Falácias acadêmicas, 1: o mito do neoliberalismo

1. Da pouco nobre arte de ser falaz

Falácia, segundo os bons dicionários, é a qualidade ou o caráter do que é falaz, que, por sua vez, é um adjetivo sugerido como sendo o equivalente de enganador, ardiloso ou fraudulento, ou, ainda, quimérico, ilusório ou enganoso. Pois bem, ao longo de minhas “peregrinações” acadêmicas, tenho tido a oportunidade de deparar-me com exemplos de afirmações, argumentos, postulações, teses ou artigos inteiros que correspondem ao caráter enganador ou, até mesmo, fraudulento contido nesse adjetivo. Comecemos esta série por um dos mais recorrentes em nossos tempos.

Como sabem todos aqueles que convivem com a literatura acadêmica na área de ciências sociais, nenhum conceito tem sido tão equivocadamente mencionado no ambiente universitário, nas últimas duas décadas, quanto o epíteto “neoliberal”, junto com o seu correspondente coletivo e doutrinal, o “neoliberalismo”. A incidência estatística de seu (mau) uso é tão notória, que se poderia falar de uma verdadeira epitetomania anti-neoliberal, dirigida contra todas as políticas econômicas associadas, de perto ou de longe, ao chamadomainstream economics, este representado pelas correntes ortodoxas de pensamento e suas práticas econômicas correspondentes.

Junto com o substantivo usado e abusado de globalização, ou, ainda, o tão mais detestado quanto praticamente desconhecido programa econômico do “consenso de Washington”, o neoliberalismo converteu-se, simultaneamente, em um xingamento e em um slogan de uso praticamente obrigatório por todos aqueles que pretendem desqualificar e condenar as políticas e as práticas da escola econômica convencional. Eles o fazem, supostamente em nome de uma outra orientação, de uma doutrina ou de uma escola, que seriam, alegadamente, heterodoxas, alternativas e até mesmo opostas às primeiras. Os argumentos e teses utilizados para esse tipo de condenação são pouco compatíveis com um trabalho analítico sério, ou seja, capazes de passar pelos testes da coerência, relevância, compatibilidade com os dados da realidade e passíveis de aferição, independentemente dos próprios argumentos que sustentam a acusação.

Nesse sentido, o neoliberalismo já se converteu em um mito acadêmico, isto é, deixou de significar uma realidade empírica, aferível por dados extraídos de alguma situação concreta, para passar a representar uma entidade nebulosa, definida de modo muito pouco precisa, aplicada a diferentes conjunturas de países e políticas vagamente caracterizadas como pertencendo ao domínio dos “livres mercados”, em oposição ao que seria uma regulação estatal mais estrita. Não se é neoliberal por vontade própria, mas apenas por ter sido assim catalogado por aqueles que detêm o monopólio dessa classificação, que são, invariavelmente, os opositores de supostas idéias “neoliberais”.

Por certo, existem muitos outros abusos acadêmicos em relação a diversos conceitos que são usados indevidamente no panorama pouco rigoroso das nossas “humanidades”, entre eles o de classe, o de imperialismo, o de burguesia e vários do mesmo gênero. Contudo, o manancial de falácias que brota sem cessar a partir do uso inadequado do adjetivo “neoliberal” é provavelmente o mais abundante e o mais disseminado de que se tem registro desde os anos 1980. São tantas as variedades de uso e as manifestações qualitativas – ainda que superficiais – em torno desse termo, que fica difícil ignorá-lo como o campeão absoluto de referências numa série analítica que pretende, justamente, examinar alguns exemplos de falácias acadêmicas. Seu uso é tão corrente e banal que pode ser espinhoso selecionar uma “falácia” representativa de toda uma corrente de pensamento que se propõe aqui submeter ao crivo da crítica argumentada e sistemática.

Encontrei, porém, no contexto de minhas leituras, um texto suficientemente representativo de uma falácia acadêmica associada ao dito conceito e perfeitamente ilustrativo do mito mencionado no título deste ensaio. Vou proceder à citação do texto em questão, submetendo o trecho selecionado à crítica que pretendo fazer de toda uma orientação doutrinal muito comum nos meios ligados à comunidade universitária que se move em torno das chamadas humanidades. Os únicos critérios que me guiam na releitura crítica do texto em questão são aqueles que se espera encontrar em todo e qualquer trabalho acadêmico: clareza na descrição ou exposição dos fatos, coerência na apresentação dos argumentos, relevância do discurso para a realidade de que se pretende tratar e sua adequação aos dados dessa própria realidade.

2. As novas roupas do velho imperialismo, em sua fase neoliberal

Deparei-me, num típico volume que deve figurar entre as leituras obrigatórias ou recomendadas de vários cursos dentro dessa área, com a seguinte afirmação:

“…o produto social da globalização, o neoliberalismo tem sido o mais dramático possível. Em pouco tempo esse novo regime de acumulação desagregou sociedades, tornou os ricos mais ricos e ampliou a pobreza em praticamente todos os cantos do mundo, especialmente as nações da periferia, onde a barbárie social vem esgarçando o tecido social e incrementando a violência em todos os sentidos.” (autor: Edmilson Costa; artigo: “Para onde vai o capitalismo? Ensaio sobre a globalização neoliberal e a nova fase do imperialismo”; in Pedro Bohomoletz de Abreu Dallari (coord.),Relações Internacionais: Múltiplas Dimensões; São Paulo: Aduaneiras, 2004, p. 201-233; cf. p. 206.)

Existe ainda outra frase extraída do mesmo artigo que me parece adequada ao propósito de avaliar criticamente o mito do neoliberalismo em certo pensamento acadêmico contemporâneo, embora esta acima me pareça uma perfeita síntese de tudo o que existe de equivocado e falacioso no “pensamento” universitário em torno desse conceito onipresente e polivalente. Vejamos em todo caso o complemento ideal a ela:

“O neoliberalismo é a síntese de todo esse processo de mudanças profundas que estão ocorrendo no sistema capitalista: funciona como uma espécie de gerenciador ideológico, político, econômico, social e cultural dessa nova fase do imperialismo. Trata-se de uma ideologia primitiva para os tempos atuais, com postulados do século XVIII e meados do XIX, época do capitalismo concorrencial, mas com um apelo espantoso ao senso comum. A ideologia neoliberal procura manipular os sentimentos mais atrasados das massas, revigorando os preconceitos, açulando o individualismo, distorcendo o significado das coisas, reduzindo os fenômenos à sua aparência, de forma a ganhar os corações e mentes para o jogo do livre mercado e da livre iniciativa.” (Idem, op. cit., p. 219)

Não vale a pena alertar para a incoerência de se destacar o caráter “primitivo” de uma ideologia que, sendo de meados do século XIX, tem mais ou menos o mesmo grau de “primitivismo” que o marxismo, nem para a inconsistência de se vincular a defesa do livre mercado e da livre iniciativa a “sentimentos atrasados das massas”, já que a mesma ideologia estaria, supostamente, “açulando o individualismo”. Pedir um mínimo de coerência analítica seria exigir demais de um autor que, manifestamente, distorce o “significado das coisas”, reduz o fenômeno do liberalismo à sua aparência, com o provável objetivo de ganhar os corações e mentes de alguns estudantes para o livre jogo dos seus argumentos ilusórios. Passemos, portanto, a examinar cada uma das partes dessas afirmações, elas mesmas espantosas, em relação ao neoliberalismo, com a atenção que nos requer este exemplo consumado de fraude intelectual (se é verdade que este último adjetivo se aplica ao caso em questão).

3. O neoliberalismo como produto de uma imaginação confusa

Em primeiro lugar, o neoliberalismo nunca foi um “produto social da globalização”. Esta é um processo tão velho quanto os empreendimentos marítimos dos mercadores fenícios da antiguidade e as aventuras em mares desconhecidos dos navegadores ibéricos do final do século XV. Em suas manifestações mais comuns, ela vem sendo aceita tranquilamente até pelos mais empedernidos opositores desse processo, aqueles que, sob inspiração francesa, acreditam que “um outro mundo é possível” e que pedem por “uma outra globalização”, que deveria ser não assimétrica e, preferencialmente, não capitalista. Quanto ao neoliberalismo, a rigor, ele não tem nada a ver com a globalização, podendo ser teoricamente encontrado em diversos sistemas econômicos, bastando com que as práticas econômicas se ajustem ao que se tem, via de regra, como os fundamentos do sistema liberal: liberdade de iniciativa, pleno respeito à propriedade privada e aos contratos, defesa do individualismo contra as intrusões do Estado e, de modo amplo, um conjunto de instituições e práticas que buscam garantir, tanto quanto possível, a liberdade dos mercados.

A rigor, o neoliberalismo não existe, sendo apenas e tão somente um revival, ou renascimento, de uma velha escola de pensamento econômico e de orientações em matéria de políticas econômicas que se filiam ao antigo liberalismo doutrinal que surge na Grã-Bretanha a partir dos séculos XVII e XVIII. Aliás, nenhum “neoliberal” consciente e conseqüente se classificaria dessa maneira: ele apenas diria que segue os princípios do liberalismo (econômico ou político, não vem ao caso diferenciar aqui os dois sistemas, que não são idênticos, mas tampouco estranhos um ao outro) e ponto final; todo o resto seria dispensável. Neoliberal é, como já referido, um epíteto criado pelos opositores do liberalismo ou, se quisermos, um conceito que busca evidenciar, justamente, o retorno do antigo liberalismo, depois de um longo intervalo marcado por práticas e orientações claramente intervencionistas e estatizantes.

Mas continuemos. Deixemos de lado a caracterização de “dramático” aplicada a esse “produto”, pois isto corresponde a uma apreciação inteiramente subjetiva do autor, carente de qualquer fundamentação empírica. Esclareça-se, de imediato, que o “produto” não conforma, absolutamente, um “novo regime de acumulação”, que seria, supostamente, uma forma de organização social da produção e da distribuição de bens e mercadorias historicamente inédita para os padrões conhecidos do capitalismo. Ora, o liberalismo – e seu sucedâneo contemporâneo, que seria “neo” – está longe de ser novo e menos ainda de conformar um regime de acumulação, posto que configurando uma filosofia ou orientação geral nos terrenos da política e da economia. Acumulação é um termo geralmente associado ao pensamento econômico marxista, que denota formas genéricas de apropriação dos resultados sociais do processo de produção, o que pode ocorrer em regime de livre concorrência, de monopólio, de propriedade estatal ou de modalidades mistas dessas configurações produtivas. Aparentemente este autor demonstra pouco rigor na sua utilização do ferramental conceitual marxista; em benefício próprio, deveria ser mais cuidadoso com sua terminologia estereotipada.

Pretender, agora, que esse “novo regime” desagregou sociedades equivaleria a afirmar que o neoliberalismo foi responsável pela desestruturação de várias nações que conheceram a aplicação de políticas neoliberais. Olhando-se, honestamente, um mapa dinâmico do planeta, o que poderíamos constatar é que as únicas sociedades verdadeiramente desestruturadas da atualidade são algumas nações africanas que conheceram processos traumáticos de instabilidade política e social, algumas até atravessando guerras civis abertas e conflitos étnicos ou religiosos intermitentes, ou surtos violentos de conflitos tribais que se arrastam na quase indiferença das nações mais ricas do planeta, estas efetivamente “neoliberais” ou simplesmente liberais.

Com efeito, se podemos caracterizar algumas sociedades como mais liberais do que outras, estas parecem ser as nações do chamado arco civilizacional anglo-saxão (Estados Unidos, Grã-Bretanha, Canadá, Irlanda, Austrália, Nova Zelândia), sendo elas seguidas como menor rigor doutrinal (e maior pragmatismo) pelos países nórdicos ou escandinavos (Noruega, Suécia, Dinamarca e Finlândia). Quanto aos países da Europa ocidental, essencialmente capitalistas em seu “modo de produção”, eles têm alternado práticas e políticas liberais – ou politicamente “direitistas”, para sermos simplistas – com outras tantas práticas e políticas mais social-democráticas, geralmente conduzidas por partidos de esquerda ou progressistas. No fundo, não se vê bem como distinguir essas políticas entre elas, a não ser no plano da retórica eleitoral.

Em nenhum outro continente ou região podemos distinguir países e sociedades verdadeiramente “neoliberais”, se formos rigorosos na utilização desse conceito. De fato, pretender que países latino-americanos, que empreenderam programas de ajuste e de estabilização macroeconômica depois de longas e recorrentes crises econômicas trazidas por processos inflacionários e de desequilíbrio no balanço de pagamentos, sejam ou tenham sido “neoliberais” – qualquer que seja o entendimento que se dê a esse conceito – representaria abusar em demasia desse conceito, retirando-lhe qualquer precisão metodológica e adequação à realidade empírica que nos é dada observar ao longo das últimas décadas.

Olhando com lupa, talvez se pudesse dizer que o Chile se apresenta como um país mais “neoliberal” do que a média dos latino-americanos. Ora, não se pode dizer que a sociedade chilena esteja “desestruturada”, a qualquer título. Colocando a lupa em outras sociedades da região, o que se observa é que existem, sim, alguns países bem mais desestruturados: os primeiros que aparecem são a Bolívia, a Venezuela e o Equador, com a possível inclusão da Argentina nesse conjunto. Pois bem, dificilmente se poderia dizer que eles estão assim por causa do neoliberalismo. Ao contrário. Em cada um deles, o que se observou, ao longo dos últimos anos, por acaso coincidentes com seus respectivos processos de desestruturação, foi, justamente, a aplicação de políticas dirigistas, estatizantes, intervencionistas, heterodoxas e, até, socialistas; ou seja, tudo menos políticas liberais. O autor deve estar com suas lentes embaçadas por preconceitos ideológicos, o que o impede de constatar a simples realidade de políticas econômicas que são efetivamente aplicadas nos diversos países considerados.

4. O neoliberalismo produz miséria e é sinônimo de barbárie?

O que dizer, em seguida, da suposta ação do neoliberalismo, que teria ampliado “a pobreza em praticamente todos os cantos do mundo, especialmente as nações da periferia”? Trata-se, mais uma vez, de afirmação desprovida de qualquer fundamentação empírica, não se podendo apoiá-la em praticamente nenhum exemplo de sociedade reconhecidamente “neoliberal”, qualquer que seja. A África, como vimos, afundou de fato na pobreza e na desesperança – embora ela venha crescendo novamente nos últimos anos –, mas essa evolução dificilmente poderia ser creditada à ação do neoliberalismo. Desafio o autor do texto selecionado a provar o contrário.

Quanto às duas nações “periféricas” que mais progressos fizeram na elevação gradual de uma miséria abjeta para uma pobreza aceitável, a China e a Índia, o que se observou, nas últimas duas décadas, foi um conjunto de reformas, várias ainda em curso, conduzidas justamente na direção de mecanismos de mercado, não de orientações estatizantes ou de planejamento centralizado. A renda per capita tem se elevado, progressivamente, em ambos os países, especialmente na China, que deu saltos espetaculares na redução da pobreza e na abertura de setores inteiros de sua economia à livre iniciativa e ao capital estrangeiro (todo ele capitalista e, supostamente, neoliberal). Quanto à Cuba socialista, ela conseguiu realizar a proeza de passar da maior renda per capita da América Latina em 1960 – não escondendo o fato de que ela era bem mal distribuída – para um patamar abaixo da média, em 2006, confirmando o consenso de que o socialismo é bem mais eficiente em repartir de modo relativamente igualitário a pobreza existente do que em criar novas riquezas.

Pode-se, talvez, alegar que as mudanças econômicas ocorridas na China vêm sendo feitas sob a égide do planejamento estatal e sob a firme condução do Estado chinês, que mantém controle sobre setores ditos estratégicos da economia do país. Essa realidade não elimina o fato de que todas as reformas operadas apresentam um caráter essencialmente capitalista e, portanto, tendencialmente neoliberal, ainda que não na versão “quimicamente” pura do modelo original anglo-saxão. O estilo ou a forma não pode sobrepor-se à essência do sistema, caberia registrar. Neste caso, nosso autor ou é cego ou é intelectualmente desonesto, ao não querer reconhecer esses dois processos de “enriquecimento capitalista”, que se desenvolvem sob os olhos de todo o planeta há aproximadamente duas décadas. Suas lentes estão completamente fora de foco ou muito sujas, aparentemente. Um pouco de estatística não lhe faria mal.

O fato de que, em vários desses processos – tanto em países desenvolvidos quanto em países em desenvolvimento –, os ricos estejam se tornando mais ricos não impede o outro fato concomitante de que os pobres estejam se tornando menos miseráveis. Quem não quiser tomar minha afirmação como um argumento de fé, pode conferir os dados apresentados por estudiosos da distribuição mundial de renda, como Xavier Sala-i-Martin, cujas evidências e conclusões já resumi neste artigo: “Distribuição mundial de renda: as evidências desmentem as teses sobre concentração e divergência econômica”, Revista Brasileira de Comércio Exterior (Rio de Janeiro: Funcex, ano XXI, n. 91, abril-junho 2007, p. 64-75; disponível:http://www.pralmeida.org/05DocsPRA/1716DistMundRendaRBCE.pdf).

Se existem sociedades nas quais a “barbárie social vem esgarçando o tecido social e incrementando a violência em todos os sentidos”, como pretende o autor, elas estão longe de representar um modelo de “acumulação” ou de organização social da produção que seja liberal ou neoliberal, sendo mais efetivamente caracterizadas pelo autoritarismo político e pelo extremo intervencionismo econômico do Estado, quando não entregues à violência política, religiosa ou tribal, pura e simples, como parece ser o caso de alguns países do continente africano ou do Oriente Médio.

A afirmação carece, assim, de qualquer embasamento na realidade, sendo uma construção puramente mental de um autor manifestamente enviesado contra o que ele crê ser “neoliberalismo”, quando nenhum exemplo concreto desse sistema é discutido ou sequer aventado. Para um autor como esse, ser contra o neoliberalismo significaria se posicionar contra o livre comércio, contra o ingresso do capital estrangeiro, contra a administração em bases de mercado de inúmeros serviços públicos, contra a fixação dos juros e da paridade cambial pelo livre jogo da oferta e demanda de crédito e de moeda, enfim, preservar o controle estatal de inúmeras atividades com impacto social.

Se formos examinar, contudo, os dados econômicos relativos à renda, riqueza e prosperidade de um conjunto significativo de países, estabelecendo duas colunas, nas quais se colocaria, de um lado, os mais “neoliberais” – abertura ao comércio e aos investimentos, menor regulação estatal de atividades de produção e distribuição, fluxo livre de capitais e fixação dos juros e câmbio pelo mercado – e, de outro, os países menos propensos à abertura e mais inclinados à regulação estatal, e certamente quanto ao movimento de capitais – como são em grande medida os da América Latina, do Oriente Médio e da quase totalidade da África – teríamos uma correspondência quase perfeita entre maiores coeficientes de abertura, isto é, maior grau de “neoliberalismo”, e maior renda e prosperidade. O “quase perfeita” vem por conta de países de grande mercado interno – como os EUA – que apresentam pequeno coeficiente de abertura externa (apenas no que tange ao peso do comércio exterior no PIB), sem no entanto deixar de serem abertos às importações e atrativos aos capitais estrangeiros. Ou seja, a liberalização em comércio e em investimentos e um ambiente de negócios favorável à iniciativa privada constituem, sim, poderosas alavancas para a formação de riqueza e a distribuição de prosperidade.

5. O neoliberalismo é um mito, mas alguns ingênuos não sabem disso

Em qualquer hipótese, porém, o neoliberalismo é um mito, tanto pelo lado das acusações infundadas dos anti-neoliberais, como pelo lado dos promotores da própria doutrina liberal, uma vez que todos os Estados modernos, sem exceção, apresentam graus variados de intervenção no sistema econômico e de regulação da vida social. Uma série estatística sobre níveis de tributação e gastos públicos, ao longo do século XX, revelaria um avanço regular e constante da intermediação estatal nos fluxos de valor agregado e de dispêndio total, confirmando o papel sempre relevante do Estado na repartição setorial da renda total e na correção das desigualdades mais gritantes introduzidas pelos regimes puros de mercado. Aliás, falar em “Estado liberal” é uma total contradição nos termos, tanto o substantivo desmente o seu suposto adjetivo.

O que estava, contudo, em causa na análise conduzida neste ensaio de simples avaliação crítica de um dos mitos mais difundidos na academia não era, propriamente, a evolução econômica das modernas sociedades de mercado, e sim a afirmação – que vimos totalmente desprovida de qualquer fundamentação empírica – de que existe algo chamado neoliberalismo sendo ativamente praticado pelos Estados modernos e de que essa doutrina e prática seriam responsáveis por todas as misérias da sociedade contemporânea. Trata-se de uma das fabulações mais inconsistentes de que se tem notícia na produção acadêmica tida por séria e responsável.

Os dados disponíveis, revelados por organismos internacionais e por uma variedade razoável de organizações independentes, confirmam a melhoria sustentada dos padrões de vida em diferentes regiões do planeta, tanto mais rápida e disseminada quanto mais integrados estão esse países e regiões aos fluxos mundiais de comércio, tecnologia e investimentos. Assim, considerar que a “acumulação” neoliberal ampliou a pobreza em todos os cantos do mundo, aprofundou as desigualdades e provocou o cortejo de misérias que são registradas em áreas jamais tocadas por políticas e práticas neoliberais – qualquer que seja o entendimento que se dê ao conceito em questão –configura um tipo de fraude que só consegue ser repetido impunemente em salas de aula universitárias porque a academia brasileira é pouco responsável no “controle de qualidade” dos cursos da área de humanas e nos métodos de avaliação de docentes manifestamente despreparados para cumprir o programa do qual são encarregados. Para sermos mais precisos, estamos em face de uma desonestidade intelectual que só encontra paralelo em apresentações de mágicos de circos mambembes.

Termino por aqui minha primeira análise de uma falácia acadêmica detectada em livros utilizados em universidades brasileiras. De fato, o mito do neoliberalismo – que não guarda a mínima correspondência com a realidade verificável – oferece um exemplo concreto desse tipo de prática, mais comum do que se pensa, aliás, em nosso ambiente universitário. A um simples trecho selecionado de um artigo do autor aqui examinado pode-se aplicar o conjunto de caracterizações dicionarizadas e conectadas ao termo “falácia”: enganador, ardiloso, fraudulento, quimérico e ilusório. Outros exemplos certamente existem: eles também serão trazidos a exame no momento oportuno. Concluo com um aviso à maneira dos franceses: à suivre

http://www.espacoacademico.com.br/087/87pra.htm

49 Comentários

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  1. “Junto com o substantivo

    “Junto com o substantivo usado e abusado de globalização, ou, ainda, o tão mais detestado quanto praticamente desconhecido programa econômico do “consenso de Washington”, o neoliberalismo converteu-se, simultaneamente, em um xingamento e em um slogan de uso praticamente obrigatório por todos aqueles que pretendem desqualificar e condenar as políticas e as práticas da escola econômica convencional”:

    Nao.  A maior parte dos criticos “pretende” eh notar que o neoliberalismo eh uma “politica economica” radicalmente favelizante e o nega.

    1. Dias ou horas antes a

      Dias ou horas antes a esquerda aqui criticava o consumismo dos paises capitalistas.

      Vc já viu alguma fuga em massa para um país socialista em toda a história humana?

      Puxa vida como podem elas fugirem para a favelização que o capitalismo liberal provovca.

      Não acha que tem coisa errada ou então as pessoas são irracionais.

      [video:http://www.youtube.com/watch?v=mZ8cz9m7UrI%5D

        1. Creio que sim,  na prática o

          Creio que sim,  na prática o mito do neoliberalismo cai por terra na nitida opção das pessoas em fugir para países “neoliberais em detrimento de outros modelos economicos.

          Se o neoliberalismo existisse e fosse nefasto para os pobres pq da corrida migratória para eles e não o inverso?

  2. Concordo com a crítica ao uso indiscriminado do termo “neoliberal”. Mas, cegueira por cegueira, o autor comete o mesmo erro ao não reconhecer os problemas decorrentes da maioria dos postulados liberais que, vide 2008 por exemplo, desestruturaram sim as economias  “fortes” e bem “estruturadas”, não? A visão maniqueísta tanto do “neoliberalismo” quanto do “socialismo” para usar termos  do autor ,  em  igual medida  revela  pobreza intelectual. Cada vez convenço-me  mais de que dependendo do lugar de onde se fala, menos se consegue ver  a pobreza, a desigualdade, a injustiça e  a acumulação desenfreada que produz  sim desumanização. Isso é fato comprovado empiricamente,  não é falácia! 

  3. Não sei mais porque se escuta esse cara.

    O que Paulo Roberto quer dizer é: o (neo) liberalismo não é o que se diz, não faz o que se conta, não causa o que se fala. Para ele, arauto e áulico do mercado, se possível, sem peias, limites, estatais ou intervenção governamental, a liberdade, a igualdade e a fraternidade virão na hora que as grandes forças do mercado dominarem a sociedade, seja por consenso, seja goela abaixo. Miséria, pobreza, desigualdade, quem causa é o governo. Estatais, para que ? Ele cansa de dizer por aí que privatizaria a Caixa, o BB, a Petrobrás, o que fosse, se ao poder chegasse. Falta a ele, entretanto, a coragem dos políticos, funcionário de carreira (e muito estável), que é no Itamarati, recebendo sem atraso do Estado a quem, de maneira pouco disfarçada, abomina. 

    Pelo visto, Paulo Roberto jamais leu David Harvey e, se leu, não entendeu. Harvey afirma que o projeto neoliberal é um projeto de poder, de uma estrategia que visa concentração de renda e tomada do patrimônio estatal para ser explorado sem a mediação dos poderes públicos. Além disso, não considerou no artigo fontes que apontam maior concentração, de fato, da riqueza mundial, aumento de pessoas em insegurança alimentar (o Brasil é uma das raras exceções). PRA apenas considerou as fontes que apontavam a distribuição maior da renda. Isso é que chamo de honestidade intelectual.

    Paulo Roberto Almeida faz parte da oposição raivosa ao governo que existe no MRE. Tentou aproximar-se do Governo Lula, participou da Secretaria de Assuntos Estratégicos, onde se desentendeu, de onde saiu para um cargo de orientador de teses no Itamarati, e onde, por algum tempo permaneceu, raivoso e ressentido, a passar dias inteiros em seu blog e seus grupos de discussão a postar matérias contra o governo, e a favor do mercado, tratando com sarcasmo quem dele discordasse. No momento em que lhe respondiam à altura acusava o ofendido de fulanizar o debate e os tratava de “frustrados, ressentidos” etc. No final das contas, expulsava dos grupos os dissidentes, democrata que se afirma.  Em tempo: por lá, na Secretaria, algo aconteceu, algo ele fez para ter saído da maneira que saiu. Ao escrever artigos sobre os problemas nacionais, nem cita o nome de Lula, dada a raiva (ou o medo) que sente pelo ex-presidente.

    Não vejo o PRA muito citado por aí, ,as vejo o David Harvey sempre citado. Vejo o PRA falando no Instituo Millenium, ao lado de Demetrio Magnoli e de Reinaldo Azevedo. Para se ver como conhecimento intelectual não cria inteligencia emocional. Paciência.

    Nem o Nassif escapou de suas ironias, daquelas que são ditas pelas costas, claro.

    Chega de Paulo Roberto, outro que se opõe a qualquer governo de esquerda, a começar pelo Bolsa- Família.

    Bom dia de finados a todos.  

    1. O cara lê um texto moderado

      O cara lê um texto moderado  como se estivesse lendo um Murray N. Rothbard,depois usa polilogismo na já tradicional truque esquerdista do “denunciar o agente a serviço da classe dominante”, depois “Argumentum ad hominem” , claro que sem refutar diretamente o texto. 

      1. Respondi diretamente ao texto…

        … Ao dizer que Paulo Roberto Almeida não citou fontes que provassem desigualdades econômicas crescentes. Se quer saber, leia este número do Focus on Tax Justice no qual a desigualdade econômica e associa à tributária. Além disso, esta publicação fala da riqueza oculta em paraíso fiscais. Isto, PRA não procurou, vá saber o diabo porquê. 

        http://www.taxjustice.net/cms/upload/pdf/TJF_7-2-2.pdf

        Se isto não te convence, cavalheiro. Nada poderá convencer-lhe. Além do mais, vc se esconde por trás de um pseudônimo.

         

        1. Vc esta preocupado com

          Vc esta preocupado com o Paulo Roberto Almeida, eu com o mito do neoliberalismo que no fim das contas não passa de um objeto retórico usada na guerra politica.

          Sem o espantalho do neoliberalismo , que é outra falácia (do espantalho) toda a base retórica esquerdista cai ao chão.

          1. Retórica Esquerdista ?!? Tirem o cadáver da sala por favor

            AL, vc pode me explicar pq os alunos de Harvard se negam a assistir as aulas do Prof.Gregory Mankiw ? 

            Pq a imensidão de filmes e documentários feitos por europeus e estadunidenses denunciando o descalabro do neoliberalismo ?     Todos esse povo é de esquerda ?     e olha que o mainstream midiático faz de tudo para esconder essas denúncias.     Vc já assisitiu: 
             1) Inside Job  2)The smartest guys…., 3) The Corporation   4)Sicko e tantos outros  todos…..   Vc vai me dizer que não acredita no que eles mostraram ? 

             

          2. Sim é fácil de explicar ,

            Sim é fácil de explicar , revolução cultural gramsciana e o capitalismo de estado.

            Um  erro comum dos esquerdistas é acreditar que todo o empresário é a favor do capitalismo e do livre mercado, grande engano, o que muitos querem e acabar com o capitalismo depois de conquistarem mercado, vão lá e fazem acordos escusos com o governo para impedir a concorrência e monopolizarem seu nicho de mercado garantindo lucros. 

             

          3. Essa é fácil …

            Nem um pouco preocupado dom o PRA, que é um pensador pouco expressivo. Muito preocupado com os que, vendilhões, vivem cantando loas a um sistema que ainda não resolveu os problemas básicos de exclusão social.

            Falando nisso, vc nem leu o artigo que lhe passei no link, pelo visto… 😉

  4. Nobreza falaz.
    O autor tenta construir através de um texto tortuoso, longo, e de pedantes pretensões acadêmicas, a existência de uma pretensa falácia em torno do termo “neoliberal” com uma evidente intenção de proteger  o modelo econômico que é ali identificado como inimigo comum (já agora morto e em estado de avançada putrificação), visivelmente buscando trazer-lhe à luz uma eventual sobrevida enquanto modelo. Trará repercussão e éco aos olhares mais incautos e ingênuos. Não sobreviverá ao segundo parágrafo de uma leitura mais rigorosa e consistente. O texto é em seu conjunto conceitual, “enganador, ardiloso, fraudulento, quimérico e ilusório” traz em si a virtude de traduzir-se um excelente e cristalino exemplo de uma falácia ordinária! De fato, devo concordar, muito pouca nobreza em seu esforço Paulo.

  5. Em pleno Finados o Turquinho quer ressucitar mortos-vivos

    Quem é PRA ? honestamente desconheço…..haja sonrisal para ler tanta charopada, não passei do 2o parágrafo, sugiro ao AL ler um pouco de Norberto Bobbio “Direita e Esquerda”, escrito em 1998, no auge do neoliberalismo.

    E também relembro ao nobre AL sobre as peripécias defendidas pelos neoliberais da escola de Chicago que jogaram o mundo na maior crise da história do capitalismo e estão levando o império ianque à lona.

    A verdade nua e crua é que em tempos de crises como o atual, nada escapará ao desenvolvimentismo keynesiano, o único remédio, isso é um processo inexorável ou então conviva-se com os 20% de desemprego espanhol ou processo de empobrecimento europeu e estadunidense.

    Pobre AL, depois de tanto tempo frequentando esse blog ainda não aprendeu quase nada !!!

    1. “desenvolvimentismo

      “desenvolvimentismo keynesiano” e a causa da crise como pode ser a solução?

      Agora se cura a ressaca mantendo se embriagado eternamente, o que cria a crise é a solução para a crise.

      já sei vamos reduzir os juros, incentivar (obrigar) os bancos a emprestar dinheiro para a poulação comprar novas casas e com o governo como garantidor final.

      Esqueça o moral hazard, esqueça a poupança, esqueça a maturação descompassada, esqueça a alancagem irresponsável que o moral hazard provoca, esqueça a perda do esquema de formação de preços.

      O  desenvolvimentismo keynesiano não adiantou nada no japão, não vai adiantar nada agora, vai só piorar tuto.

      1. Não se preocupe, os BRICS vem aí para rever Bretton Woods

        Também convenhamos, para consertar tanta cagada neoliberal por tanto tempo, não é da noite para o dia….só te lembrando que o Japão só emergiu do pós guerra para um país desenvolvido graças ao desenvolvimentismo.

        Até mesmo aqui no nosso Brasil, depois do desmonte industrial empreendido pelos tucanos vc esperava que que em 10 anos estaria tudo resolvido ?   

        O problema do neoliberalismo é que ele empurra o capitalismos para um fim em si mesmo, concentrando renda e destruindo a vida das pessoas….o que não ocorre nos modelos desenvolvimentistas, que vocês neoliberais chamam de assistencialista.

        O dia que um neoliberal assumir 100% a cartilha liberal na prática (e não só o que lhe convém) aí conversamos.

        Por exemplo, vamos seguir o que dizia Adam Smith que defendia que o estado deveria cuidar dos devalidos e desastidos e não deixá-los a própria sorte como vem ocorrendo em EUA, ou então amos seguir a sugestão de Friedman, onde ninguém poderia receber heranças familiares para que todos comecem do zero.   Vc topa essas 2 premissas AL  ?

         

        1. “Japão só emergiu do pós

          “Japão só emergiu do pós guerra para um país desenvolvido graças ao desenvolvimentismo”  Então foi o modelo desenvolvimentista que deu o que tinha que dar e o Acordo Plaza selou de vez este modelo.

          Quer fazer um keynesiano ficar sem argumentos fala da crise japonesa. 

  6. post da política de cotas para diretistas do Nassif

    Confesso que não li, só vim prestar homenagem ao sr.Aliança pelo dia de hoje. E aproveitar para reinterar meu apelo. O que precisa mais além da crise de 2008 para que se resolva enterrar esse defunto, o neoliberalismo, que se recusa a passar dessa para melhor?

    1. Acabou a libedade e eu não

      Acabou a libedade e eu não sabia, eu sei que ainda estamos na onda estatizante do século XX e ainda há um longo caminho a ser percorido para que as liberdades individuais sejam realemnte respeitadas e não relativizadas.

      A escravidão estatal não vai vencer, nunca a tirania vence a liberdade no longo prazo.

      Pq tantos desejam restringir a liberdade de outros fazerem  trocas livres.

       

  7. liberdade do trabalhador

    Dá até preguiça. Tanto esforço pra nada.

    Na edição brasileira do Caminho da Servidão o prefaciador usa explicitamente a expressão “nós neoliberais”.

    Não há nenhuma dúvida: Hayek escreve o livro ainda em 43 contra os regulamentos e controles da época de guerra, o que é defensável em uma sociedade livre, mas, principalmente contra o programa do partido trabalhista, contra o Estado de bem estar, que, para ela era o intervencionismo, esse, sim, o maior mito extra acadêmico da segunda metade do século XX; como se a Lei fosse “intervencionismo”.

    Enfim: enquanto os liberais dos séculos XVIII e XIX tinham como adversário a Monarquia Absoluta e defendiam a liberdade, a autonomia e a individualidade, os neoliberais nasceram CONTRA os Direitos Sociais; CONTRA a liberdade do trabalhador, portanto.

        1. Pq os sindicatos recriam as

          Pq os sindicatos recriam as corporações de officio num invólucro moderno.

          Sindicatos existem para exigir privilégios de classe em detrimento da coletividade.

          Não pense que um sindicalista esta preocupado com o bem estar da sociedade em geral pq ele luta por sua categoria, o que é legitimo desde que não seja tutelado pelo estado, senão leva para uma republica sindicalista.

          O sindicalismo pode desandar e nos levar para uma sociedade corporativista , ou seja, fascismo. 

           

          1. Quase todos os seus

            Quase todos os seus comentários são para difamar os comentaristas.

            Claro que o intuito e contrangir e desqualificar o pobre miserável que ousa não compactuar com a sua idéia de mundo perfeito, e criar um clima ruim para a dialética.

            Provoca para o suposto adversário que só existe na sua cabeça, como se eu não desejasse o melhor para meu país e para o seu povo, provoca para o suposto adversário para ele perder a paciência e depois se fazer de vitima e o administrador expulsar muitos já cairam nesta.

            Mas comigo este script não cola, não me deixo levar por falácias e jogos de guerra politica.

            Na medida do possivel , vou me expressar não importa o quanto e como vc me desqualificar, se tem erro de português, se não é a opinião “certa”, se é ridicula do seu ponto de vista , se não vai de encontro dos seus valores sectários, e meu direito de ter opinião.

            O que posso oferecer é meu amor, minha amizade e meu respeito, só isso que tenho mesmo, e acho que é só isso que um ser humano pode oferecer a outro realmente.

             

             

          2. Dialetica uma pinoia.  O item

            Dialetica uma pinoia.  O item eh uma merda, uma favela intelectual.  Entendeu agora?

            Difamar uma pinioa.  O item eh uma merda, uma favela intelectual.  Entendeu agora?

            Nao ha nada nele que sustenta sequer uma mordida.  O pior de tudo eh OS SEUS COMENTARIOS a qualquer item que VOCE postae alguem responde.  Eh de dar pena.  Literalmente.

          3. Concordo plenamente com você

            Concordo plenamente com você Ivan. Essa insistência em permanecer aqui para garantir uma “pluralidade de idéias”  não se sustenta nos comentários recorrentes e mediocres desse tal “liberal”. O mundo está cheio de liberais que têm o que dizer, esse cara é literalmente um pé no saco!

          4. Isso ai se chama “circulo de

            Isso ai se chama “circulo de silêncio” serve para inibir o contraditório.

            A esquerda é acustumada a falar sozinha e não aceita dialogo algum pq sua argumentação é falha.

             

          5. Cremdeuspadre !!!

            Como se os capitalistas não exigissem privilégios em detrimento da coletividade e não criassem as mesmas corporações de ofício, em um invólucro (pós) moderno. 

            Feliz dia de finados aos “liberais” …

          6. liberdade do trabalhador III

            O tripé básico dos sindicatos de trabalhadores ´- sim, há um tripé – é salário, condições de trabalho e pleno emprego. Dizer que isso é fascismo pra mim é pura difamação.

            Sobre a tutela é necessário lembrar que nas sociedades de massa, urbanas, capitalistas industriais nas quais uma maioria sem poder econômico, que vive do trabalho e tem poder político (nas sociedades em que os direitos politicos são garantidos) por ser maioria, é decorrencia lógica que os Direitos Sociais ascendam nos ordenamentos jurídicos (Marshall – o Thomas, não o Alfred). Chamar isso de república sindical também é pura difamaçãozinha.

            Em outras palavras: o Estado foi CHAMADO a equilibrar a hiposuficiência do trabalho diante de uma minoria política que detem o poder econômico.

      1. Mentira …

        O Paulo Roberto já disse algumas vezes que o Brasil é uma república sindical, algo que é por ele abominado. Ou ele não é um liberal ou está mais à direita do que admite. 

      2. “Nenhum liberal é contra a

        “Nenhum liberal é contra a liberdade de ninguém”…

        Desde que não o importune, ameace ou esteja sob seu conveniente poder de controle…

  8. O autor tem toda razão

    O neoliberalismo é mesmo um mito.

    Aliás, é ele mesmo uma falácia, apenas uma máscara do mau e velho capitalismo que se fantasia conforme a conveniência, que não exclui o autoritarismo do qual os mesmos “liberais” se servem sempre que necessário.

    Até mesmo para implantar à força o “neoliberalismo”.

    Nosso regime autoritário só não cedeu completamente às teorias de Hayeck e Friedmann em função do teor nacionalista de nossos militares, porém as bases políticas por eles legadas permitiram (e, em menor grau, ainda permitem) sua plena execução.

     

  9. Mito Real

    Infelizmente o neoliberalismo é uma realidade (onipresente, sendo cada vez mais percebida e combatida, mas também contraneutralizada).

    O mito não é o neoliberalismo, mas o conjunto de seus conceitos.

    Com objetivos e resultados humanos consistentemente “míticos”.

    Exceto para os próprios.

  10. FALÁCIA?

    Paulo Roberto de Almeida, falácia é o seu ensaio.

    Respondade-me, se for capaz: como se define a PRIVATIZAÇÃO DO LUCRO e a ESTATIZAÇÃO DO PREJUÍZO?

    Citar Cuba como exemplo da falência do socialismo é de um cinismo de fazer inveja ao mais cínico dos viventes.

  11. Monopólio da inteligência

    É incrível como esse pessoal da “esquerda moderna” insiste em ter o monopólio da inteligência e da boa intenção. Qualquer um que pense diferente é “alienado”, “leitor da Veja””mal caráter”, pedante ou “serviçal dos imperialistas”. Eis um debate pobre de gente que não gasta 5 minutospara por em teste os próprios argumentos. É o típico “malafaiasismo  ou felicianismo político”.

    1. O problema é a dificuldade em se fazer ouvir

      Essa ira da “esquerda” tem uma explicação. Trata-se da dificuldade em se fazer ouvir em assuntos político-econômicos. 

      Quem apóia o liberalismo econômico, o sistema capitalista que é imposto, a redução do estado na economia, encontra facilmente muitos veículos de comunicação como revistas, jornais, emissoras de TV, colunistas, etc. Já aqueles que compartilham da opinião de que tem alguma coisa errada com o capitalismo, que o fato do governo dos USA precisar aumentar todo o ano o “limite do seu cheque especial” a fim de não dar o calote é um fato incompreensível, que é um absurdo o governo brasileiro precisa se apertar todos os anos para pagar somente os juros de uma dívida monstruosa herdada de um passado negro da nossa história, estes não possuem voz, não são ouvidos, são taxados de dinossauros atrasados. Os argumentos contrários existem, são fartos, só que não possuem potência suficiente para serem ouvidos. 

      1. A esquerda não tem espaço nos

        A esquerda não tem espaço nos assuntos político-econômicos porque não consegue ganhar espaço na ciência. A produção científica da esquerda, em grande parte, se baseia em jogar fatos no ar, sem mostrar razões para isso, sem analisar o cenário como um todo, e muitas vezes confundindo causa com efeito. Um exemplo apenas ilustrativo (nada científico, porém que ilustra os argumentos de esquerda):

        Argumento de esquerda: Brasil cresceu mais no período Lula do que com FHC, portanto a gestão econômica do Lula foi melhor do que a do FHC.

        Fatos ignorados: crescimento mundial nos períodos, preço das commodities, período para “arrumar a casa” do FHC.

        Tem também aquele livro “Chutando as escadas”, aceito como uma bíblia pela esquerda. Esse livro faz uma análise extremamente superficial dos países, compara o crescimento dos países no “período neoliberal” com “período não-neoliberal”, sem levar em conta o crescimento do resto do mundo, as taxas de juros internacionais, etc. Além disso, ignora diversos exemplos contrários à tese do autor (Chile, por exemplo).

  12. Outro mito.

    Alguns comentário…

    Item 1: introdução. Sem comentários.

    Item 2:

    Crítica ao “primitivo”: concordo. A idade de uma ideia não é argumento.

    Crítica ao “sentimentos mais atrasados das massas”. Discordo da crítica. Simplesmente se ignorou o argumento (que qualifica de certa maneira o “primitivo”) de uma realidade ultrapassada de capitalismo concorrencial (que de fato tem grande apelo ao senso comum). A origem do liberalismo foi nesse contexto “primitivo” da economia no qual qualquer um tinha poder de mercado parecido. O “não primitivo” é a concorrência oligopolista. A premissa que os economistas da escola marginalista usaram é a concorrência perfeita para derivar matematicamente as vantagens de um Estado mínimo. Ou seja, a premissa foi “primitiva”. E o apelo ao senso comum é evidente. Aparentemente, sem poder de mercado concentrado, sem assimetria de forças entre agentes (trabalhadores, empresas), deixar o mercado se auto-regular é a conclusão. A denúncia é de que o modelo mental para pensar e justificar o liberalismo deve ser atualizado para refletir o capitalismo atual (que é longe de ser concorrência perfeita).

    Bom como falácia é a palavra da moda, o item 2 é o famoso Red Herring. Focou as palavras de realce e ignorou o ponto principal (ai!… um pouco do próprio veneno?).

     

    Itens 3 e 4:

    Crítica à imprecisão do uso do termo globalização: depende da definição de globalização. Posso considerar que a globalização começou com as navegações. Mas esse ponto é mais um desvio de argumento.

    Crítica à comparação entre países: comparou fotos e não trajetórias. Se eu fizer uma comparação entre quanto ganha uma pessoa e quantas horas por dia ela estuda, vou concluir que estudar não vale a pena. Os estudantes não trabalham e ganham pouco. Os trabalhadores estudam menos, mas ganham bem mais.  Conclusão totalmente equivocada, pois não se avaliou a trajetória, olhando apenas uma foto. O correto seria ver quanto se ganha com o total de anos de estudo. Posso dar infinitos exemplos: quem bebe leite materno é fraco, logo o bebê deve tomar whisky, bebida dos poderosos. Se eu comparar um país que agora advoga o liberalismo e encontrá-lo melhor economicamente, posso ter a ilusão de que ele está melhor porque advoga o liberalismo. A correlação é perfeita, mas correlação não indica causalidade. Se eu fizer o mesmo que o exemplo anterior e olhar a história desses países, logo veremos que todos os países ditos liberais foram por demais intervencionista. Todos se usaram de estratégias protecionistas e quase nenhum respeitou patentes. Nem mesmo a Inglaterra em sua revolução industrial, supostamente pioneira em período de capitalismo concorrencial, escapou pois protegia fortemente seu mercado. No capitalismo de oligopólio, o jogo do mercado ficou mais difícil, com necessidade de grande capitais, de tecnologia e recursos humanos para levar a cabo a indústria pesada. Quase todos foram empurrados de uma maneira ou de outra pelo Estado (Metalforschung na Alemanha, Zaibatsu no Japão e todo sudeste asiático, etc). A histórica de cada país deve ser analisada para não cair em análise meramente correlacional do presente. Depois de se desenvolver, é claro que o país vai querer um vale-tudo. Para que separar homens, crianças e mulheres num ringue em que sou o mais forte?

     

    O segundo ponto, é que os países que advogam o liberalismo nem sempre praticam. Os EUA protegem com grandes subsídios a sua agricultura.

     

    A crítica ao neoliberalismo é que ele é oferecido como uma receita de sucesso para os países em desenvolvimento. A melhor propaganda é essa correlação “país que advoga o liberalismo é rico”, sem enxergar que (1) tais países não praticaram o liberalismo para se desenvolver, (2) tais países não praticam indiscriminadamente, mas apenas forçam a ideia nos mercados onde têm maior musculatura econômica.

     

    Item 5:

    Crítica ao “neoliberalismo é um mito”: concordo que seja um mito, mas em sentido contrário. Inexiste um mercado puro. O mercado não é auto-sustentável, auto-regulado, auto-criativo. Ele precisa de instituições que garantam um mercado de trabalho (educação, saúde), segurança social, estabilidade econômica (câmbio, inflação, taxa de juros, Banco Central), pesquisa (instituições e universidades), qualidade (fiscalização), segurança (polícia, controle de fronteira), infraestrutura (portos, aeroportos, estradas, energia) etc. Afirmar o neoliberalismo como mercado puro é um mito. Mas não vejo o mito do neoliberalismo como justificativa ao anti-neoliberalismo. Ou seja, um mito para se tornar um rótulo odiável. Vejo como mito no sentido de motor social (O mito é o nada que é tudo…. dizia Fernando Pessoa) a favor do mercado. Como esclarecido no item anterior, o neoliberalismo se mostra como um passo para o desenvolvimento sendo que efetivamente nunca foi para nenhum país. Assim, se cria um mito de que a liberdade (inexistente no sentido puro) do mercado é crucial. Com isso, cria-se um clima para reduzir o grau de intervenção (é apenas uma questão de grau e de cláusulas) para remover as barreiras que atrapalham o lucro rápido das empresas transnacionais. “Vejam os EUA, vejam a Inglaterra façamos o que eles falam! E eles falam: neoliberalismo!”. O conceito tem forte apelo, por se ancorar na ideia de liberdade individual, algo que consideramos sagrado na ética moderna  (embora não exista liberdade no sentido puro… salvo como idealismo). Se alguém falar: “vamos ser a favor da liberdade das pessoas!”, qualquer outro argumento parecerá repugnante. O que falta, e o que torna essencialmente o neoliberalismo uma falácia, é mostrar que é necessário haver igualdade de condições para deixar tudo livre. A isonomia, amplamente aplicada em modalidades esportivas (separando homem de mulher, havendo em muitos casos categorias como no caso das lutas), tem de ser garantida. Deixar em igualdade os desiguais causa distorções econômicas (não precisa nem entrar na questão de justiça). O neoliberalismo precisa perder esse apelo à liberdade. Devemos qualificar cada mercado, cada cláusula criticamente para verificar se há condições de igualdade. Sob o título neoliberal, como uma diretriz geral, nada se justifica. O mesmo vale para o anti-liberal. Tenho então outra visão. O anti-liberalismo não é o mito que se derivou do mito do neoliberalismo. É o efeito colateral do abuso do mito do neoliberalismo.

     

  13. Pelo o título achava que seria uma exposição crítica do neoliberalismo e da destruição econômico que trouxe, mas é uma defesa dele!

    Peguei só um pedacinho do que ele escreveu: “ser contra o neoliberalismo significaria se posicionar contra o livre comércio, contra o ingresso do capital estrangeiro, contra a administração em bases de mercado de inúmeros serviços públicos, contra a fixação dos juros e da paridade cambial pelo livre jogo da oferta e demanda de crédito e de moeda, enfim, preservar o controle estatal de inúmeras atividades com impacto social.”

    Vamos traduzir. Quer dizer que o cara apoia o “livre comercio” (monopólios e oligopólios)”, ingresso descontrolado de capital estrangeiro (banco central independente), preços de serviços públicos por “regras de mercado” (dánese os serviços que não dão lucro, porém cumprem uma função social), controle do cambio e juros segundo convém ao “mercado” para manter os negócios sobre o controle deles (os empresários), eliminar o control estatal sobre qualquer atividade.

    Fez uma boa listagem de porque o neoliberalismo é ruim para qualquer pais.

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