Energia nuclear, boa alternativa

Cada vez mais, o Brasil necessita de energia elétrica, tanto por conta do crescimento da população quanto pelos investimentos previstos para todo o país nos próximos anos, como grandes obras de infraestrutura, instalação de fábricas e aumento da produção interna. Programas como “Luz para Todos” têm levado energia elétrica a milhões de pessoas que, até hoje, não tinham acesso a esse bem. Como resultado, o consumo interno de energia irá triplicar em 20 anos, chegando a 941.2 TWh, segundo a Empresa de Pesquisa Energética .
Qualquer país que pretende crescer nas próximas décadas precisará fazê-lo de forma sustentável. No cenário atual, é cada vez mais inaceitável um desenvolvimento predatório, que não respeite o meio ambiente. Por isso, as fontes de energia que o Brasil irá escolher para o futuro serão determinantes para podermos contribuir para a redução das emissões de gases causadores do efeito estufa, e, consequentemente, do aquecimento global.
O mais alarmante, porém, é que as emissões mundiais de dióxido de carbono (CO?), principal gás do efeito estufa, poderão aumentar 39% até 2030, se não houver políticas nacionais ou um acordo internacional para limitá-las, segundo a Energy Information Administration (EIA), órgão do governo americano que elabora as estatísticas oficiais sobre energia.
Diante disso, que opções o país terá? As hidrelétricas são hoje a alternativa menos poluente, mas, até 2030, os aproveitamentos hidrelétricos econômicos no Brasil já estarão esgotados. Hoje, nossas reservas hídricas estão basicamente no Norte, mais precisamente na Amazônia, porém, cada vez há mais dificuldades nessa região para a construção de grandes barragens, devidos aos impactos ambientais.
As fontes eólica e solar também são ecologicamente corretas e eficientes para atender a um consumo de menor escala, como residencial e comercial. No entanto, não serão capazes de suprir o grande crescimento da demanda por energia no Brasil. Além disso, ambas são fontes complementares e as fontes térmicas movidas a carvão e a óleo são poluidoras. Considerando esse cenário, uma boa alternativa para o país será a energia nuclear, que, além de apresentar baixíssimas emissões de CO?, é fonte de geração de energia firme e eficiente, que poderá, junto com outras opções, como a hidrelétrica e a eólica, suprir a alta demanda por energia de que o país irá precisar.
Um estudo de 2010 realizado pela Ecen Consultoria, comparando a emissão de gases de efeito estufa na geração nuclear de eletricidade no Brasil com as de outras fontes, concluiu que esta opção será fundamental para manter, no futuro, um perfil de geração de eletricidade com baixa emissão de CO?. Numa análise das emissões diretas e indiretas na geração de eletricidade, a nuclear emite, em todo o processo, 27 gCO2eq/kWh, sendo uma das fontes menos poluentes.
Uma projeção baseada no Plano Nacional de Energia 2030, elaborado pela EPE e feita pela consultoria, concluiu que, entre 2005 e 2030, seriam evitados 437 milhões de toneladas de CO?num cenário que contempla a existência das usinas de Angra 1, 2 e 3 no país. Isso significa que o Brasil emitiria 20% a mais de gases de efeito estufa se não houvesse a geração nuclear.
Para atender à demanda por energia no país e manter práticas sustentáveis, é importante que o Brasil priorize fontes limpas e, ao mesmo tempo, eficientes para dar conta de todo o crescimento almejado hoje pela nação. Devemos optar por uma matriz energética diversificada e firme, sob pena de seguirmos o rumo adotado por outros países emergentes, como China e Índia, que aumentam cada vez a participação de opções poluidoras para suprir o consumo interno por energia em seus países. Neste contexto, eventos como a Rio+20 serão fundamentais para o Brasil discutir as melhores opções .
ANTÔNIO MULLER é presidente da Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (Abdan).
 (O Globo)

Redação

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