Evolução da monogamia em humanos é resultado do risco de infanticídio

Jornal GGN – A tentativa de manter apenas um parceiro sexual durante um período da vida – a monogamia – entre humanos e outros primatas aconteceu de forma evolutiva, relacionada ao medo dos indivíduos de que sua prole fosse morta por machos desconhecidos. É o que sugere uma pesquisa inédita de cientistas de quatro universidades – University College London (UCL), Universidade de Manchester, Universidade de Oxford, da Inglaterra, e da Universidade de Auckland, na Nova Zelândia.

De acordo com o estudo, graças à monogamia, os machos se tornaram mais propensos a cuidar dos filhos. “Esta é a primeira vez que as teorias para a evolução da monogamia foram sistematicamente testadas, de forma conclusiva, mostrando que o infanticídio é o motor da monogamia. Isso leva ao fim o longo debate em execução sobre a origem da monogamia em primatas”, explica Kit Opie, da UCL.

Os filhotes são mais vulneráveis no período em que dependem totalmente da mãe, e o acompanhamento, feito tanto pelo pai como por ela, encurta o período da dependência infantil, reduzindo as ameaças de machos que não não participaram da concepção da prole e que podem, até matar o filhote. Além disso, o encurtamento da dependência permite que a mãe possa se reproduzir novamente.

Cérebro grande, mais tempo de desenvolvimento

O partilhamento do cuidado dos filhotes entre dois indivíduos que mantêm uma relação monogâmica também facilita o penoso trabalho de manter a prole em segurança até que atinja o pleno desenvolvimento, o que ficou mais lento à medida que os cérebros dos primatas cresceram até se tornarem tão grandes como os dos seres humanos atuais. O tamanho dos cérebros é resultado das próprias exigências cognitivas necessárias para a formação de sociedades complexas. Assim, a monogamia, enquanto estratégia de reprodução, se tornou uma arma importante para os seres humanos, que conseguem se reproduzir – e assim, repassar seus genes adiante – muito mais rapidamente do que outros grandes primatas.

Para chegar ao resultado, a equipe coletou dados de 230 espécies de primatas e montou uma “árvore” das relações familiares de cada uma. Os pesquisadores, então, simularam o comportamento evolutivo milhares de vezes em toda a árvores genealógica das espécies para descobrir se diferentes comportamentos evoluíram juntos ao longo do tempo e, em caso afirmativo, qual tipo de comportamento evoluiu primeiro.

Monogamia é consequência, não causa

Isso permitiu determinar o tempo de evolução característica e mostrar que o infanticídio cometido por machos foi a causa da mudança de um sistema de acasalamento poligâmico para o monogâmico entre primatas. Assim, os pesquisadores concluíram que o cuidado biparental e solitário feito por fêmeas é resultado da monogamia, e não a causa.

“O que torna este estudo tão excitante é que nos permite espiar novamente em nosso passado evolutivo para entender os fatores que foram importantes em fazer de nós seres humanos. Uma vez que os pais decidem ficar juntos e cuidar dos jovens (filhos), as mães podem então alterar suas decisões reprodutivas, tornando a prole inteligente”, explica Susanne Shultz, da Universidade de Manchester.

Com informações do Phys.org

Redação

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