Desaceleração chinesa afeta resultado financeiro da Vale

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Jornal GGN – A mineradora Vale encerrou o primeiro trimestre de 2014 com um lucro líquido de R$ 5,909 bilhões, o que representa uma queda de 4,7% com relação ao lucro de R$ 6,2 bilhões registrado em igual período de 2013, mas um avanço sobre o prejuízo de R$ 14,868 bilhões do último trimestre de 2013. 

O lucro operacional, medido pelo EBIT (lucro antes de juros e imposto de renda) ajustado, foi de R$ 7,134 bilhões, 38% inferior ao quarto trimestre e 14,9% abaixo do primeiro trimestre de 2013, enquanto a margem EBIT ajustada subiu para 31,8%, contra 38,4% no quarto trimestre e 39,5% no primeiro trimestre. 

Segundo o analista Victor Penna, da BB Investimentos, “a Vale tem sido pressionada pelo cenário internacional mais volátil, principalmente quando o assunto é China. A menor confiança com relação àquela economia acabou pressionando os preços praticados, o que enfraqueceu o resultado da companhia”, embora a companhia tenha mantido o ritmo de evolução operacional. 

De acordo com os dados divulgados pela empresa, a receita operacional totalizou R$ 22,832 bilhões, 24,6% menor que no quarto trimestre do ano passado, devido a menores volumes de venda (R$ 5,252 bilhões), na sua maioria de minério de ferro (R$ 4,062 bilhões), carvão (R$ 432 milhões) e pelotas (R$ 405 milhões). Os preços de venda inferiores também contribuíram com R$ 3,086 bilhões para a queda, dos quais R$ 3,080 bilhões de minério de ferro. 

A geração de caixa, medida pelo EBITDA ajustado, foi de R$ 9,571 bilhões no trimestre, 36,8% abaixo do quarto trimestre. Segundo a Vale, “os impactos dos menores preços e volumes de venda de minério de ferro (R$ 5,605 bilhões) e menores dividendos recebidos de empresas coligadas (R$ 1,120 bilhão), os quais tradicionalmente se concentram no quarto trimestre do ano, foram os principais fatores para a queda do EBITDA ajustado”. 

Os investimentos da Vale foram de US$ 2,587 bilhões, compostos de US$ 1,834 bilhão em execução de projetos e US$ 753 milhões em manutenção. Isto representa uma redução de US$ 1,132 bilhão quando comparado aos US$ 3,719 bilhões gastos no ano passado. A empresa também reduziu seus investimentos em execução de projetos, de US$ 2,725 bilhões em 2013 para US$ 1,834 bilhão no primeiro trimestre deste ano. Minerais ferrosos representaram 58% dos investimentos em execução de projetos e, somados, carvão e metais básicos representaram 33% do total.

 

Já o analista Lenon Borges, da Ativa Corretora, considerou o resultado apresentado marginalmente negativo, ao mesmo tempo em que os resultados de EBITDA e receita ficaram abaixo do esperado. “A atual situação da economia chinesa de desaceleração (hard landing) tem derrubado o preço internacional do minério de ferro no mundo. Com isso, temos tido alguma pressão sobre os papéis da Vale, uma vez que a China é a maior consumidora mundial da commodity”.

Menor volume de vendas reduziu CPV

De acordo com os dados divulgados pela Vale, a redução dos volumes vendidos no período, em especial de minério, pelotas e níquel, acabou gerando uma redução de R$ 2 bilhões no CPV (Custo de Produtos Vendidos) total consolidado. Contudo, excluindo o “efeito volume” os custos aumentaram em R$ 508 milhões, reduzindo assim a margem bruta em 8,1 pontos percentuais no comparativo trimestral.

As despesas com SG&A (custos recorrentes) – que representam 31,7% das despesas totais – somaram R$ 667 milhões no primeiro trimestre, ficando R$ 107 milhões abaixo do quarto trimestre. Segundo o balanço financeiro, a queda do SG&A ocorreu devido a menores despesas administrativas (R$ 200 milhões), principalmente em razão da diminuição na contratação de serviço de terceiros (R$ 155 milhões) e propaganda (R$ 31 milhões). As despesas com vendas subiram R$ 93 milhões, totalizando R$ 98 milhões no trimestre.

Já as despesas operacionais tiveram uma queda de 35,8% sobre o último trimestre do ano passado, devido ao menor dispêndio com P&D (-R$ 279 milhões) e com despesas pré-operacionais e de parada (-R$ 476 milhões). Devido à valorização do real em torno de 3,4% sobre o trimestre anterior, a Vale reportou ganhos com variação cambial de R$ 1,2 bilhão no primeiro trimestre.

Diante dos dados mais fracos apresentados pela China nos últimos meses, em especial da balança comercial e PMI – que apresentou queda pelo quinto mês consecutivo após a divulgação do índice preliminar de abril – o preço do minério deverá seguir sob pressão e, consequentemente, manter comprimido o resultado da Vale nos próximos trimestres.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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