Diplomacia Brasileira

Na última edição da Revista Novos Estudos do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) foi publicado um artigo sobre a diplomacia brasileira. Tema que tem sido amplamente discutido no país, gerando muita polêmica. Que tal fazermos um amplo levantamento sobre o assunto e abrirmos espaço para exposição de idéias, propostas e trabalhos?

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Abaixo inserimos  uma introdução e a íntegra do artigo citado.

Ricupero analisa a diplomacia brasileira
Por Bruno de Pierro

No artigo À sombra de Charles de Gaulle: uma diplomacia carismática e intransferível,  o professor Rubens Ricupero investe numa comparação entre os modelos diplomáticos do governo Lula e do general Charles de Gaulle, presidente francês entre 1959 e 1969.

Ao avaliar a política externa brasileira nos últimos oito anos, Ricupero identifica características que sempre foram associadas à diplomacia gaullista, sendo destacados o caráter pessoal e carismático e a contestação ao padrão de hegemonia do sistema internacional simbolizado pelos Estados Unidos e demais membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, a principal marca externa do governo Lula, na avaliação do autor.

Para isso, privilegiam-se diversos aspectos das relações internacionais do Brasil nos últimos anos, tendo como problemática a idéia da figura carismática de Lula. Isso fica evidente quando se fala da intenção de se criar uma zona de “influência exclusiva” no perímetro mais próximo da América do Sul, de acordo com a mesma linha do que tentava fazer De Gaulle na Europa Ocidental.

O artigo ainda apresenta uma breve análise das atuações do Brasil no Conselho de Segurança da ONU e na Organização Mundial de Comércio, identificando um Brasil pouco influente, mas favorito Ao cargo de representante da América Latina, no primeiro caso, e um Brasil que mais deu continuidade às políticas do governo anterior, do que promoveu mudanças nas negociações, no segundo caso.

Com relação à America Latina, a diplomacia teria tido condições de agir mais ou de agir de modo diferente. Ricupero critica o fato de o atual governo não manter distância de eleições e processos políticos internos de vizinhos. Isto, segundo o autor, tem sido cada vez menos freqüente.

O modo como o Brasil tem se relacionado com os EUA também é examinado ao longo do texto. Argumenta-se que há uma incapacidade da diplomacia brasileira de alcançar uma relação madura e construtiva, no âmbito comercial, no sentido de haver uma complementação das cadeias produtivas e exportadoras. Seriam, portanto, prejudiciais as investidas de ampliação de discussões acerca de uma “agenda negativa”, marcada, entre outras, pela questão de Honduras e o acordo de cooperação militar entre Colômbia e EUA.

O artigo encerra com uma discussão sobre as limitações do personalismo carismático. Ricupero é enfático ao dizer que o prestígio do governo Lula não foi suficiente para realizar as aspirações brasileiras em relação ao Conselho de Segurança ou nas negociações da OMC, assim como para auxiliar na resolução de impasses da América-Latina.



Luis Nassif

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