Desagravo à inteligência.

Ruy Castro parece ser alguém com tendência à truculência, acaba de cometer um atentado contra sua própria inteligência.

O brutamonte comete a agressão no seu texto na Folha de 23/07/2014 – ”Nota fora de hora”.

Lá, comentando a nota com a qual o PT critica a prisão de manifestantes, Ruy soca impiedosamente a cara da lógica:

“Daí o espanto ao se ler uma “nota de repúdio” da direção nacional do PT, classificando as prisões de “grave violação de direitos e das liberdades democráticas”, falando numa “criminalização das manifestações” e repelindo a “violência de Estado”. Ou seja, o partido que detém o Poder Executivo não quer que o Poder Judiciário faça o seu trabalho. Saudade, talvez, da ditadura, quando o Judiciário também vivia sendo impedido de funcionar”.

Não se trata apenas de tentar confundir partido com governo.

Não se trata apenas de uma associação indevida, ofensiva e cruel. Já que quem hoje chefia o Poder Executivo, na ditadura, estava pendurada no pau-de-arara. 

Na ditadura, e Ruy lhe é testemunha ocular, quem constrangia o Poder Judiciário buscava prender e não soltar manifestantes.

Na ditadura, quem se manifestava contra tais prisões, também era acusado de tentar obstruir a “justiça” e pagava por isso. Ruy Castro deve ter vários colegas de profissão que necessitaram demonstrar sua coragem para fazê-lo. São reverenciados por isso.

Ruy Castro, não parece ter dúvidas.

Em defesa da “democracia”, ele prende e arrebenta, como aquele general-presidente de quem já deve ter tratado em uma das muitas e boas biografias que escreve.

Deve estar, ele sim, Ruy Castro, saudoso dessa época áurea da defesa da “lei e da ordem”.

Não aprovo a ação dos black blocs ou de qualquer forma de uso da violência como meio de ação política na vigência de um Estado Democrático de Direito. Trata-se de um absurdo. Desde cedo manifestei-me nesse sentido.

Isso não me impede, no entanto, de reconhecer que qualquer ação legal contra manifestantes, por justa que seja, deva ser levada a efeito com redobrada prudência pela Justiça, dado o quanto nos é e custou caro o direito de manifestação.

Daí o espanto, para parafrasear Ruy Castro, de ver a prisão preventiva ser aplicada a um determinado grupo de manifestantes quase que como uma forma de penalização sumária.

Não que o caso não me recorde os tempos da ditadura. Então, como agora, só manifestantes de esquerda tinham problemas com a Justiça.

Que Ruy queira nos fazer crer que não se apercebeu de tal detalhe não deixa de ser mais um atentado à inteligência – a nossa.

Redação

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