando vai a extremos, como a divulgação ilegal de gravações telefônicas já também ilegais, ato inesperável na forma, mas sem surpresa no excesso. Na mais recente de suas tantas idas aos Estados Unidos, a regra se cumpriu, quando, por exemplo, deu resposta fugidia sobre seu alegre encontro com Aécio Neves. Ou na óbvia afirmação de que não tem responsabilidade alguma na causa da morte de Marisa Lula da Silva.
 
Esta, porém, é uma certeza que Sérgio Moro jamais terá como alcançar. Nem seus companheiros da Lava Jato poderão livrar-se da interrogação. 
 
Redação

14 Comentários

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  1. Alguém avisa ao Jânio que os

    Alguém avisa ao Jânio que os policiais do ES estão há quatro anos sem aumento, e não tem um ano que o Temer está no governo.

    1. Mas com Temer a situação piorou exponencialmente. Tá, Chavez?

      Quem está sentido na pele a miséria diz que a coisa tá muito pior do que antes:

      “Solicitamos uma audiência com o governador  Paulo Hartung haja vista que a questão salarial de nossos militares estaduais é caótica. Temos vários relatos de policiais militares e bombeiros militares que têm pedido ajuda as associações de classe, as ajudas são desde cesta básica, medicamentos, planos de saúde e outros. O quadro é muito grave, nossos policiais têm cortado tudo que podem e estamos no limite, muitos já cortaram escola dos filhos, planos de saúde e está difícil manter as contas em dia. Os policiais estão com aluguéis atrasados,  contas de energia e água cortadas, taxas de condomínios atrasadas. Enfim, enfrentamos um cenário que há muito tempo não se via na PMES”. Presidente do Clube dos Oficiais, Major Rogério

      Viu, Chávez? O policial disse que há muito tempo eles não viam um cenário de dificuldades como os enfrentados nesse governo golpista. E, se depender desse governo golpista, a tendência é piorar.

  2. JÂNIO é o esquerdista do

    JÂNIO é o esquerdista do óbvio.

    Mas ele não explica como resolver o problema.

    Eu explico:

    O governo do E S  deu subsídios ,pra todas as áreas,umas 4/5 vezes mais que os policiais estão querendo com razão.

    Ou seja, o governo fez média com o dinheiro do assalariado.No RJ é igual ou pior.

    Solução : Pense primeiro  na sua responsabilidade de pagar o que deve com seus devidos reajustes, pra depois fazer graça com empresários.

    Na suposta alegação que esses empresários fugiriam do Estado, é mera chantagem. E mesmo aceitando-a não precisava dar tanto assim de subsídios.

    Político de verdade, deixaria satisfeito os dois lados.

  3. Crises

    Janio de Freitas resumiu o governo Temer: alienado social. A cara de Michel Temer.

    Quanto a Sergio Moro. Também pode-se dizer que vive alienado no seu mundo, pensando que ainda é um grande heroi brasileiro. Tal qual Joaquim Barbosa foi um dia para o leitor de Veja. Espero o dia em que nunca mais ouvirei falar em triste figura.

  4. Temer e seus conspiradores

    Temer e seus conspiradores tomaram o poder para destruir e saquear, não para governar. Eu pensei que vocês já tivessem entendido isso.

    1. Eu entendi assim: Me deram 85

      Eu entendi assim: Me deram 85 reais do bolsa fica quieto e vote em mim,  e roubaram 85 000 000 000 000 000 00

      Quanto ”para destruir e saquear,” não sobrou nada.

      Destruir e saquear o que ? aonde ?

      Se vc gostasse de livros de piratas descreveria exatamente o que aconteceu com o Brasil.

      Caso goste e comprove, te indico um livro fabuloso.

  5. Nassa:
    Não tem contraditório

    Nassa:

    Não tem contraditório no seu blog.

    Vc apagou; umas 5 msn que publiquei.

    Então,melhor escrever pro Pravda.

    Ou vc pensa que é diferente dele ?

    A única diferença é que vc não me mande pro Arquipélago Gulag.

    Quem sabe eu não me tornaria um Alexander Soljenitsin 2 que ganhou o Nobel de Literatura…

    Ou aqui é diferente de lá ?

    Com a seguinte dedicação:

     ”

    “Dedico este livro a todos quantos a vida não chegou para o relatar. Que eles me perdoem não ter visto tudo, não ter recordado tudo, não me ter apercebido de tudo.”  

     

    1. Porque Pravda e porque não Reuters?

      Se o Nassa só publica o que interessa a ele, porque você o compara ao Pravda e não o compara ao Reuters, que escreveu uma matéria sobre corrupção, sendo que o autor da matéria afirmou que um delator disse que as propinas na Petrobrás foram instituídas no governo FHC, dizendo aos donos dos jornais que, se eles quiserem, ele pode tirar a referência ao FHC?

      Desembucha, Bonitão

  6. Wel…
    A verdadeira crise no

    Wel…

    A verdadeira crise no Brasil é histórica.

    O Estado foi criado para servir apenas os colonos e seus descendentes. 

    Vem daí as três principais características institucionais do Brasil:

    – a primeira é que as autoridades vivem protegidas numa bolha dentro de uma bolha e raramente tem qualquer contato com a realidade;

    – a segunda é a violência produzida pela exclusão e pela reação dos contingentes populacionais excluídos do Estado;

    – a terceira é a natureza seletiva da Justiça, que não pode e não quer tratar todos igualmente;

    Lula e Dilma se esforçaram para remediar estas distorções. Mas os descendentes dos colonos se sentiram preteridos e a pressão deles se tornou irresistível. 

    O resultado aí está. 

    Voltamos, pois, aos “bons tempos” do Estado excludente. Todavia, agora a população não aceita mais ser excluída.

    O remédio será  aquele que vem sendo ministrado há cinco séculos contra índios hostis, negros fugidos e pobres recalcitrantes: violência genocida aplicada contra o “inimigo interno” por uma tropa colonial (que será a PM ou, se for o caso, as Forças Armadas). 

    Vivemos num Estado eternamente fracassado em que o conceito de povo é uma ilusão, a justiça é inexistente e o desrespeito aos direitos humanos é essencial à hierarquização de uma sociedade dividida entre os que tem tudo (inclusive o Estado) e aqueles não nunca terão nem mesmo cidadania (e que agora perderão seus direitos trabalhistas e previdenciários).

    Felizmente já tenho mais de cinquenta anos. Com a redução da expectativa de vida e a destruição do SUS não terei mais que viver muito tempo neste Estado fracassado. Tomarei cuidado para não deixar nenhum rebento aqui. 

     

     

  7. A vida é  uma  caixinha de

    A vida é  uma  caixinha de surpresas Eu pensando que o governador do Espirito Santo,era um tal de Paulo Hartung, e sou  surpreendido  que o o cargo é ocupado por Michel Temer. Vejam ,só…

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