Dimas Antonio Casemiro, presente!

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jornal GGN – O Grupo de Trabalho Perus conseguiu, pela  primeira vez desde que foi formado, concluir a identificação positiva de uma das vítimas encontradas na vala clandestina no Cemitério de Perus, em São Paulo. Foi confirmada, através das análises, a identidade de Dimas Antonio Casemiro, morto em abril de 1971 por agentes de repressão política da ditadura militar.
 
Dimas Casemiro foi do movimento estudantil de Votuporanga, sua cidade natal, e se mudou para São Paulo. Na capital paulista passou a militar na Ala Vermelha. Depois participou da Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares) e do Movimento Revolucionário Tiradentes (MRT), do qual foi dirigente.

 
De acordo com os relatórios da Comissão Nacional da Verdade e da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, Dimas Antonio Casemiro foi morto entre 17 e 19 de abril de 1971, alvejado por arma de fogo em tiroteiro simulado – mesmo método utilizado em vários outros casos.
 
A CEMDP concluiu que Dimas foi torturado entre os dias 17, data em que foi supostamente alvejado, e o dia 19, data do exame da necropsia, desmentindo a versão oficial de ‘morte em tiroteio’. Desde então, seu corpo estava desaparecido.
 
A confirmação definitiva da identidade foi concluída no dia 16 de fevereiro, depois que o GTP recebeu os resultados de exames de DNA extraídos da primeira remessa de amostras biológicas enviadas para análise genética à International Commission on Missing Person (ICMP), entidade internacional cuja sede fica em Haia, na Holanda, e que é parceira do Grupo. Os resultados demonstraram vínculo genético entros os restos mortais pertencentes a um dos casos enviados e as amostras sanguíneas dos familiares de Dimas.
 
O Diretor de Ciência e Tecnologia da ICMP, Dr. Thomas Parsons, trouxe pessoalmente o laudo genético para o Brasil. Ele se reuniu com o coordenador científico do GTP, Dr. Samuel Ferreira, e com a equipe de peritos no Brasil para análise do caso. A identificação pôde então ser confirmada pelos estudos antropolóticos, odontológicos e informações ante-mortem de Dimas Antonio Casemiro, relativas à altura, idade, dentição e ao trauma por ação de projétil de arma de fogo.
 
‘Com esse resultado, o GTP e as entidades que o compõem apresentam resposta concreta à sociedade e especialmente aos familiares de mortos e desaparecidos políticos, os quais, no caso da família de Dimas, poderão finalmente render-lhe honras funerárias e encerrar dignamente o seu processo de luto’, disse a procuradora Eugênia Gonzaga, presidente da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP). Por solicitação dos familiares, suas identidades e contatos serão preservados.
 
O GTP foi criado em 2014 para analisar os restos mortais encontrados em 1990 no local que ficou conhecido como vala clandestina de Perus, no Cemitério Dom Bosco, zona Norte de São Paulo. Ali teriam sido enterrados desaparecidos políticos, vítimas da repressão durante a ditadura militar.
 
O Grupo de Trabalho é composto pelo Ministério dos Direitos Humanos, Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura de São Paulo, Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e pela Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP), criada pela Lei 9.140/95.
 
Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

2 Comentários

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  1. Bem vindo em boa hora

    No momento da intervenção do RJ que oficiais do exército pedem para que não haja comissão da verdade caso algum soldado mate um civil, essa história dificil de ser encerrada vem em boa 

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