Para retomar o desenvolvimento do Brasil, economistas defendem o resgate de Marx e Keynes

Mas pensadores clássicos serviriam apenas de referência para entender o momento e criar soluções que façam o País crescer.

Cédula comemorativa de “Zero Euros” lançada no bicentenário de Karl Marx em 2018.

O jornalista econômico Sergio Leo recebeu, nesta quinta-feira (21), os economistas Fernando Mattos Luiz Gonzaga Belluzzo para comentar o livro “A Economia Brasileira: uma reconstrução necessária” e as políticas que merecem atenção para atingir tal objetivo.

Autor e organizador de A Economia Brasileira, Fernando Mattos comentou que a obra recém-lançada está dividida em quatro temáticas e conta com a colaboração de diversos nomes de peso, tanto que vários deles compõem a atual gestão do governo Lula.

Ao longo dos 16 capítulos, os autores discorrem sobre macroeconomia para o desenvolvimento, reindustrialização, mercado de trabalho e geração de renda, e o Brasil no mundo, em que se discute a inclusão do País na ordem global multipolar.

De volta aos pensadores clássicos

Para Belluzzo, uma das formas de encontrar soluções para o Brasil é voltar aos pensadores clássicos que formularam, de forma muito correta na visão dele, a estrutura e a dinâmica da economia, como Karl Marx e John Maynard Keynes. “É importante resgatar estes autores para repensar ou pensar este momento, não retomá-los. Não é para repeti-los, mas para utilizá-los como forma de compreensão daquilo que está ocorrendo.

Também professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Belluzzo critica a visão distorcida dos economistas convencionais, que além de uma insistência insana no risco fiscal, também não conseguem explicar, em artigos e textos, o que está acontecendo na sociedade.

Como exemplo, o docente citou o economista estadunidense Robert Lucas, que ao ser questionado sobre a crise de 2008, afirmou que “aconteceu o que não poderia acontecer” e encerrou o assunto.

Avanço

Fernando Mattos vê com bons olhos a gestão de Fernando Haddad (PT) no Ministério da Fazenda para retomar o crescumento do País, pois ao contrário dos demais chefes de pasta, o petista está fazendo um “esforço enorme para reduzir o déficit a partir do aumento da arrecadação”.

“É uma luta muito difícil, porque no Brasil os milionários acham que eles não devem pagar impostos. Teve até um senador que disse: ‘Eu já dou emprego e ainda querem que eu pague imposto’. Por essa teoria, quem vai pagar imposto são os mendigos e em segundo lugar nós, da classe média”, comentou o economista.

Confira o debate na íntegra:

LEIA TAMBÉM:

Camila Bezerra

Jornalista

3 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Não é por outra razão que o sistema financeiro manda no mundo. Se o governo não tributa – ou só tributa pobre e classe média – não arrecada, ou arrecada insuficientemente, e tem que emitir títulos para se manter em funcionamento. Quem ganha com isso: Bancos e sistema financeiro, através do mercado secundário. Por outro lado, se o governo tributa, o senador-empresário reclama, desinveste, a produção cai, o salário definha (lembram dos pobres e da classe média? Deixam de consumir e deixam de gerar receita fiscal), o caixa do governo míngua, e já lá vem uma nova rodada de emissão de títulos para se manter funcionando. Quem ganha com isso: Bancos e sistema financeiro, que, a essa altura, já estão em orgasmos múltiplos. O Risco fiscal é, portanto, a vaca leiteira que alimenta o financismo estéril que assola o mundo – estéril para nós, bem-entendido, pobres e classe média que sustentamos o enriquecimento depravado desses escroques de ternos bem cortados e sapatos de couro italiano. Ele é o problema – e não deve ser discutido porque é, também, a solução para o mercado financeiro – e aí não deve nem ser mencionado. Essa excrescência chamada Risco Fiscal é a panacéia do sistema financeiro, sua galinha dos ovos de ouro, sua solução e solidão – como no vendaval do Paulinho da Viola. É sua pedra de toque, seu marco zero. Numa ponta ou na outra, o sistema financeiro ceva seus porcos. E pouco se lhe dá se as consequências dessa ciranda sejam a pobreza e a miséria. Não é problema deles. A receita financeira de há muito superou a receita operacional. E Mais-valia é coisa do passado, um detalhe colateral.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador